INFLUÊNCIA DE EVENTOS ENOS NA PRECIPITAÇÃO DE CAMPINAS, SP Leônidas Mantovani Malvesti 1 e Dr. Jonas Teixeira Nery 2
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- Jorge Ximenes Galindo
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1 INFLUÊNCIA DE EVENTOS ENOS NA PRECIPITAÇÃO DE CAMPINAS, SP Leônidas Mantovani Malvesti e Dr. Jonas Teixeira Nery RESUMO O objetivo desse trabalho foi analisar a variabilidade interanual e a influência de ENOS no município de Campinas, São Paulo. Gerou-se um índice trimestral, com base nos dados de precipitação pluvial obtido junto a Agência Nacional de Água, no período de 99 a 999 e correlacionou-os a valores de anomalias trimestrais do Oceano Pacífico Tropical. Os dados trimestrais foram obtidos através da National Weather Service, EUA. Palavras chave: precipitação, anomalia, índice, ENOS ABSTRACT The objective of this paper is to analysis the interanual variability and ENSO phenomena in Campinas city. Monthly rainfall data during the period 99 to 999. The correlation was used between anomaly of the temperature in Pacific Ocean and rainfall index in this city. Key-Words: rainfall, anomaly, index, ENSO INTRODUÇÃO Muitos pesquisadores consideram que o fenômeno ENOS constitui uma oscilação de vários meses de amplitude que afeta o conjunto do oceano Pacífico Intertropical (Wyrtki, 9). Numa primeira fase, os ventos alísios intensos concentram as águas quentes equatoriais no Pacífico oeste, com temperaturas superiores a ºC, desencadeando uma intensa convecção e chuvas intensas na área da concentração dessas águas. Os ventos alísios de leste tendem a debilitar-se, podendo mudar de sentido, soprando de oeste para leste, observando-se uma afluência de águas anormalmente quente sobre a costa ocidental da América do Sul e Pacífico tropical oriental. O episódio El Niño tem lugar durante uma mudança brusca entre ambos os sistemas de circulação. Em 99, Rodolfo Rodriguez, da Universidade de Piura, definia El Niño como o debilitamento ou inversão dos ventos superficiais ao longo do Pacífico equatorial causado pela mudança nas pressões atmosféricas. Esses ventos tendem a soprar de oeste para leste, provocando o deslocamento das águas aquecidas para o flanco oriental do oceano Pacífico, alcançando à costa sul americana, tornando a região úmida e chuvosa. Ao colapsar, os ventos alísios no Pacífico equatorial ocidental mudam Aluno de graduação de Geografia da UNESP/Ourinhos leonidasgeo@gmail.com (CLIMA/CNPq) Professor de Geografia da UNESP/Ourinhos jonas@ourinhos.unesp.br (CLIMA/CNPq)
2 sua direção em º, chegando a se anular. Estas anomalias dos ventos de baixo nível estão associadas com a flutuação denominada Oscilação Sul, na atmosfera (Cavalcanti, 99 e Kousky, 99). A mudança brusca da circulação superficial equatorial do Pacífico gera uma perturbação oceânica, conhecida, como onda equatorial de Kelvin. Está comumente aceito que, no Pacífico Equatorial, as oscilações de baixa freqüência desempenham papel importante no transporte de energia e as ondas Kelvin são responsáveis por esse transporte desde a parte ocidental do Pacífico até o flanco oriental. Nos últimos anos, a América do Sul foi afetada por muitos episódios El Niño, sendo que os períodos de ocorrência do fenômeno El Niño ou anti-el Niño, calculado pelo Centro de Análises Climáticos da NOAA tem relação com o início e os valores negativos do IOS. O objetivo desse trabalho foi analisar a variabilidade interanual e a influência de ENOS no município de Campinas, São Paulo. METODOLOGIA Foram realizadas correlações lineares entre um índice de precipitação pluvial trimestral e a anomalia da temperatura do Oceano Pacífico Equatorial, dados trimestrais obtidos na National Weather Service, EUA. Com base em episódios quentes, do Centro de Previsão Climática da National Weather Service, EUA, calculado para um limiar de ± o C de temperatura, para o Oceano Pacífico, com valores acumulados cada três meses, relativos ao El Niño., na região o N o S, o a o W, O índice foi gerado através da expressão, sendo p o valor da precipitação pluvial para cada três meses e P o valor da precipitação pluvial média de todo o período analisado. A partir das correlações realizadas foram feitos ajustes polinomiais entre as séries significativamente correlacionadas. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Podem-se observar nos gráficos abaixo diversos ajustes, para diferentes períodos e com defasagem de um, dois e três trimestres, para cada evento. Esses ajustes foram realizados com base nos resultados obtidos nas correlações, Tabela I. Pode-se observar na Tabela I que a precipitação em Campinas sofre a influência de eventos ENOS, ainda que haja variabilidade de um evento para outro. Por exemplo: o evento ocorrido em 9- explicou % da chuva nesse município, considerando a
3 correlação entre a precipitação e a temperatura do oceano, já o evento ocorrido nos anos 9- explicou apenas %. Importante salientar que algumas defasagens apresentaram correlações altamente significativas, tais como no evento 9-, como na defasagem de três trimestres, a correlação linear foi de %, ou seja, a chuva ocorrida nesse período foi explicada pela ocorrência desse evento no Pacífico. Deve-se ressaltar que o evento El Niño 9-, considerado um dos mais intensos dos últimos anos, não redundou em precipitação intensa na região, mesmo para diferentes defasagens, o mesmo pode ser constatado no durante o evento TABELA I Correlação linear de alguns anos, dentro do período analisado. Ano SDef Def Def Def 9-9,,,, 9-9,,,, 9-9,,,, 9-9,,,, 9-9,,,, 99-99,,,, 99-99,,,9, Com base nessas correlações foram traçados alguns ajustes lineares e polinomiais (de segunda e terceira ordem), mostrando, mais uma vez, significativas variabilidade de evento para evento. Nas Figura,, e são apresentados ajustes para o evento ocorrido em 9-, podendo-se observar variabilidade de um índice em ralação aos outros. IPP() IPP()_DEF,,,,,,, ATSM(),,,,,,, ATSM() Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, sem defasagem trimestral. Figura Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de um trimestre.
4 IPP()_DEF IPP()_DEF,,,,,,,,,, ATSM() -,,,,,,,,,,, ATSM() Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de dois trimestres. Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de três trimestres. Outro evento que também não foi intenso no Pacífico, mas relaciona-se com parte da precipitação na região, ocorreu nos anos 9 a 9. Foi longo, mas não intenso. E explicou grande parte da chuva em Campinas, como se pode observar nos ajustes realizados (Figura, sem defasagem e, com defasagem de três trimestres). Estes ajustes são respectivamente polinomiais de ordem dois e três apresentando desta forma significativa variabilidade na explicação dessa precipitação. IPP()_DEF IPP()_DEF,,,,, ATSM() -, -,,,,,, ATSM() Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de dois trimestres. Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de três trimestres. Nas Figuras a, estão representados os ajustes para um período marcado pela ocorrência de um evento El Niño mais intenso no Oceano Pacífico, que provocou chuvas intensas na região Sudeste e Sul do Brasil. Essas chuvas ocasionaram perdas econômicas significativas nessas regiões, além de problemas sociais, devido principalmente ao transbordamento de rios que agravaram as condições de vida das populações ribeirinhas dessa área.
5 Campinas é uma grande área impermeabilizada marcada, através da presença do homem, pelas alterações em sua paisagem natural. Ao construir edifícios, modificar e impermeabilizar margens pluviais, córregos e rios o homem potencializou o escoamento superficial da precipitação pluvial e acelerou o assoreamento destes.. Porém, os ajustes mostram que a precipitação pluvial, sem e com defasagens trimestrais, não está totalmente explicada pela ocorrência desse evento de tamanha magnitude. IPP() -,,,,,,,,,,, ATSM() IPP()_DEF -,,,,,, ATSM() Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, sem defasagem trimestral. Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de um trimestre. Para a análise sem defasagem pode-se observar que % da chuva da área foi explicada pelo evento El Niño de 9 e 9 (Figura ). % na defasagem de um trimestre (Figura ), % na de dois trimestres (Figura 9) e % pela defasagem com três trimestres (Figura ). IPP()_DEF - -,,,,,,, ATSM() IPP()_DEF - -,,,,,,, ATSM() Figura 9 - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de dois trimestres. Figura - Ajuste polinomial para o evento 9-9, com defasagem de três trimestres.
6 IPP() IPP()_DEF,,,,,,,,,, ATSM(),,,,,, ATSM() Figura - Ajuste polinomial para o evento 99-99, sem defasagem trimestral. Figura - Ajuste polinomial para o evento 99-99, com defasagem de um trimestre. As Figuras a apresentam os ajustes para o El Niño dos anos de 99 a 99, também considerado um fenômeno intenso. Observou-se significativa variabilidade na precipitação pluvial ocorrida em Campinas e a associação à temperatura da superfície do Pacífico. Aproximadamente % da chuva ali ocorrida pode ser explicada devido ao evento sem defasagem (Figura ). A defasagem de um trimestre no índice de precipitação pluvial calculado, explicou que % da precipitação estava associada às anomalias positivas no Oceano Pacífico (Figura ). CONCLUSÃO O evento ENOS explicou as chuvas ocorridas no município de Campinas, apesar de existir significativa variabilidade de evento para evento durante o período analisado. Mesmo os anos em que não houve ocorrência dos eventos, essa variabilidade mostrouse significativa, com anos mais chuvosos e anos mais secos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALCANTI, I.F.A. GAN, M.A. Anomalous precipitation in Southern Brazil and ENSO events. Apresentado no Workshop sobre o fenômeno ENOS e a variabilidade climática nas escalas sazonal a interanual: Impactos socioeconômicos, previsão e aplicações ao processo de tomada de decisão. Florianópolis, 99. GRIMM, A.M.; GUETTER, A.K.; CARAMORI, P.H. El Niño Paraná: o que se pode esperar em cada região. Uma análise científica. Curitiba: Simepar, 99 (informativo ). KOUSKY, V. E., Seminário: Variabilidade atmosférica e oceânica durante a década do TOGA relacionada com o fenômeno El Niño- Oscilação Sul. CPTEC, /agosto. 99. WYRTKI, K.; MEYERS. G.. The trade wind field over the Pacific Ocean Part I: The mean field and the mean annual variation. Univ. Hawaii, Tech. Rept. HIG--, pp. 9
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