Núcleo Regional de Minas Gerais: o desafio de se tornar um fórum de discussão sobre barragens
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1 Núcleo Regional de Minas Gerais: o desafio de se tornar um fórum de discussão sobre barragens Reportagem: CLÁUDIA RODRIGUES BARBOSA Newsletter CBDB - O que diferencia o Núcleo Regional de Minas Gerais (NR/MG) dos demais? Teresa Cristina - Segundo o Relatório de Segurança de Barragens (RSB) emitido pela Agência Nacional das Águas (ANA) em 2011, Minas Gerais possui um dos maiores números de barragens cadastradas no Brasil, totalizando barragens. O estado mineiro apresenta 246 barragens de resíduos industriais, o que é considerado um registro muito importante no País. Além disso, em Minas Gerais estão mais de 43% do universo das barragens de mineração brasileira. Isto é de se esperar tendo em vista o significativo papel desempenhado pela indústria de mineração na economia estadual. O estado também dispõe de parcela considerável de barragens para geração de energia. As 284 barragens deste setor correspondem a 23% do total do País. Rodrigo de Melo Esta grande variação na finalidade das barragens do estado faz com que o Núcleo de MG receba contribuições de várias áreas de conhecimento, como abastecimento de água, mineração e geração de energia. Isto certamente o diferencia dos demais. Newsletter CBDB - Quais são as vantagens e dificuldades trazidas por esta presença marcante de barragens construídas para diferentes finalidades? Aloysio Portugal Maia Saliba Uma das vantagens é a abertura de um espaço para troca de experiência entre os diversos setores. O Núcleo de MG pode ser este espaço. Teresa Cristina Por exemplo, o setor minerário se antecipou à lei de Segurança de Barragens, regulamentando, por meio do Conselho Estadual de Política Ambiental (Deliberação Normativa COPAM nº 62), em 2002, o cadastramento das barragens de rejeitos, resíduos e acumulação de água. O documento estabeleceu ainda critérios de classificação das barragens quanto ao dano potencial. Cléber José de Carvalho Os debates desta legislação estadual poderiam ter contribuído de maneira mais significativa na elaboração da Lei /2010, a chamada Lei de Segurança de Barragens. Carlos Barreira Martinez Entendo que esta é uma das maiores dificuldades do Núcleo. Propor palestras e atividades que sejam de interesse dos vários setores da economia e proprietários de barragens. Muitas
2 vezes as pessoas não percebem a pluralidade de áreas de conhecimento importantes no projeto, construção e operação de barragens. Segurança de barragens é um assunto que exige uma pluralidade de especialidades interconectadas. Newsletter CBDB - Qual o principal projeto que o núcleo está desenvolvendo neste momento? Acabamos de formar a primeira turma em Planejamento da Construção de Obras Hidráulicas. Saliba E estamos começando a formatar um curso de Dimensionamento de Extravasores. Pretendemos movimentar o núcleo, instigando os associados e não associados a conhecer os diversos aspectos que envolvem as barragens brasileiras. Martinez Estamos trabalhando na formatação de cursos que não existem disponíveis no mercado. Melo Além disso, estamos planejando a realização de cursos de curta duração sobre temas associados a Barragens em Minas Gerais Para acessar o relatório completo CLIQUE AQUI
3 barragens, com certificado de participação conferido pelo CBDB. A proposta é promover minicursos com carga horária de três a quatro horas, para permitir atualização profissional e maior aproximação dos jovens associados. Newsletter CBDB - Como você projeta o setor levando em conta o panorama atual e as expectativas para Minas Gerais? Carvalho - O Estado de Minas Gerais tem uma vocação para a atividade minerária e o armazenamento de água com benefícios reconhecidos para o Brasil. As expectativas são promissoras quando olhamos para o que necessita ser feito para manter o padrão de armazenamento em Minas e no País. Quando olhamos para o que foi executado nos últimos anos, observamos que deixamos de construir usinas com reservatórios para usos múltiplos para construir usinas a fio d água. A crise energética, já conhecida desde 2001/2002, somada com a crise hídrica atual, causa a impressão de que a engenharia foi colocada em segundo plano. A engenharia já havia alertado para o crescimento da demanda por energia e do consumo humano e as ações para resolver o problema não foram tomadas. Nem sequer uma campanha de redução do consumo foi realizada, atitude mais barata e com resultados imediatos para se ganhar tempo enquanto executamos as obras de infraestrutura do setor, geralmente plurianuais. Portanto, a expectativa é que façamos o uso racional dos bens públicos (água e energia). Enquanto isso, desenvolver projetos e implantálos é o grande desafio ou o nosso tema de casa. Saliba Estamos vivendo um período de grandes desafios para o setor por conta de questões climáticas e políticas. Nos momentos de crise, o meio técnico é chamado a contribuir para a identificação dos problemas e indicação de possíveis medidas para sua solução ou, ao menos, controle. Particularmente, nosso Estado tem sido fortemente afetado pela estiagem, o que tem causado um ambiente de conflito entre os diversos usuários de seus reservatórios. Além disso, nosso setor mineral também tem grande dependência dos recursos hídricos superficiais. Vejo um futuro de desafios na compatibilização dessas demandas por recursos hídricos e novas alternativas de disponibilidade hídrica que podem ser permanentes em um cenário de mudanças climáticas. Newsletter CBDB E como tem sido a participação dos associados? Teresa Cristina O Núcleo de Minas Gerais é o que possui maior número de associados no País. Entretanto, a participação efetiva é muito pequena. É interessante notar a baixíssima participação dos associados jovens nas palestras que são promovidas a cada dois meses. Melo Os participantes mais assíduos são os de cabeça branca. Com isso, temos várias discussões riquíssimas e de alto nível técnico, mas os mais jovens não tem aproveitado estas oportunidades. Teresa Cristina O nosso sonho é fazer com que o CBDB se torne um ponto de referência e um fórum importante para discussão dos assuntos relacionados ao projeto, construção e operação de barragens, quaisquer que sejam as suas finalidades. Nosso sonho quer ainda que os associados se reúnam e discutam propostas de normas, leis e regulamentações, enviando sugestões concretas para os órgãos fiscalizadores e audiências públicas, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da engenharia de barragens no Brasil!
4 Perfil da Diretoria TERESA CRISTINA FUSARO Diretora Regional Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1984, especialista em Estruturas pela UFMG em 1986, especialista em Estudos, Projetos e Construção de Pequenas Hidrelétricas pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá em 1988 e mestre em Geotecnia de Barragens pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em Carreira desenvolvida na área de operação e manutenção de estruturas civis de geração, com ampla experiência no monitoramento da segurança de barragens e estruturas civis associadas, tendo atuado como gerente de Segurança de Barragens e Manutenção Civil no período de 2005 a Responsável pelo estabelecimento das diretrizes e metodologias de Segurança de Barragens da Cemig GT e pela coordenação dos processos de segurança de barragens, incluindo inspeções rotineiras, regulares, formais e revisões de segurança, coleta dos dados da instrumentação, manutenção e análise da instrumentação do portfólio de 54 barragens operadas e mantidas pela Cemig neste período. CLÉBER JOSÉ DE CARVALHO Vice-diretor Regional Graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Kennedy em 1988, especialista em Engenharia de Barragens pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em 1991 e Geotecnia em Atuou na área de manutenção de estruturas civil de geração de energia com foco em segurança de barragens, monitoramento e instrumentação, no período de 1988 a Responsável pelo Laboratório de Solos da Cemig GT no período de 1997 a 2006, programou e executou ensaios de caracterização e ensaios especiais, aplicáveis aos projetos da Cemig e de clientes proprietários de barragens e mineradoras. Atua na coordenação da Engenharia do Proprietário para empreendimentos de geração utilizando a metodologia da gestão de projetos para as especialidades aplicáveis aos projetos, civil, elétrica, mecânica, telecomunicação e socioambiental, a partir de Acompanhamento da implantação de empreendimentos, avanço físico, com foco no plano de negócios aprovado. CARLOS BARREIRA MARTINEZ Diretor Técnico Regional Possui graduação em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia Civil de Itajubá (1984), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá (1988) e doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (1994). Atualmente é professor associado IV da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Participa dos seguintes grupos de Pesquisa: i) Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Energia (Líder em parceria com prof. Dr. Silva, S.R.); ii) Grupo de pesquisa Rede de Estudos Avançados de Limnoperna fortunei (Líder em parceria com profª Drª Vidigal, T.H.D.A.) Tem experiência na área de Fontes Renováveis de Energia e Planejamento Energético. Também tem atuação na área de pequenas e micro centrais hidrelétricas, mecanismo de transposição de peixes, mexilhão dourado, transposição de peixes, sistema fluído mecânicos e modelagem física. É pesquisador 1c do CNPq (CAEN). Tem mais de 250 publicações em congressos nacionais e internacionais e 50 artigos publicados em revistas brasileiras e estrangeiras. Orientou 16 teses de doutorado e 24 dissertações de mestrado.
5 ALOYSIO PORTUGAL MAIA SALIBA Diretor de Comunicações Regional Graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1995, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos também pela UFMG em 2000 e doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos em Carreira desenvolvida na área de Recursos Hídricos, com ampla experiência no desenvolvimento de atividades envolvendo recursos hídricos superficiais e subterrâneos tais como, estudos hidrológicos, dimensionamentos hidráulicos de estruturas hidráulicas de barragens, desvio de rio, vertedouros e estruturas de drenagem superficial; Ampla experiência na supervisão e coordenação técnica de trabalhos na área de recursos hídricos; Ampla experiência na elaboração de planos de manejo e balanço hídrico de reservatórios de barragens de rejeitos e diques de contenção de sedimentos; Ampla experiência na concepção e projeto de barragens para captação de água e disposição de rejeitos de mineração, nas diversas fases de vida do projeto (conceitual, básico e executivo); Vivência na área de geotecnia, principalmente no tocante à concepção, análise numérica e dimensionamento de sistemas de drenagem interna; Vivência no acompanhamento da implantação de obras de drenagem superficial e de estruturas hidráulicas de barragens de rejeitos e diques de contenção de sedimentos. RODRIGO DE MELO Secretário Geral Trabalha há mais de 10 anos como engenheiro geotécnico em projetos voltados para os setores de energia, sobretudo hidrelétricas, mineração e infraestrutura, atuando no desenvolvimento e coordenação de projetos e estudos. Já atuou em diversas fases de projeto desde conceituais, básicos, inventários/viabilidade até projetos executivos, além da elaboração de estudos e avaliação de projetos. Possui experiência em projetos geotécnicos de barragens, aterros, escavações, laboratório de solos, controle tecnológico de obras, análises de percolação e estabilidade de taludes, instrumentação e segurança de barragens, planos de monitoramento, planos de investigação geológica geotécnica, entre outras atividades. O Estado de Minas Gerais tem uma vocação para a atividade minerária e o armazenamento de água com benefícios reconhecidos para o Brasil. As expectativas são promissoras quando olhamos para o que necessita ser feito para manter o padrão de armazenamento em Minas e no País Nº de barragens no Brasil Minas Gerais 246 barragens de resíduos industriais 284 barragens de geração de energia 23% do total de barragens de geração de energia do Brasil 43% das barragens brasileiras de mineração
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