AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO AOS PLANOS MUNICIPAIS E DESTINAÇÃO ADOTADA NO ESTADO DE SÃO PAULO
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- Carlos Eduardo Câmara
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1 EIXO TEMÁTICO: Tecnologias AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO AOS PLANOS MUNICIPAIS E DESTINAÇÃO ADOTADA NO ESTADO DE SÃO PAULO Taiane Rahal Rezende Ramos 1 Bruna Fernanda Faria Oliveira 2 RESUMO: Os padrões de produção e consumo, bem como a consequente problemática da gestão inadequada dos seus resíduos ameaçam a capacidade suporte do planeta. Levando isto em consideração, este trabalho tem como objetivo analisar a gestão dos resíduos sólidos no Estado de São Paulo a partir da verificação da existência, ou não, do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e da forma de destinação adotada pelos municípios. Utilizou-se como metodologia a análise documental de pesquisa elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente e disponibilizada por meio eletrônico. Constatou-se, portanto, que a maioria dos municípios paulistas possui o Plano, porém, uma parcela bastante significativa ainda não o possui, o que dificulta, em muito, a Gestão dos Resíduos Sólidos em âmbito municipal. Acerca da forma de destinar seus resíduos, não há mais municípios no Estado que destinem seus resíduos em lixões, mas ainda são utilizados aterros controlados, devendo estes ser extintos e implantados aterros sanitários em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Planos de Resíduos Sólidos. Aterro Sanitário. 1. INTRODUÇÃO Os Planos de Resíduos Sólidos sejam eles municipais, regionais, estaduais ou nacional, são instrumentos de planejamento instituídos pela PNRS para que o setor público possa estruturar a gestão dos resíduos sólidos gerados em seus respectivos âmbitos. E devem abranger todas as etapas do gerenciamento, desde a geração do resíduo, até a disposição final ambientalmente adequada. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada pela Lei Federal nº de 02 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010) estabelece que a elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) é condição para que os municípios e o Distrito Federal tenham acesso a recursos da União destinado à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. 1 Gestora Ambiental, mestranda em Qualidade Ambiental, Univers idade Federal de Uberlândia. taiane.rahal@ufu.br 2 Engenheira Ambiental, Professora. Doutora Adjunta, Universidade Federal de Uberlândia. brunafaria@iciag.ufu.br
2 Este trabalho tem como objetivo a análise da situação dos municípios do Estado de São Paulo quanto à existência de Planos Municipais de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos e quanto à destinação dada aos resíduos sólidos urbanos e se estão em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano Estadual de Resíduos Sólidos. 2. METODOLOGIA O presente trabalho foi elaborado a partir de análise documental de informações disponibilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente, obtidas por meio de pesquisa de preenchimento obrigatório pelos municípios (MMA, 2015) acerca da existência, ou não, dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e da destinação adotada aos seus resíduos sólidos urbanos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2015), com as unidades da federação em 2015, referente a informações sobre a existência de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), foi realizada uma análise sobre a situação atual dos municípios do país quanto à gestão de resíduos sólidos. Quanto à existência ou não do PMGIRS nos municípios do Estado de São Paulo, a figura 1 mostra que a maioria destes possui o Plano de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, porém que um número bastante grande de municípios, ou seja, 43%, ainda não o possui, contrariando a meta que o Plano Estadual de Resíduos Sólidos de São Paulo previa de que, até 2015, todos os municípios do estado deveriam elaborar os seus planos em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (ESTADO DE SÃO PAULO, 2014). Figura 1 - Situação dos municípios do Estado de São Paulo quanto à existência de PGRIS
3 Na tabela 1 foi possível perceber que, dos 645 municípios estudados, 275 destes ainda não possuem o PMGIRS. Os municípios que possuem até habitantes são aqueles possuem o maior número que não possuem o Plano dentre todos, com taxa de ausência de 85% da totalidade de municípios que não possuem o Plano no estado, e são justamente aqueles classificados pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, 2015) como Pequeno Porte I e Pequeno Porte II. Os outros 15%, dos referentes àqueles que não possuem o Plano, possuem mais de habitantes e são considerados de Médio, Grande Porte e Metrópoles. Daqueles considerados de Grande Porte e Metrópoles, 2 dos 9 municípios existentes não possuem o Plano em consonância com a PNRS, sendo eles Osasco e São José dos Campos. Tabela 1 - Situação dos municípios do Estado de São Paulo quanto à existência de PGRIS Existência de PGIRS nos municípios por número de habitantes Número de Habitantes NÃO SIM TOTAL Até % 79 53% até % 59 48% até % 71 59% até % 66 57% até % 38 63% até % 50 75% 67 Mais de % 7 78% 9 TOTAL Uma vez que municípios com maiores populações geram maiores quantidades de resíduos e necessitam de ações emergenciais para o seu correto gerenciamento, aqueles que são de Grande Porte deveriam ter maior urgência na elaboração e aplicação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Não é dito aqui que os pequenos e médios municípios não possuem a necessidade da presença do Plano, mas sim que, quanto maior a geração de resíduos sólidos, maiores são os impactos negativos ocasionados ao meio ambiente e à saúde humana quando não gerenciados corretamente. A partir da mesma pesquisa foi possível analisar também acerca da destinação dos resíduos sólidos gerados em cada município. Notou-se que a destinação dada a estes resíduos refere-se a aterros sanitários e aterros controlados apenas, não existindo mais lixões a céu aberto como receptores de resíduos sólidos, diferentemente de outras unidades da federação. Como mostra a figura 2, da totalidade dos municípios estudados que não possuem o Plano, 16 dos 274 utilizam aterros controlados como forma de destinação final de seus resíduos
4 sólidos. Os outros 258 utilizam aterros sanitários, que são conceituados como a forma de disposição final ambientalmente adequada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Já daqueles que possuem o Plano, 11 utilizam aterros controlados e 359 enviam seus resíduos a aterros sanitários. Figura 2 - Situação dos municípios do Estado de São Paulo quanto à destinação final de seus resíduos sólidos. Uma informação que merece ser destacada é a de que 94 dos 259 municípios que não possuem o PMGIRS, mas que enviam a maior parcela seus resíduos a aterros sanitários, não possuem essa estrutura em seu território, ou seja, são enviados para aterros de outros municípios. Daqueles que possuem o Plano, 134 municípios de um total de 370, utilizam aterros que não se localizam em seu território. Essa informação mostra que uma grande parcela dos municípios dispõem seus resíduos sólidos em aterros sanitários que também recebem de outras cidades, o que diminui a vida útil destes locais, gerando então a demanda por novas áreas em menor tempo. Os aterros controlados são locais onde ali existiam lixões, mas que receberam medidas de controle para a sua recuperação (SILVEIRA, 2004), diferentemente dos aterros sanitários que são instalações tecnicamente preparadas e devidamente licenciadas e controlados para a disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos (O LEARY e TCHOBANOGLOUS, 2002; BRASIL, 2010). Portanto, mesmo que não existam lixões no Estado de São Paulo, medidas devem ser tomadas para que todos os municípios consigam se adequar para realizar a disposição final ambientalmente adequada em aterros sanitários somente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste trabalho, foi possível concluir que, ainda há uma grande parcela dos municípios paulistas que não possuem o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, sendo,
5 portanto, necessário que sejam tomadas medidas urgentes quanto a esta questão. Já acerca da destinação dada aos resíduos, o estudo mostrou que ainda há municípios que não realizam a disposição final ambientalmente adequada, como preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada em 2010, havendo então a necessidade de se regular a destinação dos resíduos sólidos urbanos. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Federal nº de 02 agosto de Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências Disponível em Acesso em 03 de maio de EL-DEIR, S. G. Resíduos sólidos: perspectivas e desafios para a gestão integrada Recife: EDUFRPE. 393 p. il. ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Painel Social ª ed. Julho de p. Disponível em: Acesso em 03 de maio de ESTADO DE SÃO PAULO. Sistema Ambiental Paulista. Plano Estadual de Resíduos Sólidos Disponível em Acesso em 20 de maio de MA, J. HIPEL, K. W. Exploring social dimensions of municipal solid waste management around the globe A systematic literature review. Waste Management ISSN X. MMA. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Sistema Nacional de Informações sobre Resíduos Sólidos. Arquivo eletrônico disponível em Acesso em 03 de maio de O LEARY, R. P., TCHOBANOGLOUS, G. Landifilling p In: TCHOBANOGLOUS, G., KREITH, F. (editors). Handbook of Solid Waste Management. 2. ed. McGraw Hill p. Disponível em < Acesso em 07 de janeiro de OLIVEIRA, T. B. de; GALVAO JUNIOR, A. de C. Planejamento municipal na gestão dos resíduos sólidos urbanos e na organização da coleta seletiva. Eng. Sanit. Ambient., Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p , Mar SILVEIRA, A. M. de M. Estudo do peso específico dos resíduos sólidos urbanos p. Tese (Mestrado em Engenharia Civil) COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
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