NOTA TÉCNICA Nº 018-CNA Brasília, 28 de junho de 2012.
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- Heitor Fortunato Cruz
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1 NOTA TÉCNICA Nº 018-CNA Brasília, 28 de junho de Promotor: Presidência da CNA Assunto: Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013 Sumário: Analisa o Plano Agrícola e Pecuário divulgado pelo Governo Federal, com o objetivo de incentivar e fomentar a atividade agropecuária, visando a produção de 170 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas, além do aumento da liquidez do produtor rural no ano safra. Palavras chave: crédito rural, financiamento de safra, seguro rural, custeio, investimento. 1. Apresentação O Governo Federal divulgou, hoje, 28 de junho de 2012, o Plano Agrícola e Pecuário para a Safra 2012/2013. O PAP é o principal conjunto de medidas de apoio governamental direcionado ao financiamento do setor agropecuário, com vigência de 01 de julho de 2012 a 31 de junho de Dentre os objetivos do PAP para a próxima safra se destaca o propósito de elevar a produção de grãos, fibras e oleaginosas para 170 milhões de toneladas, a garantia de segurança alimentar, a regionalização do apoio aos produtores rurais, garantia de volume adequado de recursos para o crédito rural, redução dos custos financeiros e elevação da liquidez do produtor rural, maior apoio ao médio produtor rural, ampliação da cobertura do seguro rural e PROAGRO, apoio às cooperativas e incentivo à agricultura de baixa emissão de carbono. Para atingir estes objetivos, o PAP traz como medidas principais: Aumento do volume de recursos para o crédito rural; Redução das taxas de juros; Aumento dos limites de financiamento; Adequação do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e aos programas de retenção de matrizes bovina, caprina, ovina e suína; e Elevação dos recursos para o seguro rural e PROAGRO. 2. Aumento do volume de recursos para o crédito rural O volume de recursos destinados ao crédito rural para próxima safra é de R$ 115,2 bilhões, o que representa um aumento de 7,46% em relação à safra passada, de R$ 107,2 bilhões. 1
2 Desse montante, R$ 93,9 bilhões correspondem a recursos com juros controlados, que cresceram 17,08% em relação aos R$ 80,2 bilhões anunciados na última safra. Os recursos para custeio e comercialização, de R$ 70,5 bilhões, representam um aumento de 9,92%, comparados ao valor de R$ 64,1 bilhões destinados à safra 2011/2012. O Governo elevou, em especial, os recursos para o custeio no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), de R$ 6,2 bilhões, em 2011/2012, para R$ 7,15 bilhões, em 2012/2013, com aumento de 15,32%, oferecendo condições de financiamento mais atraentes ao produtor rural. Os programas de investimento tiveram uma elevação no volume de recursos de 27,66%. De R$ 14,1 bilhões, em 2011/2012, aumentaram para R$ 18 bilhões, para atender à demanda da safra 2012/2013. Dentre os programas, destaca-se o aumento dos recursos para investimento no Pronamp, que saiu de R$ 2,1 bilhões, nesta safra, para R$ 4 bilhões, no próximo período, o que representa um aumento de 90,48%. O Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) teve aumento de recursos. De R$ 3,1 bilhões, em 2011/2012, para R$ 3,4 bilhões, na safra 2012/2013. Os recursos com taxas de juros livres também foram corrigidos. De R$ 16,1 bilhões, na safra passada, subiram para R$ 21,3 bilhões, no PAP 2012/2013, indicando crescimento de 32,30%. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sugeriu a disponibilização de um volume de recursos de R$ 120 bilhões para o financiamento da safra 2012/2013, justificada tanto pelo cenário firme para o mercado de commodities agrícolas no próximo ano, como pelo aumento dos custos de produção e redução dos recursos próprios dos produtores rurais em função das perdas ocorridas na safra 2011/2012. O valor anunciado foi 4% inferior ao pleito, porém, ainda assim, suficiente para atender à demanda de recursos da safra 2012/2013. Comparativo dos recursos anunciados no PAP 2011/2012 e PAP 2012/2013 PAP 2011/2012 PAP 2012/2013 Variação (%) Recursos anunciados 107,2 115,2 7,46 - Recursos controlados 80,2 93,9 17,08 - Recursos a juros livres 16,1 21,3 32,30 Fonte: PAP 2011/2012 e PAP 2012/ Redução das taxas de juros A redução das taxas de juros para todos os programas do Plano Agrícola e Pecuário foi a principal medida de apoio aos produtores rurais previstas na política deste ano. Acompanhando a tendência de queda das taxas de juros praticadas na economia 2
3 brasileira, o Governo reduziu as taxas de juros para as operações de custeio e comercialização e programas de investimento. Para o custeio e comercialização, os juros caíram de 6,75% ao ano para % ao ano, ou seja, houve queda de 18,5%. Os programas de investimento foram consolidados no Programa PSI Rural, reduzindo as taxas de juros para % ao ano. Comparado ao PAP 2011/2012, programas como o Moderfrota, que praticava juros de 9,5% ao ano, teve uma queda de 42% na taxa de financiamento. Os programas para financiamento de investimentos em irrigação e armazenagem também tiveram queda, de 6,75% ao ano para % ao ano. Os juros para o Programa ABC caíram 9,1%, passando de % ao ano, em 2011/2012, para 5% ao ano, em 2012/2013. Comparativo das taxas de juros anunciadas no PAP 2011/2012 e PAP 2012/2013 PAP 2011/2012 Taxa de juros ao ano (%) PAP 2012/2013 Taxa de juros ao ano (%) Variação (%) Custeio e comercialização 6,75-18,5 Pronamp (médio produtor rural) 6,25 5,0-20,0 Programas de investimento - Máquinas e equipamentos - Irrigação e Armazenagem - Programa ABC 55 a 9,5 6,75 5,0 Até 42% -18,5-9,1 Cooperativas - Capital de giro (Procap Agro) - Investimento 9,5 6,75 9,0-10,5-18,5 Fonte: PAP 2011/2012 e PAP 2012/2013 A proposta apresenta pela CNA era de redução da taxa de juros de custeio e comercialização para 4,25% ao ano, sendo fixada pelo Governo em % ao ano. Para crédito de investimento, a proposta era de 4,0% ao ano, sendo fixada entre 5,0% e % ao ano. Contudo, a proposição de consolidação dos programas de investimento foi plenamente acatada pelo Governo Federal. 4. Aumento dos limites de financiamento O Governo Federal anunciou o aumento do limite de financiamento ao produtor rural 3
4 para R$ 800 mil, acatando plenamente a proposta apresentada pela CNA. Na safra passada, esse valor era de R$ 650 mil. Para comercialização, o limite foi elevado de R$ 1,3 milhão para R$ 1,6 milhão por CPF de produtor. A CNA propôs um aumento no valor do limite de financiamento para R$ 800 mil por produtor, justificada pelo crescimento dos custos de produção, a redução dos recursos próprios do produtor rural e a necessidade de se garantir o financiamento de, pelo menos, a mesma área plantada na safra 2011/2012, o que foi aceito pelo Governo. 5. Adequação do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que integra o PAP 2012/2013, trouxe alterações na taxa de juros, de 6,25% para 5% ao ano, com uma elevação no limite de financiamento, por produtor rural, de R$ 400 mil para 500 mil. O volume de recursos disponibilizados pelo Governo Federal foi ampliado para R$ 11,1 bilhões, com uma variação de 34% em relação aos R$ 8,3 bilhões anunciados na safra passada. A proposta apresentada pela CNA foi de redução da taxa de juros para 4% ao ano e elevação dos limites de crédito para R$ 650 mil por produtor. Em termos de volume de recursos, foram solicitados R$ 15 bilhões para o programa. Assim, a proposição foi parcialmente atendida. 6. Programas de retenção de matrizes bovina, caprina, ovina e suína O PAP 2012/213 renovou a linha de crédito para aquisição de matrizes e reprodutores bovinos e bubalinos, mantendo-se os mesmos limites, mas reduzindo a taxa de juros, de 6,75% para % ao ano. Como medida de apoio à produção de suínos por produtores independentes, foi criada uma linha de crédito para a retenção de matrizes, com limite de crédito de até R$ 1,2 milhão por produtor, prazo para pagamento de até dois anos e taxa de juros de % ao ano. Esta medida é importante para os suinocultores em um momento de baixa rentabilidade diante da queda dos preços no mercado interno. Esse mesmo apoio foi anunciado aos produtores de ovinos e caprinos, com a linha de crédito para a aquisição e retenção de matrizes e reprodutores. O limite de crédito por produtor é de R$ 600 mil, com prazo de pagamento de cinco anos, incluindo carência de três anos e taxa de juros de % ao ano. 7. Seguro Rural e Proagro 4
5 As modificações do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), anunciadas no PAP 2012/2013, são positivas para o setor, na medida em que elevam o limite de cobertura de R$ 150 mil para R$ 300 mil e reduzem o custo de adesão a este importante instrumento de proteção ao produtor, de 4% para 3% sobre o valor segurado, beneficiando pequenos e médios agricultores. Com relação ao seguro rural, a elevação dos recursos para a subvenção, de R$ 253 milhões para R$ 400 milhões, na próxima safra, são extremante positivos, permitindo a ampliação da área segurada para cerca de 10% da área plantada. Somados, Proagro e PSR representam uma cobertura de 20% da área plantada no País. É uma sinalização positiva do apoio do Governo Federal ao desenvolvimento do mercado de seguro rural no País, minimizando os riscos da produção, que vêm sendo assumidos integralmente pelos agricultores, provocando forte volatilidade da renda e levando-os ao endividamento. 8. Conclusões As medidas anunciadas no Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013 são positivas para o setor e contribuirão para o cumprimento da meta de aumento da produção de cereais, fibras e oleaginosas para 170 milhões de toneladas na próxima safra. A instabilidade da economia mundial, que gerou incertezas no mercado de crédito, além do aumento dos custos e das perdas de produção da safra 2011/2012, que reduziram a disponibilidade de capital próprio do produtor para o plantio das lavouras, justifica a intervenção realizada pelo Governo. As medidas anunciadas contribuirão significativamente para a recuperação do PIB da agropecuária, que apresentou forte queda de 7,5% - no primeiro trimestre deste ano. Também trarão a estabilidade necessária para continuarmos discutindo uma política agrícola estruturante, defendida pela CNA. As medidas de incentivo ao gerenciamento do risco de produção, tanto via Proagro, como por meio do Programa Nacional de Subvenção ao Crédito Rural (PSR), anunciadas pelo Governo, respondem à proposta de uma nova política pública para o setor, sustentada em novas bases, como o seguro rural para reduzir a volatilidade da renda do produtor. A extensão rural, outro eixo desta política estruturante, anunciada pela Presidente da República durante o lançamento do PAP 2012/2013, consolida o compromisso do Governo com esta nova agenda para a agropecuária brasileira. A criação da Agência de Extensão Rural é uma medida fundamental para o processo de inclusão dos agricultores com baixa produtividade e, consequentemente, menor renda, que serão capacitados para adotar tecnologias que atendam às demandas por uma produção sustentável, que lhes garantirá o fortalecimento da classe média rural e a ascensão a novos patamares de renda. RCS/rcs/
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