ENCAMINHAMENTOS E RESOLUÇÕES SOBRE VOLUME DE TRABALHO, APROVADOS PELO COLÉGIO DE REPRESENTANTES DA UNAFE EM
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- Vinícius Maranhão Fraga
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1 ENCAMINHAMENTOS E RESOLUÇÕES SOBRE VOLUME DE TRABALHO, APROVADOS PELO COLÉGIO DE REPRESENTANTES DA UNAFE EM A carreira de advogado público contém especificidades que a diferenciam de outras carreiras, tais como: a) o advogado público não tem controle sobre a quantidade de advogados designados para sua unidade jurídica e não tem participação nas decisões de lotação; b) o advogado público não tem controle sobre a quantidade de prazos que lhe são distribuídos, não podendo rejeitar causas, como podem fazer os advogados privados; c) Os advogados públicos estão proibidos de contratar auxiliares; d) Os advogados públicos não podem (e não devem) renunciar ao mandato que lhes foi conferido pela Constituição e pelas Leis; e) Os advogados públicos lidam diariamente com o risco de preclusão do direito público que defendem em juízo, de modo que o volume processual excessivo e falta de condições adequadas de trabalho (tal como a ausência de equipe de apoio), pode gerar danos financeiros concretos e irreversíveis aos cofres públicos, favorecendo a ocorrência de fraudes e ocasionando a perda de dinheiro público mesmo quando a administração pública tenha agido corretamente; 2. Os advogados públicos federais não atuam em regime de dedicação exclusiva, sendo fato notório que muitos foram autorizados pela própria AGU a exercerem atividades de magistério, de membro de conselho de sociedades de economia mista ou empresa pública, e até mesmo de conferencista de cargas em portos; 3. Os advogados públicos federais são sujeitos à jornada de trabalho semanal de 40 horas e à realização excepcional e temporária de até 2 horas de serviço extraordinário por semana; 4. A distribuição de quantidade de prazos/processos que exijam, para seu fiel cumprimento, a superação da carga semanal de 40 horas, ou que exijam a realização de serviço extraordinário de forma habitual e permanente, ou superior a 2 horas semanais, além de ser ilícita, fere a independência técnica e profissional do advogado e configura situação de emergência jurídico-processual; tal situação pode causar prejuízos ao erário, em razão da necessidade de diminuir o tempo utilizado em cada manifestação, ocasionando erros que não seriam cometidos em situações normais, bem como prejuízos à saúde, em razão da necessidade de estender a jornada de trabalho além do período normal;
2 5. O risco de danos ao erário e à saúde dos advogados públicos é agravado quando a situação de emergência jurídico-processual se estende por períodos prolongados (meses ou anos), o que aumenta a possibilidade de erros e de danos irreversíveis à saúde; 6. A medição da carga horária é feita pelo registro no SICAU dos atos praticados, sendo que a Tabela SICAU contém o tempo ideal destinado a cada ato processual (contestação, apelação, agravos, análise de processo, etc); 7. A Tabela SICAU, criada em 2002, precisa ser atualizada para refletir as mudanças ocorridas desde a sua criação, bem como as especificidades de cada carreira, mas, enquanto não substituída por outra, deve ser aplicada para medir a carga horária dos advogados públicos federais, inclusive para identificar situações de emergência jurídico-processual; 8. Os advogados públicos federais devem intensificar a luta pelo preenchimento imediato de todas as vagas abertas nas carreiras da advocacia pública federal; 9. Os advogados públicos federais devem intensificar a luta pela criação de uma carreira de apoio da advocacia pública federal; 10. Sugere-se que a UNAFE, atuando como substituto processual dos advogados públicos federais, notifiquem judicial ou extrajudicialmente, bem como peçam audiência com a Ministra do Planejamento, o Ministro da Justiça, o Ministro da Previdência, o Presidente do INSS, o Advogado-Geral da União, o Procurador-Geral Federal e o Procurador-Geral do INSS, cientificando-os, de forma inequívoca, de que o não preenchimento das vagas das carreiras da advocacia pública federal e a não criação da carreira de apoio, geram risco de preclusão, acarretando prejuízos financeiros imediatos e concretos ao erário e à saúde dos advogados públicos, prejuízos estes em montante muito superior à economia que se faz com salários; no mesmo documento, a UANFE deve ainda alertar sobre o risco de erros e de perda de prazos, risco esse que hoje está sendo minimizado porque os advogados públicos estendem suas jornadas, o que não pode perdurar; no mesmo documento deve ainda ser destacada a responsabilidade das referidas autoridades pelos citados prejuízos, os quais não poderão ser imputados aos advogados públicos;
3 11. Os advogados públicos federais devem lutar para a criação, na Lei Orgânica, de um dispositivo que assegure de forma explícita a prerrogativa de distribuição adequada de prazos, tal como na Proposta de Emenda ao PLP 205, apresentada pelo Procurador Federal Alexander Santana, a qual pode ser conferida aqui: Os advogados públicos federais devem lutar junto ao Poder Legislativo para a criação de uma norma que permita aos Procuradores-Gerais, em situações de emergência jurídicoprocessual, dispensar a intimação ou a manifestação jurídica dos advogados públicos nos casos de menor risco de preclusão ou de menor repercussão econômica ou política; 13. Apoia-se o projeto em discussão no âmbito da Comissão de Advocacia Pública Federal da OAB-SC, de criação de uma tabela de referência de tempo mínimo (tempo de segurança) destinado aos advogados públicos e advogados empregados, visando servir de referência para que os advogados defendam sua independência técnica e profissional; 14. Sugere-se que o projeto da tabela de referência seja levado também ao Conselho Federal da OAB, para que o apoie e o encampe; 15. Como medida de salvaguarda e defesa, recomenda-se aos colegas que se encontrem em situação de risco e emergência jurídico-processual (aquela em que o tempo disponível é insuficiente para fazer, com qualidade e segurança, todo o trabalho para o qual foi designado) que passem a documentar rotineiramente a quantidade de trabalho, bem como passem a notificar a chefia imediata, com cópia para o Procurador-Geral e Corregedor-Geral de sua respectiva instituição, acerca de tais riscos, pedindo orientação sobre o que priorizar, bem como providências para a adequação do quantitativo de advogados e de equipe de apoio; 16. A notificação referida no item 15 poderá ser feita individualmente ou por grupos de advogados públicos federais que se encontrem na mesma situação; 17. Recomenda-se o envio de cópia das notificações à UNAFE, para que esta reforce as notificações, coletivamente e de forma concentrada;
4 18. Recomenda-se à Diretoria da UNAFE que diligencie junto à AGU para que a Tabela SICAU seja utilizada como limite da jornada, enquanto não substituída por outra; 19. Recomenda-se à Diretoria da UNAFE que diligencie junto à AGU para a criação de normas internas que permitam tratar preventivamente e de forma organizada as situações de emergência jurídico-processual, e que contenham orientações claras sobre como proceder e o que priorizar em tais circunstâncias, de forma a evitar danos ao erário e à saúde dos advogados públicos, bem como salvaguardar os colegas de responsabilizações indevidas; 20. Os advogados públicos federais devem lutar para que haja um reconhecimento institucional e prova pré-constituída das condições inadequadas de trabalho, em especial do volume excessivo de prazos/processos, para que a administração possa atuar preventivamente para corrigi-los; 21. Tendo em vista os danos à saúde que vêm sendo enfrentados pelos advogados públicos em todo o país, decorrentes diretamente do volume de trabalho, sugere-se à Diretoria da UNAFE que requeira junto à AGU a elaboração de estudo, visando identificar o nexo causal entre o ritmo de trabalho praticado atualmente na AGU e o adoecimento mental e físico dos advogados públicos federais, bem como para que dê início à construção de uma Política Institucional de Prevenção e Tratamento de Doenças Físicas, bem como dos Transtornos Mentais e de Comportamento Relacionados ao Trabalho dos Advogados Públicos; 22. Como medida preventiva de danos ao erário e ao interesse público, recomenda-se ainda aos colegas que se encontrem em situação de risco e emergência jurídico-processual (aquela em que o tempo disponível é insuficiente para fazer, com qualidade e segurança, todo o trabalho para o qual foi designado) que se recusem formalmente a realizar tarefas não-jurídicas, devendo concentrar-se em sua atividade-fim e notificar os gestores responsáveis pela contratação de serviço de apoio, acerca dos riscos decorrentes da não-realização de tais atividades. 23. Aprova-se a realização da Pesquisa sobre Volume de Trabalho, dirigida a todos os advogados públicos federais e estaduais, em conjunto com outras entidades representativas da advocacia pública, para futuro uso em ações judiciais, trabalho parlamentar e reuniões com autoridades. A pesquisa ficará no ar no período de a
5 e será respondida apenas via internet. A divulgação será feita por , divulgação no site da UNAFE e das demais entidades participantes, Facebook, etc.
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