EFICIÊNCIA ECONÔMICA DE INSETICIDAS SOBRE Chrysodeixis includens NA CULTURA DA SOJA

Transcrição

1 EFICIÊNCIA ECONÔMICA DE INSETICIDAS SOBRE Chrysodeixis includens NA CULTURA DA SOJA Economic efficiency of insecticides on Chrysodeixis includens in soybean culture SOUZA, Lara Moreira 1 ; PASINI, Mauricio Paulo Batistella²; FELTRIN, Bruno; ENGEL, Eduardo; MINUZZI, Valentina¹; BACKES, Ismael Junior¹; SILVEIRA, Dienifer¹; VICENSI, Carolina Pereira; MASIERO, Camila Estefani Piccin¹ RESUMO A necessidade de conhecer a influência de inseticidas e suas eficiências de mortalidade e econômica sobre os insetos que atacam a cultura da soja durante seu desenvolvimento são fundamentais para obter sucesso na atividade. O objetivo do experimento foi avaliar a eficiência de mortalidade e econômica de produtos utilizados para o controle de insetos-pragas. A pesquisa foi conduzida na Área Experimental da Universidade de Cruz Alta, nela, foram utilizados os tratamentos: Metomil; Teflubenzurom; Metomil + Novalurom; Clorantraniliprole; Indoxacarbe; Bifentrina + ZetaCipermetrina; Benzoato de Emamectina; Bifentrina + Carbosulfano; Acefato; Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole; Clorfenapir e Espinetoram. Foram avaliadas populações de insetos, os quais foram divididos em dois grupos: do primeiro ao terceiro instar e do quarto instar à pré-pupa; adicionalmente foram analisados dados de mortalidade. A eficiência de controle foi maior conforme o aumento dos DAT de ambos os instares estudados. Todos os inseticidas tiveram eficiência de controle quando relacionados com a testemunha (água). Observou-se também alta taxa de eficiência durante os diferentes DAT e instares para os tratamentos de Benzoato de Emamectida; Clorfenapir e Espinoteram, em relação aos demais tratamentos. Quanto ao custo benefício, os ativos Bifentrina + Barbosulfurado e Lambda-Cialotrina foram os que apresentaram os melhores resultados, chegando a níveis superiores a 80% de controle com menor custo de aplicação por hectare. Palavras-chave: Eficiência. Manejo. Controle. Lagarta. Glycine max ABSTRACT Nowadays, new products for the control of pest insects in the soybean crop (Glycine max) are discovered and used, aiming to increase the production. There is a need to know the influence of these products on the insects that attack the crop during its development, in order to obtain success in the activity. The objective of this experiment was to evaluate the mortality and economic efficiency of products used to control insect pests. The products used were: Water; Methomyl; Teflubenzurom; Methomyl + Novalurom; Chlorantraniliprole; Indoxacarbe; Bifenthrin + Zeta Cypermethrin; Emamectin Benzoate; Bifenthrin + Carbosulfan; Acephate; Lambda-Crolatrine + Chlorantraniliprole; Chlorfenapyr and Spinetoram. We evaluated insect populations that were divided in two groups of insects: the first to the third instar and the fourth instar until pre-pupae and also analyzed mortality data. The efficiency control was higher as the DAT increase of both instars studied. All insecticides had control efficiency when related to the control (water). It was also observed a high efficiency rate during the different DAT and instars for the treatments of Emamectide Benzoate; Chlorfenapyr and Spinoteram, in relation to the othertreatments. As for the cost benefit, the Bifenthrins + Barbosulfur and Lambda-Cyhalothrin assets were the ones that presented the best results, reaching levels above 80% of control with lower application cost per hectare. Keywords: Efficiency. Management. Control. Caterpillar. Glycine max. 1 Graduando em Agronomia, Universidade de Cruz Alta. laramsouza58@gmail.com ² Docente curso de Agronomia, Universidade de Cruz Alta, Grupo de Pesquisa em Fitotecnia. mpasini@unicruz.edu.br

2 1 INTRODUÇÃO A soja representa, no nível mundial, o papel de oleaginosa mais produzida e consumida. Tal fato, se justifica pela importância do produto tanto para o consumo animal, por meio do uso do farelo de soja, quanto para o consumo humano, especialmente pela utilização do óleo. O complexo da soja compreende uma cadeia produtiva que envolve desde a produção interna voltada para a exportação do produto bruto, até a transformação do produto voltada para a indústria esmagadora, a qual processa a soja em farelo ou óleo para a exportação ou para o consumo interno (SILVA et al., 2010). Recentemente, vem crescendo também o uso como fonte alternativa de biocombustível (FREITAS, 2011). No Brasil, a soja possui grande importância econômica; o país é o segundo maior produtor do mundo, com uma área de 35,152 milhões de hectares e uma produção de aproximadamente 3382 kg.ha -1 segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2017/18. Corresponde, portanto, a 13% do volume total de exportações no país. A cultura da soja está sujeita ao ataque de um grande número de espécies de insetos e ácaros durante todo o seu ciclo (AITA et al, 2015). De acordo com Zanardo (2010), dentre os principais insetos que atacam a cultura, destacam-se as lagartas desfolhadoras Anticarsia gemmatalis, Chrysodeixis includens e os percevejos fitófagos Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euchistus heros. Conforme Freitas (2010), o ataque do complexo de lagartas na cultura da soja provoca redução da área foliar fotossintética e pode ocorrer durante todo o desenvolvimento da planta. A C. includens é a mais importante praga para a cultura da soja. É conhecida como lagarta falsa-medideira, são de cor verde-clara com listras longitudinais brancas e pontuações pretas (SOSA-GÓMEZ et al., 2014). A lagarta, normalmente, se encontra na parte mediana da planta, o que dificulta o alvo na hora da aplicação de produtos, além de apresentar resistência a inseticidas. C. includens se alimentam apenas das folhas da soja, não destrói as suas nervuras, o que confere às mesmas um aspecto rendilhado. (CARVALHO et al., 2012). Nas últimas safras, passou a ter importância econômica por representar prejuízos significativos na produção de soja. O uso de inseticidas sem critérios técnicos causam a redução de inimigos naturais que controlam a população da praga. Os danos desta lagarta refletem direta e imediatamente na produção e/ou qualidade dos grãos e sementes. Diante disso, o trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de mortalidade e econômica de produtos utilizados para o controle de insetos-pragas. 333

3 2 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida na Área Experimental da Universidade de Cruz Alta (Fuso 22, ; , UTM), Cruz Alta, RS, Brasil, em área com um hectare, com a cultura da soja, variedade NS5909, cultivada de acordo com as recomendações técnicas de manejo e conservação do solo, adubação e calagem, manejo da cultura, sistema de produção de grãos, manejo integrado de plantas daninhas, manejo integrado de doenças, manejo integrado de pragas e colheira. Até a execução da pesquisa não houve a aplicação de inseticidas. A pesquisa foi conduzida em delineamento de blocos casualizados com 13 tratamentos e seis repetições, totalizando 72 unidades experimentais (EU), sendo que para cada, considerou-se um tamanho de parcela de 100 m² (10 x 10 metros), sendo avaliado em cada um metro quadrado, por pano de batida, o número total de insetos. Os tratamentos foram: T1 Água; T2 Metomil; T3 Teflubenzuron; T4 Metomil + Novalurom; T5 Clorantraniliprole; T6 Indoxacarbe; T7 Bifentrina + Zeta-Cipermetrina; T8 Benzoato De Emamectina; T9 Bifentrina + Carbosulfano; T10 Acefato; T11 Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole; T12 Clorfenapir; T13 Espinetoram. Em cada unidade experimental, foram procedidas seis avaliações, aos 0 Dias Após o Tratamento (DAT), 3 DAT, 6 DAT, 9 DAT, 12 DAT, sendo os valores médios para cada tratamento utilizados para a análise de dados. Os dados de mortalidade (%) dos tratamentos e da testemunha foram utilizados para o cálculo da Eficiência dos inseticidas por meio da fórmula de Abbott E%(A) = (Mt Mc)/(100 Mc) x 100, em que E%(A) = mortalidade corrigida em função do tratamento testemunha; Mt = mortalidade observada no tratamento com o inseticida e Mc = mortalidade observada no tratamento testemunha (ABBOTT, 1925). Para estimar o índice de eficiência econômica, utilizou-se a equação: E ec = Cc/Et Em que E ec é a Eficiência econômica, Cc é o Custo do controle (por hectare) e Et é a Eficiência obtida por tratamento. Os valores variam de 0 a infinito, sendo que quanto mais próximos de 0, maior é eficiência econômica (relação custo-benefício) do produto utilizado. Os valores médios obtidos em cada unidade experimental de Eficiência Abbott e Eficiência Econômica foram submetidos a análise de dados. Para a verificação da normalidade dos dados e homogeneidades das variâncias foi aplicado o teste de Anderson- 334

4 Darling e o teste de Bartlett. Para aqueles que não atenderam aos pressupostos foram transformados, pela transformação Box e Cox, através do software Past. Os dados foram submetidos à Análise de Variância e, quando significativos, tiveram suas médias comparadas por meio do teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade de erro. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A densidade populacional de C. includens aos 0 DAT foi de 18,36 lagartas m -2 (1º a 3º instar) e 12,55 lagartas m -2 (4º instar a pré-pupa) não havendo diferença estatística entre as densidades populacionais entre os tratamentos. A partir de 3 DAT, a densidade populacional da testemunha (T1 Água) passou a diferir estatisticamente dos demais tratamentos, gerando os resultados de eficiência (Tabela 1). Ao analisar os resultados, verifica-se que aos 3 DAT e ao 6 DAT os tratamentos Bifentrina + Zeta-Cipermetrina, Benzoato De Emamectina, Bifentrina + Carbosulfano, Clorfenapir, Espinetoram, foram superiores aos demais tratamentos com valores acima de 80%, sendo o resultado otimizado em lagartas 3º instar (superior a 90%). Observou-se que em 9 DAT e 12 DAT os tratamentos Metomil + Novalurom, Indoxacarbe, Benzoato De Emamectina, Bifentrina + Carbosulfano, Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole, Clorfenapir, Espinetoram, obtiveram resultados superiores a 90% em lagartas pequenas e controle superior a 80% em lagartas maiores. Diante disto, mostrou-se mais favorável controle de Chrysodeixis includens até 3º instar devido a maior susceptibilidade desses indivíduos quando mais novos em absorver inseticidas e também por necessitarem de uma baixa concentração do princípio ativo para ser feito o controle. (Figura 1). Para os as associações de diferentes princípios ativos, verificou-se menor diferença entre o custo-benefício obtido para os diferentes instares avaliados em relação aos produtos à base de somente um princípio ativo (Figura 2). Tabela 1 - Eficiência média (Abbott) e índice de eficiência econômica de princípios ativos aplicados indiretamente sobre ninfas e adultos de Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura da soja. Área Experimental da Universidade de Cruz Alta. Cruz Alta, Tratamento Dose g ou Eficiência Média ml.ha-1* 3º Instar >3º Instar T2 Metomil ,08 B 77,45 B T3 Teflubenzurom ,28 B 73,95 B 335

5 T4 Metomil + Novalurom ,83 A 84,95 A T5 Clorantraniliprole 50 83,30 B 69,85 C T6 Indoxacarbe ,20 A 83,10 A T7 Bifentrina + Zeta-Cipermetrina 80 85,13 B 78,95 B T8 Benzoato De Emamectina ,60 A 84,95 A T9 Bifentrina + Carbosulfano ,55 A 83,48 A T10 Acefato ,78 C 49,88 D T11 Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole 75 88,05 A 82,30 A T12 Clorfenapir ,65 A 85,90 A T13 - Espinetoram ,85 A 83,83 A Coeficiente de Variação 11,32 12,18 Eficiência Econômica 3º Instar >3º Instar T2 Metomil ,23 G 0,25 H T3 Teflubenzurom 150 0,27 F 0,31 G T4 Metomil + Novalurom 500 0,39 E 0,41 F T5 Clorantraniliprole 50 0,39 E 0,48 F T6 Indoxacarbe 400 1,23 A 1,31 A T7 Bifentrina + Zeta-Cipermetrina 80 0,38 E 0,41 F T8 Benzoato De Emamectina 200 0,70 D 0,73 D T9 Bifentrina + Carbosulfano 300 0,30 F 0,31 G T10 Acefato 750 0,41 E 0,61 E T11 Lambda-Cialotrina + Clorantraniliprole 75 0,26 G 0,27 G T12 Clorfenapir 850 0,93 C 0,95 C T13 - Espinetoram 150 1,08 B 1,13 B Coeficiente de Variação 11,32 12,18 *Média seguidas por letras diferentes, diferem estatisticamente pelo teste de Scoot-Knoot a 5% de probabilidade de erro. ** Produto comercial. 336

6 Tratamento - Principio ativo Tratamento - Principio ativo Figura 1 - Ganho de Eficiência (Abbott) de princípios ativos aplicados para Chrysodeixis includens na cultura da soja. Ganho de Eficiência = Eficiência < 3 ínstar Eficiência < 3 ínstar. Área Experimental da Universidade de Cruz Alta. Cruz Alta, T12 Clorfenapir T10 Acefato T8 Benzoato De Emamectina T6 Indoxacarbe T4 Metomil + Novalurom T2 Metomil Eficiência Abbott Ao analisar o índice de eficiência econômica para os diferentes princípios ativos, verificou-se que há variação deste conforme o desenvolvimento da lagarta, sendo os melhores resultados obtidos quando o controle foi realizado sobre lagartas até o terceiro instar. Os tratamentos com princípios ativos a base de Bifentrina+Carbosulfano (T9) e Lambda- Cialotrina + Clorantraniliprole (T11) foram os que apresentaram melhor relação custobenefício, obtendo controle acima de 80% e custo de aplicação.ha -1 menor com relação aos demais tratamentos. Figura 2 - Ganho de Eficiência Econômica de princípios ativos aplicados para Chrysodeixis includens na cultura da soja. Ganho de Eficiência = Eficiência Econômica >3ínstar Eficiência Econômica < 3ínstar. Área Experimental da Universidade de Cruz Alta. Cruz Alta, T13 - Espinetoram T12 Clorfenapir T11 Lambda-Cialotrina + T10 Acefato T9 Bifentrina + Carbosulfano T8 Benzoato De Emamectina T7 Bifentrina + Zeta-Cipermetrina T6 Indoxacarbe T5 Clorantraniliprole T4 Metomil + Novalurom T3 Teflubenzurom T2 Metomil 0 0,1 0,2 0,3 0,4 Eficiência Econômica 337

7 A lagarta falsa-medideira é considera uma das principais pragas da cultura da soja (Zanardo, 2010). Para o controle efetivo e econômico de C. includens, é necessário monitoramento contínuo, observações quanto a eficiência dos diferentes princípios ativos e seu custo de aplicação. A partir destas informações, estratégias de controle podem ser traçadas dentro dos preceitos e práticas do Manejo Integrado de Pragas. 4 CONCLUSÃO Há variação na eficiência dos diferentes princípios de acordo com o instar em que se encontra Chrysodeixis includens. Através do índice de eficiência econômica observou-se controles mais rentáveis em lagartas até terceiro instar. REFERÊNCIAS SOSA-GÓMES, D. R.; FERREIRA, B. S. C.; CAMPO, C. B. H.; CORSO, I. C.; OLIVEIRA, L. J.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A. R.; BUENO, A. F.; HIROSE, E.; ROGGIA, S. Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da sola. 3ª edição. Paraná: Embrapa Soja, AITA, V.; MAGANO, D. A.; MACHADO, M. R. R.; GUEDES, J. V. C. Manejo de lagartas na cultura da soja com aplicação de controle localizado. Santa Maria, CARVALHO, L. C.; FERREIRA, F. M.; BUENO, N. M. Importância econômica e generalidades para o controle da lagarta falsa-medideira na cultura da soja. São Paulo, SILVA, A. C.; LIMA, É. P. C.; BATISTA, H. R. A importância da soja para o agronegócio brasileiro: uma análise sob o enfoque da produção, emprego e exportação FREITAS, M. C. M. A cultura da soja no Brasil: O crescimento da produção brasileira e o surgimento de uma nova fronteira agrícola. Uberlândia, ZANARDO, A. B. R. Controle de lagarta falsa-medideira, Chrysodeixis includens utilizando o vírus da poliedrose nuclear. Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD. Mato Grosso do Sul,