APLICAÇÃO DE WHITETOPPING SUPERPOSTO EM PAVIMENTO ASFÁLTICO PARA RECUPERAÇÃO DE RODOVIAS DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Transcrição

1 APLICAÇÃO DE WHITETOPPING SUPERPOSTO EM PAVIMENTO ASFÁLTICO PARA RECUPERAÇÃO DE RODOVIAS DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Daiana F. B. Bohrer Professora do curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Felipe R. Praischard Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Franciele T. Konrad Acadêmica do curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Nicóli Justen Acadêmica do curso de Engenharia Civil da Universidade Regional do Noroeste do Resumo. Este artigo tem a finalidade de abordar soluções voltadas a pavimentação rodoviária da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente nas rodovias que fazem divisa com os municípios vizinhos da cidade de Santa Rosa RS. Dentro deste contexto, e levando em consideração que o modal rodoviário é o mais utilizado no transporte de cargas e passageiros na região e no país, faz-se necessário a manutenção e conservação da malha rodoviária existente. Para tanto, este artigo tem o objetivo de apresentar como solução de restauração a implantação do uso de Whitetopping com o intuito de aumentar a vida útil dos respectivos pavimentos. Palavras-chave: Patologias. Pavimento. Rodovias. 1. INTRODUÇÃO As rodovias brasileiras tem papel fundamental no crescimento econômico e desenvolvimento das cadeias produtivas no país e no Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente na Região Noroeste do estado, que diante de sua dimensão e potencialidade agrícola, necessita fluentemente do transporte de cargas. Conforme dados divulgados pela Pesquisa CNT de Rodovias, o transporte rodoviário é responsável por cerca de 61 % do transporte de cargas e 95 % do transporte de passageiros no Brasil. Assim, para que o transporte atenda quesitos de segurança, economia e fluidez se fazem necessárias condições satisfatórias do estado das rodovias, necessitando de manutenção e adequação constante para a demanda viável de produtos e serviços, minimizando as perdas e os efeitos que elas podem causar a população. 2. JUSTIFICATIVA Levando-se em consideração que a região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul possui as rodovias como principal meio de transporte de cargas e pessoas, de curta e longa distância, este trabalho busca apresentar a alternativa de implantação de Whitetopping

2 como restauração de pavimento rodoviario existente. De acordo com estudos realizados pela IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), uma rodovia que não atenda os requisitos básicos de conservação pode ocasionar o aumento do custo operacional de veículos, maior gasto de combustível e do tempo de viagem. Diante de tais fatos e das péssimas condições em que as rodovias da região se encontram, é preciso a implantação de uma forma de recuperação eficiente para tais pavimentos, surge então a opção do Whitetopping, que além de recuperar o pavimento tem como características a segurança, aumento da eficiência e maior vida útil. 3. OBJETIVOS 3.1 Geral Analisar o comportamento do Whitetopping como possibilidade de restauração das rodovias da Região Noroeste do Rio Grande do Sul bem como suas vantagens, visando atender requisitos de segurança, economia e qualidade na vida útil do pavimento. 3.4 Específicos Verificar o atual estado das Rodovias da região e buscar através desta pesquisa, soluções para sua restauração. 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Definições Pavimento Rígido e Flexível Uma definição de pavimento rodoviário é: estrutura de múltiplas camadas de espessuras finitas, construída sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima, e a propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, economia e segurança (SANTANA et al., 1993). Dentro deste conceito, no Brasil os pavimentos rodoviários classificam-se em dois tipos: Pavimentos Rígidos, onde o pavimento é constituído por placas de cimento portland e Pavimentos Flexíveis. Nesta linha, o DNIT (2006), Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte, define que Pavimentos Rígidos são constituídos por placas de concreto de cimento portland que desempenham funções de base e revestimento, e Pavimentos Flexíveis consistem em camadas finitas e revestimento asfáltico com capacidade de adaptar-se à deformação da base. 4.2 Patologias de Pavimentos Flexíveis Alguns fatores como efeitos do tráfego, condições do clima da região e baixa qualidade dos materiais e da mão de obra podem acelerar a degradação dos pavimentos flexíveis, ocasionando assim o surgimento de patologias que influenciam em sua vida útil, necessitando medidas de restauração. Na mesma linha, Balbo (2007) propõe que com o decorrer do tempo os materiais utilizados na pavimentação passam por processos de degradação que são inevitáveis e acabam por alterar suas propriedades mecânicas. No caso dos pavimentos flexíveis, essas degradações ocasionam diversas patologias, as principais apresentadas nos trechos em estudo estão citadas abaixo Fissuras Podem ser descritas como fendas capilares dos revestimentos asfálticos flexíveis, que apenas podem ser vistas a uma

3 distância inferior a 1,50 e posicionadas longitudinal, transversal ou obliquamente ao eixo da via (DNIT et al., 2006) Trincas São fendas capilares com abertura superior as da fissura, são interligadas, ocorrendo principalmente nos trilhos das rodas dos carros, ou podem se estender por toda a área. Segundo Domingues et al. (1993) este trincamento geralmente representa o fim da vida útil do revestimento, conforme Fig. 1. Figura 2: Afundamentos (autoria própria) Desgaste Desgaste pode ser descrito como o arrancamento progressivo do agregado do pavimento, esta associado ao tráfego, intemperismo, materiais não apropriados, erros na construção e má formulação dos componentes, ocasionando a perda de agregado (DNIT et al., 2006), conforme Fig. 3. Figura 1: Trincas (autoria própria) Afundamentos Afundamentos podem ser caracterizados como deformações da superfície do pavimento, geralmente acompanhadas de solevamento, apresentando-se por afundamento plástico ou de consolidação (DNIT et al., 2006), conforme Fig. 2. Figura 3: Desgaste (autoria própria)

4 4.2.4 Escorregamento É o deslocamento do revestimento existente para a camada subjacente do pavimento, possui uma forma de meia lua (DNIT et al., 2006) Buracos O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT, define Panelas e Buracos como cavidade que se forma no revestimento por diversas causas (inclusive por falta de aderência entre camadas superpostas, causando o desplacamento das camadas), podendo alcançar as camadas inferiores do pavimento, provocando a desagregação dessas camadas (DNIT et al., 2006), conforme Fig. 4 e 5. Figura 5: Buracos (autoria própria) 4.3 Definição de Whitetopping Levando-se em consideração os processos de degradação que ocorrem nos pavimentos asfálticos e a situação em que se encontram as rodovias da região, buscou-se uma alternativa de restauração tecnicamente funcional, o whitetopping. Whitetopping segundo o DNIT et al. (2004), é um pavimento de concreto de cimento Portland superposto a um pavimento flexível existente, tendo este ultimo função de sub-base, conforme Fig. 6. Figura 4: Buracos (autoria própria) Figura 6: Pavimento de Whitetopping superposto em Pavimento asfáltico existente (Google)

5 A origem de seu nome surgiu pela cor da camada cinza clara (cobertura branca), oriunda do pavimento de concreto, a ser colocada sobre o revestimento asfáltico de cor escura. A ténica Whitetopping é uma revolução quando se trata de restauração de um pavimento existente. Foi empregada no Brasil na BR-290 (trecho entre Porto Alegre e Osório, sob concessão), na rodovia SP-103/79, em São Paulo e na BR 163/364 na Serra de São Vicente, próximo a Cuiabá/MT. Dentre as vantagens técnicas do uso de Whitetopping, pode-se destacar o reaproveitamento da malha rodoviária existente; sua durabilidade de cerca de 30 anos, o que resulta em uma maior economia por ter custos mínimos de manutenção; rapidez de execução, já que permite à produção diária de grandes extensões de pista e segurança de rolamento, dada a existência de ranhuras artificiais que possibilitam a aderência dos pneumáticos ao pavimento. Seu uso é prático visando que é colocado diretamente sobre o pavimento asfáltico existente, requerendo apenas um preparo prévio do antigo pavimento quando o mesmo apresenta problemas estruturais ou estágio avançado de deterioração. Whitetopping mantém as camadas inferiores do revestimento asfáltico preservadas, já que ficam sujeitas a esforços muito reduzidos quando comparados a um pavimento asfáltico flexível. A solução de restauração com seu uso apresenta ótimo custo beneficio, já que não se faz necessária a reconstrução da malha rodoviária e não causa transtornos ocasionados pela intervenção convencional, garantindo longa vida útil ao novo pavimento. 5. CONCLUSÃO Os estudos realizados com o desenvolvimento deste trabalho buscaram avaliar a atual situação do revestimento asfáltico do pavimento flexível na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente no trecho de rodovia das cidades de Santa Rosa Cândido Godói, a fim de obter dados voltados ao trabalho sobre o uso de Whitetopping na restauração de pavimentos flexíveis deteriorados. Foram observadas diversas patologias e constatado que a pavimentação do local se encontra em estado avançado de deterioração. O órgão responsável executou algumas vezes etapas de manutenção corretiva, onde tais serviços não foram suficientes para a total restauração da via, visando que apenas foram executados com a finalidade de tapa-buraco, formando um ciclo inacabável de remendos em estruturas que já apresentam patologias. Na observação de tais patologias, foi possível perceber que seu estado de deterioração é elevado, já não sendo mais possível apenas a restauração usual. Portanto, com o levantamento realizado in loco e realização de pesquisas literárias, chegou-se a conclusão que a melhor opção para sanar os problemas patológicos existentes na rodovia é a restauração com a técnica Whitetopping superposto no pavimento asfáltico existente, já que outras opções estariam apenas procrastinando a solução efetiva. 6. REFERÊNCIAS BERNUCCI, Liedi Bariani; MOTTA, Laura Maria Goretti; CERATTI, Jorge Augusto Pereira; SOARES, Jorge Barbosa. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. PETROBRAS: Abega, p. DOMINGUES, F. A. A., MID Manual para identificação de defeitos de Revestimentos asfálticos de pavimentos. São Paulo

6 DNIT. Pavimento rígido - execução de camada superposta de concreto do tipo Whitetopping por meio mecânico. Rio de Janeiro DNIT. Manual de restauração de pavimentos asfálticos. Rio de Janeiro SANTANA, H.; Manual de pré-misturado a frio. Comissão de Asfalto. Rio de Janeiro, 1993.