AMBIENTALISMO NO MUNDO GLOBALIZADO
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- William Conceição Delgado
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1 AMBIENTALISMO NO MUNDO GLOBALIZADO Asuperfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus 4,6 bilhões de anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais. O avanço do capitalismo, a partir das Grandes Navegações, e, sobretudo após a Revolução Industrial, a natureza passou a ser vista como uma fonte de recursos econômicos a ser explorada por meio de instrumentos cada vez mais sofisticados, criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse processo, o ambiente foi submetido a uma contínua devastação, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afetando a vida de toda a humanidade. A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. Apenas nas últimas décadas do século XX, com o agravamento dos problemas ambientais, a sociedade se mobilizou para deter os efeitos nocivos das atividades econômicas predatórias e poluentes. Multiplicaram-se os grupos ecológicos, e a pressão social resultou na aprovação de leis de proteção ambiental. Essas leis regulamentaram a emissão de poluentes pelas indústrias, atribuíram responsabilidades em caso de acidentes ecológicos, como derramamento de óleo no mar, e estabeleceram punições aos infratores. No âmbito internacional, a preservação do ambiente passou a constituir elemento importante de um país para negociar a comercialização de seus produtos e receber empréstimos, por exemplo. Os países pobres reivindicam o acesso às chamadas tecnologias limpas, que apenas os países ricos conseguem desenvolver, graças a grandes investimentos em pesquisa tecnológica. Talvez não exista nenhum assunto tão debatido nos dias atuais como a questão ambiental. Primeiro nos países desenvolvidos, a partir dos anos 1960, e posteriormente em grande parte dos países subdesenvolvidos. Um número expressivo de pessoas no mundo tem reagido politicamente ao tipo de sociedade que se consolidou ao longo do século XX, a sociedade de consumo. Apoiada, entre outros pilares, no crescimento desenfreado da produção e do consumo, esse modelo de sociedade sobrevive à custa da degradação ambiental Comparado ao que era a Terra no começo do século XX, o planeta é hoje uma imundície. O homem devastou florestas, poluiu o ar das grandes cidades, contaminou rios com produtos químicos, exterminou espécies animais e abriu um buraco na camada de ozônio. Foram 100 anos de destruição. Sem se dar conta, a humanidade caminhava em direção ao caos. Na década de 1970, quando o movimento ambiental ganhou força, o ritmo de devastação era tão grande que as projeções para a virada do milênio eram as piores possíveis. Dizia-se que, no ano 2000, as pessoas precisariam usar máscaras de oxigênio nas grandes cidades como Tóquio, São Paulo e Los Angeles. Não haveria rio limpo no planeta. E as terras estariam cobertas pelo lixo. A intensificação da globalização, a exemplo da própria mundialização da economia, refletiu-se também na tomada de consciência sobre a preservação ambiental, rompendo fronteiras. O agravamento do efeito estufa, o buraco na camada de ozônio, a devastação das florestas, a intensificação da inversão térmica, as chuvas ácidas, entre muitos outros problemas ambientais contemporâneos têm sido alvo de debates e discussões. Dessa forma, foram promovidas conferências globais sobre as mudanças climáticas mundiais, como a Rio-92 e a Rio+ 10, que resultaram na tomada de uma série de decisões voltadas à redução dos impactos ambientais provocados pelo homem. Os problemas ambientais O aumento da população mundial ao longo da história exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para durar pouco. O apelo ao consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens sofisticadas e produtos descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a quantidade de lixo no meio ambiente. Na era da globalização e dos avanços da revolução técnico-científica, tornou-se mais evidente o que muitos já sabiam: que as questões ambientais têm dimensão mundial. Problemas como o efeito estufa, a redução da camada de ozônio, desertificação, o desmatamento, o lixo radiativo, a emissão de poluentes no ar, na água e no solo afetam, embora de maneira diferenciada, países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Afinal, esses
2 problemas resultam de uma relação com a natureza baseada na exploração e devolução de dejetos, típica da chamada racionalidade ocidental, característica de quase todos os países do globo. O efeito estufa Esse fenômeno atmosférico acompanha a vida do planeta desde seus primeiros tempos de existência e decorre da ação bloqueadora dos gases da atmosfera sobre o calor refletido na superfície terrestre. Esse efeito possibilita a manutenção da temperatura na Terra nos níveis que permitem a existência da vida. O que ocorre é que, a partir do século XIX, esse efeito tem-se acentuado. A queima de florestas tropicais e a utilização de combustíveis fósseis em indústrias e usinas termelétricas lançam na atmosfera grandes quantidades de gás carbônico, ou dióxido de carbono (CO 2 ). Esse gás é um dos principais responsáveis pelo aumento do efeito estufa e não permite que a radiação solar, depois de refletida na Terra, volte para o espaço, bloqueando o calor. O buraco na camada de ozônio A camada de ozônio é uma "capa" de gás que envolve a Terra e a protege de várias radiações, sendo que a principal delas, a radiação ultravioleta, é a principal causadora de câncer de pele. O ozônio é um gás que existe em grande quantidade na estratosfera, cerca de 25 a 35 quilômetros de distância da superfície terrestre. Essa camada tem aproximadamente 15 Km de espessura e filtra os raios ultravioletas do Sol. Devido ao desenvolvimento industrial, passaram a ser utilizados produtos que emitem clorofluorcarbono (CFC), um gás que ao atingir a camada de ozônio destrói as moléculas que a formam (O3), causando assim a destruição dessa camada da atmosfera. Sem essa camada, a incidência de raios ultravioletas nocivos à Terra fica sensivelmente maior, aumentando as chances do câncer. A consequência direta é a alteração do clima do planeta que vem provocando o derretimento das calotas polares, provocando a elevação do nível dos mares, inundando cidades costeiras e afetando atividades como a agricultura e a pesca. Os países mais atingidos seriam os menos desenvolvidos justamente os que menos contribuem para o efeito estufa e que não têm meios de contornar os prejuízos, já que são os países ricos responsáveis por cerca de 75% do total de gases de origem fósseis emitidos anualmente. O buraco na camada de ozônio é um fenômeno que ocorre somente durante uma determinada época do ano, entre agosto e início de novembro (primavera no hemisfério sul). No decorrer do mês, em função do gradual aumento de temperatura, o ar circundante à região onde se encontra o buraco inicia um movimento em direção ao centro da região de baixo nível do gás. Desta forma, o deslocamento da massa de ar rica em ozônio (externa ao buraco) propicia o retorno aos níveis normais de ozônio a alta atmosfera fechando assim o buraco. Em 1987, 120 países assinaram um acordo de redução do uso de CFC s, conhecido como Protocolo de Montreal (Canadá). Já ratificada pela maior parte dos países, o Protocolo de Montreal é visto como o mais bem-sucedido de todos os acordos internacionais relativos ao meio ambiente. A camada de ozônio ainda não perdeu 5% do seu tamanho original, de acordo com os instrumentos medidores do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). O instituto acompanha a movimentação do gás na
3 atmosfera desde 1978 e até hoje não detectou nenhuma variação significante, provavelmente pela pouca produção de CFC no Brasil em comparação com os países de primeiro mundo. No Brasil apenas 5% dos aerosóis utilizam CFC, já que uma mistura de butano e propano é significativamente mais barata, funcionando perfeitamente em substituição ao clorofluorcarbono. Segundo os cientistas, os danos causados pelo homem são tantos que a camada de ozônio só pode recuperar seu estado normal em 2065/75. atraindo ventos que podem levar para essa área maior quantidade de poluentes. Inversão térmica Este é um fenômeno natural que ocorre todo final de madrugada. O normal é que o ar quente esteja em baixo e o ar frio em cima. Com a inversão térmica, esta ordem é trocada. Porém, com a queima de combustíveis fósseis como o petróleo a Inversão Térmica está deixando de ser um fenômeno apenas natural e está ocorrendo em pleno dia. Assim, os gases poluentes não conseguem passar pela camada de ar frio que fica em baixo com a Inversão e acabam criando uma nuvem de fumaça que causa aumento da temperatura e doenças respiratórias. Os resíduos sólidos É o chamado lixo urbano, gerado pelo consumismo. As formas de solução são: lixão, aterro sanitário, incineração e reciclagem. Veja abaixo o tempo que cada material jogado na natureza demora para se decompor( em especial, observe o tempo que um simples pedaço de vidro leva para se decompor): Ilhas de calor Nas cidades maiores, as temperaturas podem variar nos diferentes bairros e no centro. As médias térmicas são bem mais altas nas regiões centrais que na periferia ou zona rural. Isso acontece em virtude da grande concentração de prédios que impedem a circulação do ar. O asfalto, a falta de áreas verdes e a concentração de veículos também contribuem para esse aumento de temperatura. Essas áreas são as ilhas de calor. A poluição também é muito maior nessas regiões, que, às vezes, não se limitam às áreas centrais das grandes cidades, mas ocorrem em outros pontos com muitas edificações e indústrias. Com o aumento das temperaturas, a ilha de calor passa a atuar como uma zona de baixa pressão, Mecanismos de proteção ambiental A temática ambiental entrou em foco nas últimas décadas do século XX, mais especificamente na década de 1970, quando foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu na década seguinte, quando o Relatório Brundtland, um estudo sobre o futuro do meio ambiente, foi elaborado a pedido da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o relatório, era preciso aliar desenvolvimento e preservação ambiental, de forma que o avanço
4 tecnológico não inviabilizasse a sobrevivência do homem. Nesse contexto, o documento propunha a redução do ritmo de exploração das riquezas naturais, além da distribuição mais equânime do direito de explorá-las. Apesar dessa proposta, o relatório não apresentava mudanças na noção de desenvolvimento vigente até então, que considerava os recursos naturais abundantes e "inesgotáveis". Tal concepção, por si só, gera muitos dos impasses surgidos nas conferências ambientais dos últimos anos, quando vários países, em geral os que mais poluem, não assumem os compromissos e metas estabelecidos nesses encontros. A Rio-92 A primeira reunião de grande porte para discutir a questão ambiental foi realizada em junho de 1992, por iniciativa do governo brasileiro, na cidade do Rio de Janeiro: a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, conhecida como Rio-92. Seus principais objetivos eram:» a identificação de estratégias para as questões ambientais em âmbito regional e global;» caracterizar a situação do meio ambiente global, bem como as mudanças pós-conferência de Estocolmo;» analisar estratégias que tornassem viável o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento. Compareceram ao encontro 175 países, durante o qual foram apresentadas várias evidências de que o aquecimento global pode provocar problemas ambientais de implicações imprevisíveis para o futuro da humanidade. Com essa preocupação, foi elaborada a Convenção sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, segundo a qual seriam reduzidas as emissões dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera. No encontro, também foi elaborada a Convenção sobre Biodiversidade, na qual são propostas medidas de preservação da fauna e da flora, além da Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21. Desses documentos, que endossam os objetivos principais da conferência, o destaque fica com a Agenda 21, um programa de ação com as premissas e as recomendações que os países devem seguir para aliar o desenvolvimento à sustentabilidade. Quem mais emite dióxido de carbono no planeta? No cenário global, a degradação do meio ambiente é consequência, em grande medida, do consumo de combustíveis fósseis. Utilizados em larga escala, são responsáveis pela maior parte da emissão de poluentes, causando o agravamento do efeito estufa e das chuvas ácidas. Os países desenvolvidos possuem índices de emissão de dióxido de carbono muito superiores aos dos subdesenvolvidos. Para se ter ideia dessa dimensão, as nações mais industrializadas, em 2002, abrigavam em seus territórios menos de 12% da população mundial, cerca de 70% da frota mundial de veículos e eram responsáveis por mais de 60% da emissão anual de dióxido de carbono na atmosfera. Além dos veículos automotores, as indústrias lançam no ar milhões de toneladas de gases poluidores. Por isso, as áreas densamente fabris são também as que mais poluem no mundo. Protocolo de Kioto O Protocolo de Kioto representa a confirmação da Convenção sobre Mudanças Climáticas elaborada durante a Rio-92. O documento surgiu em 1997 durante o novo encontro realizado na cidade de Kioto, Japão, quando representantes de 175 países registraram a intenção de reduzir, até 2012, as emissões dos gases estufa em 5,2% em relação aos índices de Em 2001, a Convenção de Bonn, cidade alemã que foi capital da Alemanha Ocidental, determinou que o percentual de redução obrigatória da emissão dos gases estufa não seria o mesmo para todos os países: aqueles que emitem menos que determinado nível estabelecido pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) foram liberados da necessidade de reduzir suas emissões. E os maiores poluidores devem assumir financeiramente sua condição de agente poluidor. Além disso, os países que dispõem em seu território de "sumidouros" desses gases, como vastas reservas florestais, tiveram as taxas de diminuição abrandadas. Como forma de resolver o impasse e manter a viabilidade do projeto, foram propostas várias medidas, as quais, em conjunto, formam o mercado de carbono. Essas medidas são responsáveis por amenizar o impacto econômico do protocolo na economia dos países Anexo 1 (país responsável pela emissão de 55% dos gases estufa, em Recebe esse nome porque está relacionado em um anexo do Protocolo de Kioto. País cujas emissões estão abaixo desse nível é denominado país não-anexo 1). É o caso do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e dos créditos de carbono. Este último se caracteriza como uma troca de "cotas de carbono" entre os países que precisam e os que não precisam reduzir suas emissões de carbono. Quanto ao MDL, faz parte de um processo
5 pela busca de tecnologias não poluentes, as tecnologias limpas. A possibilidade de os países Anexo 1 patrocinarem projetos de redução de emissão de carbono em países não-anexo 1 também é um exemplo de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Dessa forma, os que mais poluem poderiam aumentar suas emissões sem alterar a emissão global. Créditos de carbono Créditos de carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando a emissão de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias mais poluentes, e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa tenha seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Esses certificados podem ser comercializados nas Bolsas de Valores. Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzam a emissão de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás preparando-se para vender cotas dos países subdesenvolvidos, que em geral emitem menos poluentes, para os que emitem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir. Cúpula de Johannesburgo 2002, a Rio+10 Da mesma forma que o Protocolo de Kioto foi um desdobramento da Convenção sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+ 10, foi organizada como uma nova etapa dos acordos firmados na Rio-92. O encontro ocorreu em 2002, na cidade de Johannesburgo, África do Sul. Seus principais objetivos eram avaliar o andamento das propostas surgidas durante a Rio-92, identificando as causas do pouco avanço na implementação dos compromissos assumidos então, bem como as medidas que poderiam ser tomadas para acelerar sua concretização. Nesse contexto, a Cúpula produziu dois documentos oficiais, a Declaração Política, ou O Compromisso de Johannesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, e o Plano de Implementação, cujo tema é erradicar a pobreza, mudar os padrões insustentáveis de produção e consumo das sociedades e a proteção dos recursos naturais. Ao longo do encontro, as discussões concentraram-se nas medidas globais que poderiam contribuir para o fortalecimento do desenvolvimento sustentável no planeta e para a melhoria da condição de vida da parcela mais pobre da população mundial. Destacamos a seguir, e a título de exemplo, algumas determinações e diretrizes do Plano de Implementação:» ampliar o uso de fontes renováveis de energia mas sem metas globais estabelecidas (como propuseram o Brasil e os países da União Europeia como forma de amenizar o agravamento do efeito estufa;» diminuir pela metade, até 2015, o número de pessoas no planeta que não têm acesso à água potável e ao saneamento básico;» estabelecer áreas de proteção marinha até 2012 por decisão de caráter global, para viabilizar a restauração de estoques pesqueiros onde for possível, em níveis sustentáveis até 2015;» reduzir a perda de espécies vegetais até 2004, mas sem meta específica, por meio da ajuda dos países ricos aos países pobres que possuem áreas florestais mas não dispõem de recursos financeiros para preservá-las. Os resultados obtidos na Rio+ 10 ficaram, no entretanto, bem abaixo do esperado. Segundo muitos analistas, isso aconteceu, sobretudo, por causa da postura do governo norte-americano diante das propostas encaminhadas nesse fórum global. Apesar desse relativo fracasso, as negociações para a aprovação do Protocolo de Kioto continuaram a ocorrer no mundo. Essas negociações culminaram com a ratificação do Protocolo pela Rússia, em Com a assinatura da Rússia, atingiu-se o número necessário de países para que o Protocolo de Kioto se tornasse lei internacional, ocorrida no dia 16 de fevereiro de O governo dos EUA, que responde por 25% da emissão de gases poluentes no mundo, não ratificou o tratado, com o argumento de que está em busca de medidas alternativas. Para se ter uma idéia da importância dos EUA, em 1997 eles emitiam 20,3 toneladas de gás carbônico por habitante, enquanto em países em desenvolvimento, como a China, essa relação é de apenas 2,5 toneladas por habitante; na Índia é ainda menor, 900 kg por habitante. A história da discussão sobre mudanças climáticas
6 Até chegar a Copenhague, final de 2009, um longo caminho foi percorrido. Veja as principais etapas das negociações sobre o clima: 1972: A Conferência Mundial de Estocolmo considerada pela primeira vez que a produção e o alto consumo dos países ricos são uma das causas da degradação da natureza. Essa perspectiva marca uma nova etapa da preocupação ambiental no planeta. 1987: O Relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, traz o conceito de desenvolvimento sustentável. Sua proposta é compatibilizar o crescimento econômico com equilíbrio ambiental, de maneira a garantir a satisfação das necessidades das gerações presentes e futuras. 1992: ECO 92: Ocorrida no Rio, a Conferência mundial lança documentos que abordam a defesa da questão ambiental em várias frentes. A Convenção- Quadro da ONU sobre Mudança de Clima estabelece as bases para os documentos de controle de emissões de gases do efeito estufa. 1995: COP1 (Conferência das Partes) em Berlim. As conferências das partes são as reuniões anuais da Convenção do Clima para concretizar o tratado. A COP1 iniciou a negociação de metas e prazos para a redução de emissões de gases do efeito estufa. 1997: COP3 em Kyoto, no Japão. Culminou com a adoção do Protocolo de Kyoto, que estabelece as metas de redução para as nações ricas, chamadas países do Anexo : COP6 em Haia, na Holanda. As negociações são suspensas pela falta de acordo entre, especificamente, a União Europeia e os Estados Unidos, em assuntos relacionados com as formas de absorver carbono e com as atividades de mudança do uso da terra. 2001: COP6 1/2 (Bonn) e COP7 (Marrakesh). As negociações são tomadas. Mas há a saída dos EUA da negociação, sob a alegação de que os custos para sua economia. Os EUA também discordam da inexistência de metas para os países em desenvolvimento. 2005: COP11 (Montreal). O protocolo de Kyoto entra em vigor com a adesão da Rússia, com a qual se atinge a soma de nações responsáveis por 55% do total de emissões mundiais de gases do efeito estufa. Os Estados Unidos não aceitam fixar metas e ficam fora da aplicação do protocolo. 2007: COP13 (Bali). Pela primeira vez, a questão das florestas é incluída na decisão final. O Mapa do Caminho de Bali estipula como chegar a um novo acordo em Compenhague. Cientistas do IPCC afirmam que a temperatura do planeta subiu 0,76ºC no século XX e que, se o processo continuar, as consequências podem ser dramáticas. 2009: A reunião em Compenhague (COP15) deveria estabelecer os rumos de um acordo internacional que substituiria o Protocolo de Kyoto, cujo prazo de validade termina em Não se consegue chegar a um acordo. A decisão fica adiada para a COP16, na Cidade do México, marcada para dezembro de Estados Unidos e China Os EUA retornaram às negociações do clima, depois de ter abandonado Kyoto, mas apresentaram uma proposta tímida de corte de emissões. A China, uma das maiores emissoras de carbono, não aceita de maneira alguma o controle nem metas. Esses foram dois dos principais entraves que levaram a Conferência de Copenhague ao fracasso. Brasil Diferentemente de outros países que contribuem para o aumento do efeito estufa pela dependência excessiva de combustíveis fósseis, o Brasil emite gases de efeito estufa principalmente por causa do desmatamento na floresta Amazônica. A política nacional de mudanças climáticas estabelece a meta de redução do desmatamento da floresta em 80% até o ano Referências Bibliográficas ALMEIDA, L. Marina A. & RIGOLIN, Tércio B. Fronteiras da Globalização. São Paulo. Ática AMABIS, J.M. & MARTHO, G. R. Biologia das Populações. 2ª ed, São Paulo. Ática A QUESTÃO AMBIENTAL. Busca em: Acesso em 20/06/10. COELHO, Marcos de A. & TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo. Moderna GARCIA, H. C. & GARAVELLO, T. M. Geografia. São Paulo. Scipione MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico. 47º ed., São Paulo. Ática MOREIRA, J. C. & SENE, E. Geografia. São Paulo. Scipione
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