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1 I "-á ír SN,S/ ; ' W Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete do Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira raje ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N o /001 CAMPINA RA E RELATORA : Des o Maria das Neves do Egito de A. D. Ferr ir. APELANTE : Valdeque Felinto Araújo e Roseana Vilarim i entel Felinto ADVOGADOS: Thélio Farias e outra APELADOS : Bradesco Previdência e Seguros ADVOGADOS: Anna Carmem Medeiros Cavalcanti e Renato Tadeu Rondina Mandaliti APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE PECÚLIO. CANCELAMENTO DO CONTRATO. RESGATE. PERÍODO MÍNIMO DE CARÊNCIA. CUMPRIMENTO EM ALGUNS DOS CONTRATOS. RES iii UIÇÃO DEVIDA. PROVIMENTO PARCIAL. - É devida a restituição das parcelas pagas em caso de desistência de plano de pecúlio, desde que seja obedecido o período mínimo de carência, previsto contratualmente. VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados. ACORD A, a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, dar provimento parcial ao recurso apelatório. VALDEQUE FELINTO DE ARAÚJO e ROSEANA VILARIM PIMENTEL FELINTO ajuizaram ação ordinária de cobrança contra BRADESCO PREVIDÊNCIA E SEGUROS S/A, aduzindo, em síntese, que pactuaram vários planos de previdência privada e, ao desistirem de continuar com seus planos, solicitaram a restituição dos valores que foram pagos, mas o banco se negou a devolver tais valores, razão pela qual pleiteiam que lhes seja restituída a quantia paga, com a devida correção monetária pelo INPC/FGV, acrescida de juros moratórios de 12% (doze por cento) ao ano e compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano. Ao contestar, o demandado alegou, preliminarmente, a ocorrência de prescrição, sob o fundamento de que se trata de um contrato de seguro. No mérito

2 i ' afirma que não merece provimento o pedido dos autores, vez que m ser observadas as cláusulas contratuais; além. do mais, durante o período de ertura, os ' demandados estiveram protegidos por seguro de vida, o que, desde já, impede o resgate dos títulos. Sentenciando o feito, o douto Julgador de 1 grau julgou o pedido improcedente por entender que não há contribuição a ser devolvida, pois as contribuições quitadas pelos demandantes consistiram em contraprestação pelos riscos assumidos pelo demandado (fls. 124/126). Os promoventes, inconformados com a sentença, interpuseram a presente apelação (fls. 128/140), sob o fundamento de que não pode haver cláusula contratual que impossibite a devolução das prestações, pois seria uma afronta ao art. 51, II, do Código de Defesa do Consumidor. Suscitam, ainda, a abusividade da cláusula que só admite o resgate a partir de 36 (trinta e seis) parcelas, por entenderem que é abusiva, e, por fim, que a não devolução da quantia paga configura enriquecimento ilícito por parte do demandado. Contra-razões ofertadas às fls. 145/167. O Parquet, instado a manifestar-se, emitiu parecer para que se dê provimento parcial ao apelo, devendo ser devolvidos os valores, apenas, dos planos n , e É o relatório. _ VOTO: Des a MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA Relatora Os apelantes objetivam resgatar integralmente o valor das prestações adimplidas relativas aos planos de previdência privada que contrataram junto ao Bradesco Previdência e Seguros S/A, e sustentam a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e a abusividade da cláusula que admite o resgate quando pago mais de 36 (trinta e seis) parcelas. Ab inibo, verifica-se que, a teor do art. 3, 2, do CDC, existe entre as partes uma relação consumerista, sendo devida, portanto, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Além do mais, a incidência de tal dispositivo legal visa proteger o consumidor quando as cláusulas se revelam abusivas, dúbias (quando 411 a interpretação do fornecedor desfavorece o aderente) ou quando forem excessivamente desvantajosas para a parte hipossuficiente. No caso dos autos, não há que se falar em enriquecimento ilícito, nem, muito menos, em desequilíbrio contratual, no que tange ao estabelecimento do mínimo de contribuição para que seja possível o resgate das prestações que foram quitadas durante o período em que os promoventes efetivamente contribuíram para o plano de previdência privada. A cláusula relativa ao período de carência está redigida de forma clara e não conduz os recorrentes a erro. Relativamente à restituição integral dos valores pagos, temos que esta é indevida, devendo ser concedido aos promoventes apenas aquilo que obedeceu ao período de carência para resgate, eis que havia previsão contratual.

3 O regulamento prevê, no capítulo IV, que: " 1.0 participante que resolver deixe d; cagar a contribuição mensal relativa a inscrições c (t nta e seis) ou mais mensalidades pagas, desde q - decorridos, no mínimo, 36 (trinta e seis) meses do início de vigência, tem o direito de optar pelo resgate." Ademais, há que se observar que o cancelamento dos planos se deu em virtude de atraso no pagamento, sendo prevista contratualmente essa hipótese e, ainda, a restituição daquilo que obedeceu ao período de carência, na forma da cláusula 6.1. Vejamos: "6.1 - Esgotado o prazo para readmissão ao Plano sem que haja qualquer manifestação de sua parte, o participante terá sua Inscrição cancelada, sendo-lhe garantido o Resgate somente se à data da exclusão referida no item 5 anterior já contasse com 3 (três) ou mais anos de permanência no Plano e estivessem pagas, pelo menos, 36 (trinta e seis) contribuições mensais. Se estas condições não se verificarem o participante perderá em favor do Plano as contribuições pagas". Sobre o tema, em acórdão a seguir ementado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais já decidiu: "INDENIZAÇÃO - PRESCRIÇÃO - INÍCIO DO CONHECIMENTO DA RECUSA DO BENEFÍCIO - INEXISTÊNCIA. SENTENÇA EXTRA PETITA - NÃO CARACTERIZAÇÃO. PLANO DE PECÚLIO - INADIMPLEMENTO - EXCLUSÃO - CONTRATO DE RISCO - INEXISTÊNCIA DE OPÇÃO POR PENSÃO DE APOSENTADORIA DURANTE A COBERTURA - RESTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. PLANO DE RENDA - NÃO IMPLEMENTO DA CARÊNCIA - RESTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. A contagem da prescrição para recebimento de benefício de plano de renda e de PECÚLIO tem início, do conhecimento da recusa de pagamento pelo beneficiário. Decidindo o Julgador a lide dentro dos limites do pedido, não há que se falar em sentença extra petita. Ao inadimplente excluído do plano de PECÚLIO por morte não assiste o direito à restituição das contribuições pagas, salvo expressa disposição contratual, por tratar-se de contrato de risco. O beneficiário não faz jus à restituição de percentual do valor da reserva aprovisionada do plano de renda conforme estipulado no contrato, se não cumprida a carência exigida". (APELAÇÃO CIVEL N /001, REATOR: EXMO. SR. DES. JOSÉ AMANCIO, Data do Julgamento: 03/10/2007, Data da Publicação: 15/11/2007) Desta forma, deve ser concedido aos demandantes o resgate das contribuições dos planos n os , e Há que se destacar, ainda, que, apesar do demandado ter declarado, em contestação, que estes foram devidamente cancelados, em virtude do resgate efetuado pela autora Roseana Vilarim Pimentel Felinto, não restou provada nos autos a liquidação. Com relação às demais parcelas que não atingiram a contribuição mínima para resgate, deve-se observar que, durante a contratação, os autores possuíram a garantia de que, em caso de falecimento, seus beneficiários fariam jus ao benefício do contrato e, na hipótese, o réu deve ser remunerado pelo risco assumido.

4 Dentro desse aspecto, deve-se considerar que, o contrato existente s partes possuía características de previdência e, ao mesmo tempo, de seguro. E, por ser também um contrato securitário, é incabível a devolução dos valores despendidos pelos apelantes, pois o recorrido suportou o risco durante o período de validade do contrato, de forma que não pode ser compelido a pagar a quantia pleiteada ante a não ocorrência da condição prevista para o pagamento do prêmio, qual seja, a morte do segurado. Assim, apesar de não ter ocorrido o sinistro, os apelantes não deixaram de gozar da cobertura contratual durante a vigência do pacto celebrado, então a quantia paga a título de pecúlio por morte, que não atingiu o período de carência mínina, não é passível de restituição. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul já se manifestou sobre o assunto, em acórdão assim ementado: " PREVIDÊNCIA PRIVADA. PECÚLIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. Inocorrendo o implemento do período de carência necessário para que fosse viabilizado o resgate, não faz jus o participante à devolução das contribuições. Tendo em vista o caráter misto (previdenciário e securitário) do plano de pecúlio, não é possível impor-se a devolução da totalidade das contribuições vertidas, uma vez que, durante o tempo em que contribuiu, esteve o participante coberto pelos benefícios oferecidos pela demandada. De outra banda, admitiu a parte ré que remanesce o direito do autor ao benefício de resgate. Sendo assim, deverá a ré pagar ao autor o pecúlio de resgate, a ser calculado de acordo com o art. 9 0 do regulamento em liquidação de sentença. APELO DESPROVIDO". (Apelação Cível No , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 31/05/2007) Assim, ante o reconhecimento de que é devida a restituição dos planos apontados, é pertinente observar que o regulamento estabelece como será processado o resgate. Vejamos: "1.1 - O valor do resgate será igual ao da Reserva Matemática de Benefícios a conceder acumulada até o último dia do mês imediatamente anterior à data da solicitação". Relativamente à correção monetária, esta é devida desde o desembolso, devendo ser aplicada à espécie o IGPM; já os juros, tendo em vista que a ação foi proposta após a vigência do Novo Código Civil, entendo que estes são devidos no percentual de 1% (um por cento) desde a citação, na forma do art. 219, caput, do CPC. Vejamos jurisprudência acerca do tema: "PLANO DE PECÚLIO. RESGATE. PREVIDÊNCIA PRIVADA. DIREITO À RESTITUIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO. MERO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL QUE NÃO GERA, ISOLADAMENTE, DANO A PERSONALIDADE. CORREÇÃO DETERMINADA A PARTIR DA DATA DO DESEMBOLSO, O QUE JÁ FOI ATENDIDO NA SENTENÇA. JUROS CONTADOS A PARTIR DA CITAÇÃO, NA FORMA DO CONTIDO NO ART. 219, CAPUT, DO CPC, EIS QUE NÃO HAVIA AINDA SIDO CONSTITUÍDA EM MORA A RÉ. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO". (Recurso Cível N o , Primeira

5 . Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relate. Heleno Tregnagb Saraiva, Julgado em 19/12/2007) Por fim, tendo em vista que se deu provimento parcial ao pedid" custas e honorários devem ser recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre os litigantes, na forma do art. 21 do Código de Processo Civil, sendo a verba honorária fixada à base de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, em conformidade com o que disciplina o art. 20, 3 0, do CPC. Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso apelatório, para que sejam restituídos aos apelantes os valores dos planos cujo pagamento cumpriu o período de carência mínima, qual seja, 36 (trinta e seis) parcelas. É como voto. Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, que participou do Julgamento com ESTA RELATORA e com o Excelentíssimo Doutor RODRIGO MARQUES SILVA LIMA, Juiz de Direito Convocado, em substituição à Eminente Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI. Presente à Sessão, a Excelentíssima Doutora MARIA SALETE DE ARAÚJO MELO PORTO, Promotora de Justiça Convocada. 110 Sala das Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB, 08 de abril de Desa MARIA DAS NEVES ITO DE A. D. FERREIRA - I to 11)

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria Judicitkia, R4tgittrado 4111