CONSELHO EXECUTIVO Vigésima Oitava Sessão Ordinária de Janeiro de 2016 Adis Abeba, ETIÓPIA EX.CL/928(XXVIII)x Original: Francês

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1 AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Fax : Website : PA /48/9/10 CONSELHO EXECUTIVO Vigésima Oitava Sessão Ordinária de Janeiro de 2016 Adis Abeba, ETIÓPIA Original: Francês RELATÓRIO DO SUBCOMITÉ DO FUNDO ESPECIAL DE ASSISTÊNCIA DE EMERGÊNCIA PARA A LUTA CONTRA A SECA E A FOME EM ÁFRICA (SEAF)

2 Pág. 1 RELATÓRIO DO SUBCOMITÉ DO CRP DO FUNDO ESPECIAL DE ASSISTÊNCIA DE EMERGÊNCIA PARA A LUTA CONTRA A SECA E A FOME EM ÁFRICA (SEAF) INTRODUÇÃO 1. O Subcomité do Comité dos Representantes Permanentes (CRP) do Fundo Especial de Assistência de Emergência para a Luta Contra a Seca e a Fome em África (SEAF) é composto por 15 Estados-membros, nomeadamente: Argélia, Benim, Burundi (Presidente), Botswana, Comores, Congo, RDC, Djibouti, Guiné, Libéria, Líbia, Malawi, Mali, Sudão do Sul e Swazilândia. Contudo, o Mali enquanto primeiro Vice Presidente do Subcomité actuou na qualidade de Chefe de Missão dada a ausência do Burundi. 2. Cabe ao Subcomité, entre outros, determinar a política do Fundo com vista a prestar uma assistência urgente aos países africanos afectados pela seca e/ou a fome, e a fornecer com urgência a assistência financeira e material para o apoio às actividades e aos programas nacionais tendentes à redução do impacto da seca e da fome em África. O apoio simbólico prestado pelo Fundo visa exprimir solidariedade com os países afectados e convidar a comunidade internacional a prestar o apoio necessário para evitar a destruição e o sofrimento humano. 3. O presente relatório resume as actividades do Subcomité para o período que vai de Janeiro a Dezembro de 2015 e inclui a conclusão das deliberações do Subcomité durante a análise do relatório. Salienta igualmente alguns desafios e perspectivas pelos quais o Fundo se defronta. ACTIVIDADES REALIZADAS DESDE JANEIRO DE 2015 Implementação da decisão do Conselho de Executivo sobre o alargamento do Mandato do Fundo 4. No quadro da implementação das recomendações do Subcomité aprovadas pelo Conselho Executivo com a decisão Ext/EX.CL/Dec.1 (XVI) adoptada durante a sua de décima sexta sessão extraordinária, realizada a 8 de Setembro de 2014, em Adis Abeba, Etiópia e que solicita à Comissão no sentido de: i) facilitar o alargamento do mandato do Fundo para situações de emergência em matéria de saúde pública, catástrofes de origem natural e antrópica, excluindo catástrofes provocadas por situações de conflito; ii) assegurar o refinanciamento do Fundo cada vez mais reduzido para que possa continuar a prestar apoio aos Estados-membros e estabelecer novos termos de referência em conformidade com o seu mandato alargado no que diz respeito às operações do Fundo; e convidar os Estados-membros para que contribuam voluntariamente para este Fundo cujos recursos estão cada

3 Pág. 2 vez mais reduzidos. A este respeito, foi solicitada à Comissão que estudasse a possibilidade de convocar uma Conferência de Doadores para o refinanciamento do Fundo; 5. O Presidente do Subcomité do CRP do Fundo Especial de Assistência de Emergência para a Luta Contra a Seca e a Fome em África (SEAF) reuniu com o Presidente do Subcomité do CRP de Refugiados, Repatriados e Deslocados Internos, sob os auspícios do Departamento dos Assuntos Políticos, a 14 de Setembro de 2015, para estudar as possibilidades de melhor assistir as pessoas afectadas tanto pelo problema da seca e da fome em África como por outros problemas humanitários e calamidades naturais, incluindo os refugiados e os deslocados, as pessoas afectadas pelas epidemias e pandemias de saúde pública e as afectadas pelas catástrofes de origem natural e antrópica, excluindo aquelas causadas por situações de conflito. 6. Esta reunião foi motivada pela necessidade de se estabelecer um terreno comum nos domínios ou nos mandatos destes dois Subcomités que se complementam mutuamente e que convergem pela sua finalidade humanitária, com vista a dar resposta de forma eficaz e eficiente a situações de emergência humanitária no continente, tendo em conta os recursos disponíveis. 7. Durante esta reunião foi acordado que a Comissão proporia áreas possíveis do ponto de vista técnico, tendo em conta os mandatos dos dois subcomités e poderá incluir de outras calamidades humanitárias que não sejam a seca e a fome no mandato do Fundo. A reunião terminou com assinatura de um acordo nos termos do qual os gabinetes dos dois subcomités voltarão a reunir sob a facilitação da Comissão. 8. Na sequência desta reunião, a Comissão elaborou um primeiro projecto de um novo «critério e condição para a aprovação de subvenções e empréstimos» para servir de documento de base durante as futuras discussões sobre a restruturação do mandato do Fundo. A Comissão activou igualmente os seus esforços de coordenação e de cooperação entre os dois Subcomités ao associá-los às consultas regionais implementadas durante todo o ano para a elaboração de uma Posição Comum Africana (PCA) sobre a eficácia humanitária em África. 9. Durante o período em análise, os estragos causados pelas catástrofes naturais ligadas essencialmente às alterações das condições climáticas afectaram gravemente as populações em todo o continente em As consequências do fenómeno El Nino e outros fenómenos relacionados, o fenómeno La Nina, afectaram a região oriental e austral de África provocando a seca e inundações sucessivas que afectam muitos países. Na África Austral, o efeito do fenómeno El Nino apresenta-se sob forma de seca severa provocando a insegurança alimentar, bem como afectando o sector energético devido à escassez de água para as centrais hidroeléctricas. Do mesmo modo, a África Oriental, incluindo o Corno de África, continua a enfrentar os efeitos do fenómeno La Nina sob forma de seca severa e prolongada, ameaçando assim com fome os países desta região. No entanto, vale a pena mencionar que ocorreram inundações associadas ao fenómeno El

4 Pág. 3 Nino em regiões da Somália e do Quénia. Tal quadro tornou a situação humanitária mais complexa em termos de preparação e no âmbito da resposta às emergências. Esta situação levou a uma insegurança e à escassez alimentar, sobretudo em algumas regiões da Etiópia, Somália, Quénia, Burundi, Malawi, Zimbabwe, no Sahel, Sudão do Sul e Sudão. 10. Os efeitos climáticos que estão a emergir em vários Estados-membros conduzirão, caso o fenómeno El Nino prolongar-se no tempo e em termos de severidade em 2016, a consequências sociais e económicas inquietantes, devido a baixas produtividades agrícolas e suas consequências, nomeadamente a baixa produção, a subida espectacular dos preços no mercado, provocando a insegurança alimentar que afectam directamente as populações. 11. No quadro das actividades de sensibilização e de mobilização dos Estados-membros e da Comunidade Internacional para os problemas da seca e da fome em África, a Comissão, representada pela Comissária para os Assuntos Políticos, o Presidente do Subcomité e outros parceiros, participou a 19 de Novembros de 2015 na Sessão Pública do Conselho de Paz e Segurança da UA sobre o impacto e as consequências humanitárias do fenómeno El Nino em África. 12. Esta importante sessão pública permitiu chamar a atenção dos Estados-membros da UA e da comunidade internacional sobre a necessidade de coordenar os seus esforços com vista a dar uma melhor resposta à crise humanitária provocada pelo fenómeno El Nino e a tomar medidas necessárias para assegurar uma efectiva mitigação que irá melhorar os mecanismos de defesa da comunidade local e reforçar a sua capacidade de resiliência para enfrentar os efeitos do fenómeno El Nino e de outros fenómenos relacionados, o fenómeno La Nina. 13. Esta situação de seca na Etiópia contrasta com a situação observada pela Comissária Abdullahi e por outros membros do CRP em Outubro último no campo de refugiados sarauí de Tindouf, a sul da Argélia, onde testemunharam os impactos da outra face dos fenómenos climáticos El Nino. O campo, que acolhe os refugiados sarauís há mais de 40 anos foi assolado, no mês de Outubro de 2015, de fortes precipitações pluviométricas jamais vistas há mais de 60 anos. Por conseguinte, cerca de 90% das habitações construídas de tijolos de barro ou simples tendas foram destruídas durante as fortes chuvas. SITUAÇÃO FINANCEIRA DO FUNDO 14. Os recursos do SEAF provêm principalmente de contribuições voluntárias dos Estados-membros da União Africana, da Comissão da União Africana e de algumas organizações. 15. Infelizmente, o Fundo não recebeu contribuições significativas durante o período em causa, apesar das crises humanitárias que afectaram o continente em 2014 e em 2015, com o Ébola na África Ocidental e o fenómeno El Nino respectivamente e, apesar do apelo

5 Pág. 4 geral lançado pelo Subcomité a este propósito. Por conseguinte, a 30 de Setembro de 2015, o saldo operacional líquido do Fundo (para além da reserva estratégica de 3 milhões de $EU) é cerca de 1,8 milhão de $EU. DELIBERAÇÕES DO SUBCOMITÉ 16. O Subcomité, nas suas deliberações, constatou que, tendo em conta a natureza do fundo cada vez mais reduzido, era imperioso refinanciar o Fundo. Por conseguinte, apelou a uma campanha para o refinanciamento do fundo que irá aumentar substancialmente o montante do fundo. Tal foi necessário tendo em conta as crescentes e complexas situações humanitárias, que exigem uma resposta humanitária sob forma de uma larga assistência humanitária que inclui actualmente a criação de capacidade de resiliência dos Estadosmembros para enfrentar as complexas situações humanitárias emergentes no continente. Portanto, foi constatado que para que a campanha de refinanciamento seja eficaz haveria necessidade de sensibilizar os Estados-membros sobre a importância da manutenção do fundo, incluindo através do aumento das suas contribuições nesse sentido. Esta campanha de refinanciamento, que se estende aos Estados-membros, irá culminar numa conferência de doadores. 17. O Subcomité constatou ainda o facto de o continente estar actualmente a enfrentar desafios dos efeitos do fenómeno El Nino. Para esse efeito, o Subcomité lançou um apelo à realização de uma conferência especial de anúncio de contribuições em resposta às consequências dos efeitos do fenómeno. Esta conferência de anúncio de contribuições deverá ter lugar no primeiro trimestre de Na verdade, a referida conferência de anúncio de contribuições pode ocorrer paralelamente à conferência de doadores para o refinanciamento do fundo. 18. O Subcomité também recomendou que as fontes do fundo sejam alargadas. Pronunciou-se a favor da inclusão do sector privado no continente, bem como cidadãos de elevado património líquido, incluindo os doadores não tradicionais. 19. O Subcomité apelou para que haja uma missão de avaliação técnica a diferentes regiões para avaliar o impacto dos efeitos do fenómeno El Nino. A Comissão explicou que tal será elaborado no projecto de plano de trabalho que será submetido à aprovação do Subcomité. Esta missão de avaliação técnica será realizada em estreita colaboração com o Subcomité de Refugiados, Repatriados e Deslocados Internos. DESAFIOS 20. O SEAF é um instrumento da solidariedade africana e de apoio mútuo. Nos últimos trinta anos, o SEAF apoiou mais de 80 projectos em 34 países com um desembolso total de mais de 36 milhões de $EU. No entanto, o Fundo corre actualmente o risco de desaparecer por causa do esgotamento contínuo dos seus recursos financeiros. Este esgotamento de recursos financeiros está a tornar-se ainda mais preocupante devido ao eminente alargamento do mandato do Fundo que inclui agora outras situações humanitárias, tais

6 Pág. 5 como as pandemias, outras catástrofes de origem natural e antrópica (excluindo as resultantes de conflitos), em conformidade com as decisões do Conselho Executivo. 21. Nos próximos dias e no âmbito da preparação de um eventual agravamento do fenómeno El Nino durante este ano de 2016 e na ausência de antecipação das medidas preventivas nos Estados-membros, o Fundo poderá ser obrigado a prestar apoio de emergência à inúmeras populações no continente. Os relatórios das organizações humanitárias prevêem que milhões de pessoas poderão enfrentar situações de fome, doenças e de escassez de água em 2016 devido às estações agrícolas relativamente pobres em A Comissão chamou a atenção do Subcomité pelo facto de não haver qualquer contribuição ao fundo em Portanto, é importante que sejam tomadas medidas para o refinanciamento do Fundo. 22. Um sistema de alerta prévio para a avaliação humanitária será concebido no departamento para complementar o Sistema de Alerta Prévio Continental. RECOMENDAÇÕES 23. Consciente da necessidade de melhorar o nível de segurança humana no continente, o Subcomité analisou as actividades que dele se esperam e a posição financeira do Fundo para levar a cabo essas actividades, tendo formulado as seguintes recomendações: a) solicita que a Comissão tenha como base, através da sensibilização dos Estados-membros, a situação do fundo e a necessidade de refinanciar o fundo sem demora para fazer face à dramática situação humanitária no continente; b) solicita que a Comissão agilize a organização de uma conferência de doadores com vista a refinanciar o fundo para garantir a sua sustentabilidade. No mesmo sentido, solicita que a Comissão convoque uma conferência de anúncio de contribuições para especificamente enfrentar os efeitos do fenómeno El Nino. c) solicita que a Comissão continue o trabalho de sensibilização em 2016 para os efeitos das alterações climáticas em África, em particular, o impacto do fenómeno El Nino na África Oriental, na África Austral e noutras regiões do continente; d) apela aos Estados-membros a unirem esforços face aos riscos resultantes das alterações climáticas com a sua adesão à Capacidade Africana de Risco (ARC); e) solicita que a Comissão apresente a versão final do documento de execução da decisão do Conselho Executivo sobre o alargamento do mandato do fundo e organize, no decurso de 2016, uma Sessão Extraordinária do Subcomité a este respeito.

7 Pág. 6 f) solicita que a Comissão inclua o Subcomité do SEAF nas missões de avaliação humanitária da Comissão; g) solicita que a Comissão facilite um acordo de trabalho conjunto entre o Subcomité do CRP do SEAF e o Subcomité do CRP de Refugiados, Repatriados e Deslocados Internos; h) solicita que a Comissão alargue a base de doadores do Fundo por forma a incluir o sector privado no continente, indivíduos de elevado património líquido do continente e a diáspora, bem como os doadores não tradicionais.