MEMÓRIAS DA FAPSI. Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas

Transcrição

1 MEMÓRIAS DA FAPSI Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas A faculdade de Psicologia começou sua história em 1959, quando a UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS criou o Instituto de Psicologia, antecipando-se à regulamentação da profissão que aconteceu em 29 de agosto de Desde seu início muitas histórias e vivências marcaram e marcam o exitoso percurso acadêmico e de formação profissional e porque não, pessoal celebrando a maturidade da entrada nos sessenta anos, a Faculdade vem partilhar essas histórias nesse documento, dividindo com toda a comunidade a história viva presente nos discursos, vivências e experiências dos professores, exprofessores, funcionários e ex-funcionários. Tais discursos revelam, através da sensibilidade de cada relato, os atravessamentos afetivos, políticos, éticos, teórico-práticos e sobretudo humanos, contidos no fazer formativo do Psicólogo e Psicóloga da Faculdade de Psicologia da PUC Minas.

2 MEMÓRIAS DA FAPSI Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas Professora da PUC Minas Carla de Abreu Machado Derzi conta, através do seu depoimento um pouco da própria história na PUC Minas Ingressei na PUC (Unidade São Gabriel) a partir de um processo de seleção. Naquela época, apresentava o título de mestre, pelo Departamento de Psicanálise, da Universidade de Paris VIII e já estava cursando o programa de doutoramento naquela mesma Instituição. A minha escolha pelo exercício da docência na Universidade PUC Minas se deve ao efeito da formação que obtive no curso de Psicologia da PUC Minas (Unidade Coração Eucarístico). As influências da minha trajetória como discente contribuíram de forma profícua na minha vida profissional. Após o egresso do curso de bacharelado, percebi que os estágios na Clínica Escola de Psicologia e extra-muros vivenciados no decorrer da minha formação foram de grande valia para o exercício da profissão. Agradeço à Universidade, pela minha formação, e principalmente, por compor um corpo docente com experiência clínica e transmissões teóricas precisas que me possibilitaram a construção de meu percurso tanto na Universidade quanto fora dela. Na minha trajetória na Universidade, enquanto docente, recolhi vários frutos oferecidos pela Instituição. Primeiramente, encerrei meu doutorado na Universidade de Paris VIII, pelo Departamento de Psicanálise, com apoio do programa de PPCD (Programa Permanente de Capacitação de docente), permitindo atualmente estar na categoria de Adjunto IV. Publiquei um livro na França a partir da minha tese de doutorado. Esta Universidade me permite, além de lecionar disciplinas teóricas e clínicas, transmitir e construir um saber clínico pelo exercício do cargo de supervisora na clínica. A parceria com o estágio no colégio Izabela Hendrix também foi possível graças ao meu cargo de professorsupervisor nesta instituição.

3 Ademais, exerci alguns cargos administrativos, como coordenação de monografia, por duas vezes no curso de Psicologia e participei, junto com um grupo de professores, na construção de um projeto de eventos da Clínica-Escola. Organizei, juntamente com o Prof. Hélio Cardoso, dois destes eventos na Clínica-Escola. Criei, juntamente com o Prof. Hélio Cardoso e Profª Cristina Marcos, o projeto pedagógico do curso de especialização em Clínica Psicanalítica. Atualmente, o Prof. Hélio Cardoso, Prof. Flávio Durães e eu somos coordenadores, professores, e supervisores da Clínica Escola deste mesmo curso. Estamos completando a nossa décima turma. Organizamos eventos semestralmente, não apenas para os alunos deste curso, mas abertos a todos os discentes do curso de psicologia. Alguns eventos, inclusive, contaram com a presença de convidados internacionais, e também com a parceria do Programa de Pós Graduação desta Universidade e do Instituto Raul Soares. Como professora, destaco que leciono na graduação, na pósgraduação lato sensu, e frequento, esporadicamente o programa de pósgraduação stricto sensu nesta Instituição, já que participo de bancas examinadoras de dissertação de mestrado. A Universidade me coloca a trabalho, na medida em que publico artigos em revistas qualis, participo de eventos e congressos nacionais e internacionais, apresento trabalho em Instituições de Psicanálise e ainda, participo de Projetos de Pesquisa. Sou revisora de periódico, e exerço a atividade clínica no consultório particular. Prosseguindo com repostas às perguntas desta Faculdade, em relação às dificuldades encontradas no meu percurso profissional, destaco a perda de carga horária na Universidade. Sempre leciono uma quantidade menor de horas-aula do que a quantidade de horas aprovada por provimento interno. Além disso, encontro certas dificuldades em institucionalizar projetos pessoais, ou seja, gostaria de compartilhar os frutos do meu percurso profissional com a Universidade. Como exemplo, gostaria de

4 tentar contribuir no processo de internacionalização da Universidade, já que tenho trilhado este caminho na minha trajetória pessoal. Desde o meu ingresso na Universidade, acredito que ela se sustenta baseada em um tripé: Pesquisa, Ensino e Extensão. A Clínica- Escola no curso de Psicologia é o lugar privilegiado para a sustentação deste tripé. Extensão, pelo fato da Clínica-Escola atender a comunidade, podendo se tornar uma das referências dentre outros serviços de Saúde Mental dos Municípios. Ensino, pois a Clínica-Escola possibilita ao aluno aprender com a prática, aprender a partir da experiência, através das supervisões, discussão, construção do caso clínico. Na supervisão fica evidente o hiato existente entre o saber teórico e o saber em jogo na Clínica, pois aqui não é o lugar para se aprender apenas um conjunto de regras e técnicas ou, simplesmente, interpretar. É um lugar para se criar novas possibilidades de pensar. Trata-se de um outro ensino transmitido pela Clínica-Escola, o saber clínico. Na Clínica presentifica-se a singularidade do caso, subvertendo o caso padrão do ensino formal universitário. O saber sobre a Clínica é da ordem do singular. Assim, pelo fato de cada caso escapar de uma teoria generalizada, a pesquisa acontece, já que o supervisor e os alunos são afetados pela falta de saber e se colocam a trabalho para a construção do caso. Minha formação profissional não é apenas teórica, ou melhor, é clínica. A teoria é sustentada pela clínica e derivada desta última. A clínica é fundamental para a formação do Psicólogo. Assim sendo, gostaria de expandir minha contribuição na clínica, pois na minha área, psicanálise, a clínica é preponderante. Portanto, acredito que a pesquisa, o ensino e a extensão devam integrar a meta de internacionalização da PUC. Penso que poderia encontrar caminhos mais fáceis para realizar esta meta, levando em consideração a minha área, pela via da clínica. De qualquer forma, ressalto que sempre trabalhei e continuo trabalhando para o crescimento da Universidade e que estas dificuldades encontradas estão sendo relatadas com o objetivo de uma maior contribuição pessoal na Instituição. A PUC me possibilitou não apenas criar parcerias com colegas de trabalho na Universidade, como também

5 parcerias com outras Instituições nacionais e estrangeiras. Espero que consigamos também sustentar parcerias com Instituições universitárias no exterior, embora acredite que as parcerias entre as Instituições se sustentarão de forma mais primorosa se houver professores internacionais afinados com o nosso trabalho, trabalho este baseado no nosso saber clínico-teórico. Agradeço à Universidade pelo convite em participar das memórias FAPSI e pelas perguntas elaboradas e enviadas que me orientaram na redação deste texto. Carla de Abreu Machado Derzi Fevereiro de 2017