ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAS 1 - AO1
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- Giulia Câmara Ferreira
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1 ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAS 1 - AO1 GERÊNCIA SETORIAL DE BENS DE CONSUMO NÃO DURÁVEIS Data: 11/4/96 N o 1 BNDES CERVEJA 1. Características do Produto A cerveja resulta da fermentação alcoólica de um mosto preparado com o malte da cevada. Outros componentes entram na produção da cerveja, como o lúpulo, a levedura e a água. É considerada de grande valor alimentar, sendo rica em proteínas e vitaminas do complexo B. A matéria prima básica para a fabricação da cerveja é o malte, que representa cerca de 1% do custo industrial, sendo produzido a partir da cevada em processo de germinação. O consumo de malte das cervejarias brasileiras é de aproximadamente 85 mil toneladas/ano, das quais o Brasil produz apenas cerca de 24 mil toneladas, sendo o restante importado. A produção de cevada brasileira é pequena para atender as necessidades de nossas cervejarias, em função da dificuldade de obtenção de uma cevada de boa qualidade. Os grandes exportadores de cevada para o Brasil são o Canadá, a Bélgica, a Argentina e a Austrália. 2. Mercado Mundial O maior produtor mundial de cervejas é os Estados Unidos, cuja produção em 1994 atingiu mil hectolitros. Entretanto, a velocidade no crescimento da produção da China, que já figura em 2º lugar, no período 199/1994 é surpreendente, apresentando uma taxa de crescimento anual de 19% a.a. Neste período, a produção brasileira, apresentou um crescimento de 1,5% a.a. Principais Países Produtores EUA 14 China 119 Alemanha 72 Japão 63 Brasil Grã- Bretanha México hl milhões Fonte: ALAFACE Em 1994, o Brasil figurava como o 5º maior produtor mundial de cervejas, com uma produção per capita de 4 litros/habitante, considerada baixa se comparada com a de outros países (42ª posição). Em termos de produção per capita, em 1994, os primeiros 5 países colocados no ranking mundial, em litros/habitantes, são: Irlanda (25), Dinamarca (182), República Tcheca (174), Alemanha (147) e Países Baixos (145). O gráfico abaixo mostra o consumo per capita de alguns países em Argentina Brasil Canadá Venezuela EUA Holanda Alemanha Rep. Tcheca Consumo Per Capita em Espanha Litros/habitantes Conforme observa-se no gráfico anterior, o consumo anual per capita de cerveja do brasileiro é baixo em relação ao dos países 1
2 desenvolvidos e até mesmo em comparação a alguns países latinos, quais sejam: Venezuela, Panamá, México e Colômbia. O setor cervejeiro na América Latina apresenta uma estrutura oligopolizada, com poucas empresas dividindo o mercado de cada país, ao contrário do mercado europeu onde predomina a existência de pequenas cervejarias. No Brasil, Brahma, incluindo Skol, e Antarctica são responsáveis por 78,5% do consumo nacional. Cervejarias Os principais produtores brasileiros aparecem entre as 15 maiores cervejarias do mundo. Maiores Cervejarias em 1994 Rank Empresa País milhões de HL 1 Anheuser-Busch, Inc. Estados Unidos 14,7 2 Heineken NV Holanda 81,9 3 Miller Brewing Co. (Philip Morris) Estados Unidos 73,3 4 Kirin Brewery Co. Ltd. Japão 48,3 5 Forester's Brewing Group Austrália 46,7 6 South African Breweries Ltd África do Sul 45,3 7 Carlsberg A/S Dinamarca 4,9 8 Cia Cervejaria Brahma Brasil 4,7 9 Danone Group França 37,7 1 Cerveceria Modelo SA México 34,2 11 Santo Domingo Group Colombia 33,7 12 Coors Brewing Co. Estados Unidos 33,1 13 Guinness PLC Reino Unido 32,6 14 FEMSA México 26,9 15 Cia Antarctica Paulista Brasil 26,9 Fonte: Impact International, Company reports and Salomon Brothers Inc. A norte-americana Anheuseur-Bush, fabricante da Budweiser, é a maior empresa produtora de cerveja do mundo, com cerca de 14 milhões de hl/ano, representando 9% do mercado global. O faturamento desta empresa foi de US$ 1,3 bilhões, em 1995, com um lucro líquido de US$ 886,6 milhões, segundo a revista Business Week. A segunda empresa do ramo é a Heineken, holandesa, com uma capacidade de aproximadamente 82 milhões de hectolitros (4,8% do mercado mundial), seguida pela americana Miller (4,3%) e a japonesa Kirin (2,9%). As empresas brasileiras Brahma (8 a ) e Antarctica (15 a ) respondem por 2,4% e 1,6% do mercado mundial, respectivamente. Uma característica observada no mercado mundial de cerveja é que as empresas produzem para atender, basicamente, ao mercado interno, exportando apenas pequena parcela da produção. A holandesa Heineken é uma exceção, já que suas vendas ao mercado externo são significativas. Marcas Das 25 marcas de cervejas mais consumidas no mundo, as marcas das cervejarias brasileiras aparecem em destaque, como: Brahma Chopp, que ocupa a quarta posição, Antarctica (5 a ), Skol (18 a ), e Kaiser(24 a ). Marcas mais consumidas em 1994 Rank Marca Fabricante milhões HL 1 Budweiser Anheuser-Busch Inc. 68,4 2 Kirin Lager Kirin Lager Co. Ltd 26,7 3 Bud Light Anheuser-Busch Inc. 26,4 4 Brahma Chopp Cia Cervejaria Brahma 25,8 5 Cerveja Antarctica Cia Antarctica Paulista 25,3 6 Miller Lite Miller Brewing 25, 7 Heineken Heineken NV 21,5 8 Coors Light Coors Brewing Co. 21,1 9 Asahi Super Dry Asahi Breweries Ltd. 2,5 Fonte: Impact International, Company reports and Salomon Brothers Inc. 3. Tendências Mundiais Nos países desenvolvidos, o mercado de cerveja apresenta uma certa estabilidade, chegando alguns países a apresentarem quedas sucessivas de produção, como: Inglaterra, França, Bélgica e Austrália. Particularmente na Inglaterra, a indústria cervejeira está em declínio desde 199. Na Alemanha, a indústria está com capacidade ociosa e as 125 cervejarias existentes estão em processo acentuado de fusão e aquisição na tentativa de capturar uma parcela do mercado decrescente. 2
3 O setor está em declínio também nos Estados Unidos, porém com grande expansão das microcervejarias. A moda consiste nos brewpubs, restaurantes que elaboram e servem suas próprias cervejas. Segundo a Associação Latino-Americana dos Fabricantes de Cerveja - Alaface, o negócio das microcervejarias parece ser muito lucrativo, pois o preço de venda chega a ser superior ao custo de fabricação em mais de 1 vezes. No entanto, outras regiões estão em grande fase de expansão. Na Ásia, o consumo de cerveja está crescendo a 1% por ano. Na América Latina, cresce a 4% a.a. Além disso, Espanha e Itália também estão apresentando aumentos de consumo. Em termos de América Latina verifica-se um incremento substancial de capacidade com a entrada de grandes cervejarias internacionais e expansão pan-regional das empresas dominantes. Brasil, México e Argentina - os três maiores consumidores - têm despertado o interresse das grandes cervejarias. Por exemplo, Anheuser-Bush, maior fabricante mundial de cervejas, adquiriu participações nas empresas Modelo (México), Antarctica (Brasil) e CCU (Argentina), além de ter uma joint-venture com a Kirin (Japão). Por sua vez, Heineken, segunda maior fabricante, comprou 15% da Quilmes (Argentina) e 12% da Kaiser. Além disso, Miller (3 a do setor) fez uma joint venture com a Brahma para distribuição de seus produtos no Brasil e em outros países da América Latina. 4. Mercado Doméstico O setor gera diretamente 37 mil empregos, além de outros 1 mil indiretos. Hoje, existem 42 fábricas de cerveja espalhadas por todo país, configurando um parque industrial, que por vir realizando investimentos em expansão e modernização cada vez mais intensos, goza de elevado prestígio internacional A cerveja é a segunda no ranking quando se fala em consumo nacional de bebidas, perdendo apenas para os refrigerantes. Entre as cervejas, a do tipo Pielsen fica com 97,1% da preferência brasileira. A tabela abaixo mostra a evolução do consumo de cerveja no Brasil no período 1985/95, onde espelha o consumo de 75 milhões de hectolitros em 1995, com um consumo per capita de aproximadamente 45 litros/ano. Consumo de Cerveja Ano Consumo % Per Capita % HL milhões Litros/hab ,2-22, ,8 45, 31,6 41, ,5 8,4 33,6 6, , 1,1 32,4-3, ,8 1, 35,7 1, ,5 3,2 36,1 1, , 6,4 39,5 9, ,7-17,8 31,8-19, ,9 6,7 33,3 4, , 15,9 37,9 13,8 1995* 75, 27,1 44,8 18,2 Fonte: Brahma (*) dados de 1995 foram estimados pelo Instituto Nielsen. A acentuada queda no consumo de cerveja em 1992 foi conseqüência da redução do poder de compra da população brasileira. Por essa mesma razão, o Plano Real propiciou um aumento considerável no consumo de cerveja no biênio 94/95, sendo um dos mercados que mais cresceu na era pós-real. Com a estabilização da economia, acreditase que em 1995 entraram 3 milhões de novos consumidores no mercado, entre os que voltaram a consumir e os que ampliaram a freqüência de consumo. Somando-se a isto, a falta de inverno vivida durante o ano passado, os esforços de marketing e a mudança nos padrões de consumo trazida pela globalização resultaram na venda de 7,5 bilhões de litros de cerveja em 1995, ou seja, um crescimento de 27% em relação a 1994, com um faturamento por volta de R$ 7 bilhões. O consumo per capita ao ano também sofreu elevação, passando de 38 para 45 litros/habitante, aproximadamente. Regionalmente, o consumo per capita apresenta uma estrutura bastante diferenciada, oscilando de 96 litros/habitante no Grande Rio para 24 litros/habitante no Nordeste. O mercado brasileiro é formado por uma população jovem e de baixo poder aquisitivo, sendo as classes C e D responsáveis por 72% das vendas totais. Em termos regionais, o Estado de São Paulo responde por aproximadamente 4% do mercado brasileiro. 3
4 Market-Share unidade de Jacarepaguá-RJ que passa a produzir 6 milhões de litros ano. Kaiser 14,6% Schincariol 5,4% Outros 1,5% Brahma 31,4% A partir do segundo semestre/95, a Brahma retornou para a primeira posição. Particularmente, no bimestre dez/95/jan/96, segundo o Instituto Nielsen, o market-share das marcas era distribuído da seguinte forma: Brahma (3,1%); Antarctica (28,3%), Skol (16,8%) e Kaiser (15,5%). Skol 15,2% 5. Perspectivas Antarctica 31,9% Observa-se nos últimos anos o crescimento das cervejarias menores. A participação da Kaiser pulou de 7,9%, em 1989, para 14,6%, em 1995, e da Schincariol de,2% para 5,4% neste mesmo período. Brasil: Evolução do "Market Share" /95 Cerveja Brahma 37,8 38,1 38, 37,4 35,2 33,3 31,4 Antarctica 4,8 37,8 35,1 34, 31,5 3,2 31,9 Skol 12,5 12,7 13,3 14,1 15, 16,8 15,2 Kaiser 7,9 9,8 11,6 11,5 13,6 13,9 14,6 Schincari,2,8 1,2 2,1 3,8 4,7 5,4 ol Outros,8,8,8,9,9 1,1 1,5 Total 1, 1, Fonte: Instituto Nielsen 1, 1, 1, 1, 1, Nos dois últimos anos observa-se um maior acirramento da concorrência entre Brahma e Antarctica na conquista da liderança do mercado, levando as empresas a ampliar suas capacidades de produção através de elevados investimentos em novas fábricas. A perda da primeira posição da marca Brahma, no final de 1994, por falta de capacidade produtiva para acompanhar o rápido crescimento da demanda, levou a empresa a construir, em Campo Grande (RJ), a maior fábrica da América Latina, cuja capacidade anual alcançará a marca de 1,2 bilhão de litros de cerveja e 5 milhões de litros de refrigerantes. Sua principal concorrente, a Antarctica também inaugurou em janeiro/96 a ampliação da Conclui-se que a estrutura da indústria cervejeira deverá permanecer oligopolizada, pois somente as grandes podem arcar com os elevados investimentos em marketing, ampliação dos canais de distribuição e ampliação da capacidade instalada, de forma a garantir a participação no mercado. O acirramento da concorrência deve continuar forte, pois cada 1% de market-share representa um faturamento de aproximadamente US$ 7 milhões. As perspectivas para o setor cervejeiro brasileiro nos próximos anos são bastante favoráveis. O incremento das vendas esperado para 1996 é de 1%, o que significa um volume de vendas acima de 8,2 bilhões de litros. Um dos fatores que contribui para este otimismo é a expectativa de um continuado crescimento do país com a recuperação do poder de compra da população de baixa renda. Além disso, os fatores listados a seguir indicam a enorme potencialidade do mercado cervejeiro no Brasil : Demograficamente, a tropicalidade do país é extremamente favorável ao consumo de cerveja; O Brasil é um país jovem, faixa etária em que o consumo de cerveja é maior; A entrada de multinacionais, através de associações com produtores locais, contribui para expansão do mercado, já que são exigidos das companhias locais investimentos para manter a participação no mercado; O aumento da participação no mercado de embalagens não retornáveis, latas e longneck transparente, fenômeno viabilizado pelo aumento do poder aquisitivo da população, amplia e diversifica os canais de comercialização da cerveja; A intensificação da política de marketing; 4
5 O aumento das vendas em supermercados, propiciando a estocagem; A conjugação destes fatores favorece a realização de novos investimentos no setor, tanto na ampliação da capacidade de produção, quanto em marketing e criação de novos produtos. Equipe Técnica Responsável: Maria Helena de Oliveira Gerente Luiz Alberto R. de Medeiros Engenheiro Ana Paula de A. Ribeiro Estag. de Economia 5
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