UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE OS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE INFLUENCIANDO NA DINÂMICA FAMILIAR

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1 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE OS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE INFLUENCIANDO NA DINÂMICA FAMILIAR Por: Laila de Souza Guedes Orientador Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas. Rio de Janeiro 2003

2 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE OS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE INFLUENCIANDO NA DINÂMICA FAMILIAR Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Terapia de Família. Por:. Laila de Souza Guedes.

3 3 AGRADECIMENTOS... aos meus pais; José e Chirlei, que sempre me apoiaram em todas as minhas escolhas, ao meu dedicado noivo; Cleuber, que sempre acreditou em mim, aos meus dois cachorrinhos; Tango e Lilica, que sempre me deram muito carinho e atenção incondicional e a todos os meus verdadeiros amigos que me deram a maior força. Obrigada!

4 4 DEDICATÓRIA...dedico este trabalho aos meus pais; José e Chirlei, que sempre investiram em mim e sempre foram extremamente dedicados, pois sem eles eu nem estaria viva; ao meu noivo Cleuber; sempre carinhoso e corajoso, aos meus cachorrinhos; Tango e Lilica que me fazem muito feliz, a uma amiga em especial; Elizete, que me incentivou a fazer este curso e aos meus verdadeiros amigos que, com toda certeza, sentirão minha falta quando eu for para Brasília. Amo todos vocês!

5 5 RESUMO Os transtornos de personalidade são perturbações graves na forma do indivíduo se comportar e envolvem diversas áreas da personalidade. Eles comprometem a maneira de agir e o caráter do sujeito. Em suma, comparando com as outras pessoas, suas atitudes e comportamentos disfuncionais são excessivamente generalizados, inflexíveis e resistente à mudança. Diante disso, o presente trabalho faz uma análise de como os transtornos de personalidade influenciam e afetam a dinâmica familiar. Ele demonstra toda a problemática de se ter uma ou mais pessoas com transtorno dentro da família e conseqüentemente, todo o sofrimento causado por essa psicopatologia. Embora exista diversos transtornos de personalidade, apenas quatro foram abordados: borderline, histriônica, anti-social e paranóide. A pesquisa bibliográfica foi a metodologia utilizada e os principais teóricos foram: Sigmund Freud, Claude Lévi-Strauss e Philippe Áries. Palavras chaves: Transtorno. Personalidade. Família

6 6 SUMÁRIO Introdução O Conceito de Personalidade O Conceito de Transtornos Específicos de Personalidade Transtorno de Personalidade Borderline Transtorno de Personalidade Histriônica Transtorno de Personalidade Anti-Social Transtorno de Personalidade Paranóide O Conceito de Família e suas Diversas Formas de Organização Os Transtornos de Personalidade Influenciando na Dinâmica Familiar Conclusão Bibliografia Anexo... 51

7 7 INTRODUÇÃO Os transtornos de personalidade são graves perturbações na maneira de uma pessoa se comportar, pois na maioria das vezes, provocam comportamentos dissociativos, causando inevitavelmente dificuldade nas relações interpessoais. O respectivo trabalho tem como objetivo geral analisar a influência dos comportamentos, característicos dos transtornos de personalidade, na dinâmica familiar. O tema é relevante pelo fato de existir um grande número de pessoas acometidas por transtornos de personalidade. Chegou-se a esta afirmativa através da experiência clínica e observação comportamental de indivíduos nas suas relações interpessoais e no seu convívio social. Quanto à observação, ainda é importante ressaltar que pessoas que tinham membros com algum tipo de transtorno também apresentavam dificuldades no convívio familiar e social. Diante disso, é possível que esta psicopatologia produza conflitos nas famílias causando sofrimento psíquico a todos os seus membros. A pesquisa bibliográfica, com leitura de textos sobre família e transtornos de personalidade foi a metodologia utilizada. O primeiro capítulo tenta definir o que seja o conceito de personalidade sob diversas teorias como a filosofia, medicina, psicologia, entre outras. Os principais teóricos utilizados foram Freud e Jung. O segundo capítulo define o que são transtornos específicos da personalidade, se limitando aos transtornos: borderline, histriônica, anti-social e paranóide. O Código Internacional de Doenças (Cid 10) foi o campo teórico mais utilizado para esta pesquisa. O terceiro capítulo tenta definir o conceito de família e demonstra algumas de suas diversas formas de organização, através de um breve histórico, onde Philippe Áries e Lévi-Strauss foram os teóricos mais requisitados.

8 8 O último capítulo analisa e tenta demonstrar como os transtornos de personalidade influenciam a dinâmica familiar e mais uma vez a teoria Freudiana foi bastante aproveitada. Neste trabalho, não se tem respostas concretas sobre o que seja os transtornos de personalidade e suas influencias na organização familiar, mas certamente abre campo para novas pesquisas por ser também um tema de cunho social.

9 9 1. O CONCEITO DE PERSONALIDADE As teorias e discussões sobre a personalidade sempre foram temas presentes em toda a história. Principalmente na antropologia, filosofia, sociologia, psicologia e na medicina. O que e o porque o humano faz ou deixa de fazer algo sempre foi motivo de observação e curiosidade. Talvez isso aconteça pelo fato do humano ser o único ser a observar e avaliar seu próprio comportamento, além disso, a diversidade que o mesmo apresenta também lhe provoca certo fascínio. O estudo da personalidade pode ser dividido em três estágios históricos. O primeiro indício foi na fase literária e filosófica, onde o que se fazia presente era o jogo da intuição pessoal e de crenças. Com o passar do tempo, o homem começou a observar de maneira mais organizada, estabelecendo teorias, cujos pensamentos sofreram forte influência das idéias renascentistas. Nesta fase, o conhecimento não partia apenas de noções e princípio, mas da própria realidade observada e submetida a experimentações. Mais tarde, com o surgimento das idéias positivistas, que exaltavam a ciência como a forma mais adequada de conhecer, houve então, a necessidade de se medir o que era observado através da experimentação e quantificação dos fatos. Ainda hoje, permanecem todas essas formas de pensar, na tentativa de se tornar claro o que é a personalidade. Deste modo, existem diversas teorias que vão tentar explicar o que seja a personalidade de um indivíduo. A concepção biotipológica se baseia no fato de que o humano assim como os demais animais seguiriam fatores genéticos e que estes não se limitariam a definir apenas características físicas e metabólicas como também comportamentais. Segundo esta concepção; principalmente as mais radicais, descarta qualquer tipo de influência do meio sobre o desenvolvimento da personalidade, pois o fator genético se encarregaria disso. Ou seja, a pessoa desde antes do nascimento carregaria traços e disposições em seus genes que seriam ativados ao longo do desenvolvimento, aonde sua forma de se comportar seria pré-disposta e préestabelecida, submissa ao reino animal, só esperando a hora certa de ser ativada.

10 10 Eysenck (1982) postulava uma base fisiológica para as principais variáveis da personalidade, e essa linha de pesquisa continua até hoje.` (CLONINGER, 1999, p. 10). Dentro da concepção biotipológica existem aquelas que levam em conta os fatores ambientais também como influenciadores na formação da personalidade. Estas teorias; menos radicais, buscam um meio termo e consideram a totalidade do ser humano como sendo um balanço entre duas posições: a natureza biológica que seriam possibilidades variáveis de desenvolvimento em contato com o meio e não como certezas incontestáveis e a natureza existencial que vai considerar o indivíduo como ser único e distinto. Segundo a última concepção,... personalidade é a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social (BALLONE, 2003, p. 27). A discussão acerca do predomínio de elementos ambientais ou genéticos na personalidade é antiga, acirrada, infindável e sem conclusão. Muito embora os traços marcantes da personalidade possam ser determinados por fatores genéticos ou constitucionais, a atuação do ambiente pode alterar o curso do desenvolvimento do indivíduo. Neste caso, os genes que são herdados teriam ou não a possibilidade de se tornarem determinantes de características na personalidade, dependendo do tipo de atuação ambiental. Outras teorias, como a psicanálise, vão definir a personalidade de maneiras diferentes. Freud não relatou sobre o que seria a personalidade em si, mas se deteve na formação do sujeito. Haja visto que, um sujeito formado nada mais é do que uma personalidade definida. De acordo com a psicanálise, o nascimento não pressupõe a existência de um sujeito. Nesta primeira fase, ainda não existe um indivíduo de fato; este seria apenas o caos, onde até o presente, não haveria uma organização psíquica. Assim, no início, a pessoa seria puro organismo unicamente com uma capacidade de organização. O sujeito; ou melhor, a personalidade só começaria a existir e se

11 11 formar a partir de organizações no psiquismo que seriam realizadas ao longo do desenvolvimento. Embora todos passassem pelo mesmo processo, a formação da personalidade seria única e individual para cada sujeito. Pois para a psicanálise, existe no indivíduo uma busca pelo prazer incondicional através da realização de desejos, porém o que vai diferenciar em cada pessoa será o objeto e o modo de satisfação. Daí os traços da personalidade serem individualizados.... Freud propõe que o comportamento é causado por forças psicológicas, de acordo com o pressuposto do determinismo psíquico (CLONINGER, 1999, p. 75). A personalidade só se desenvolveria através de cinco fases psicossociais; oral, analsádica, fálica, latente e genital. A fixação do indivíduo em alguma das primeiras fases poderia impedir o desenvolvimento do mesmo, além de produzir sintomas na fase adulta. Ele considerava que elementos conscientes e inconscientes formariam a personalidade de alguém, visto que o ego seria o aspecto mais consciente e perceptível da personalidade. (...) Freud propunha que os pensamentos conscientes são apenas uma parte limitada da dinâmica da personalidade... (CLONINGER, 1999, p. 9). A psicologia junguiana vai abordar o conceito de personalidade de uma forma bem particular. Esta pode ser considerada como sendo uma teoria compreensiva da personalidade Na psicologia junguiana, a personalidade como um todo é denominada psique. Esta abrange todos os pensamentos, sentimentos e comportamento, tanto conscientes quanto inconscientes. Ela funciona como um guia que auxilia o indivíduo a se adaptar ao ambiente em que se encontra. O conceito de psique sustenta a idéia de Jung de que, uma pessoa não é uma reunião de partes, em que cada uma das quais vai sendo acrescentada pela experiência e aprendizado, mas sim um todo. Jung rejeita a concepção de fragmentação da personalidade, o que muitas outras teorias psicológicas afirmam. Para ele, o homem não luta para se tornar um todo; ele já é e nasce como um todo. O que o indivíduo vai fazer durante sua existência é desenvolver este todo essencial (HALL & NORDBY, 1993, p. 25), tentando levá-lo ao mais alto grau

12 12 possível de coerência e diferenciação para que não se divida em sistemas autônomos e conflitantes (psicose). Para o teórico, uma personalidade dissociada é uma personalidade deformada. Ele vai dizer que o humano possui semelhanças essenciais entre si e que estas seriam certas formas típicas de comportamento característico, os quais, ao se tornarem conscientes, assumiriam o aspecto de representações do mundo sob a denominação de arquétipos. Os arquétipos são uma espécie de memória genética que é passada de geração a geração. Seriam conteúdos, protótipos existentes num inconsciente coletivo que permeiam e delimitam o comportamento humano. A palavra arquétipo significa um modelo original... (Ibidem, p. 33). Em sua teoria, Jung deu grande importância a um arquétipo, a persona, que originalmente denominava a máscara teatral utilizada em dramas gregos para compor personagens. Posteriormente seu conceito foi ampliado e veio a significar a face exterior do eu ; uma máscara ou fachada usada pela pessoa em resposta às exigências da convivência social. Seria o papel atribuído ao indivíduo pela cultura, sua personalidade pública, a fim de provocar uma impressão favorável a esta mesma sociedade. Todos os arquétipos devem ser proveitosos para o indivíduo, mas a persona seria imprescindível à sobrevivência, pois torna possível a convivência entre tantos outros diferentes. Ela seria o aspecto da personalidade que se adapta ao mundo. Marques define a personalidade como sendo o modo de ser do indivíduo. Personalidade é uma construção formal sobre o indivíduo (...) A partir deste conceito, verificamos que cada indivíduo tem a tendência de ser uma determinada forma, que predomina sobre a sua história e sobre a sua atualidade. E observamos que essa tendência já se manifesta nos primeiros meses de vida e o acompanha por toda a sua vida. A personalidade é o conjunto de parâmetros fundamentais do indivíduo, parâmetros esses relativos ao seu modo de ser e a sua relação com o mundo externo (BALLONE, 2003, p. 27). Referindo-se a essa relação, a personalidade seria a junção entre como o indivíduo apreende os estímulos; mais as mudanças que esta apreensão provocaria no mesmo e como este atuaria ou reagiria nesse mundo externo, a partir dessa mudança provocada pelos estímulos. Quanto ao modo de ser, a personalidade seria como o indivíduo incorpora suas experiências e constrói seu mundo interno.

13 13 Apesar das teorias sobre a personalidade serem diferentes, todas concordam em três aspectos: que existe a noção de descrição; dinâmica e desenvolvimento dentro do conceito de personalidade. A descrição considera os modos como se deve caracterizar um indivíduo, onde se descreve as diferenças individuais. Dentro dessa concepção, existem os tipos e os traços da personalidade. Os tipos são categorias de pessoas com característica similares. Cada pessoa é ou não membro de uma categoria de tipos. Já os traços são medidas quantitativas. Um traço de personalidade é uma característica que distingue uma pessoa de outra e que a leva a se comportar de maneira mais ou menos coerente. Eles permitem uma descrição mais precisa da personalidade do que os tipos, porque cada traço se refere a um conjunto mais focalizado de características. Aliport ilustra estas diferenças funcionais de cada um através de suas considerações sobre os TRAÇOS PESSOAIS; verdadeiros arranjos pessoais e constitucionais determinados por fatores genéticos, os quais, interagindo com o meio em maior ou menor intensidade, resultariam numa característica psíquica capaz de particularizar um individuo entre todos os demais de sua espécie (Ibidem, p. 32). Traços e tipos de personalidade permite a comparação de uma pessoa com outra. Esta ainda é a abordagem mais comum na investigação da personalidade. Em contraposição, alguns teóricos estudam a personalidade sem focar as diferenças individuais; isto é, sem fazer comparações com outras pessoas. O conceito de personalidade dá margem a muitas confusões. Um exemplo disto é o conceito de psicodinâmica que ainda que esteja diretamente relacionado à personalidade não dá conta quanto a sua definição. A dinâmica da personalidade seria como as pessoas se adaptam ou se ajustam às situações da vida; como são influenciadas pela sociedade e como são influenciadas por seus próprios processos cognitivos. Desta forma, o modo como a pessoa pensa é significativamente determinante para suas escolhas e adaptação. A psicodinâmica se refere aos mecanismos pelos quais a personalidade se expressa, enfocando muitas vezes as motivações que vão orientar o comportamento. Quanto à adaptação e o ajustamento, Cloninger (1999) vai dizer que as situações requerem que se lide com elas. A personalidade implica uma maneira

14 14 individual de lidar com o mundo, de adaptar-se às exigências e circunstâncias do meio. As pessoas adaptam-se de diferentes maneiras, de forma que mensurações de seus traços podem ser usadas para prever o modo como farão. O comportamento adaptativo é uma das principais preocupações da teoria da personalidade. Apesar da psicodinâmica do indivíduo ter capacidade de alteração contínua durante a evolução, a personalidade é mantida. Pois se esta alteração a influenciasse, o sujeito teria personalidades diferentes durante sua vida. Na verdade, a psicodinâmica é mais um recurso para formação do indivíduo. Outro conceito que se confunde com a definição de personalidade é o caráter. Pois este pressupõe as qualidades, o modo de ser e agir de um indivíduo; além, de definir a postura e firmeza de atitudes de alguém. Enquanto a personalidade pressupõe a qualidade do que é pessoal; ou seja, o que determina e distingue a individualidade de uma pessoa. Por fim, o desenvolvimento da personalidade se refere à influência das experiências infantis somadas as posteriores. A maioria dos teóricos concordam que importantes desenvolvimentos daquela ocorram na infância. O desenvolvimento da personalidade adulta repousa sobre a base da personalidade desenvolvida (...) (CLONINGER, 1999, p. 525) quando ainda criança. Logo, as experiências particularmente infantis, aliadas a um direcionamento; seja ele qual for, certamente irão influenciar a maneira como cada pessoa desenvolve sua personalidade única. Embora haja diversas teorias que tentam explicar o que seja personalidade, pode-se pensar que existam elementos desta que tenham se perpetuado ao longo da evolução. De fato, existem determinadas posturas existenciais diante da vida que acompanham a espécie humana através de diversas gerações. Alguns estudiosos vão chamá-las de tendências naturais do ser humano. Mas essas tendências não se manifestam simplesmente na maneira de ser da pessoa; elas devem ser contextualizadas e adequadas à época, cultura, sociedade e principalmente as possibilidades de cada um. Assim, deve-se considerar a personalidade como sendo determinada por forças genéticas, culturais, de classes sociais e familiares que interagem umas com as outras.

15 15 Susan C. Cloninger em seu livro cita Adler que afirmava que as pessoas devem ser entendidas a partir de uma perspectiva social, e não biológica. A motivação humana básica consistiria em lutar para passar de uma situação sentida como menos para uma situação mais. Trata-se de desencadeamento pela insatisfação do sentir-se menos`; o que perpassa diretamente pelo contexto social, cultural e temporal. A cultura se define como sendo um conjunto de normas, valores padrões de comportamento que traduzem o modo de vida de um grupo. Esse conceito, ajuda a analisar a socialização da personalidade individual. (ADLER apud CLONINGER, 1999, p. 120). Historicamente, as teorias da personalidade centraram-se no indivíduo, deixando a sociedade de lado. As teorias mais atuais sobre o assunto consideram com mais cuidado as influências sociais na formação da personalidade e é interessante ressaltar que os fatores culturais estão presentes até mesmo na qualificação de certos padrões de comportamento como anormais. Ou seja, o que pode ser considerado como um transtorno em uma sociedade pode ser visto como convencional em outra. Ela pode ser avaliada por uma dimensão de saúde ou ajustamento dentro de uma sociedade. Segundo essa dimensão, as personalidades ditas saudáveis seriam mais flexíveis e conseqüentemente adaptáveis às exigências do meio. Embora as teorias enfoquem mais o indivíduo do que a sociedade, alguns teóricos acham que as personalidades saudáveis contribuiriam muito mais para a sociedade do que as ditas menos saudáveis. De certo, a personalidade vai se expressar através do comportamento no mundo social. Segundo Lundin (1977), personalidade é a organização do equipamento singular de comportamento que um indivíduo adquiriu através de condições especiais de seu desenvolvimento. Mas uma coisa é certa, cada homem é, em certos aspectos, como os outros de sua espécie, porém é diferente de qualquer outro. Pois, a característica mais essencial do ser humano é a sua individualidade. No que diz respeito ao estudo da personalidade as teorias puderam chegar a algumas conclusões:

16 16 (...) a personalidade é única, própria a um indivíduo, embora este possua traços em comum com outros; ela não é somente uma soma, um total de funções, mas também uma organização, uma integração, mesmo que essa integração nem sempre chegue a ser realizada é, pelo menos, essa tendência integrativa, que define tal noção de centro organizador; a personalidade é temporal, visto sempre pertencer a um indivíduo que vive historicamente; por fim, não sendo nem estímulo, nem resposta, ela se apresenta como uma variável intermediária, afirmando-se como um estilo através e por meio do comportamento ( FILLOUX, 1978, p.13). Outra conclusão é que a personalidade deve expressar consistência e regularidade. Para ser definida como tal, devem ser encontradas e apresentar no indivíduo propriedades duradouras. Espera-se que produza comportamentos coerentes e constantes em diferentes situações para ser considerada como sendo personalidade de alguém. Enfim, não existe definição absoluta ou universalmente aceita do que seja personalidade. Pois nunca se está frente a frente com o homem em toda a sua totalidade, mas sempre com um homem particular; um indivíduo que freqüentemente é um enigma, onde a sua solução, ou definição estaria nele mesmo. A ciência da personalidade ainda encontra-se em sua infância (ROTTER & HOCHREICH, 1980, p. 130). O mais sensato seria admitir uma natureza bio-psico-social para se definir personalidade. Pois o que vai variar será o peso com que cada qual desses elementos participa e influencia na maneira de ser de uma pessoa.

17 17 2. O CONCEITO DE TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE PERSONALIDADE Não existe uma linha clara entre a conduta normal e patológica. Estes são conceitos que representam pontos arbitrários. A personalidade é uma estrutura tão complexa que fica difícil categorizá-la, pois é basicamente uma inferência abstrata. É também um sistema psíquico de estruturas estáveis e organizadas e apresenta funções que são, inevitavelmente, comparadas com o corpo. Assim, quando se fala em transtornos de personalidade, deve se ter em mente que são construções inventadas para melhorar a compreensão científica e a comunicação profissional. Deste modo, seu diagnóstico não é de fácil aplicação, porque tenta descrever distúrbios psíquicos que se colocam num espaço entre o normal e o patológico. Os transtornos de personalidade são uma variedade de padrões e condições de comportamentos significativos, os quais tendem a ser persistentes em todos os fatores da vida de um indivíduo. Esses tipos de condição abrangem padrões de comportamento profundamente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais. Eles representam desvios extremos ou significativos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa sente e, particularmente, se relaciona com os outros. Tais padrões de comportamento tendem a ser estáveis e a abranger múltiplos domínios de comportamento e funcionamento psicológico. Eles estão freqüentemente, mas não sempre, associados a graus variados de angústia subjetiva e a problemas no funcionamento e desempenho sociais (CID 10, 1993, p.196). Um transtorno específico de personalidade é uma perturbação grave na forma do indivíduo se comportar e envolve diversas áreas da personalidade. É um sério comprometimento do caráter e dos comportamentos de uma pessoa. Freqüentemente, o comportamento do sujeito acometido por algum transtorno, influencia consideravelmente em seu meio social e sua vida pessoal. Devido a essas dificuldades, quase sempre, ocorre uma ruptura das regras da boa convivência. A princípio, a psiquiatria denominava os transtornos como psicopatias. Mas essa denominação foi desconsiderada por não expressar nada de essencial e

18 18 decisivo sobre as pessoas como um todo. O termo psicopatia é perigoso porque é da ordem do patológico e pode causar mal entendido. Não há nenhum fundamento para relacionar os transtornos com a morbidez, enfermidade ou malformações. Sua anomalia estaria apenas na estrutura psíquica do sujeito e na sua forma de se relacionar com o mundo. Os transtornos também são chamados de transtornos de caráter, o que certamente, implica num julgamento perigoso, já que este termo pressupõe questões morais. Segundo o Código Internacional de Doenças (1993), existem algumas diretrizes diagnósticas que podem caracterizar os transtornos de personalidade como: atitudes e condutas marcantemente desarmônicas, envolvendo várias áreas de funcionamento, p. ex. afetividade, excitabilidade, controle de impulsos, modos de percepção e de pensamento e estilo de relacionamento como outros; o padrão anormal de comportamento é permanente, de longa duração e não limitado a episódios de doença mental; o padrão anormal de comportamento é invasivo e claramente mal-adaptativo para uma ampla série de situações pessoais e sociais; as manifestações acima sempre aparecem durante a infância ou adolescência e continuam pela idade adulta; o transtorno leva à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar aparente apenas tardiamente em seu curso; o transtorno é usual, mas não invariavelmente associado a problemas no desempenho ocupacional e social. Em relação ao diagnóstico, o mais importante, é sempre considerar e contextualizar o indivíduo nas variações culturais ou regionais onde está inserido. Pois estes fatores são de extrema importância quanto às manifestações de condições de personalidade. Para ser considerado um transtorno, o padrão deve se desviar e ser persistente acentuadamente das expectativas da cultura do sujeito e se manifestar em pelo menos duas das seguintes áreas: cognição (pensamento e aprendizagem); afetividade, funcionamento interpessoal ou controle dos impulsos. Para ser considerado um transtorno, é necessário que estes padrões comportamentais sejam estáveis, e que a pessoa os apresente por um longo tempo. Estes começam a aparecer na adolescência, mas é preciso verificar se ainda

19 19 permanecem na fase adulta. Pois, a primeira é um período em que ocorrem consideráveis mudanças, inclusive na personalidade. Assim, os comportamentos inflexíveis e inadaptativos podem ser alterados na vida adulta, os quais não devem ser confundidos como um transtorno. Os transtornos de personalidade não são considerados como transtornos mentais (psicoses, loucura ) ou doenças cerebrais. Nem são manifestações ou conseqüências de efeitos fisiológicos diretos de alguma substância ou de um estado médico geral. Eles são condições de desenvolvimento, as quais levaram o sujeito a ter determinadas atitudes mal adaptadas diante de sua vida. Contraditoriamente, alterações na personalidade podem aparecer na presença de situações como: estresse grave ou de prolongada duração; doença ou alguma lesão cerebral; transtornos psiquiátricos mais sérios por algum motivo; entre outras. Comparando com outras, as pessoas que apresentam transtorno de personalidade, na verdade, tem atitudes e comportamentos disfuncionais excessivamente generalizados, inflexíveis, imperativos e resistentes à mudança. Elas não conseguem se adaptar a situações novas ou que lhes possam causar algum tipo de estresse; têm um padrão ou um mesmo tipo de comportamento para situações variadas. Isto é, não há uma plasticidade e flexibilidade no enfrentamento ou na forma de reagir aos problemas da vida e por conta desses fatores, têm sérios prejuízos funcionais de desempenho social e sofrimento subjetivo significativo. Elas sofrem e fazem sofrer quem está a sua volta, mas não conseguem perceber esta condição. Na maioria das vezes, por não se adaptarem, sentem-se excluídas e não pertencedoras de seu meio, ou seja; um peixe fora d`água. Cada indivíduo tem um perfil de personalidade único, consistindo de variados graus de probabilidade de responder de um modo específico, num grau específico, a uma situação específica. Quando diferentes respostas caracterizam uma pessoa, elas refletem importantes diferenças estruturais representadas em suas crenças básicas. Tais variações são encontradas em pessoas bem ajustadas em seu meio e oferecem distinção à sua personalidade. Indivíduos com transtornos de personalidade apresentam os mesmos comportamentos; repetitivos, em muito maior número de situações do que outros. Eles apresentam círculos viciosos, porque

20 20 generalizam seu comportamento, não sendo criativos na forma de agir e de se viver. Deste modo, não aprendem com a experiência. Por serem percebidas pelos outros como pessoas problemáticas, esquisitas ou até encrenqueiras, não são bem aceitas em seu meio social. São bastante invasivos; ou seja, não percebem o próprio limite nem o limite dos outros e são extremamente passionais, levando simples situações ao extremo das emoções. A impulsividade é uma de suas características mais marcantes. Estas pessoas apresentam baixa resistência e tolerância a frustrações, porque tem percepções distorcidas da realidade. Pelo fato de terem estabilidade tênue e controle menos adequado de suas emoções, são consideravelmente inseguras e suscetíveis a novas dificuldades e problemas. Embora sejam consideradas desajustadas em seu meio, muitas conseguem ter uma vida ocupacional ativa. Sua maior dificuldade será nas relações que estabelece. Fenichel (1971) diz que o caráter ou a personalidade é o modo habitual de conduta de uma pessoa. Essa conduta é resultante final de uma série de complexas operações referentes aos modos habituais de adaptação do ego (o eu ) ao mundo externo, ao id e ao superego. Assim, a personalidade, o caráter e a conduta seriam aspectos ligados ao ego e conseqüentemente, resultantes de uma impossível tarefa de se equilibrar às exigências do id (impulsos internos), do superego (exigências morais) e da realidade. Do ponto de vista analítico, na formação do sujeito, os conflitos inconscientes são reprimidos, mas sempre tentam retornar. Contudo, nem sempre o ego consegue produzir defesas e estes conflitos voltam na forma de sintomas (psicológicos) neuróticos. Ou seja, o ego (eu) identifica o que foi reprimido e não o deixa retornar ou o faz na forma de sintomas. Nos transtornos de personalidade o retorno de conflitos inconscientes provoca uma alteração no ego que produzirá no mesmo uma formação reativa. Tais alterações o rigidificam, tirando-lhe toda flexibilidade e a liberdade. Isto é, ele sempre estará na defensiva, sem descanso e produzirá sintomas que na verdade são as manifestações comportamentais, mal adaptativas e inflexíveis características do sujeito acometido.

21 21 Segundo a DSM4, os transtornos de personalidade estão assim classificados: a) os que parecem esquisitos ou excêntrico : 1) Paranóide (padrão de desconfianças e suspeitas, os motivos dos outros são interpretados como malévolos), 2) Esquizóide (padrão de distanciamento dos relacionamentos sociais, faixa restrita de expressão emocional), 3) Esquizotípica (padrão de desconforto agudo em relacionamentos íntimos, distorções cognitivas, perceptivas e comportamento excêntrico); b) os que parecem dramáticos, emotivos e erráticos : 4) Personalidade anti-social (padrão de desconsideração e violação dos direitos dos outros), 5) Personalidade borderline (padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos, aliados a impulsividade; 6) Personalidade histriônica (padrão de excessiva emotividade e busca de atenção), 7) Personalidade narcisista (padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia); c) os que parecem ansiosos e medrosos: 8) Personalidade esquiva (padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliações negativas, 9) Personalidade dependente (padrão de comportamento submisso e aderente, relacionado com excessiva necessidade de proteção), 10) Personalidade obcessiva-compulsiva (padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e controle e 11) Personalidade sem outras especificações (quadros mistos) (TELLES, 1999, p. 19). Alguns transtornos são mais freqüentes em homens (como anti-social) outros mais em mulheres (como histriônico, boderline, dependente). Apesar das diversas explicações e pesquisas, não se sabe ao certo o que leva uma pessoa a ter um transtorno na personalidade. A maioria dos estudos especulam as possíveis causas de seu aparecimento como os fatores bio-psicosociais ou apenas os classificam através de seus sintomas, mas ainda não foi possível verificar de fato, o que provoca o desenvolvimento de uma personalidade com transtorno. As vivências são escolhidas, apreendidas, assimiladas e interiorizadas conforme seu valor e sentido para a personalidade. A despeito da genética, são as experiências e as histórias de vida que vão determinar o aparecimento de um transtorno ou não. Mas até então, ficará sempre a dúvida do momento em que se tenha começado esse processo. Nos capítulos a seguir, serão abordados quatro tipos de transtornos de personalidade que aparecem com freqüência na nossa sociedade. Eles são: borderline, histriônica, anti-social e paranóide TRANTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

22 22 Transtorno de Personalidade borderline é um dos casos mais complexos, devido à extrema rigidez de crenças que o sujeito apresenta. Sua própria denominação identifica uma personalidade limítrofe; ou seja, que está na fronteira entre o normal e o patológico. As pessoas com esse tipo de transtorno não possuem claramente uma identidade de si mesmas, tendo constantes dúvidas a respeito de si. Sua personalidade é fracamente integrada, daí a oscilarem entre a neurose e a psicose. Essa perturbação da identidade provoca uma instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem, até mesmo quanto à própria sexualidade. Embora geralmente possuam uma auto-imagem de malvados, os indivíduos com este transtorno podem, por vezes, ter o sentimento de não existirem em absoluto ( BALLONE, 2003, p. 4). A instabilidade das emoções é um traço marcante deste transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem justificativa real. Desta forma, seja qual for a situação, é caracterizado por uma alternância entre extremos. São tradicionalmente vistas como pessoas de lua, que a cada momento estão de um jeito. Um exemplo disto, é o fato de serem freqüentemente flagradas em episódios de intensa irritabilidade ou ansiedade passando depois para depressão (não necessariamente nesta ordem). A instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio sujeito que em dados momentos rejeita a si, por isso a insatisfação pessoal é constante, gerando sentimentos persistentes de vazio, tédio ou solidão. Facilmente entediados, podem estar sempre procurando algo para fazer. Seu comportamento impulsivo pode trazer graves conseqüências e à autodestrutividade. Por isso, são pessoas inconsistentes e imprevisíveis. Na maioria das vezes, ocorre intensos gastos financeiros, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente, pratica de sexo inseguro, entre outros. Essa impulsividade é posteriormente reconhecida pelo indivíduo como irracional ou tola. Outra característica essencial do Transtorno da Personalidade Borderline é um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais. Quando estabelecem qualquer tipo de relação, os indivíduos tendem alternar entre a idealização ou desvalorização de alguém, principalmente, se sentirem que estão

23 23 sendo contrariados. Muitas vezes, tem um grande apreço por certa pessoa, mas se a referida não corresponde suas expectativas fantasiosas, logo depois é desprezada. Assim, estão inclinados a mudanças súbitas e dramáticas em suas opiniões sobre os outros. Basicamente amam ou odeiam, sem meio termo. Podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, mas apenas com a expectativa de que estarão "estará lá" para também atenderem às suas próprias necessidades, quando exigido. Confundem intimidade com sexualidade, o que provoca constrangimento com quem se relaciona. Esses indivíduos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais. O sentimento de raiva é dificilmente controlável, levando a demonstrações freqüente de irritação e lutas corporais recorrentes. São pessoas que estão sempre envolvidas em brigas nas ruas. Tais expressões de raiva freqüentemente são seguidas de vergonha e culpa e contribuem para a persistente crença e sentimento de serem maus. Durante períodos de extremo estresse, podem ocorrer ideação paranóide; isto é, mania de perseguição ou sintomas dissociativos transitórios como, por exemplo, a despersonalização. Ou seja, a pessoa pode ter um surto psicótico no qual não reconhece a si mesma nem os outros ou episódios em que acredite ser outra pessoa. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline fazem esforço sobrecomum para evitarem um abandono tanto real quanto imaginado. Mesmo diante de uma separação de tempo limitado ou quando existem mudanças inevitáveis em seus planos (por ex., pânico ou fúria quando alguém que lhes é importante se atrasa apenas por alguns minutos ou precise cancelar um encontro). Se perceberem uma possível separação ou rejeição iminente podem sofrer profundas alterações na auto-imagem, afeto, cognição e no comportamento. Elas podem acreditar que este "abandono" implica, mais uma vez, na crença de são "maus". Esse medo está relacionado a uma intolerância à solidão e a uma necessidade de ter outras pessoas consigo. Seus esforços frenéticos para evitar o abandono podem gerar ações impulsivas que vão desde comportamentos de automutilação até tentativas de suicídio.

24 24 Os comportamentos de automutilação acontecem com maior freqüência e em geral se apresentam como cortes e queimaduras, já os comportamentos suicidas acontecem em menor freqüência, onde são mais uma necessidade de chamar a atenção do que realmente a vontade de morrer. As tentativas de suicídio são, freqüentemente, uma forma pela qual estes indivíduos buscam auxílio. Tais atos, geralmente são precipitados por ameaças de separação, rejeição ou por expectativas de que assumam maiores responsabilidades. O Transtorno da Personalidade Borderline é diagnosticado predominantemente em mulheres (cerca de 75%), mas ainda não se sabe o porque desta incidência. Os estudos familiares indicam que os parentes dos pacientes borderline têm uma alta prevalência do distúrbio, bem como de outros distúrbios da personalidade (FLAHERTY, CHANNON & DAVIS, 1990, p. 135). É cerca de cinco vezes mais comum entre os parentes biológicos em primeiro grau dos indivíduos com transtornos do que na população geral. Por fim, outros Transtornos da Personalidade podem ser confundidos com Transtorno da Personalidade Borderline por terem certos aspectos em comum, de modo que é importante distinguir entre esses transtornos com base nas diferenças em seus aspectos característicos. Entretanto, se um indivíduo tem características de personalidade que satisfazem os critérios para um ou mais Transtornos da Personalidade além do Transtorno da Personalidade Borderline, todos podem ser diagnosticados TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA No início do século XX, algumas mulheres; muito reprimidas pela sociedade da época, apresentavam cegueiras, paralisias, dores pelo corpo, entre outros sintomas. Mas quando eram examinadas por médicos; raramente, alguma causa física era encontrada. Na verdade, esses sintomas eram gerados por fatores

25 25 psicológicos e emocionais e foram chamados de neuroses de conversão. Como o próprio nome já diz, essas mulheres convergiam sofrimentos psíquicos em físicos e Freud ao analisar este tipo de comportamento o denominou de personalidade histérica, que mais tarde deu origem aos estudos e a denominação ao Transtorno de Personalidade Histriônica. A característica essencial deste transtorno de personalidade consiste de um padrão invasivo de excessiva emocionalidade e uma busca exagerada de atenção em vários contextos. De início, estes indivíduos são vistos pelos outros como pessoas animadas e encantadoras por seu entusiasmo, aparente franqueza e capacidade de sedução. Porém, tais qualidades perdem a força à medida que se mostram exigentes. São pessoas que se sentem desconfortáveis ou desconsideradas quando não são o centro da atenção. Elas requisitam, a todo o momento, o papel de donas da festa, mas ao perceberem que não estão conseguindo, podem fazer algo dramático como, por exemplo, inventar histórias ou fazer uma cena. A necessidade de atenção e aprovação é tão grande que mesmo não conhecendo bem uma pessoa tendem a adulá-la, fazendo elogios e até lhe compram presentes. Os indivíduos com esse transtorno, muitas vezes, consideram os relacionamentos mais íntimos do que são de fato, descrevendo praticamente qualquer pessoa recém conhecida como meu amigo ou meu querido. Tendem a intimizar as relações antes de estas se tornarem realmente significativas. Seus relacionamentos interpessoais acabam sendo deficientes, percebidos como superficiais e sem autenticidade. E quando estabelecem uma relação, seja qual for o âmbito; familiar, de amizade, profissional ou afetivo, usualmente são tempestuosos e não gratificante. Mas mesmo com toda essa dificuldade nas relações vêm a si próprios como sociáveis, amistosos e agradáveis, projetando sempre no outros suas dificuldades internas. Buscam e exigem reasseguramento, aprovação ou elogio das pessoas, apresentando uma necessidade extrema da apreciação dos outros, através de discursos globais e impressionistas, mas estes são sempre pobres e carentes de detalhes. Exibem fortes convicções, em geral expressadas com dramaticidade,

26 26 porém são vagas e difusas, sem fatos e detalhes. Podem comentar que determinado indivíduo é uma pessoa maravilhosa, entretanto são incapazes de especificar as qualidades que confirmem sua opinião. Precisam encontrar maneiras de que os outros tomem conta delas. A expressão emocional e afetiva pode ser superficial e apresentar rápidas mudanças. Constantemente, apresentam baixa tolerância a frustrações e por isso mudam da água para o vinho, quando não são correspondidas como imaginavam e chegam a apresentar reações infantis no momento em que não conseguem o que querem. Assim, utilizam-se de manipulação para atingir seus objetivos, recorrem a ameaças, coerção, acessos temperamentais e ameaças de suicídios, se métodos mais sutis falharem. Exibem autodramatização, teatralidade e expressão emocional exagerada, muitas vezes apelando para o choro ou fingindo estar passando mal. Eles podem embaraçar amigos e conhecidos os abraçando descomedidamente; podem soluçar incontrolavelmente em ocasiões sentimentais de pouca importância ou ter ataques de fúria. São pessoas que geralmente se intitulam como coitadas e sem sorte na vida, onde preferiam estar mortas a terem que viver as mazelas do mundo. Contudo, suas emoções com freqüência dão a impressão de serem ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente sentidas, o que pode levar a crer que estão fingindo. São emocionalmente excitáveis e anseiam por estimulação. Pois se entediam com grande facilidade, já que tem a necessidade de admiração dos outros. Tendem a manter a crença de que é preciso serem amados por virtualmente todos, por tudo que fazem, porque na verdade, apresentam um intenso medo da rejeição. Generalizam sentimentos que lhes causem mal-estar por raciocinarem emocionalmente. Logo; segundo sua crença, se uma vez rejeitados, sempre foram e serão. Não prestam atenção em detalhes e especificidades, pois não percebem claramente o que está a sua volta, por isso suas recordações são globais e difusas. Desta maneira, não desenvolvem a capacidade de enfrentamento construtivo de situações e problemas tendo dificuldades em resolvê-los necessitando sempre de

27 27 amparo. Assim, as pessoas com o Transtorno de Personalidade Histriônica têm um comportamento excessivamente reativo e intenso, onde muitas vezes respondem a estímulos mínimos com acessos irracionais de raiva. Dão mais valor aos acontecimentos externos e pouca atenção á sua vida interna, podendo ficar sem sentido claro de identidade. Evitam a todo o momento o autoconhecimento, por não saberem lidar com ele. Diante disso, estão sempre falando da vida alheia, criticando ou elogiando os outros, já que não consegue ter um real contato consigo mesmo. A aparência e o comportamento com freqüência são, de maneira inadequadas, sexualmente provocantes ou sedutores. Este comportamento é dirigido não apenas às pessoas pelas quais o indivíduo demonstra algum interesse sexual ou romântico, mas ocorre em uma ampla variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais, mais do que seria adequado para o contexto social. É comum os indivíduos com esse transtorno terem relacionamentos deficientes com amigos do mesmo sexo, porque seu estilo interpessoal sexualmente provocante pode parecer ma ameaça aos relacionamentos dos amigos. São pessoas que usam consistentemente a aparência física para chamar a atenção. Empenham-se excessivamente em impressionar os outros com sua aparência e despendem um grande número de tempo, energia e até dinheiro para se vestir e se arrumar, só para caçar elogios. Uma outra característica marcante é o fato destes indivíduos terem um alto grau de sugestionabilidade; ou seja, suas opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos outros e por tendências do momento. Podem confiar demais em fortes figuras de autoridade, a quem vêem como capazes de oferecer soluções mágicas para seus problemas. É interessante observar que o Transtorno de Personalidade Histriônica é mais freqüente em mulheres do que nos homens. Enfim, o Transtorno de Personalidade Histriônica causa para o sujeito prejuízos funcionais e sofrimento significativo, pois a exigência por atenção das

28 28 pessoas com quem convive é constante. O que conseqüentemente irá contribuir para um desgaste e término de suas relações TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL O transtorno de personalidade anti-social é facilmente percebido pelas pessoas, mas não como uma psicopatologia. Os indivíduos acometidos são mais conhecidos como: sociopatas, bandidos, canalhas, maus caracteres, etc. Suas características mais marcantes são o padrão invasivo de desrespeito, violação dos direitos dos outros e indiferença insensível pelos sentimentos alheios. Não tem empatia, justamente por desconsiderarem totalmente o que o outro sente. São capazes de passar por cima de qualquer um para conseguirem o que querem. São pessoas destituídas de qualquer sentimento de ternura, compaixão, generosidade, remorso, honra, consciência; não têm capacidade de vivenciar uma responsabilidade ou gratidão; são frios, brutais e cruéis. A ausência de sentimento de culpa causa intolerância por parte das pessoas com quem convive. Além disso, a ausência deste sentimento contribui ainda mais para que permaneça ou tenha comportamentos cruéis e sádicos. Na infância, é comum maltratarem animais ou crianças menores. Mas isso não é fator essencial para definir este tipo de transtorno. Diante disso, não aprendem com a experiência, particularmente com a punição. Esta ausência de culpa e remorso neste sujeito contribui também para que tenha atitudes flagrantes e persistentes de irresponsabilidade e desrespeito, indicadas por repetidos fracassos em manter as normas, regras e obrigações sociais. Têm problemas comportamentais precoces e não se conformam às normas sociais com relação a comportamentos legais. Existem evidências de transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.

29 29 Os indivíduos com esse tipo de transtorno têm propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer. Isso acontece porque sentem uma grande necessidade de estimulação e tem propensão ao tédio. Precisam a todo o momento de grandes emoções e são capazes de tudo para consegui-las. A personalidade anti-social tem um senso grandioso do próprio valor, achando-se sempre onipotente e onipresente tem em si a idéia de que não sofrerão qualquer conseqüência de seus atos. Parecem estar fixados na fase infantil, onde tudo é possível. Assim, a tolerância à frustração é muito baixa o que provoca fraco controle do comportamento. Igualmente apresentam um baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência. Em relação ao comportamento violento, este é causado pela extrema impulsividade e irritabilidade que esses indivíduos manifestam. São intolerantes e estão sempre envolvidos em repetidas lutas corporais ou agressões físicas, na maioria das vezes injustificadas. Em geral, cometem pequenos delitos como roubos e furtos, mas podem chegar a matar. Deve se levar em consideração, que nem todas as pessoas com este tipo de transtorno cometem assassinatos, porém por serem destituídas de limites gradativamente isso pode acontecer. Faltam-lhes planos realistas a longo prazo para a construção de algo, fracassando em fazer planos para o futuro, pois seu estilo de vida é parasitário. Só pensam no momento e realmente acreditam que merecem o melhor pelo simples fato de ser quem são, não se importando como conseguirão. Manipulam, enganam e suas mentiras são patológicas quando querem alguma coisa. Porque não conseguem perceber que o seu comportamento é inadequado à convivência social. Os anti-sociais são pessoas que expressam incapacidade de manter relacionamentos, embora não haja dificuldade em estabelecê-los. Desconsiderando totalmente o que o outro sente, não só a nível conjugal como em todas as áreas das relações interpessoais. O comportamento sexual freqüentemente é promíscuo, correndo mais riscos.

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