AULA 20: ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS. No Brasil há cerca de 250 espécies de serpentes, porém cerca de 20% dessas são perigosas.
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- Adelina Tomé Santos
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1 AULA 20: ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS 1- ACIDENTE OFÍDICO No Brasil há cerca de 250 espécies de serpentes, porém cerca de 20% dessas são perigosas. No Brasil estima-se que ocorre, anualmente, cerca de 26mil casos de acidentes com serpentes. Animais peçonhentos: são aqueles que possuem glândula de veneno que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões e arraias. Animais venenosos: são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador, provocam envenenamento por compressão (sapo), contato (lagartas) ou por ingestão (peixe-baiacu) Os acidentes humanos são causados por serpentes dos seguintes gêneros: Bothrops: jararaca soro anti-bothrops (todo o Brasil). Crotalus: cascavel soro anticrotálico ou soro anti botropicocrotalico (polivalente). Lachesis: surucucu soro anti-laquetico. Micrurus : coral soro anti-elapidico. 2- IDENTIFICAÇÃO DE UMA COBRA VENENOSA Presença de fosseta loreal: orifício entre olho e narina para perceber temperatura ambiente com variações mínimas. Obs.: a coral não possui fosseta sendo uma exceção a regra.
2 Presença de dentes inoculadores Pela aparência: Cauda fina e lisa = jararaca. Chocalho na cauda = cascavel. Escamas eriçadas = surucucu. Faixas coloridas (vermelho, preto e branco/amarelo) = coral. 3- ACIDENTE BOTROPICO Jararaca Vivem em áreas secas. Em PE, é avermelhada devido ao barro. Encontrada em todo o país. Chega na idade adulta a medir de 40 cm a 2m. Possui escamas na extremidade da cauda. Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica. JARARACA AÇÕES DO VENENO Ação Proteolítica: As lesões locais como edema, bolhas e necrose, atribuídas inicialmente à ação proteolítica.
3 Ação coagulante: Atua ativando de modo isolado ou simultâneo o fator X, protrombina, fibrinogênio. TC e o TTPA estão aumentados. Ação hemorrágica: no local da picada ou a distância(gengivorragia, epistaxe, hematemese, hematúria e na borda ungueal). Quadro clinico: Quadro local: Dor; edema + endurecimento; equimose; linfadenopatia regional, bolhas + necrose. Quadro sistêmico: Cefaléia; Vômitos; Calafrios; Sudorese. Manifestações hemorrágicas: Gengivorragias; Equimose local; Petequias, púrpura, Hematúria microscópica; Epistaxe; Hematêmese; Sangramento no SNC Manifestações cardiocirculatórias (precoces 1ªs 24 hrs): Taquicardia; Hipotensão; choque Acidente botrópico NECROSE BOLHAS 4- ACIDENTE LAQUÉTICO Surucucu Vivem em áreas fechadas, clima úmido e frio. Floresta Amazônica e Mata Atlântica.
4 São poucos os casos de acidentes laquéticos relatados no Brasil. A região onde os casos são mais freqüentes é a região Norte (Amazonas). SURUCUCU AÇÕES DO VENENO Ação Proteolítica Ação coagulante Ação hemorrágica Ação neurotóxica- é uma síndrome vagal Quadro clínico As manifestações clinicas são semelhantes as do envenenamento botrópico, acrescidas do quadro de descarga vagal: sudorese, Náusea, vômitos, Diarréia, Bradicardia, hipotensão arterial, Choque, Tonturas, Cólicas abdominais e Escurecimento da visão 5- ACIDENTE CROTÁLICO Cascavéis: Vivem em áreas abertas, clima quente e seco. Em idade adulta chegam a medir cerca de 1,6 m. Ação do veneno: neurotóxica, miotóxica e coagulante. CASCAVÉIS
5 AÇÕES DO VENENO Neurotóxica Coagulante Miotóxica Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise), com liberação de enzimas e mioglobina para o sangue. Quadro clínico Não há dor, ou se existe, é de pequena intensidade. Parestesia local (formigamento) + edema discreto ou eritema no ponto da picada. Manifestações Sistêmicas: Mal-estar, sudorese, náuseas, vômitos, cefaléia, secura da boca precoce, prostração e sonolência ou inquietação. NEUROTÓXICA: Fácies miastênica típica: ptose palpebral uni ou bilateral + flacidez da musc. da face. Oftalmoplegia (por comprometimento dos III, IV e VI nn cranianos), podendo ocorrer diplopia. Dificuldade de acomodação visual (visão turva). Midríase MIOTÓXICA: Mialgias (aparecimento precoce) + discreto edema no local da picada. Urina cor avermelhada, pode chegar até marrom ( cor coca-cola ) COAGULANTE: gengivorragias.
6 6- ACIDENTE ELAPÍDICO Corais No Brasil há 30 espécies, sendo que no NE há apenas 1 coral venenosa e 3 não-venenosas. Não possui fosseta loreal e nem dentes inoculadores tão eficientes. Habitam preferencialmente buracos. Ação do veneno: neurotóxica e miotóxica. Manifestações locais pouco significantes porém sistêmicas graves. CORAL AÇÕES DO VENENO Neurotóxica pós-simpática: Presentes em todos os venenos elapídicossubstâncias anticolinesterásicas melhora da sintomatologia. Neurotóxica pré-simpática: Estão presentes em algumas corais (M corallinus) e também em alguns Viperídeos, como a cascavel sulamericana Quadro Clínico O surgimento da sintomatologia costuma ser rápido (em minutos), em virtude do baixo peso molecular das neurotoxinas. Fáscies miastênica com ptose palpebral bilateral Paralisia da musculatura respiratória Oftalmoplegia Paralisia velopalatina
7 Paralisia flácida dos membros 7- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Manter o paciente em repouso; evitar deambular Analgésicos Limpeza local com água e sabão Manter o membro acometido em posição elevada Monitorizar funções vitais e volume urinário Remoção o mais rápido possível para administração de soro Administrar ATB e profilaxia do tétano. NÃO FAZER: Torniquete e/ou incisão sucção substâncias sobre a ferida Princípios da soroterapia especificidade administração precoce dose suficiente via adequada de administração Soro: Apresentação: forma líquida (ampolas) Conservação: 2 8ºC por 2 a 3 anos Via de aplicação : IV
8 ARANHAS As que produzem teias disformes merecem respeito (são perigosas). As aranhas que oferecem perigo são: 1- ARANHA ARMADEIRA (Phoneutria): Aranha grande com fila de manchas claras É escura e encontrada em margens de rios, barrancos, bananeiras. Costuma entrar dentro de casa e se esconder atrás de cortinas, dentro de sapatos, roupas, etc. Quando se sente ameaçada, fica em pé nas patas traseiras, levantado as anteriores. Chega a dar saltos de até 40 cm. Apresenta 2 presas e 8 olhos É muito agressiva Ação do veneno: neurotóxica (periférica)
9 Quadro clínico Dor local intensa imediata com irradiação, sudorese local, edema local, priapismo, choque neurogênico em casos graves e crianças. Assistência de enfermagem Analgesia ao redor da picada de aproximadamente 4 ml de anestésico tipo lidocaína sem vasoconstrictor. Soro aracnídeo polivalente na dose de 5 a 10 ampolas, por via endovenosa. A soroterapia está sempre indicada quando estiver presente o choque neurogênico, em crianças menores de sete anos de idade e adultos com dor persistente após tratamento sintomático. 2- VIÚVA NEGRA (Latrodectus) Apresenta-se na cor preta, com abdome vermelho É muito pequena (até 2 cm) Vive próximo ao litoral e em grupos No Brasil são raros os acidentes por esta aranha Ação do veneno: neurotóxica central e periférica.
10 Quadro clínico Dor intensa a partir do local da picada irradiada para o tronco. Contraturas musculares, mialgia, podendo levar a convulsões tetânicas. Sialorréia, dores abdominais, choque, insuficiência respiratória, óbito. Assistência de enfermagem Utilizar analgésicos potentes para o alívio das dores musculares e abdominais. Podem ser realizados bloqueios anestésicos locais á base de Lidocaína sem vasoconstrictor. O gluconato de cálcio pode ser utilizado para alívio das câimbras musculares. 3- ARANHA MARROM (Loxosceles) Mede cerca de 1,5 cm. Vive em barrancos e tampa sua entrada com teia. Entra dentro das casas e se esconde atrás de cortinas, roupas, sapatos, etc. Os acidentes ocorrem quando o individuo comprime a aranha no momento em que se veste. Ação do veneno: proteolítica, hemolítica e coagulante. Quadro clínico O paciente é assintomático nas primeiras 8 a 12 horas queixar de dor em queimação, progressiva instalando-se um halo eritematoso, em volta do ponto de inoculação, que já apresenta certo grau de isquemia, que aumenta placa marmórea Pode também, com 36 a 48 horas, surgir bolhas e equimoses, que podem levar a necrose. Assistência de enfermagem Limpeza local
11 controle dos sintomas e complicações Avaliar necessidade de uso do soro anti-aracnideo ou anti-loxosceles, endovenoso, de 5 a 10 ampolas. A dapsona (sulfonas) reduz a necrose, com um comprimido ao dia por 14 dias. Na forma grave, deve-se avaliar o uso de diálise, para a IRA, e meticortem, 1 mg por Kg por 4 dias. ESCORPIÕES Vivem em baixo de pedras, em casas antigas, cemitérios, lixo etc. Pertencem, na maioria, ao gênero Tytius. No Brasil, as principais espécies são: Tityus bahiensis marrom (todo país menos região Norte) Tityus serrulatus amarelo (ampla distribuição do Paraná até norte da Bahia, com alguns relatos para Sergipe e Alagoas, além de região central do Brasil. Tityus stigmurus (NE) amarelo com faixas pretas transversais. (mais comum no Nordeste) Os Tityus obscurus e Tityus metuendus são encontrados só na amazônia. ESCORPIÃO AMARELO-Tytius serrulatus
12 ESCORPIÃO MARROM- Tytius bahiensis Manifestações Clínicas a) Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa. b) TGI: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarréia. c) SCV: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque. d) Resp: taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar agudo. e) Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. Assistência de enfermagem Infiltração local com anestésicos (Lidocaína 2% sem vasoconstrictor). Observar paciente, se permanecer com dor realizar outra infiltração. Paciente melhorar da dor receberá alta, será prescrito anestésico. Em casos graves realizar administração de Soro antiescorpiônico ou antiaracnídico.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS
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