OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA AÇÃO HUMANA NO ATRATIVO TURÍSTICO PRAIA DA LIBERDADE NO MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO- PA

Transcrição

1 1 OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA AÇÃO HUMANA NO ATRATIVO TURÍSTICO PRAIA DA LIBERDADE NO MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO- PA BRUNA SCREMIN FERREIRA 1 RESUMO: Este trabalho tem como objetivo identificar os principais problemas ambientais causados pelo Turismo na Praia da Liberdade no municipio de Novo Progresso, um lugar onde a atividade turística se apropriou dos meios naturais e modificou o contexto ambiental. Os objetivos especificos revelam também os principais tipos de turismo realizado no local e as ações desenvolvidas pela triplice para preservação do meio ambiente. A metodologia inclui o levantamento bibliográfico, pesquisa quali-quantitativa e coleta de dados relacionado ao tema, visitas a campo e entrevistas com os moradores, empresários locais e turistas. Os resultados obtidos mediante as avaliações dos sujeitos da amostra revelam que os principais impactos causado pela atividade turística são a poluição do rio Jamanxim e da mata e o desmatamento das matas ciliares, necessitando urgente de medidas que mitiguem e preservem o meio ambiente. PALAVRAS-CHAVE: turismo, impacto ambiental e sustentabilidade. RESUMEN: This monograph aims to identify the main environmental problems caused by tourism in Praia da Liberdade in the municipality of Novo Progresso, a place where tourism has appropriated the natural environment and the environmental context changed. The specific goals also reveal the main types of tourism at the venue and the actions taken by the triple for the preservation of the environment. The methodology includes a literature review, qualitative and quantitative research and data collection related to the theme, field visits and interviews with residents, local business people and tourists. The results obtained from the evaluations of the sample reveal that the major impacts caused by tourism are Jamanxim pollution of the river and forest and deforestation of riparian forests, requiring urgent measures to mitigate and preserve the environment. KEY-WORDS: tourism, environmental impact and sustainability. 1 Bacharel em Turismo pela Faculdade Opet de Curitiba-PR. Pós-graduada em Planejamento e Organização de Eventos pela Faculdade Opet e Pós-graduanda em Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental pela FASIPE Faculdade de Sinop.

2 2 INTRODUÇÃO O mercado turístico engloba uma multiplicidade de atividades de respostas a procuras diferenciadas e o seu estudo obriga a análise de vários fatores relacionados aos recursos naturais e culturais, infra-estruturas, serviços oferecidos, imagem divulgada e, às mudanças no comportamento e motivações do consumidor, que está sujeito a influências psicológicas e sociais e a própria sensibilidade pessoal. Nessa perspectiva, verifica a importância de relatar os impactos ambientais causados por atividades turísticas mal elaboradas e pela falta de sensibilização da população local para se desenvolver o atrativo sustentavelmente. O Rio Jamanxim é um rio brasileiro, pertencente a bacia Amazônica. Sua nascente se encontra na região próxima a Serra do Cachimbo, sendo o principal afluente do Rio Tapajós, ambos no estado do Pará. No Rio Jamanxim funciona a Praia da Liberdade que é um atrativo turístico de âmbito natural do município de Novo Progresso, que possui sua alta sazonalidade no período de maio a outubro, quando as águas do Rio Jamanxim estão baixas, proporcionando um ótimo local para banhistas. Nesse mesmo local, existe um espaço de lazer onde todos os finais de semana são realizados confraternizações e bailes abertos à população local. Localizada em posição central na região, nas proximidades de uma grande área de preservação ambiental, a Praia da Liberdade que é alimentada pelo Rio Jamanxim tem um importante papel tanto no contexto amazônico, quanto como destinação turística do município. O Rio Jamanxim é um local de extrema abundância de peixes, o que motiva o desenvolvimento do Turismo de Pesca na região. Entretanto, é relevante analisar que os turistas e moradores locais que utilizam o rio para fins de lazer, não estão preocupados com os impactos causados por essas atividades.

3 3 É assim, que a Prefeitura Municipal de Novo Progresso em parceria com o LIONS Clube, desenvolvem um projeto de conscientização da população local e dos turistas que visitam a região, uma vez ao ano com o Festival de Pesca. Para melhor desenvolvimento do turismo e conseqüentemente uma maior preservação do meio ambiente é necessário um trabalho contínuo de divulgação do Rio Jamanxim, já que o turismo vem sendo visto como uma área de grandes perspectivas, tanto para os negócios, quanto para a atuação profissional. Além do turismo, o rio oferece outras atividades, entre elas à pesca amadora, que abastece a casa de diversos ribeirinhos, além de outras atividades de subsistência, que utilizam do rio para retirada de minérios (garimpo) e outros. Vale lembrar da diversidade de peixes e espécies aquáticas que são utilizadas pra fins medicinais e experiências acadêmicas. Dessa forma, acredita-se que apesar da falta de divulgação consciente e sustentável do Rio Jamanxim, ainda falta muito para se desenvolver atribuições positivas do uso sustentável do atrativo. Quanto maior e melhor informação disponha o turista com relação ao destino, mais a imagem que este terá do referido destino corresponderá à realidade. É importante destacar que a imagem de uma cidade como destino turístico deve estar estreitamente relacionada à imagem desta cidade como um todo, pois isso será positivo no fortalecimento de ambas as imagens (GÂNDARA, 2008). A imagem de destinos se reveste de grande relevância no processo de desenvolvimento do turismo numa localidade, atuando não apenas como um modo de se diferenciar de seus concorrentes potenciais, mas, principalmente, como tentativa de dar suporte econômico ao desenvolvimento sustentável do destino. A problematização baseia-se em entender quais são as atividades turísticas que mais causam impacto no meio natural na Praia da Liberdade, quais os impactos ambientes causados pelo turismo na Praia da Liberdade e de que forma é possível minimizar os impactos nesse atrativo.. 1. TURISMO: CONCEITO E DEFINIÇÕES

4 4 O turismo é hoje uma das atividades mais visadas porque se relaciona com meio ambiente, lazer e entretenimento, eventos, hotelaria, transportes, alimentação e outros. Desde o seu surgimento, vem trazendo profundas transformações onde é desenvolvido. Segundo LIMA (1998, p.12): As atividades de turismo começaram a se desenvolver nas civilizações mais antigas, e só recentemente passou a ser um motivo de estudo. Em termos históricos se iniciou quando o homem nômade passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade da busca de alimento e de acomodações, devido ás mudanças climáticas. Dessa forma, motivado pela falta de alimentos e de locais próprios para as suas acomodações, o homem vem buscando desenvolver seu lado lúdico e ocioso, juntamente com a satisfação das suas necessidades. Os séculos XV e XVI foram marcados pelas grandes navegações, essas viagens atravessavam os oceanos, levavam centenas de pessoas e duravam vários meses, teriam sido percussoras dos grandes cruzeiros marítimos da atualidade. (IGNARRA, 1999, p.18) São várias as formas em que se definem o turismo. Alguns autores comentam a necessidade de permanência mínima de 12 horas e máxima de menos de um ano, outros dizem que o turismo é o que as pessoas fazem em seus passeios, outros contam que o turismo é a troca de bens e serviços. Segundo a EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), o turismo é: [...] uma atividade econômica representada pelo conjunto de transações, compra e venda de serviços turísticos efetuados entre os agentes econômicos do turismo. É gerado pelo deslocamento voluntário e temporário de pessoas para fora dos limites da área ou região em que tem residência fixa, por qualquer motivo executando-se o de exercer alguma atividade remunerada no local que visita. No Brasil o turismo surgiu a partir do seu próprio descobrimento, com os navegadores portugueses e de outras nacionalidades que aqui chegavam trazendo de certa forma o turismo de aventura. A partir de então as viagens entre Portugal e Brasil tornaram-se comuns e necessários para fins de negócios e também para estudos dos filhos dos mais ricos. Segundo TRIGO (1998, p.20) no Brasil o turismo ganhou força na década de 70, quando se tornou uma alternativa possível para o desenvolvimento econômico. A partir daí foi criado o primeiro curso superior de turismo em São Paulo, na Faculdade Anhembi Morumbi. Um dos conceitos mais atualizados adotado pela Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003) descreve o turismo como: Um fenômeno social, que consiste no conjunto de atividades realizadas por indivíduos ou grupo de pessoas durante suas viagens para lugares diferentes do seu

5 5 ambiente habitual, quando neles permanecem por um período de tempo consecutivo e inferior a um ano, com o objetivo de lazer, cultura, negócios ou outros motivos, sem remuneração no local de destino. A adoção de uma definição não é só relevante para dar credibilidade ao setor, mas também permite a recolha de dados para a quantificação do fenômeno e respectiva comparação a nível mundial. De acordo com Dias e Cassar (2005), o turismo pode ser abordado levando-se em consideração fundamentalmente duas vertentes de análise: a sociocultural e a econômica. O turismo é entendido como uma prática social e cultural quando tem por objetivo atender às necessidades psicosociológicas das pessoas que viajam: fuga da rotina, descanso, lazer, conhecimento de novos lugares e pessoas, entre outras. Pode ser considerado um fenômeno econômico-industrial quando está integrado por diversas empresas que oferecem uma enorme variedade de serviços (alojamento, transporte, alimentação, etc) e bens utilizados pelos turistas. Como o turismo é um campo de estudo multidisciplinar, cada disciplina para as quais o seu contributo se revela importante vê a atividade do turismo como uma aplicação das suas próprias idéias e conceitos e, procura defini-lo a fim de possibilitar um tratamento de forma sistematizada (COOPER, et al, 2001). Assim, enquanto que para as ciências geográficas o turismo é constituído pelo deslocamento de pessoas de um lugar para outro, para a sociologia o turismo apresenta-se como uma possibilidade do indivíduo alterar a rotina do seu dia a dia e encontrar respostas para as necessidades surgidas durante a sua vida de trabalho. Já para a economia, o turismo pertence ao setor industrial ou de serviços e constitui efetivamente uma atividade com importância significativa no âmbito econômico mundial. O turismo é, portanto, um conceito de definição difícil, e o seu estudo envolve o conhecimento do conjunto de inter-relações dessa indústria de contrastes, que é defendida por alguns autores como um sistema (COOPER et al, 2001; CUNHA, 1997). Leiper (COOPER et al, 2001) aborda de forma simples e clara três elementos fundamentais do sistema turístico, no qual se incluem: Turistas (procura) tendo em conta que o turismo é uma experiência essencialmente humana, os turistas são os principais atores do sistema; Regiões geográficas (destino) compostas por: região geradora de turistas que oferece o impulso para motivar e estimular as viagens; região de destinos, a razão de ser do

6 6 turismo que representa os lugares distintos do quotidiano por sua significação cultural, histórica ou natural e a região de rotas de trânsito que inclui todos os lugares do trajeto; Indústria turística (oferta) - considerado o conjunto de empresas e organizações envolvidas na oferta turística. 2. SUSTENTABILIDADE E TURISMO Segundo GOMES (2005) sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. O termo sustentabilidade vem sendo usado constantemente para implicar problemas ambientais, analisar possíveis causas ambientais e principalmente voltadas à educação ambiental, mostrando a importância de se reutilizar os produtos e serviços, mantendo para as gerações futuras. As origens do termo remontam os interstícios da crise do paradigma do desenvolvimento econômico, pois desde meados do século XX, havia um consenso de que o modelo de desenvolvimento que tinha a indústria como força motriz era ecologicamente devastador, socialmente excludente e politicamente injusto, aumentando as discrepâncias entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos (GUIMARÃES, 2001). É necessário entender que sustentabilidade significa promover o uso dos recursos naturais preservando-os, ou seja, de forma a não prejudicar o meio ambiente e criando condições para se fazer um equilíbrio entre meio ambiente e comunidade local para a preservação e conservação do meio ambiente. Outra questão importante é a definição de sustentabilidade quando é dita que todo e qualquer desenvolvimento deve suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações futuras. A atividade turística sustentável surgiu por sua vez, como uma forma de minimizar os impactos ambientais sobre áreas de preservação ambiental. Acredita-se que com o processo de sensibilização e conscientização dos moradores locais e turistas, o desenvolvimento da sustentabilidade será mais eficaz e trará maiores benefícios tanto para o atrativo como para a localidade. O principio da sustentabilidade aplica-se a empreendimentos, comunidades ou até mesmo ao planeta inteiro. Segundo FREITAS (2006), para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:

7 7 Ecologicamente correto, seguindo as exigências legais; Economicamente viável, fornecendo viabilidade; Socialmente justo, envolvendo por inteiro a comunidade e; Culturalmente aceito, buscando manter as raízes. Seguindo os quatro princípios da sustentabilidade e analisando suas causas e conseqüências, qualquer empreendimento seja ele turístico, comercial, social e/ou industrial se desenvolverá corretamente e legalmente. 3. IMPACTO AMBIENTAL Segundo BRANCO (1995, p.19) as primeiras ações antrópicas que primordiaram os impactos ambientais são contabilizados com a descoberta do fogo, alavancando o inicio à poluição do ar e o desmatamento para o desenvolvimento das aldeias e comunidades humanas. Desde os tempos das cavernas, as fontes de poluição como as queimadas já constituíam impactos ambientais significantes nas localidades. Na Idade Média, quando os seres humanos começaram um período de maior organização das cidades, surgiram outros problemas ambientais, como o despejo de esgoto no solo, a contaminação dos rios, inúmeros matadouros e curtumes e outros. Atualmente, são várias as empresas de comunicação que estão voltadas as atenções aos problemas ambientais causados pelos mais diversos fatores. Segundo BRANCO (1995) existem muitos artigos que trazem consigo, realidades observadas apenas por ambientalistas ou a ONGs. Programas de combate a Desmatamentos e Queimadas: reduziram em 85% os incêndios florestais; Lei de Crimes Ambientais foi regulamentada e agora multa em até R$ 50 milhões casos que antes eram multados em R$ 4,9 mil, podendo triplicar na reincidência; Poucos países fizeram tanto pelo meio ambiente depois da Eco-92. E, hoje, com as medidas tomadas pelo Ministério do Meio Ambiente, com o apoio da sociedade civil, o Brasil tem autoridade para sugerir passos significativos para a preservação da vida em nosso planeta (REVISTA VEJA. n. 1926, p , 12 out. 2005). Ainda segundo a Revista VEJA (2005) a destruição no Brasil vem ocorrendo de forma bastante acentuada e sem a menor preocupação por parte da comunidade e do poder público, principalmente na Amazônia.

8 8 A mesma Revista VEJA (2005, p ) publicou as sete pragas da Amazônia, que são: as queimadas, as madeireiras, as estradas, os garimpos, as pastagens, a corrupção e a burocracia. É possível dizer que o município de Novo Progresso, localizado na parte sudoeste da Amazônia, já sofreu e ainda sofrerá com os impactos ambientais causados pelo homem, já que o ser humano sempre utilizou os recursos naturais em seu beneficio, achando que esses recursos fossem inesgotáveis. Existem hoje no mundo diversas formas de depredação ambiental. Muitos estudiosos consideram a atividade turística como grande contribuidora da degradação ambiental. Há exemplos em quase todos os países onde o desenvolvimento do turismo foi identificado como sendo a principal causa da degradação ambiental. Na Espanha, o excesso de acomodações para turistas em áreas costeiras causou poluição das águas. Na Índia, os visitantes têm depredado o Taj Mahal. No Egito, as pirâmides também são ameaçadas pela grande quantidade de turistas. (LICKORISH, JENKINS, 2000, p.116) Sabe-se que para o desenvolvimento de qualquer atividade turística são causados danos. Porém, relacionando o desenvolvimento com o planejamento adequado é possível salvaguardar o meio ambiente para as gerações futuras. Outra questão importante é o surgimento do turismo sustentável que surgiu como alternativa para preservação do meio ambiente. Mas, é preciso entender que essa interação do ser humano com a natureza, provoca ocupações desordenadas que degradam o meio ambiente de forma irreversível. Segundo MOLINA (2001, p.54) a atividade turística utiliza o meio ambiente para atrair um número cada vez maior de turistas e a maioria dos empreendimentos turísticos se apóia, em sentido amplo, em uma plataforma natural que é a que vai predeterminando, com o passar do tempo, seu sucesso ou seu fracasso. Nos últimos anos, com a evolução do turismo e a adequação do ser humano aos momentos de lazer, fez com que muitos cientistas estudassem formas para minimizar os impactos ambientais causado pelo turismo no meio natural. Há a necessidade de se continuar realizando pesquisas, especialmente sobre os impactos dos diversos tipos de desenvolvimento de turismo sobre os ambientes tropicais e as áreas vulneráveis e sensíveis ecologicamente, como pequenas ilhas, recifes e desertos. (LICKORISH, JENKINS, 2000, p.118) É preciso, que a comunidade mundial mude os hábitos e os estilos de consumo. Para Sachs (2004) esse é o impasse atual e a parte mais importante da revolução ambiental, que todos os seres humanos devem participar, para viver em um mundo melhor e mais verde.

9 9 4. TURISMO E O PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO O presente estudo se propõe a identificar e realizar uma descrição da realidade em que se encontra a Praia da Liberdade. Contudo, o processo de preservação e conscientização é necessário após uma análise dos atores envolvidos com a tentativa de preservação do meio ambiente. Observa-se que são urgentes e necessárias as ações ambientais corretivas, a capacitação de funcionários para fiscalização e incremento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Uma das formas mais eficazes de conscientizar é a Educação Ambiental, que reúne um conjunto de técnicas ecológicas que visam a preservação e conservação do meio ambiente. O município de Novo Progresso, esta situado no sudoeste do estado do Pará e conta hoje com aproximadamente vinte e seis mil habitantes. (IBGE, 2010) No início da emancipação municipal, Novo Progresso era sustentado exclusivamente pelo setor madeireiro e pelo garimpo. Com o passar dos anos, o comércio madeireiro foi perdendo força e a pecuária ganhou grande destaque. Nos últimos anos, com o projeto de pavimentação da rodovia Santarém-Cuiabá, o turismo começou a ser estudado com uma nova fonte de renda para os moradores locais. Há de levar-se em consideração que o turismo é uma atividade econômica de mão-de-obra intensiva. Comparativamente a outras atividades econômicas que potencialmente o estado do Pará pode desenvolver (pecuária, mineração, indústria madeireira), o turismo possui uma relação maior de empregos gerados por montante de recursos financeiros empregados. Hoje, o município oferece diversos segmentos turísticos e anda desenvolvendo o seu trade turístico para melhor recepcionar os visitantes da cidade. A infra-estrutura turística é composta por onze hotéis, uma agência de viagem, seis empresas de transporte rodoviário, diversos centros de lazer e restaurantes. Contudo, verifica-se a inexistência de empresas aéreas para atender a população local e os turistas e a deficiência de superestrutura nos atrativos turísticos. O município conta com diversos atrativos turísticos, eis alguns: Balneário Bambu: O atrativo fica aproximadamente a quatro quilômetros do centro da cidade. O acesso é bom e lá o turista encontra quadras de vôlei, futebol, chalés para acampamento e uma pista de MotoCross. Além das duas piscinas naturais, que servem para banhos e mergulhos.

10 10 Turismo Rural nas vicinais: Algumas fazendas do interior do município estão aderindo ao desenvolvimento do turismo rural e do agroturismo. Isso para auxiliar o rendimento familiar e melhorar a estrutura da propriedade. Cachoeira do Curuá: Localiza-se na Serra do Cachimbo e possui diversas quedas d água. Lago Municipal: O lago municipal se tornou um dos atrativos naturais mais visitados nos últimos meses, pois, a atual gestão construiu um segundo lago, um pórtico na entrada da cidade e urbanizou todo o local, formando um verdadeiro Complexo Turístico. Praia da Liberdade: O local é de propriedade privada e possui parcerias com o poder público. É banhado pelo Rio Jamanxim e oferece aos turistas uma área de lazer com capacidade para aproximadamente 300 pessoas, uma área para camping, churrasqueiras e espaço para estacionamento de barcos e jet-ski. Figura 1 Vista do entardecer no Rio Jamanxim Fonte: Jorge Tadeu Fotografias

11 11 Figura 2 Banhistas no Rio Jamanxim Fonte: Jorge Tadeu Fotografias Figura 3 Espaço para festas no Rio Jamanxim Fonte: Jorge Tadeu Fotografias Os aspectos metodológicos usados na pesquisa sobre os impactos ambientais causado pelo turismo na Praia da Liberdade tiveram um caráter simples e unifacetado.

12 12 Por esse motivo, as perguntas e os problemas de pesquisa que emergem a partir do conceito comportam poucas alternativas, possibilitando o emprego de diferentes métodos de investigação. Com base no problema de pesquisa que este trabalho se propôs a responder, optou-se pelo uso da metodologia qualitativa e quantitativa para a compreensão do fenômeno. A escolha do método qualitativo (não-estruturado) levou em consideração pressupostos de pesquisas anteriores que apontam à adequação do método qualitativo para a captação de dados relacionados aos tipos de impactos ambientais causado pelo turismo na Praia da Liberdade. Quanto aos fins, a pesquisa é exploratória e descritiva. Exploratória porque, embora exista um número considerável de artigos e pesquisas que versam sobre abordagens variadas a respeito de impactos ambientais, a carência de estudos que se propõem a investigar o tema relacionado à região sudoeste do Pará ou, exclusivamente o município de Novo Progresso, é notável. Descritiva, porque descreve percepções, crenças e valores da população local em relação à conscientização da preservação do meio ambiente. Seguindo a classificação de VERGARA (1997), pode-se classificar a pesquisa ainda como bibliográfica e de campo. Bibliográfica porque para a fundamentação teórico metodológica do trabalho foi realizada uma ampla investigação sobre o tema Impacto Ambiental e Sustentabilidade e suas diferentes abordagens sobre os estudos do município de Novo Progresso. A pesquisa é de campo, porque coletou dados primários in locu. Para medir todas as dimensões da Praia da Liberdade e alcançar os objetivos da pesquisa, utilizou-se um questionário com seis perguntas fechadas avaliando a percepção sobre a Praia da Liberdade no município de Novo Progresso. Os gráficos a seguir demonstram as informações coletadas durante a pesquisa, para identificar os problemas ambientais causados pelo turismo em um dos atrativos mais importantes do município, a Praia da Liberdade.

13 Sim Não 20 0 Gráfico 1 Já visitou a Praia da Liberdade no município de Novo Progresso? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Observando o gráfico 1, 95% dos entrevistados já conhecem a Praia da Liberdade e apenas 5% não conhecem. Essa pequena porcentagem se dá os visitantes entrevistados e aos novos moradores de Novo Progresso, mostrando que boa parte da amostragem pesquisada conhece o atrativo e conseqüentemente sabe dos problemas ambientais enfrentados Poluição do Rio Poluição da Mata Desmatamento 10 0 Gráfico 2 - Quais são os impactos ambientais causados pelas atividades turísticas na Praia da Liberdade? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Conforme mostra o gráfico 2, 55% dos entrevistados acreditam que o maior impacto ambiental está na poluição das águas do Rio Jamanxim, 25% na poluição da mata e 20% do desmatamento das matas ciliares. Logo na chegada do atrativo, observa-se grande quantidade de lixo depositado as margens do Rio, além do desmate feito para embarque e desembarque de barcos.

14 Fechamento do Atrativo Preservação do meio ambiente Sensibilização dos visitantes Gráfico 3 Quais seriam as possíveis soluções para amenizar os impactos ambientais e praticar a sustentabilidade na Praia da Liberdade? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Segundo o gráfico 3, sobre as possíveis soluções para amenizar os impactos, 20% dos entrevistados acreditam que é necessário fechar o atrativo para uma melhor avaliação, 35% acha necessário um projeto de preservação do meio ambiente e 45% acreditam que a melhor saída seria a sensibilização dos visitantes do atrativo Importante Pouco Importante Nada Importante 10 0 Gráfico 4 Pra você, qual a importância do uso dos recursos sustentáveis? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Observando o gráfico 7, 70% dos entrevistados acreditam que usar formas sustentáveis para amenizar os impactos é a melhor forma de melhorar o atrativo, 30% acham que é pouco importante o uso da sustentabilidade e nenhum dos entrevistados concorda que a sustentabilidade não é importante para o desenvolvimento de um atrativo.

15 Turismo Ecológico Turismo de Sol e Praia Turismo de Pesca 10 0 ráfico 5 Qual o tipo de Turismo realizado na Praia da Liberdade? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) G A pergunta realizada aos entrevistados foi para identificar o tipo de turismo realizado no atrativo turístico Praia da Liberdade. As respostas foram 10% para o Turismo Ecológico, 40% para o Turismo de Pesca e 50% para o Turismo de Sol e Praia Palestras nas Escolas Anúncios nos Meios de Comunicação Cursos Profissionalizantes Nenhuma 0 Gráfico 06 Quais as ações do Poder Público para preservar o meio ambiente? Fonte: Pesquisa de Campo (2013) A última pergunta do questionário revela que as ações do Poder Público para preservar o meio ambiente são 20% em anúncios nos principais meios de comunicação do município, 10% com palestras nas escolas, 10% com cursos profissionalizantes e 60% dos entrevistados disseram que nunca viram ou escutaram nenhuma ação do poder público. Essa pesquisa de campo revelou que as pessoas possuem pouco conhecimento sobre o que é o turismo e a forma como ele pode ser desenvolvido a fim de promover a

16 16 sustentabilidade e a educação ambiental. A pesquisa também identificou que é preciso desenvolver programas de sensibilização para amenizar os impactos causados pelo homem na Praia da Liberdade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observando os dados obtidos através do questionário, percebe-se que os moradores locais possuem uma visão diferente e menos ampla em relação aos turistas entrevistados. Após alguns estudos sobre o atrativo Praia da Liberdade, verifica-se que é necessário tomar providências rápidas, no que diz respeito à preservação do meio ambiente e conscientização da população. Muitos dos entrevistados falaram do lado imaginário das pessoas em relação às belezas naturais do rio Jamanxim e ao ambiente calmo e de relaxamento proporcionado pelo contato com a natureza. Com o desenvolvimento da pesquisa, verificou que 55% acreditam que o maior impacto ambiental está na poluição das águas do Rio Jamanxim, 25% na poluição da mata e 20% do desmatamento das matas ciliares. E sobre as possíveis soluções para amenizar os impactos, 20% dos entrevistados acreditam que é necessário fechar o atrativo para uma melhor avaliação, 35% acha necessário um projeto de preservação do meio ambiente e 45% acreditam que a melhor saída seria a sensibilização dos visitantes do atrativo. Segundo a EMBRATUR (2009), os atrativos de recursos naturais, tende a ser mais vulneráveis a problemas ambientais. São vários os fatores, como a falta de acompanhamento de órgãos responsáveis, distância de principais centros emissores, falta de superestrutura e muitos outros. Apesar dos problemas detectados na Praia da Liberdade, ainda existe tempo para minimizar os danos causados ao meio ambiente, para isso, é necessário chamar a atenção da tríplice: Poder Público, Setor Privado e Comunidade Local. Segundo BENI (2005) é fato que a atividade turística se apropria da exploração dos recursos naturais para o seu desenvolvimento, se revelando, portanto mais uma atividade predatória desses, porém é capaz também, de combater efetivamente as formas de poluição podendo servir como exemplo para outras atividades.

17 17 Apesar de Novo Progresso apresentar uma variedade de atrativos turísticos, o município possui poucos produtos turísticos catalogados. A carência de infra-estrutura de apoio ao turismo, como aeroportos, estradas, meios de comunicação, saneamento etc., inibe os investimentos em infra-estrutura turística. E ainda não possuem uma política de marketing adequada. Não há divulgação e processo de comercialização organizado. Apesar de tal realidade, o turismo em áreas naturais tem sido considerado uma das alternativas de desenvolvimento sustentável para a região. Conforme a pesquisa, a resposta para o problema que era identificar os possíveis impactos ambientais causados pelo turismo na Praia da são: Poluição do Rio Jamanxim: Sem o controle e fiscalização de órgãos responsáveis, um grande número de pessoas que freqüentam o rio e usam equipamentos estragados ou furados que acabam poluindo e prejudicando a vida aquática. Desmatamento das matas ciliares: É proibido qualquer desmatamento das áreas de matas ciliares de rios e córregos. Logo na entrada do atrativo, verifica-se o desmatamento para dar acesso ao transporte de barcos. Poluição na mata: Com os acampamentos e com a organização de diversos eventos, a mata costeira encontra-se cheia de embalagens de alimentos e latas de bebidas. Um modelo de desenvolvimento sustentado do turismo poderá contribuir para a preservação da biodiversidade progressense. Portanto, neste estudo percebe-se que é necessário criar ações benéficas que amenizem os problemas ambientais da Praia da Liberdade. O que determina uma divulgação de um programa de sensibilização dos visitantes do local e pagamento de uma taxa de visitação para manutenção e melhoramento da infra-estrutura.

18 18 REFERÊNCIAS BANDUCCI, Álvaro, Jr, BARRETO, Margarita. Turismo e Identidade local: Uma visão antropológica. Campinas: Papirus, BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: as possibilidades do planejamento. Ed. 4. Campinas: Papirus, BENI, Mario C. Globalização do Turismo. São Paulo: Aleph, BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 7º edição. São Paulo, Senac, BIGNAMI, R. A imagem do Brasil no Turismo: Construção, desafios e vantagens competitivas. São Paulo: Aleph, COOPER, C., et AL. Turismo Princípios e Práticas, 2ª ed., Porto Alegre: Bookman, CORSÍ, E. Patrimônios Histórico-Culturais: uma nova perspectiva para o urbano e o rural através do turismo sustentável. Caminhos de Geografia, v. 2, n, 10, p , CUNHA, L. Economia e Política do Turismo. Alfragide: Mcgraw-Hill, DIAS, Reinaldo; CASSAR, Maurício. Fundamentos do marketing turístico. São Paulo: Pearson Prentice Hall, EMBRATUR Instituto Brasileiro do Turismo, 1992, 2005 e EMBRATUR. Caravana Brasil Caderno de Avaliação Acesso em: 18 de setembro de Disponível em: lizacao/downloads_programas_comercializacao/caderno_avaliacao_para.pdf FONSECA, Eduardo Vasconcelos. A excelência dos serviços turísticos FONTELES, José Osmar. Turismo e Impactos Socioambientais. São Paulo: Aleph, GÂNDARA, José Manoel Gonçalves. A imagem dos Destinos turísticos Urbanos. Revista Eletrônica de Turismo Cultural Acesso em: 08 de junho de 2010.

19 19 IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis Portaria nº. 1583, de 21 de setembro de IGNARRA, Nesuty Lima. Manual do Turismo. 1º Vol. Ed.3. Guarapari, LICKORISH, Leonard J. JENKINS, Carson L. Introdução ao Turismo. Trad.VASCONSELLOS, Fabíola de Carvalho S. Rio de Janeiro: Campus, MENDES, Moreira. Recursos para o Turismo. São Paulo, MOLINA, E. Sérgio. Turismo e Ecologia. Trad. Josely Vianna Baptista. Bauru, SP: Edusc, OLIVER, R. L. Satisfaction: a behavioral perspective on the consumer. USA: McGraw-Hill, OMT (Organização Mundial do Turismo) Guia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável. Porto Alegre: Bookman, OMT. Introdução ao Turismo. (D.M.R. Corner, Trad.). São Paulo, PAIXÃO, D. L. D. & GANDARA, J. M.G. A Relação entre a formação de recursos humanos e o desenvolvimento sustentável do turismo. Anais do V Seminário Internacional de Turismo. Curitiba: Unicenp, PÉREZ-NEBRA, A. R.; TORRES, C. V. Medindo a imagem do destino Tese (Mestrado em Psicologia) - Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Brasília (DF). PETROCCHI, M. Gestão de Pólos Turísticos. São Paulo: Futura, PLOG, S. C. Por que a preservação do destino tem sentido econômico. In: THEOBALD, W, F. (org). Turismo Global. SP: SENAC, REIS, M. do C. S. Imagem corporativa: produção, gênese e consumo f. Tese (Doutorado em Administração) Faculdade de Adminsitração e Ciências Econômicas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Desenvolvimento Local. São Paulo: Hucitec, 2002, 3ª ed.

20 20 ROSS, G. F. Psicologia do Turismo. (Trad. D. Azevedo). São Paulo, RUSCHMANN, D. Marketing Turístico. Campinas: Papirus, 1990 RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Marketing Turístico: um enfoque promocional. Campinas, SP: Papirus, SEBRAE-PA (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Regional Santarém Centro de Resultados de Turismo. Centro de Desenvolvimento Turístico Comunitário de Alter do Chão e Caranazal. Santarém, SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente, SERRANO, Célia Maria de Toledo e BRUHNS, Heloisa T. (Orgs.). Viagens a natureza: Turismo, cultura e ambiente. Campinas/SP: Papirus, 1997 SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável: Conceitos e Impacto Ambiental. Vol 1. São Paulo: Aleph, 2000, 3ª ed. TRIGO, L. G. Turismo e qualidade: Tendências contemporâneas. Campinas. Papirus, VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, WOODSIDE, A. G. E LYSONSKI, S. A General Model of Traveler Destination Choice. Journal of Travel Research, v. 27, n. 4, p. 8-14, 1989.