A Inteligência Relacional e a BNCC. A Inteligência Relacional e a BNCC
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- Glória Delgado
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1 A Inteligência Relacional e a BNCC 1
2 O texto da BNCC leva em conta que, no novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Assim afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral, reconhecendo que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global. Tudo isso implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas, que privilegiam apenas, por exemplo, a dimensão intelectual. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto considerando-os como sujeitos de aprendizagem e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. A metodologia de Educação Emocional e Social da Inteligência Relacional está inserida neste conceito de educação integral, que vai além dos conteúdos curriculares e alcança novos formatos de educar para a vida, e se alinha, direta ou indiretamente, a todas as competências gerais da educação básica previstas pela BNCC. Em cada um dos livros da coleção são privilegiados aspectos que dialogam com essas competências, incorporando o conteúdo de educação emocional e social ao currículo, seja de modo inter ou transdisciplinar. 2
3 Competências gerais da educação básica e suas correlações com a metodologia de Educação Emocional e Social Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A Educação Emocional e Social da Inteligência Relacional desenvolve nos educandos a motivação, responsabilidade e autonomia necessárias para os processos de aprendizagem ao longo da vida. Também incentiva a colaboração com a aprendizagem dos demais e o reconhecimento da importância do conhecimento para todos os contextos da sua vida escolar, de trabalho, de relacionamentos - e para intervir na sociedade. Também está relacionada à busca e compartilhamento de informações de forma ética, à consciência sobre o quê, como e por que aprender, ao diálogo sobre as diferentes ideias e pontos de vista. Considera, igualmente, a importância do compartilhamento e construção coletiva de conhecimento, bem como a compreensão e respeito a valores, crenças e contextos sociais, políticos e multiculturais que influenciam a sua produção. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. A metodologia da Inteligência Relacional considera que as competências intelectuais ou cognitivas se inter-relacionam às competências socioemocionais, melhorando os índices de aprendizagem dos educandos durante todas as etapas de seu desenvolvimento. Assim, no que concerne ao desenvolvimento do pensamento científico, crítico e criativo, a educação emocional e social corrobora para que os educandos, conforme prevê a BNCC, experimentem diversos caminhos, avaliem e testem opções, para colocar ideias em prática com confiança, prevejam possibilidades, aprendendo com erros e acertos, avaliem e assumam riscos e saibam lidar com as incertezas para colocar ideias complexas em prática. 3
4 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artísticocultural. A Educação Emocional e Social promove a fruição das artes e da cultura pelos educandos para que vivenciem, compreendam e valorizem sua própria identidade e contextos sociais, culturais, históricos e ambientais, desenvolvendo sentimento de pertencimento. Os materiais propiciam o reconhecimento de emoções e expressão de sentimentos, ideias, histórias e experiências por meio das artes, a identificação e discussão do significado de eventos e manifestações culturais e da influência da cultura na formação de grupos e identidades. Estimulam o senso de identidade individual e cultural, a curiosidade, abertura e acolhimento a diferentes culturas e visões de mundo, ao mesmo tempo em que ressaltam importância de manter, celebrar, respeitar e valorizar tradições e manifestações culturais para o desenvolvimento da identidade pessoal, nacional e dos grupos, demonstrando flexibilidade para transitar por diferentes culturas. Os educandos, assim, tornam-se capazes de dialogar sobre questões desafiadoras, respeitando e valorizando a diversidade cultural e o direito que todos têm de serem considerados. Utilizar diferentes linguagens verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. A metodologia incorpora atividades e práticas que dialogam com a competência geral da BNCC relacionada à comunicação, em todas as suas dimensões: Compreensão e processamento do que é dito por outras pessoas com atenção, interesse, abertura, ponderação e respeito; expressão de ideias, opiniões, emoções e sentimentos com clareza; compartilhamento de informações e experiências com diferentes interlocutores; domínio de aspectos retóricos da comunicação verbal com garantia de compreensão do receptor; expressão de ideias originais com clareza, conectando-as com as ideias de seus interlocutores e promovendo o entendimento mútuo. Além disso, a Inteligência Relacional adota em seus conteúdos os fundamentos da teoria Comunicação Não Violenta (CNV), ou comunicação compassiva e empática, proposta pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosemberg. É uma técnica de falar e escutar as pessoas de modo a concentrar nossa atenção em seus sentimentos e necessidades, mesmo em situações difíceis e conflituosas. 4
5 4 passos da Comunicação Não Violenta (CNV) Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Observação Observar o que de fato está acontecendo, sem julgamentos. Minhas Necessidades Deixar claro quais são os nossos desejos e necessidades em relação à situação. Sentimento Distinguir com clareza o que sentimos em relação à situação observada, sem culpar aos outros ou a nós mesmos. Pedido Formular estratégias concretas, como um pedido específico, deixando claro o que queremos das outras pessoas para atender nossas necessidades. O século XXI nos trouxe diversos desafios relacionados à produção e circulação de informações, notícias e diversos tipos de conteúdo veiculados na internet, que podem se transformar em motivo de conflito nas relações e até de casos de cyberbullying. Assim, nos meios virtuais, a criança e o adolescente se deparam com decisões a serem tomadas que envolvem questões éticas. O conteúdo dos livros da Inteligência Relacional se alinha aos pressupostos da BNCC, que ressaltam a necessidade de se saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades. 5
6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Educandos(as) que têm a oportunidade de receber uma consistente educação emocional e social ao longo do ensino básico lidam melhor com suas emoções e interagem socialmente de maneira mais harmoniosa em todas as esferas de sua vida, incluindo o mercado de trabalho e a construção de um projeto de vida. Facilita-se, assim, a compreensão do valor e utilização crítica de estratégias de planejamento e organização, com estabelecimento e adaptação de metas e caminhos para realizar projetos presentes e futuros; manutenção de foco, persistência e compromissos; compreensão do valor do esforço e do empenho para alcance de objetivos e superação de obstáculos, desafios e adversidades; fortalece-se o investimento na aprendizagem e no desenvolvimento para melhoria constante e para a construção de redes de apoio. Desenvolve-se, igualmente, confiança na capacidade de utilizar fortalezas e fragilidades pessoais para superar desafios e alcançar objetivos, capacidade de lidar com estresse, frustração, fracasso, ambiguidades e adversidades para realizar projetos presentes e futuros; busca e apreciação de atividades desafiadoras. A Educação Emocional e Social também auxilia os processos de autoavaliação do educando, com a reflexão contínua sobre seu próprio desenvolvimento e sobre suas metas e objetivos; consideração de devolutivas de pares e adultos para análise de características e habilidades que influenciam sua capacidade de realizar projetos presentes e futuros. No mundo do trabalho, constrói-se uma visão ampla e crítica sobre dilemas, relações, desafios, tendências e oportunidades na contemporaneidade, bem como a identificação do espectro amplo de profissões e suas práticas, e o reconhecimento do valor do trabalho como fonte de realização pessoal e transformação social. Facilita-se a análise de aptidões e aspirações para realizar escolhas profissionais mais assertivas, a capacidade para agir e se relacionar de forma adequada em diferentes ambientes de trabalho e o acesso a oportunidades diversas de formação e inserção profissional, além do estabelecimento de perspectivas para a vida profissional presente e futura. 6
7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Por meio dos grupos de diálogo que fazem parte da metodologia dos materiais de Educação Emocional e Social, os educandos desenvolvem com mais facilidade as seguintes subdimensões desta competência geral: desenvolvimento de opiniões e argumentos sólidos, por meio de afirmações claras, ordenadas, coerentes e compreensíveis para o interlocutor; desenvolvimento de inferências claras, pertinentes, perspicazes e originais, observação dos diferentes pontos de vista; expressão de pontos de vista divergentes com assertividade e respeito; escuta e aprendizagem com o outro. Também se interessam mais pelo diálogo sobre questões globais, compreendendo as inter-relações entre problemas, tendências e sistemas ao redor do mundo. No que concerne à consciência socioambiental, reconhecem a importância e apresentam visão sólida e atitude respeitosa em relação a essas questões, além de se engajarem com mais facilidade na promoção dos direitos humanos e da sustentabilidade social e ambiental. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo- se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. A coleção, por meio de sua metodologia, aborda consistentemente esta competência geral em seus materiais, ampliando o conhecimento e as práticas do educando referentes à Educação Emocional e Social para uma vida mais plena e saudável. Promove, assim, a consciência coerente e integrada sobre si mesmo e sobre como sua identidade, perspectivas e valores influenciam em suas tomadas de decisão. Propicia ao educando a compreensão e desenvolvimento de pontos fortes e fragilidades de maneira consciente, respeitosa, assertiva e constante para alcançar realizações presentes e futuras; a utilização de seus conhecimentos, habilidades e atitudes com confiança e coragem para aprimorar estratégias e vencer desafios presentes e futuros; o reconhecimento de emoções e sentimentos, bem como da influência que pessoas e situações exercem sobre eles; a manutenção de equilíbrio em situações emocionalmente desafiadoras; a avaliação de necessidades e riscos relativos à saúde, com incorporação de estratégias para garantir bem-estar e qualidade de vida; e a capacidade de lidar com mudanças físicas e emocionais relativas ao crescimento. Com as práticas de quietude e atenção propostas pela metodologia são desenvolvidas competências para a manutenção da atenção plena dos educandos e o desenvolvimento da autorreflexão. 7
8 Capacidade de adotar comportamentos apropriados e responsáveis para enfrentar de maneira satisfatória os desafi os diários da vida. 5 Competência de Vida e Bem-estar 1 Consciência Emocional Capacidade de tomar consciência das próprias emoções e das emoções dos outros, incluindo a capacidade de perceber o clima emocional de uma determinada situação. Capacidade para manter boas relações com as outras pessoas. 4 Competência Social 3 Autonomia Emocional 2 Regulação Emocional Capacidade de lidar com as emoções de maneira apropriada. Conjunto de características e elementos relacionados com a gestão de si, incluindo autoestima, atitude positiva perante a vida, responsabilidade, capacidade de analisar criticamente as normas sociais, capacidade de buscar ajuda e autoefi cácia emocional. BISQUERRA, R. Psicopedagogía de las Emociones. Madrid: Sintesis,
9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. A Educação Emocional e Social da Inteligência Relacional incorpora em sua metodologia todas as dimensões previstas na BNCC para a aprendizagem dos educandos relativas a esta competência geral: Reconhecimento, valorização e participação em grupos e contextos culturalmente diversos; interação e aprendizado com outras culturas; combate ao preconceito e respeito à diversidade; compreensão da emoção dos outros (empatia) e do impacto de seu comportamento nos demais; relativização de interesses pessoais para resolver conflitos que ameaçam a necessidade de outros ou demandam conciliação; compreensão de motivações e pontos de vista do outro; atuação em favor de outras pessoas e comunidades; utilização de diálogo para interagir com pares e adultos; construção, negociação e respeito a regras de convivência para melhoria do ambiente; trabalho em equipe, planejando, tomando decisões e realizando ações e projetos de forma colaborativa; mediação e negociação para evitar e resolver desentendimentos. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Competência amplamente abordada em nosso material pedagógico, que inclui o desenvolvimento das seguintes dimensões no processo de aprendizagem dos educandos: posicionamento sólido em relação a direitos e responsabilidades em contextos locais e globais, extrapolando interesses individuais e considerando o bem comum; tomada de decisão de forma consciente, colaborativa e responsável; consideração de fatores objetivos e subjetivos na tomada de decisão, com avaliação de consequências de suas ações; identificação e incorporação de valores importantes para si e para o coletivo; atuação com base em valores pessoais apesar das influências externas; reconhecimento e ponderação de valores conflitantes e dilemas éticos antes de se posicionar e tomar decisões; participação ativa na proposição, implementação e avaliação de solução para problemas locais, regionais, nacionais e globais; liderança corresponsável em ações e projetos voltados ao bem comum; interesse e disposição para lidar com problemas do mundo real que demandam novas abordagens ou soluções. Fontes consultadas: - Coleção Liga Pela Paz Inteligência Relacional. - Base Nacional Comum Curricular. Brasil. Ministério da Educação (2017) - Dimensões e Desenvolvimento das Competências Gerais da BNCC. Movimento pela Base; Center for Curriculum Redesign. (Abril/2018). 9
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