ATA DE REUNIÃO COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO ANÁLISE DE RECURSO E CONTRARRAZÃO

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1 ATA DE REUNIÃO COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO ANÁLISE DE RECURSO E CONTRARRAZÃO DATA: 31/10/2017 HORÁRIO: 14h53min REFERENTE: Concorrência Pública 002/2017 Contratação de empresa construtora, com fornecimento de mão de obra e materiais, para prestação de serviços técnicos de execução de obras da Inspetoria do CREA-MG da cidade de Divinópolis - situado na Rua Geraldo Serrano, s/nº Bairro São Judas Tadeu Divinópolis MG. ASSUNTO: Análise de recurso e contrarrazão apresentados contra o julgamento da CPL. 1. PARTICIPANTES: 1.1 Crea-MG Comissão de Licitação Nº 068/2016. MEMBROS Lucas José Pedrosa Souza Presidente da CPL Marina Cotta de Moura Vânia de Fátima Santos Ildeu José de Almeida Dias Luiz Felipe Carmo Krauss ASSINATURA

2 2. RELATÓRIO Destina-se a presente Reunião à análise do recurso e contrarrazão apresentados contra o julgamento final proferido pela CPL, referente à Licitação Concorrência Pública Nº 002/2017, cujo objeto está acima identificado. Este o breve relatório. 3. DESENVOLVIMENTO O Pregoeiro procedeu à análise do recurso e contrarrazão, tendo por a Lei n.º: 8.666/1993 e em especial, os princípios norteadores da Administração Pública e os princípios licitatórios. 4. DO RECURSO DA EMPRESA JOÃO DE BARROS CONSTRUÇÃO E MONTAGEM. A empresa impetrou recurso contra a decisão da CPL, alegando que a mesmo incorreu em erro ao declarar INABILITADA licitante pela fato de não corresponder ao item do Edital que trata da qualificação econômica financeira. Junta jurisprudência onde busca comprovar o alegado pela recorrente. Por fim, solicita a que seja revista a sua inabilitação e que seja declarada Habilitada para o prosseguimento do certame. 5. DO RECURSO DA EMPRESA CONSTRUTORA NATIVA LTDA. EPP. A empresa impetrou recurso contra a decisão da CPL, alegando que a mesmo incorreu em erro ao declarar INABILITADA licitante pela fato de não ter atendido o item 8.9, alínea a.3 do edital que trata da capacidade técnica. Alega que apresentou atestados que comprovavam sua capacidade. Citam ainda possível restrição nas exigências previstas no item que trata da Página 2 de 9

3 capacidade técnica. Por fim, solicita a que seja revista a sua inabilitação e que seja declarada Habilitada para o prosseguimento do certame. 6. DO RECURSO DA EMPRESA CONSTRUTORA ÚNICA TDA. A empresa impetrou recurso contra a decisão da CPL, alegando que a mesmo incorreu em erro ao declarar INABILITADA licitante pelo fato de não corresponder ao item 8.9 do Edital que trata da qualificação técnica da licitante. Alega por restar restringida a competição ao exigir atestado de capacidade técnica de serviço que será subcontratado. Junta jurisprudência a respeito. Informa possuir plena capacidade técnica de atender às exigências do certame, visto ter apresentado atestados que comprovam sua capacidade em realizar obras semelhantes. Por fim, solicita a que seja revista a sua inabilitação e que seja declarada Habilitada para o prosseguimento do certame. 7. DA CONTRARRAZÃO DAS DEMAIS LICITANTES Não foram apresentadas outras contrarrazões. 8. ANÁLISE A CPL analisou os autos do processo, tendo como referência os apontamentos do recurso, bem como os princípios licitatórios, especialmente a vinculação ao edital e da legalidade. Para aclarar a conclusão que virá em seguida, a CPL convocou a EQUIPE TÉCNICA para se manifestar a respeito das alegações de cunho exclusivamente técnico. Página 3 de 9

4 O mesmo reiterou sua decisão inicial, onde resta comprovada que as licitantes Construtora Única e Construtora Nativa não demostraram sua capacidade técnica por meio dos atestados apresentados. Ademais, em que pese o alegado pelas recorrentes, da possível restrição ao certame das exigências previstas no item 8.9 em sua integralidade, insta aclarar que não resta configurada nenhuma restrição à competitividade. Pelo contrário, resta caracterizada o zelo com o qual este Conselho trata de suas contratações. Importante frisar que conforme preceitua o art. 30 da Lei nº 8.666/93, em seu 1º e 2º as empresas devem apresentar atestados que demostrem sua experiência anterior na realização de obra ou serviço semelhante àquele que é objeto do edital, conforme exigido pela Administração. No entanto, essas exigências por parte da Administração são limitadas às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, senão vejamos: Art. 30 A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a: (...) 1 A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput desde artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a: I -capacitação técnica profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; 2 As parcelas relevância técnica e de valor significativo, Página 4 de 9

5 mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instrumento convocatório. (grifos nossos) Logo, conforme demonstrado acima, o Edital de Concorrência Nº 002/2017 atendeu aos requisitos legais. Importante ainda frisar que os itens solicitados foram considerados de maior relevância, utilizando a Portaria nº 108 de do DNIT, que dispõe o seguinte: Considerando determinação do Ministério dos Transportes, por meio da Instrução Normativa 01, de 04 de outubro de 2007, e doo Egrégio Tribunal de Contas no que diz respeito aos procedimentos e exigências a serem adotados às capacitações técnicas previstas nos editais de licitação, resolve: Art. 1 Determinar que a exigência de Capacitação Técnica se restrinja aos itens de maior relevância técnica e financeira contidos no objeto a ser licitado em número máximo de 8 (oito) e não superior a 50% (cinquenta por cento) das quantidades licitadas para o serviço específico. Art. 2 Os itens de maior relevância são entendidos como aqueles que constem do objeto licitado em valor igual ou superior a 4% (quatro por cento). (Grifos nossos) A determinação do citado Órgão Federal está consoante à Constituição Federal que no artigo 37, XXI estabelece que são permitidas as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia de cumprimento das obrigações. Portanto, pode o Órgão Licitante exigir requisitos de comprovação de capacidade técnica, desde que proporcionais com o objeto licitado. A intenção da Administração Pública é tão somente aferir a capacidade das licitantes, buscando no mercado empresa que possua experiência compatível com o objeto licitado, que configura-se bastante complexo no caso em tela, e que demonstre ter capacidade técnica suficiente para garantir a execução integral do futuro contrato. Página 5 de 9

6 A exigência não fere nenhuma norma legal e está em total consonância com o objeto licitado, portanto não contradiz o disposto no art. 30, II da Lei de Licitações que impõe que a documentação relativa à qualificação técnica poderá consistir na comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível com as características, quantidades e prazos com o objeto da licitação. Nesta senda, vale transcrever a Súmula do Tribunal de Contas da União: SÚMULA Nº 263/ Para a comprovação da capacidade técnico operacional das licitantes, e desde que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser executado. Neste sentido é o entendimento do professor Adilson Abreu Dallari (DALLARI, Adilson Abreu. In Aspectos Jurídicos da Licitação, 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997): Cabe aqui apenas relembrar que a Constituição Federal autoriza e determina o estabelecimento de condições voltadas ao asseguramento da efetiva e integral execução do contrato. Nada existe de inconstitucional ou de despropositado na exigência de comprovação de capacitação técnico operacional para empresas executantes de obras públicas de grande vulto, de considerável complexidade técnica, para as quais é insuficiente a simples capacitação profissional do pessoal técnico. a) É válida a exigência de comprovação de aptidão técnico operacional, admitindo-se, inclusive, condicionamentos relativos a quantidades mínimas e prazos máximos; isto porque o veto no inc. II do 1º do artigo 30 da Lei 8.666/93 não eliminou do ordenamento jurídico pátrio tal possibilidade, servindo apenas para afastar as limitações expressas nele contidas. O fundamento de validade para tal exigência é encontrado no inc. II do caput do mesmo artigo 30. Neste mesmo sentido é o entendimento do doutrinador Marçal Justen Página 6 de 9

7 Filho: A exigência acerca de experiência anterior no âmbito empresarial não deriva de conveniência suprimível por parte do legislador. É relevante apurar a idoneidade do licitante e submeter sua participação à comprovação objetiva de atuação satisfatória anteriormente. Essa comprovação não pode fazer-se apenas por via da capitação técnico operacional (...) Excluir a possibilidade de requisitos acerca de capacidade técnico-operacional conduz, em termos gerais, a colocar em risco o interesse público. A Administração poderá contratar sujeito sem experiência necessária e suficiente a execução de certo objeto contratual. Enfim, lei proibindo providências necessárias a salvaguardar o interesse público seria inconstitucional. Se exigências de capacitação técnico-operacional são indispensáveis para salvaguardar o interesse público, o dispositivo que as proibisse seria incompatível com o princípio da supremacia do Estado. Diante disse, deve-se adotar para o artigo 30, a interpretação conforme a Constituição. A ausência de explícita referência, no artigo 30, a requisitos de capacitação técnico operacional não significa vedação à sua previsão. Endossa os entendimentos supra o julgamento proferido pelo STJ no Recurso Especial nº : Há situações em que as exigências de experiência anterior com a fixação de quantitativos mínimos são plenamente razoáveis e justificáveis, porquanto traduzem modo de aferir se as empresas licitantes preenchem, além dos pressupostos operacionais propriamente ditos vinculados ao aparelhamento e pessoal em número adequado e suficiente à realização da obra, requisitos não menos importantes, de ordem imaterial, relacionados com a organização e logística empresarial. Logo, todos os itens incluídos atenderam a exigência de relevância e, principalmente de valorização. Ressalta-se ainda que a soma dos itens exigidos não ultrapassa o montante máximo de 08 (oito) previstos na Portaria, assim como de 50% (cinquenta por cento) do valor da obra. Página 7 de 9

8 Ademais as alegações de que o serviço será subcontratada não impediu que um grande numero de interessados viesse a participar da licitação e demonstrar sua capacidade técnica, corroborando o fato de não existir nenhuma restrição à competitividade no processo. Comprova-se apenas que, infelizmente, as recorridas não possuem condições de comprovar sua capacidade técnica para a execução do objeto conforme preceitua o instrumento convocatório. Por fim, entendo pertinente trazer à baila uma breve consideração a respeito dos princípios de vinculação ao instrumento convocatório. Este encontra previsão no caput do art. 41, da Lei de Licitações e Contratos, verbis: Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. A redação do dispositivo é impositiva e não abre brechas para questionamentos: O edital vincula a Administração em todos os seus termos, seja quanto às regras de fundo quanto àquelas procedimentais. Isso porque, sob certo ângulo, o edital é o fundamento de validade dos atos praticados no curso da licitação, na acepção de que sua desconformidade com os atos administrativos praticados no curso do procedimento se resolve pela declaração de invalidade desses últimos. Assim sendo, não merecem prosperar os recursos apresentados pelas licitantes CONSTRUTORA ÚNICA e CONSTRUTORA NATIVA. Dando prosseguimento, a respeito do recurso impetrado pela empresa JOÃO DE BARROS CONSTRUÇÃO E MONTAGEM LTDA., o mesmo não comprovou o solicitado no item do Edital. O mesmo trata da exigência de comprovação de possuir no momento da abertura do certame Patrimônio Líquido ou Capital Social Integralizado no momntante mínimo de 10% (dez por cento) do valor da Obra. O mesmo em sua documentação, apresentou balanço que não comprova a exigência mínima. Até mesmo os cálculos dos índices solicitados não informam números que comprovem sua capacidade. E em que pese ter juntado jurisprudência sobre o tema, trata-se de situação onde exige-se a demonstração da capacidade econômica financeira mais o Página 8 de 9

9 fazimento de garantia durante o certame, o que não é o caso comento, visto existir apenas exigência de documentação comprovando a referida qualificação. Logo, novamente não merece prosperar as alegações da Recorrente. Dados os fatos, considerando que o alegado pelas Recorrentes não demonstrou motivos que levassem à HABILITAÇÃO das mesmas, considerando que a CPL deve vincular-se a todos os princípios licitatórios, utilizando com razoabilidade todos estes, visando sempre o melhor para a Administração Pública, A CPL decide por NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela licitante Construtora Única Ltda; Construtora Nativa Ltda e João de Barros Construção e Montagem Ltda- EPP, permanecendo o resultado final e declarando as licitantes Construtora Ápice Ltda.; Construtora Gomes Pimentel Ltda; Construtora Guimarães Lage Ltda; UPTEC- Construção e Tecnologia Ltda; ARE Engenharia Ltda e Civitas Arquitetura Ltda. como HABILITADAS na Concorrência Pública de Nº 002/ ENCERRAMENTO O Pregoeiro INDEFERE o recurso interposto pela licitante Construtora Única Ltda; Construtora Nativa Ltda e João de Barros Construção e Montagem Ltda- EPP e determina a manutenção do RESULTADO DE HABILITAÇÃO declarando HABILITADAS as licitantes Construtora Ápice Ltda.; Construtora Gomes Pimentel Ltda; Construtora Guimarães Lage Ltda; UPTEC- Construção e Tecnologia Ltda; ARE Engenharia Ltda e Civitas Arquitetura Ltda. e INABILITADAS as licitantes Construtora Única Ltda; Construtora Nativa Ltda; João de Barros Construção e Montagem Ltda- EPP; Seno Engenharia e Consultoria Ltda; e Terra Engenharia e Construções Ltda. Nada mais a tratar foi encerrada a reunião, sendo lavrada esta Ata, que lida e achada de acordo, segue assinada por todos os presentes. Segue para analise da autoridade competente. Página 9 de 9