LITERATURA. PROF(a). REBEKKA MENEZES
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1 LITERATURA PROF(a). REBEKKA MENEZES
2 // QUESTÃO 01 Porque a realidade é inverossímil Escusando-me1 por repetir truísmo2 tão martelado, mas movido pelo conhecimento de que os truísmos são parte inseparável da boa retórica narrativa, até porque a maior parte das pessoas não sabe ler e é no fundo muito ignorante, rol no qual incluo arbitrariamente você, repito o que tantos já dizem e vivem repetindo, como quem usa chupetas: a realidade é, sim, muitíssimo mais inacreditável do que qualquer ficção, pois esta requer uma certa arrumação falaciosa3, a que a maioria dá o nome de verossimilhança. Mas ocorre precisamente o oposto. Lê-se ficção para fortalecer a noção estúpida de que há sentido, lógica, causa e efeito lineares e outros adereços que integrariam a vida. Lê-se ficção, ou mesmo livros de historiadores ou jornalistas, por insegurança, porque o absurdo da vida é insuportável para a vastidão dos desvalidos que povoa a Terra. 1 escusando-me desculpando-me 2 truísmo verdade trivial, lugar comum 3 falaciosa enganosa, ilusória João Ubaldo Ribeiro Diário do Farol. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
3 // QUESTÃO 01 Para justificar a repetição de algo já conhecido, o autor se baseia na relação que mantém com os leitores. Com base no texto, é possível perceber que essa relação se caracteriza genericamente pela: a) insegurança do autor b) imparcialidade do autor c) intolerância dos leitores d) inferioridade dos leitores
4 // QUESTÃO 02 Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos: Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste. Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
5 // QUESTÃO 02 a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores. b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido. c) escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor. d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores. e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
6 // QUESTÃO 03 Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor. Lembro-me de que certa noite eu teria uns quatorze anos, quando muito encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam carneado. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto. VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
7 // QUESTÃO 03 Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura, a) criar a fantasia b) criar o belo. c) permitir o sonho. d) fugir da náusea. e) denunciar o real.
8 // QUESTÃO 04 A memória é a gaveta dos guardados. A frase acima expressa a importância das experiências individuais na criação artística. A passagem do texto em que mais facilmente se percebe o vínculo entre memória e obra de arte é: a) A obra só se completa e vive quando expressa. b) Nos meus quadros, o ontem se faz presente no agora. c) Lanço-me na pintura e na vida por inteiro. d) A percepção do real tem a concreteza, a realidade física.
9 // QUESTÃO 05 Escrever pode ser, ou é, a necessidade de tocar a realidade que é a única segurança de nosso estar no mundo o existir. É difícil, se não impossível, precisar quando as coisas começam dentro de nós. Esse parágrafo relaciona-se com o parágrafo anterior pela associação de: a) registro e dor. b) texto e verdade. c) escrita e passado. d) literatura e solidão.
10 // GABARITO 1. D 2. A 3. E 4. B 5. C
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