Palavras-chave: educação básica, Sociologia no ensino médio, escola, currículo
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- Inês Câmara Esteves
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1 CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO BÁSICA: UM LEVANTAMENTO DO CURRÍCULO DE SOCIOLOGIA NAS ESCOLAS DE GOIÂNIA Rafael Moreira do Carmo 1 Resumo 2 As intermitências da Sociologia no Brasil como integrante da educação básica provocaram a falta de um acúmulo teórico-metodológico para a formação de um currículo mínimo para esta disciplina, agora presente como componente obrigatório no ensino médio de nossas escolas. Oficialmente existem apenas alguns apontamentos gerais sobre as diretrizes e temas a serem adotados, restando para cada Estado da federação a atribuição de estabelecer o componente curricular básico de cada matéria de acordo com suas peculiaridades locais. Este trabalho tem como objetivo identificar a existência de um currículo comum de Sociologia nas escolas de Goiânia, relacionando as propostas dos documentos oficiais com os conteúdos ministrados pelos professores em salas de aula. Palavras-chave: educação básica, Sociologia no ensino médio, escola, currículo 1 Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Contato: rafaelmoreiracs@gmail.com. 2 Trabalho desenvolvido sob orientação da professora Dra. Lucinéia Scremin Martins. 1
2 1. Introdução Após longos anos de intermitências das Ciências Sociais como integrante da educação básica brasileira, somente no período de 1999 a 2008 que a reimplantação ocorre de fato. Longe de ser uma conquista fácil, a inclusão da Sociologia no ensino médio passa pelas seguintes fases: criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e Orientações Curriculares Nacionais (OCN) (Brasil 2000), aprovação pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) do Parecer CEB/CNE Nº 38, de 07 de Agosto de 2006 para, enfim, em 2 de junho de 2008, ocorrer a modificação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) por meio da Lei Nº (Brasil, 2008), instituindo definitivamente a Sociologia como disciplina obrigatória em todo o território nacional. Nos últimos oito anos, o Estado brasileiro instituiu um conjunto de intervenções na área educacional com vistas a atingir os índices de escolaridade dos países membros da Organização Para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) 3 modificando, desta maneira, a concepção de ensino secundário em nossas escolas. Dentre as iniciativas de organizar o sistema educacional surgem, no Ministério da Educação (MEC) algumas ações fundamentais para se pensar a organização escolar. Conforme Moraes, DCN, Parecer CNE/CEB 15/98 e a Resolução CNE/CBE 03/98 fazem parte do marco institucional da chamada Reforma do Ensino Médio (Cf., 2009, p. 343). O objetivo deste trabalho é delimitar conceitualmente quais concepções de currículo serão utilizadas como parâmetro para a análise crítica da proposta de referencial curricular de Sociologia no Estado de Goiás realizada no âmbito da Reforma do Ensino Médio por intermédio do projeto de Ressignificação do Ensino Médio do Estado de Goiás, intitulada Referenciais Curriculares para o Ensino Médio Ciências Humanas e suas Tecnologias. Componente Curricular - Sociologia. Nesse sentido, cumpre esclarecer que a delimitação teórica da conceituação de currículo permite o estabelecimento dos critérios de análise que estarão presentes durante o trabalho de estudo, investigação e crítica do referencial curricular estadual de Sociologia. Assim, inicialmente, a questão norteadora deste trabalho é estabelecer o 3 Sigla em inglês. 2
3 marco teórico que permite compreender qual entendimento de currículo é predominante na proposição de um referencial comum para a Sociologia em Goiás. 2. Delimitação Conceitual de Currículo e Natureza da Educação Para chegarmos a um entendimento sobre o papel da escola em relação ao conteúdo e realizarmos a delimitação que nos propomos, necessitamos demarcar exatamente qual concepção de currículo é criticada e qual concepção se apresenta como alternativa à necessidade de organização escolar. É com a necessidade de urbanização das cidades norte americanas em meados do século XIX e a consequente tentativa de formação cidadã homogênea para seus habitantes, que o currículo surge como alternativa de organização. Como o padrão de eficiência mais reconhecido nessa época de grande desenvolvimento industrial é a administração científica realizada na organização da fábrica, esse modelo é copiosamente utilizado nas escolas, sobretudo em termos de escolha de conteúdos. É este empenho em manter um sentido de comunidade, baseado em homogeneidade cultural e consenso de valores, que tem sido e permanece um dos legados primários, embora tácitos, da área do currículo. É uma função que está engastada na dependência da área em procedimentos e técnicas tomados de empréstimos a grandes empresas (APPLE, 1982, p. 122). Esta concepção clássica de currículo é conservadora por natureza, uma vez que faz uso de princípios da administração científica com vistas a estabelecer uma relação funcionalista, entre meios e fins, no seio da educação formal. Na tentativa de estabelecer um ponto de contraposição a esta concepção ampliada e conservadora de currículo disseminada nas escolas brasileiras, buscamos adotar um entendimento que se paute no reconhecimento das limitações e possibilidades do processo educativo. Este entendimento se baseia na relação transmissão-assimilação dos conteúdos, ou seja, trata-se de uma concepção crítica de currículo. Em outras palavras, é na educação escolar que os elementos culturais necessários para os indivíduos se tornarem humanos são identificados e assimilados 3
4 formando assim, uma segunda natureza desta vez socialmente construída por todos aqueles envolvidos com o processo educacional. É aí que cabe encontrar a fonte natural para elaborar os métodos e as formas de organização do conjunto das atividades da escola, isto é, do currículo. Aqui nós podemos recuperar o conceito abrangente de currículo (organização do conjunto das atividades nucleares distribuídas no espaço e no tempo escolar). Um currículo é, pois, uma escola funcionando, quer dizer, uma escola desempenhando uma função que lhe é própria. (SAVIANI, 2009, p. 113). Esta função própria da educação se pauta no entendimento do procedimento educacional como um processo de trabalho, trabalho não-material é bem verdade, mas indiscutivelmente, trabalho. Se entendermos que o processo de formação da existência humana implica na garantia da subsistência material, e que este processo se complexifica e recebe a rubrica de trabalho sendo que este mesmo trabalho é formador da própria natureza humana uma vez que o que diferencia o ser social dos animais é a capacidade de antecipar mentalmente a finalidade da ação antes de realizála, ou seja, trabalho em sentido amplo conseguimos entender e resgatar a própria educação como formadora dessa natureza humana de forma crítica, consciente e, coletivamente construída do ponto de vista do conhecimento uma vez que: O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens (SAVIANI, 2009, p. 89). Uma vez realizada a distinção entre os diferentes entendimentos sobre currículo iniciaremos a comparação da documentação entre as aproximações e distanciamentos da(s) proposta(s) curricular oficial e as concepções de currículo conservadoras e críticas existentes segundo a literatura, ou seja, iniciaremos um segundo momento, a saber: iniciaremos a pesquisa empírica propriamente dita. 4
5 3. Referências APPLE, Michael. Ideologia e Currículo. São Paulo: Ed. Brasiliense, BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, BRASIL. Lei nº , DE 2 DE JUNHO DE Altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394 de Brasília, DF, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Nacionais. Brasília, DF, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Curriculares Nacionais. Ciências Humanas e suas tecnologias. Brasília, DF, Orientações BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília, DF, vol. 4, MORAES, Amaury C., TOMAZI, Nelson D., GUIMARÃES, Elisabeth F. Análise crítica das DCN e PCN. In Seminário Orientações Curriculares do Ensino Médio. Brasília: MEC SEB, v. 1, p , SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras Aproximações. Campinas: Ed. Autores Associados,
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