Aula 01. Apresentação do Professor:
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- Maria de Lourdes Faria
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1 Curso/Disciplina: Direito Administrativo Aula: Apresentação da Disciplina e Introdução ao Estado Gerencial Brasileiro - Aula 01 Professor (a): Luiz Jungstedt Monitor (a): Kelly Silva Aula 01 Apresentação do Professor: Facebook Luiz Jungstedt II. É utilizado com o propósito de divulgar conteúdo jurídico. Assim, o Prof. informa que, caso o aluno tenha alguma dúvida a ser esclarecida, é para utilizar o do curso Master, tendo em vista que ele utiliza o Facebook tão somente para divulgar conteúdos que considera importantes. Sumário: 1 Estado Gerencial Brasileiro; 2 Princípios e Poderes Administrativos; 3 Manifestação de Vontade da Administração Pública; 4 Servidor Público; 5 Responsabilidade do Estado; 6 Bens Públicos; 7 Intervenção do Estado na Propriedade. No presente curso será estudado o Direito Administrativo material. Outros professores do Master trabalham com a parte processual, a exemplo do Prof. Mauro, que tem um curso excelente de Mandado de Segurança, e do Prof. Samuel, que fala em Tutela Coletiva e em Probidade Administrativa. O ponto 1 (Estado Gerencial Brasileiro) é um conteúdo enorme. O Estado Gerencial Brasileiro possui três grandes setores: primeiro, segundo e terceiro setor. É nesse ponto que serão trabalhados Administração Direta, Autarquia, Empresa Estatal, Fundação Pública, concessão e permissão de serviço público, OS, OSCIP. É um contexto enorme. O ponto 2 (Princípios e Poderes Administrativos) é muito importante. Princípio responde aquela indagação que surpreende durante a prova. Se preparar para concurso público é se preparar para responder
2 o que você não sabe, pois é o que compõe a grande maioria das questões. Assim, o candidato tem que estar preparado para responder o que não sabe, e um dos caminhos para isso são os princípios. Encontrando um princípio para responder a questão, o candidato consegue recordar a matéria e desenvolver sua resposta. No Direito Administrativo, tão importante quanto os princípios são os poderes administrativos, em que se destaca o poder de polícia, que é fundamental e está ligado ao poder de império do Governo na defesa da coletividade. O ponto 3 (Manifestação de Vontade da Administração Pública) também é um ponto enorme, pois existem três manifestações de vontade: (I) a manifestação unilateral de vontade, que é o ato administrativo; (II) a manifestação bilateral de vontade, que é o contrato administrativo; e (III) a manifestação multilateral de vontade, que são os convênios. Na manifestação bilateral de vontade, além dos contratos, também se deve estudar o que vem antes, que é a licitação. Ou seja, esse ponto é tão grande quanto o ponto 1. O ponto 4 (Servidor Público) não fecha o curso, mas fecha a estrutura do Direito Administrativo. Ou seja, esses 4 pontos são a espinha dorsal do Direito Administrativo: como ele se estrutura (ponto 1), como ele se manifesta com o mundo jurídico (pontos 2 e 3) e quem faz essa manifestação pelo Governo (ponto 4). Fechado esses quatro pontos, será dado continuidades aos demais. Os pontos 5 (Responsabilidade do Estado) e 6 (Bens Públicos) não são matérias tão extensas, apesar da sua importância. O ponto 7 (Intervenção do Estado na Propriedade) é uma matéria enorme. Desapropriação, que é a forma mais conhecida de intervenção, é quase um curso inteiro, tendo em vista a sua extensão. Nesse ponto serão estudados limitação, servidão, ocupação, tombamento, requisição. Bibliografia: Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo. Ed. Gen/Atlas. José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo. Ed. Gen/Atlas. Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo. Ed. Malheiros. Todo ano são publicadas as novas edições dos livros acima indicados. Dentre os três, o Prof. afirma que o que lhe parece mais adequado para todo e qualquer concurso público é o livro da Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Contudo, caso a pessoa que esteja estudando não se adéque bem ao livro da Di Pietro, o
3 Prof. também indica, para todo e qualquer concurso, o livro do José dos Santos Carvalho Filho. Ele afirma que o livro é espetacular, pois qualquer informação que se precisa saber está no Manual dele. A terceira indicação, Antônio Bandeira de Mello, é o autor mais consagrado no Brasil em Direito Administrativo. Ele é muito politizado e traz isso em sua obra, e o candidato deve ter o cuidado de não trazer questões políticas para hora da prova. O Prof. afirma que não tem problema o candidato escolher outra obra, desde que leia. Mas pede para escolher um Curso de Administrativo e ter um grande autor como referência. O Prof. também indica as seguintes obras: Hely Lopes Meirelles. Ed. Malheiros; Diógenes Gasparini. Ed. Saraiva. Ambos continuam atualizados por outros autores e são livros excelentes. O Prof. também indica: Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Porém, ele é conciso (o que não é bom pra algumas pessoas, tendo em vista ser necessária uma base excelente). Ademais, o Prof. afirma ser necessário ter uma compilação de Direito Administrativo. Tal pode, inclusive, ser levada para provas discursivas. Por fim, a dica dada pelo Prof. é: não tenha pressa em passar em concurso público. O importante é estudar todo dia, ter rotina, ter constância. ESTADO GERENCIAL BRASILEIRO
4 A CRFB/88 vai definir o nosso rumo no Direito Administrativo no momento em que ela define as atribuições do Governo, da Administração. Há uma discussão se Governo seria sinônimo de Administração. Em regras gerais, seguindo as lições de Hely Lopes Meirelles, Governo é um gênero do qual Administração Pública é uma espécie. O Governo abocanharia todos os Poderes da República, enquanto que Administração está ligada a um dos Poderes da República, que é o Poder Executivo. Quando a Constituição define as atribuições do Governo e da Administração Pública, nós vamos saber o que a Constituição deseja do Estado. O Prof. busca essa resposta no título VII da CRFB. No capítulo I do referido título serão destacados os artigos 170, 173, 175 e 174 em nosso estudo. Vamos enxergar no art. 170 da CRFB as atribuições para a realização da atividade econômica. Vamos ver que o objetivo é entregar a atividade econômica à iniciativa privada, e não ao Estado. É o chamado Estado Neoliberal. Art A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [ ] IV livre concorrência;
5 [ ] Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Ou seja, o livre exercício da atividade econômica é um direito assegurado a todos, independentemente de autorização do poder público. Assim, é assegurada a livre iniciativa, a livre concorrência e o livre exercício. A conclusão é que cabe ao cidadão realizar essa atividade. O que se quer é que o cidadão empreendedor assuma a atividade econômica. exceção. O art. 173 da CRFB até admite o Estado como agente econômico, mas, nitidamente, em grau de Art Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Assim, a atuação do Estado como agente econômico somete será admitida por imperativos de segurança nacional e por relevante interesse público. Quando o Estado for fazer atividade econômica, será mediante as empresas estatais prestadoras de atividade econômica. Desse modo, empresa estatal não pode mais ser criada por conveniência administrativa, por conveniência e oportunidade do Governo. Ela só poderá ser criada por imperativo de segurança nacional ou relevante interesse público que assim justifique.
6 O Decreto-lei nº 200/67, em seu art. 5º, conceitua empresa pública, sociedade de economia mista, as entidades da administração indireta. Deste modo: Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: [ ] II Empresa Pública a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) O termo acima sublinhado não foi recepcionado pela CRFB/88, pois não é mais por contingência ou conveniência. Ademais, a lei nº /16 (Estatuto da Estatal), em seu art. 2º, exige que a lei que autoriza a criação da estatal deixe clara a razão constitucional de sua criação. Art. 2º [ ] 1º A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia mista dependerá de prévia autorização legal que indique, de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal. O Prof. recorda que em 1991 o MP do Estado do RJ fez a seguinte pergunta: pode o Estado do Rio de Janeiro criar uma empresa pública para realizar atividade de restaurante de comida típica regional? Ou seja, não é restaurante social, que é fundamental. Restaurante de comida típica regional é atividade econômica, e não social. Assim, para o Estado do Rio de Janeiro criar um restaurante de comida típica regional, ele tem que provar que o mesmo está sendo criado por imperativos de segurança nacional (o que não é o caso) ou por relevante interesse coletivo (que é um conceito jurídico indeterminado). O examinador pontuou muito bem quem disse que não pode por não estar nas duas possibilidades permitidas pela Constituição para o Estado assumir a atividade de restaurante. Assim, não é papel do Estado fazer a atividade econômica. Esta é papel do empresariado. O Estado desempenha atividade econômica somente em caso de exceção.
7 É aqui que está o berço da desestatização. No concurso público não importa a opinião pessoal do candidato quanto ao ser ou não favorável à desestatização, tendo em vista se tratar de posição política. O que interessa para fins de concurso é saber se tem fundamento jurídico a desestatização, conforme arts. 170 e 173 da CRFB. Quando da promulgação da CRFB/88, a União tinha mais de 500 empresas estatais fazendo atividade econômica. A primeira lei que regulou a desestatização criou o Programa Nacional de Desestatização (PND) e foi no governo Collor, mediante a lei nº 8.031/90. Atualmente, a referida lei foi revogada e a desestatização é regulada pela lei nº 9.491/97 do governo FHC. Isso no âmbito federal. Os estados possuem as suas próprias leis de desestatização, que trazem o Programa Estadual de Desestatização (PED). A Constituição, quanto à atividade econômica, na mesma ordem econômica, no mesmo título VII, em relação ao serviço público, induziu a desestatização. Art Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. O que esse artigo sugere é que o poder público faça parcerias com a iniciativa privada, mediante concessão ou permissão, para que a execução do serviço público seja realizado pela iniciativa privada. O Prof. afirma que isso também é desestatização (gênero do qual a privatização é a espécie mais conhecida). A concessão e a permissão do serviço público são espécies de desestatização. O art. 2º da lei nº 9.491/97 traz o objeto da desestatização:
8 Art. 2º Poderão ser objeto de desestatização, nos termos desta Lei: [ ] III serviços públicos objeto de concessão, permissão ou autorização; A ideia é o Estado deixar de ser o executor. Com os artigos 170, 173 e 175 da CRFB conclui-se que o que a Constituição não quer na ordem econômica é o Estado executor, pois ele é péssimo executor (quer na atividade econômica, quer no serviço público). O que a ordem econômica deseja do Estado será questionamento da próxima aula.
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