Imposto. Como esse assunto foi cobrado em concurso? A ESAF/AFTE/PA considerou correto: Tem por fato gerador uma situação
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- Simone Peralta Lemos
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1 Imposto 1. IMPOSTO O imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (art. 16, do CTN). Como esse assunto foi cobrado em concurso? A ESAF/AFTE/PA considerou correto: Tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte: (i) imposto. A FUNDATEC no concurso para UERS/2007 considerou correto: Imposto é a modalidade de tributo cuja obrigação tem por fato gerador situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Isto é, o imposto é um tributo não-vinculado a uma atividade estatal na classificação quanto à hipótese de incidência (fato gerador in abstrato) do tributo, sendo que a lei instituidora do imposto deve levar em consideração fatos e situações vinculadas ao contribuinte, estranhos a qualquer atuação do Estado direcionada especificadamente ao próprio contribuinte. Por exemplo, o fato de o contribuinte auferir renda (fato gerador do imposto sobre a renda - IR) ou a situação fática de ser proprietário de um bem imóvel localizado na zona rural (fato gerador do imposto sobre propriedade territorial rural - ITR) confere o dever jurídico do contribuinte de pagar o respectivo imposto, independentemente de o Estado exercer qualquer atividade relacionada ao contribuinte que paga o imposto, tais como construir estradas, hospitais, escolas, pavimentar as ruas etc. O imposto é um tributo que não possui referibilidade, pois sua cobrança não tem juridicamente relação com qualquer atividade referida ao contribuinte. Isto é, não se pode deixar de pagar um determinado imposto sob o argumento fático de que o Estado não está prestando serviço à população. Alguns autores também afirmam que o imposto é um tributo sem causa ou tributo não-contraprestacional, exatamente porque o Estado não se encontra no dever jurídico de oferecer qualquer vantagem ou benefício a quem paga. 27
2 Edvaldo Nilo Noutro giro, é essencial dizer que o fato gerador do imposto não pode ser um fato ou situação qualquer, mas sim um fato ou situação que revele natureza econômica, pois a CF/88 exige que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (art. 145, 1º). Isto significa que o fato gerador de determinado imposto deve representar algum signo presuntivo de riqueza, ou seja, fatos ou situações econômicas que presumam riqueza do contribuinte. Portanto, o imposto tem fundamento na solidariedade social, uma vez que as pessoas que possuem capacidade contributiva devem concorrer com os gastos das atividades estatais por meio do seu recolhimento. Para finalizar este tópico, salientamos que as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos e vice-versa (art. 145, 2º, CF) Sínteses das classificações dos impostos Dentre as principais classificações para concursos, reportamo- -nos as seguintes: Diretos são os que atingem o rendimento, o capital, o patrimônio do contribuinte (IR, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI), sem a transferência do ônus tributário a outra pessoa. Indiretos são os impostos sobre o consumo (em regra, IPI, ICMS, ISS), com a possibilidade de transferência do ônus tributário a outrem, que é o consumidor do bem ou contribuinte de fato. Importante: É polêmica a classificação do II, IE e IOF nas categorias de impostos diretos ou indiretos. O entendimento majoritário é que sempre dependerá do caso concreto. Na hipótese de se identificar o repasse econômico desses impostos recolhidos pelo contribuinte de direito ao contribuinte de fato, entende-se pela categorização de impostos indiretos. Destacamos que o IPI e o ICMS na importação podem ser considerados impostos diretos caso a importação do bem seja para uso ou consumo próprio. Por sua vez, o ISS é imposto indireto, exceto na hipótese de ISS de prestação fixa. 28
3 Imposto A doutrina majoritária e a jurisprudência sustentam como relevante a distinção entre impostos diretos ou indiretos, em razão das repercussões jurídicas na aplicação dos institutos da repetição de indébito tributário (art. 166 do CTN), da imunidade e da isenção tributária. Por outro lado, a doutrina minoritária defende a inutilidade dessa classificação, com dois fundamentos primordiais: a) elementos econômicos devem ser estudados na Ciência das Finanças e não no Direito Tributário; b) é desprovida de qualquer cunho científico e prático, pois, todos os impostos são, no fundo, indiretos. Pessoais (subjetivos) são os que consideram as condições pessoais e familiares do sujeito passivo (apenas o IR). Reais (objetivos) são os que analisam o objeto, a coisa ou res, isto é, sopesam apenas a base tributável (II, IE, IPI, IOF, ITR, IGF, ITCMD, ICMS, IPVA, IPTU, ITBI e ISS). Fixos ou de prestação fixa são os legalmente estabelecidos em quantia única (ISS sobre sociedades uniprofissionais de advocacia). Variáveis ou de prestação variável são os impostos apontados como proporcionais, progressivos, regressivos. Os proporcionais são os que a alíquota é fixa, independentemente do montante da base de cálculo (II, IE, IPI, IOF, IGF, ICMS, ITBI e ISS). Os progressivos são os que a alíquota aumenta em razão da elevação do valor da base de cálculo ou de fator extrafiscal protegido constitucionalmente (IR, ITR IPVA, IPTU, ITCMD). Os regressivos são os que diminuem a alíquota à medida que aumenta o valor da base de cálculo. Importante: Registramos que os impostos progressivos também são proporcionais a partir da última faixa de base de cálculo ou do índice maior de alíquota fixado em lei. Por exemplo, a partir da alíquota de 27,5% do IR-pessoa física. Atualmente não há exemplo de imposto regressivo no sistema constitucional brasileiro, em face da obediência ao princípio da capacidade contributiva (art. 145, 1, da CF). Cumulativos ( em cascata ) são os exigidos no valor total a cada vez que incide o imposto (em regra, II, IE, IR, IOF, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI e ISS). Não cumulativos são os que se devem compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores (IPI e ICMS). 29
4 Edvaldo Nilo Ordinários são os já estabelecidos ou relacionados previamente na Constituição Federal (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF, ITCMD, ICMS, IPVA, IPTU, ITBI e ISS). Extraordinários são os instituídos por lei ordinária de competência exclusiva da União na iminência ou no caso de guerra externa (IEG, art. 154, II, da CF/88). Residuais são os criados mediante lei complementar, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos já discriminados na Constituição Federal (art. 154, I, da CF/88) Organizando o conhecimento IMPOSTOS Não vinculado a uma atividade estatal Solidariedade social CLASSIFICAÇÕES Direto Indireto Pessoal Real Fixo Variável Cumulativos Não cumulativos IR, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI IPI*, ICMS*, ISS* IR II, IE, IPI, IOF, ITR IGF, ITCMD, ICMS, IPVA, IPTU, ITBI, ISS ISS sobre sociedades uniprofissionais de advocacia Proporcional: II, IE, IPI, IOF, IGF, ICMS, ITBI, IS Progressivo: IR, ITR, IPVA, ITCMD Regressivo Em regra, II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI, ISS Em regra, IPI e ICMS * O IPI e o ICM incidentes na importação de bens para consumo próprio são impostos diretos. O ISS fi xo é imposto direto. 2. IMPOSTOS DA UNIÃO Os impostos da União (art. 153, I a VII, CF), em regra, são os seguintes: 30
5 Imposto Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II, art. 153, I, CF); Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE, art. 153, II, CF); Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR, art. 153, III, CF); Imposto sobre produtos industrializados (IPI, art. 153, IV, CF); Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF, art. 153, V, CF); Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR, art. 153, VI, CF); Imposto sobre grandes fortunas (IGF, art. 153, VII, CF). Existem ainda mais dois outros impostos da União (art. 154, I e II, CF): Impostos residuais (art. 154, I); Impostos extraordinários de guerra (IEG, art. 154, II). Passamos agora a estudar cada um desses impostos, especialmente sob os aspectos da norma tributária: (a) material (definição do núcleo do fato gerador); (b) temporal (momento da ocorrência do fato gerador); (c) espacial (local da incidência tributária); (d) pessoal (sujeito ativo e passivo); (e) quantitativo (base de cálculo e alíquota). Registramos que no aspecto pessoal apenas trataremos do sujeito ativo e do contribuinte, ou seja, a responsabilidade tributária, por questão didática, ficou localizada no item seis (6), do capítulo II, da parte II, do Tomo I Imposto sobre a Importação (II) As normas jurídicas infraconstitucionais que tratam especificadamente do imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) são: os arts. 19 a 22 do CTN, o Decreto-lei 37/1966, o Decreto-lei 2.472/1988 e o Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro). Observamos de início, também, que o II, juntamente com o imposto sobre exportação (IE), é considerado pela classificação estabelecida pelo CTN como imposto sobre o comércio exterior. 31
6 Edvaldo Nilo Nesse rumo, anotamos que o lançamento do II é por homologação, exceto no caso de bagagem acompanhada, em que o lançamento é feito por declaração. A hipótese de bagagem acompanhada é aquela corriqueira de viagens internacionais, tal como aquela a aprazível Miami (EUA). Ademais, o II tem caráter eminentemente extrafiscal, uma vez que influi diretamente na política econômica, fiscal e monetária do Estado, interferindo normalmente no sentido de proteção da indústria brasileira. Por sua vez, não há previsão no texto constitucional da aplicação da seletividade das alíquotas ao II e este imposto não se submete aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal. Como esse assunto foi cobrado em concurso? A ESAF no concurso para AFRFB/2010 considerou correto que o II: Possui caráter nitidamente extrafiscal, tanto que a Constituição Federal faculta ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar suas alíquotas, já que sua arrecadação não possui objetivo exclusivo de abastecer os cofres públicos, mas também a conjugação de outros interesses que interferem no direcionamento da atividade impositiva políticos, sociais e econômicos, por exemplo. De acordo com a doutrina e art. 153, 1º, da CF. A ESAF no concurso para AFRFB/2010 considerou incorreto que o II: Terá suas alíquotas graduadas de acordo com o grau de essencialidade do produto, de modo a se tributar com alíquotas mais elevadas os produtos considerados supérfluos, e com alíquotas inferiores os produtos tidos como essenciais. Importante: Desde já, informamos que, em regra, incidem três importantes impostos na importação de mercadorias, que são o II, o IPI e o ICMS Aspecto material O II incide sobre a importação de produtos estrangeiros (art. 153, I, CF) e tem como fato gerador a entrada desses produtos estrangeiros no território nacional (art. 19 do CTN). 32
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