A APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA: REFLEXÕES SOBRE O PROGRAMA PRÓ-LETRAMENTO
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1 Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: XXII Semana de Pedagogia X Encontro de Pesquisa em Educação 05 a 08 de Julho de 2016 A APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA: REFLEXÕES SOBRE O PROGRAMA PRÓ-LETRAMENTO CASTRO, Caroline Fernanda Teixeira caroline_28_09_94@hotmail.com SILVA, Ana Paula Bergo anapaula-bergo@hotmail.com MONTAGNOLI, Gilmar gamontagnoli@uem.brr Eixo Temático Formação de professores e intervenção pedagógica Universidade Estadual de Maringá INTRODUÇÃO No presente artigo são analisados aspectos do Programa de Formação Continuada Próletramento. O Pró-Letramento é um programa de formação continuada de professores que visa a melhoria da qualidade de aprendizagem de leitura, escrita e matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O Programa é realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com universidades participantes da Rede Nacional de Formação Continuada. Os participantes são professores do Ensino Fundamental em exercício que atuam nas escolas públicas. Em caráter semipresencial, o Programa utiliza material impresso e em vídeo, as atividades desenvolvidas presencialmente e a distância são acompanhadas por professores e tutores. O curso tem duração de 120 horas com encontros presenciais e atividades individuais com duração de 8 meses. Considerando o objetivo do Programa, que é oferecer suporte à ação pedagógica dos professores, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem, buscamos compreender o seu funcionamento, especialmente em sua proposta sobre a aquisição do sistema de escrita (fascículo 1: Capacidades linguísticas: alfabetização e letramento, unidade 21; as capacidades linguísticas de alfabetização). A iniciativa se justifica pela relevância que é
2 pensar as ações no âmbito da alfabetização no Brasil. É necessário analisar os caminhos almejados no discurso oficial e sua implementação, a fim de atingir melhores resultados em sala de aula. Para tanto, estrutura-se o presente texto em duas partes: uma que apresenta o Pró- Letramento de maneira mais geral e outra com ao Fascículo 1, intitulado: Capacidades linguísticas: alfabetização e letramento. Nesse momento, o que é proposto é analisado com base em elementos teórico-práticos. ASPECTOS GERAIS DO PRÓ-LETRAMENTO Programa de formação continuada de professores do governo federal, o Pró- Letramento visa a melhoria da qualidade de aprendizagem de leitura, escrita e matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com universidades participantes da Rede Nacional de Formação Continuada, tem como público alvo professores do Ensino Fundamental em exercício que atuam nas escolas públicas. O Programa utiliza material impresso e em vídeo e as atividades desenvolvidas são acompanhadas por professores e tutores. O curso tem duração de 120 horas com encontros presenciais e atividades individuais com duração de 8 meses. O Pró-Letramento visa atender a 5 objetivos, sendo eles: Oferecer suporte à ação pedagógica dos professores, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem; Propor situações que incentivem a reflexão e a construção do conhecimento como processo contínuo de formação docente; Desenvolver conhecimentos que possibilitem a compreensão da matemática e da linguagem e de seus processos de ensino e aprendizagem; Contribuir para que se desenvolva na escola uma cultura de formação continuada; Desencadear ações de formação continuada em rede, envolvendo universidades, Secretarias de Educação e Escolas Públicas dos Sistemas de Ensino (BRASIL, 2008). A estrutura do Programa acontece de forma integrada: MEC, Universidades e Sistemas de Ensino, sendo que cada um tem sua função no desenvolvimento das atividades. O MEC é o coordenador do Programa a nível nacional. É responsável por elaborar diretrizes e critérios para a organização dos cursos e garantir recursos financeiros para a elaboração e reprodução dos materiais e a formação de tutores. As Universidades são responsáveis pelo desenvolvimento e produção dos materiais para os cursos, pela formação e orientação do professor e do tutor, pela coordenação dos seminários e certificação dos participantes. Os
3 Sistemas de Ensino, por sua vez, têm a função de coordenar, acompanhar e executar as atividades do Programa. O material utilizado é dividido em 7 fascículos: Fascículo 1 : Capacidades Linguísticas: alfabetização e letramento. Fascículo 2: Alfabetização e letramento: Questões sobre avaliação. Fascículo 3: A organização do tempo pedagógico e o Planejamento do Ensino. Fascículo 4: Organização e uso da Biblioteca Escolar e salas de leitura. Fascículo 5: O lúdico na sala de aula: projetos e jogos. Fascículo 6: O livro didático na sala de aula: algumas reflexões. Fascículo 7: Modos de falar / Modos de escrever. A análise realizada no texto tem como foco o primeiro fascículo, porém consideramos necessário apresentar os demais na busca de uma visão do todo do material. É possível observar a preocupação com aspectos diversos que envolvem o processo de alfabetização e letramento da criança. No Fascículo 2, Alfabetização e letramento: Questões sobre avaliação, apresenta aspectos da avaliação nos anos iniciais do ensino fundamental. O texto apresenta duas dimensões de avaliação: técnica e formativa, considerando ainda que o processo de avaliação permeia o processo de alfabetização. O fascículo 3 A organização do tempo pedagógico e o Planejamento do Ensino analisa relatos de experiência e situações de ensino aprendizagem visando compreender a organização do tempo e o planejamento das atividades desempenhadas pelos professores. Apresenta como base o relato de uma professora que mostra o trabalho de leitura e escrita, necessários no processo de alfabetização, mas vinculado ao uso real dos materiais impressos. Não deixando de lado o projeto da escola, a organização do tempo pedagógico pelo professor, deve atender as necessidades que cada uma das realidades apresenta. Organização e uso da biblioteca escolar e salas de leitura no fascículo 4 encontramos a importância da biblioteca escolar e salas de leitura, planejando sistematicamente, para que todos os educandos se apropriem do sistema alfabético. Vemos que a falta de espaço não é um problema para os professores, já que o próprio fascículo apresenta ideias para superar esta dificuldade ao sugerir visita a bibliotecas, ou a confecção de um acervo pessoal. O fascículo 5 O lúdico na sala de aula: projetos e jogos apresenta jogos que vão potencializar as habilidades dos alunos relacionadas a alfabetização, que é o sistema de escrita. Os jogos atenderão turmas de diferentes idades e momentos de aprendizagem, no
4 entanto, o fascículo não deixa de apresentar a importância do planejamento do professor na hora de desenvolver uma das atividades propostas, visto que o professor é mediador e responsável por direcionar o aluno ao conhecimento. O fascículo 6 O livro didático em sala de aula: algumas reflexões apresenta o livro didático como suporte da prática pedagógica. Apresenta a importância dos diferentes gêneros textuais e suas implicâncias no processo de aprendizagem do sistema de escrita alfabética, valorizando o uso do real, ou seja, textos que apresentam as características necessárias dos gêneros, e que são de vivências dos alunos. O último fascículo tem como título Modos de falar/modos de escrever onde integra as duas práticas: fala e escrita. Leva em consideração a experiência de uma professora do Distrito Federal com uma prática de produção de texto, levando em consideração a oralidade e comunicação dos alunos e apresenta também a possibilidade do uso de textos produzidos coletivamente, onde os alunos utilizam da prática de falar, e o professor, a prática do escrever, utilizando o sistema de escrita alfabético, levando-os a uma compreensão de como se organiza a língua. Passemos, na sequência, à análise do Fascículo 1: Capacidades Linguísticas: alfabetização e letramento, com o objetivo de compreender o processo de aquisição da linguagem escrita pela criança vislumbrado no documento. O PRÓ-LETRAMENTO E A APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA Chamamos o processo de apropriação do sistema de escrita de alfabetização que é caracterizado como o processo de aprendizagem do sistema gráfico das letras, ou seja, o aprender a escrever, ou a desenhar as letras. Outro processo fica intrínseco a este, mas denomina outras habilidades: o letramento. O termo surgiu em 1980, tendo como finalidade: a Necessidade de reconhecer e nomear práticas de leitura e escrita mais avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita. (SOARES, 2003, p. 6). Desta forma, o letramento e a alfabetização por vezes são confundidos, até por serem trabalhados de forma vinculada, sendo que um surgiu decorrente do outro, e é indiscutivelmente dependente, pois para letrar é necessário alfabetizar: O despertar para a importância e necessidade de habilidades para o uso competente da leitura e da escrita tem sua origem vinculada à aprendizagem inicial da escrita, desenvolvendo-se basicamente a partir de um questionamento do conceito de alfabetização [...] (SOARES, 2003, p. 7).
5 A entrada da criança na escola marca o início do processo de alfabetização e letrmaneto, a partir de agora, a criança será ensinada a desenvolver o sistema de escrita e seu uso no cotidiano. Devemos considerar que o educando chega a escola já com uma experiência adquirida fora da sala de aula, e o que ele sabe/conhece, não pode ser deixado de lado, uma vez que é capaz de assimilar ideias. É importante destacarmos então qual a relevância desses dois processos que vão acompanhar a criança nos próximos três anos de ensino escolar, visto que é uma exigência do Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Aos oito anos de idade, as crianças precisam ter compreensão do funcionamento do sistema de escrita; o domínio das correspondências grafofônicas, mesmo que dominem poucas conversões ortográficas irregulares e poucas regularidades que exijam conhecimentos morfológicos mais complexos; a fluência de leitura e o domínio de estratégias de compreensão e produção de textos. (BRASIL, 2012). No Ensino Fundamental é importante que o aluno faça uma diferenciação entre as formas de escrita e formas de expressão gráfica. Para isso é necessário que este processo seja trabalhado dentro de sala de aula, fazendo a criança distinguir letras/desenhos, letras/rabiscos, letras/números, letras/símbolos, gráficos com setas, asteriscos, sinais matemáticos e etc. Toda a esta diferenciação deve ser estabelecida no primeiro ano de alfabetização. Os professores podem abordar este tipo de conhecimento utilizando: livros, revistas e outros impressos das diferenças gráficas entre o texto e o desenho entre a escrita alfabética e os ícones de sinais. Quanto à distinção das letras e números, pode ser proposto que os outros levantem hipóteses sobre a presença do símbolo que representam o número no calendário, lista telefônica, folha de preços de mercadoria. Algo muito importante que deve ser considerado na fase inicial no processo de alfabetização é que os símbolos da leitura obedecem a certos princípios de organização, como a direção da leitura, começar da esquerda para a direita e de cima para baixo. Para nós isso parece muito obvio, mas para quem está iniciando a alfabetização é difícil de entender certas convenções a serem seguidas. A fala e a escrita são produzidas linearmente, isto é, som depois de som, ou letra depois de letra, palavra depois de palavra, frase depois de frase. O importante nesta fase é perceber que a linearidade na maioria das vezes acontece de maneiras diferentes tanto na fala quanto na escrita. Neste caso quando pronunciamos uma frase ela parece aos nossos ouvidos uma cadeia continuar, que por sua vez não se distingue os limites entre as palavras. É
6 importante nesta fase que o professor leia em voz alta e apontar cada palavra e sinal ao final de cada frase. O conhecimento do alfabeto também é fundamental no processo de alfabetização. São 26 letras com as quais é possível escrever qualquer palavra da língua portuguesa. Convém observar no processo de ensino que cada letra tem pelo menos uma relação com um som que ela pode representar na escrita. Assim, o domínio do nome da letra pode auxiliar na leitura, na compreensão da grafia da palavra. Todas as letras devem estar visíveis em sala de aula para que, quando necessário, tenha um modelo para ser consultado. A identidade funcional da letra para o processo de alfabetização é que o aluno precisa aprender que não pode se escrever qualquer letra em qualquer posição em uma palavra. Aprender o alfabeto representa desenvolver as capacidades especificas conforme se trate de ler e escrever. Mesmo que o foco do alfabeto seja a letra, pode se propor atividades que situe as letras nas sílabas em palavras e textos. Depois de apresentar o alfabeto para criança e ela fazer o reconhecimento do mesmo, o professor pode começar introduzir as diferentes letras, um exemplo destas é a letra maiúscula e a letra cursiva. O aluno deve saber que além de representar estilos individuais de traçar as letras, a letra cursiva ajuda com que ele escreva com mais rapidez. A criança deve entender o principio geral que regula a escrita, a relação grafemafonema. É de suma importância que ela compreenda que os fonemas são representados por grafema na escrita. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo estudo realizado pode-se considerar que o programa de formação continuada de professores analisado, o Pró-Letramento, avança ao estabelecer, padronizar e perseguir elementos importantes do processo de alfabetização e letramento. Considerando que o Programa visa a melhoria da qualidade de aprendizagem de leitura, escrita e matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as medidas sistematizadas são bem-vindas. A parceria estabelecida entre Universidade e Educação Básica é considerada produtiva no sentido de atuar na formação continuada de professores. Trata-se de uma relação que precisa ser incentivada e aprimorada de modo a oferecer suporte à ação pedagógica dos professores, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem.
7 Especificamente na proposta sobre a aquisição do sistema de escrita do Pró- Letramento, (fascículo 1: Capacidades linguísticas: alfabetização e letramento, unidade 21; as capacidades linguísticas de alfabetização), foco do artigo, é possível apontar a preocupação com as questões que envolvem os processos de alfabetização e letramento no Brasil. Tratando tais processos de maneira articulada, acreditamos ser possível conquistar melhorias nos resultados das avaliações realizadas no Brasil. Enfim, o Pró-letramento é uma iniciativa que realmente funciona quando se trata de formação pedagógica, afinal o que é apresentado pode ser utilizado em sala de aula, mas o que temos atualmente são professores acomodados com o ensino e que raramente buscam outras alternativas para desenvolver capacidades em seus alunos. As atividades que deveriam buscar a efetiva alfabetização e letramento dos educandos são apresentadas em diversas formas, visando auxiliar o professor no momento de sua prática, e basta ao professor o papel de desempenhar sua função em sala de aula, buscando o melhor para seus alunos.
8 REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. 6 Brasília: ME, BRASIL. Rede Nacional de Formação Continuada de Professores. Disponível em < Acesso 26 jun BRASIL. MEC. SEED. Pró-Letramento - Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Brasília: MEC, SOARES, M. As Muitas Facetas da Alfabetização. Universidade Federal de Minas Gerais SOARES, M. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. 26ª Reunião Anual da ANPEd. Poços de Caldas, Disponível em < Acesso 16 nov 2015.
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