A VISÃO DE UM CIDADÃO COMUM XX ( O Factor Cipriota )

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Heitor Fortunato Lage
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1 A VISÃO DE UM CIDADÃO COMUM XX ( O Factor Cipriota ) Nuno Melo A duas semanas das eleições legislativas Gregas, com todo o risco que as mesmas representam para a União Europeia e para a Zona Euro, eis que surgem notícias alarmantes da vizinha Espanha e do Chipre. A situação económico-financeira e social em Espanha têm vindo a agravar-se nas últimas semana: com os juros da sua divida soberana a roçarem os 7%, o desemprego, que actualmente ronda os 25% da sua população activa, o valor mais alto registado na União Europeia e na Europa, bem como a sua aparente incapacidade de resgatar o seu sector financeiro. Estima-se que serão necessários 40 mil milhões de euros para resgate supra mencionado, o que em boa parte poderá explicar a razão pelo qual o Banco Central Europeu (BCE) não compra divida soberana dos países da UE há 12 semanas. Embora a posição oficial de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, seja que a Espanha não necessita de um resgate financeiro, vai piscando o olho a frau Merkel quando afirma publicamente: "A Espanha vai sair da tormenta com esforços próprios e com o apoio dos nossos parceiros comunitários" ao mesmo tempo que utiliza o mesmo argumento com que o povo Helénico esgrima, advertindo que não está em jogo apenas o futuro económico de Espanha, mas a continuação da própria união monetária europeia. Enquanto decorre este namoro entre o executivo Espanhol e o Alemão as notícias não oficiais, são no mínimo de fazer soar todos os alarmes: o The Wall Street Journal noticia que o FMI já começou a trabalhar num cenário que contemple um resgate de Espanha que orçará os 300 mil milhões de euros, faseado por três anos. O Banco de Espanha anuncia uma fuga de capitais de Espanha no valor de 100 mil milhões de euros só entre Janeiro e Março de 2012, ao mesmo tempo que

A situação económico-financeira e social em Espanha têm vindo a agravar-se nas últimas semana: com os juros da sua divida soberana a roçarem os 7%, o desemprego, que actualmente ronda os 25% da sua

2 os líderes de dois dos maiores bancos espanhóis, o Sabadell e o Bankinter, falam já abertamente da possibilidade de Espanha recorrer aos fundos europeus de emergência, para financiar a recapitalização do sector bancário. A presidenteexecutiva do Bankinter diz mesmo que pode não haver alternativa ao resgate financeiro. Se a situação Espanhola, por ser demais conhecida da opinião pública não choca muito, já a do Chipre choca e muito como teremos hipótese de constatar nos parágrafos seguintes. Comecemos por fazer uma breve introdução a este país, com dados recolhidos na Wikipédia que de seguida transcrevo, no sentido de poupar os menos familiarizados com o país em questão: CHIPRE Localização: A ilha de Chipre está situada no Mar Mediterrâneo, 113 quilômetros ao sul da Turquia, 120 km a oeste da Síria, 150 km a leste da ilha grega de Kastelorizouma. História: Depois de sucessivamente ocupado por fenícios, egípcios, assírios, persas, gregos e romanos durante a antiguidade, Chipre foi dominado pela República de Veneza desde 1489 até à invasão dos turcos otomanos em Pelo Congresso de Berlim, a ilha passou à administração britânica a 12 de julho de 1878, sendo convertida oficialmente em colónia em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial. Em 1930 começam as primeiras revoltas a favor da enosis (união de Chipre com a Grécia) e, nos fins da Segunda Guerra Mundial, os greco-cipriotas aumentam a pressão para o fim do domínio britânico. Em 1960, Chipre, Grécia e o Reino Unido assinam um tratado que declara a independência da ilha, ficando os britânicos com a soberania das bases de Akrotiri e Dhekelia. Makarios assume a presidência, mas a constituição indicava que os turco-cipriotas ficariam com a vice-presidência, com poder de veto, o que dificultou o funcionamento do estado e as relações entre greco-cipriotas e turco-cipriotas, desembocando em explosões de violência intercomunitária em 1963 e A 15 de julho de 1974 um golpe pró-helénico depôs o governo legítimo, o que provocou a reacção de Turquia, que, utilizando-se da suposta defesa dos interesses dos turco-cipriotas, invadiram e até hoje ocupam militarmente a parte norte da ilha, ocupação esta que já fora declarada ilegal inúmeras vezes pelo Conselho de Segurança da ONU, cujas resoluções ordenavam a retirada imediata das tropas turcas. Esta foi a origem da República Turca de Chipre do Norte, um estado de facto que só é reconhecido pela Turquia e pela Organização da

Se a situação Espanhola, por ser demais conhecida da opinião pública não choca muito, já a do Chipre choca e muito como teremos hipótese de constatar nos parágrafos seguintes.

3 Conferência Islâmica. Deste então, o Estado Turco vem tentando modificar a etnia da ilha, trazendo centenas de milhares de turcos (os quais não têm origem cipriota) e habitam as casas dos greco-cipriotas refugiados de guerra que fugiram da morte sem nada levar. A República de Chipre é aceite como membro da União Europeia em 2004, ao mesmo tempo que se aplica um plano para a reunificação apoiado pelas Nações Unidas, apesar de um referendo em que 76% dos greco-cipriotas terem votado contra. Economia: A economia de Chipre está claramente afectada pela divisão da ilha em dois territórios. Tem uma economia altamente vulnerável, mais estabilizada depois da entrada na União Europeia, com uma forte dependência do sector serviços e problemas de isolamento com respeito ao resto da Europa. Nos últimos vinte e cinco anos, Chipre passou a depender da agricultura (onde só a produção de cítrinos tem relativa importância comercial), a ter uma estrutura mais conforme com o contexto europeu, com uma presença importante do sector industrial que sustenta a maior parte das exportações e emprega ao 25% da população. Cerca de 70% depende do sector serviços, e em concreto do turismo. A localização geográfica próxima ao Oriente Médio provoca grandes oscilações de ano em ano ao tempo de converter-se em destino turístico. A frota de navios com matrícula cipriota é a quarta mais importante do mundo e reporta volumosos rendimentos. Em 1 de Janeiro de 2008 a República do Chipre adoptou também o Euro como moeda local, menos de quatro anos após entrar para a União Europeia. Feitas as apresentações, chegamos à situação actual: a República do Chipre está pela segunda vez em quatro anos à beira de um resgate. Na segunda-feira passada o Panicos Demetriades, governador do banco central cipriota, numa entrevista ao "Financial Times" disse que o Chipre, se está a esforçar por arranjar 1,8 mil milhões de euros para injectar na segunda maior instituição de crédito do país, o Banco Popular do Chipre, até dia 30 de Junho. "Quanto mais nos aproximamos da data limite, menos improvável é pedir um resgate financeiro afirmou. A esta altura muitos dos leitores estarão a interrogar-se: Ok! É só mais um país do Euro em apuros, mas porque raio é que este tipo está a dar tanta importância a este país? Nem me lembro ouvir falar no primeiro resgate ao Chipre...

guerra que fugiram da morte sem nada levar.

4 Poucos ouviram falar do primeiro resgate, primeiro porque oficialmente ele não existiu, segundo porque foi feito por empresários Russos e não pela Troika. Um artigo publicado no The Guardian em Fevereiro deste ano alertava para a crescente influência que dezenas de milhares de russos estão a exercer no Chipre, onde já detêm cerca de 25% do total dos depósitos bancários e representam cerca de um terço do investimento estrangeiro no país. O mesmo artigo vai ainda mais longe ao estabelecer relações entre a máfia russa e o estado cipriota, denunciando que a ilha se tornou um paraíso para a lavagem de dinheiro e uma plataforma logística nas jogadas de poder do Kremlin no médio e próximo oriente. Esta proximidade entre Moscovo e Nicósia seria menos preocupante não fosse o caso de Portugal ter dois contingentes militares na zona (Líbano e Afeganistão). Para aqueles que possam pensar que se trata de algum alarmismo da minha parte, o citado artigo do Guardian começava de noticiar que um carregueiro russo com 60 toneladas de munições para AK-47 e lança-foguetes cujo o destinatário não era, nem mais nem menos, que o governo sírio, tinha passado por Limassol com a bênção do executivo cipriota, pese embora fosse uma quebra flagrante do embargo aos fornecimentos de caráter militar ao regime sírio que, desde o ano passado, tem estado violentamente empenhado em alvejar e matar os seus cidadãos e manifestantes contra o regime. Assim temos, em jeito de resumo, uma nova preocupação para juntar à já débil situação da União Europeia prestes a implodir um fortalecimento da influência Russa no Mediterrâneo Oriental e Médio Oriente com tudo o que acarreta de nefasto. A nível nacional a situação continua-se agravar diariamente tanto a nível económico como social, o desemprego agrava-se, a pobreza atinge valores que não víamos /vivíamos há mais de 40 anos e continuamos a viver na esperança que seremos salvos/poupados se enfiarmos a cabeça na areia e fingirmos que está tudo bem...a novela das secretas começa a ganhar contornos de ter existido uma tentativa de tomada do poder por parte daqueles que deveriam estar vigilantes para que isso nunca acontecesse. É caso para se dizer que a Pátria e a democracia estão doentes, com os seus órgãos infestados de parasitas, parasitas esses que elevarão a doença a um

depósitos bancários e representam cerca de um terço do investimento estrangeiro no país.

5 estado terminal se nada for feito para os erradicar. Mas como tantas vezes acontece em Portugal faltam médicos...profissionais dignos desse nome e não apenas licenciados com uma bata e estetoscópio ao pescoço. Um abraço, Nuno Melo

..profissionais dignos desse nome e não apenas

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