EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA A ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DA BAHIA AMAB, entidade civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , representativa dos interesses da Magistratura do Estado da Bahia, com sede em Salvador/BA, na rua Praça Dom Pedro II, Fórum Ruy Barbosa, Nazaré, s/n, 4 andar, sala 413, neste ato representada por sua Presidente, comparece, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência para formular o presente REQUERIMENTO, o que faz de acordo com os fatos e fundamentos a seguir aduzidos: O Decreto Judiciário nº 136, de 1º de março de 2013, oriundo da Presidência do E.Tribunal de Justiça do Estado Bahia, estabelece que o Magistrado que, em caráter eventual e transitório e no interesse do serviço, se deslocar da sede onde tenha exercício para outro ponto do território nacional, cuja distância seja superior a 50 (cinquenta) quilômetros, ou para o exterior, e sendo a duração do respectivo deslocamento igual ou superior a seis horas, fará jus à percepção de diárias, para atender às despesas com alimentação e hospedagem, sem prejuízo do fornecimento de passagens ou do pagamento de indenização de transporte. O decreto supra mencionado busca disciplinar tema previsto na Resolução nº 73, de 28 de Abril de 2009, do Conselho Nacional de Justiça, bem como o direito em epígrafe encontra raízes na Lei Orgânica da Magistratura Nacional. O Conselho Nacional de Justiça, em que pese não estabelecer limitações de distância ou quantidade, também prevê o direito ao pagamento de diárias quando o Magistrado se deslocar, a serviço, em caráter eventual ou transitório, da localidade em que tenha exercício para outro ponto do território nacional ou para o exterior, terá direito à percepção de diárias, sem prejuízo do fornecimento de passagens

2 ou do pagamento de indenização de transporte. É possível aduzir dos regramentos supra mencionados que o deslocamento da sede ou localidade onde é prestada a função jurisdicional acarreta o pagamento de diárias. O Magistrado tem como sede de seu trabalho o Fórum da Comarca em que tem jurisdição, sendo que a função jurisdicional se materializa em atos que são executados e concretizados dentro de uma estrutura física. A Resolução nº 10/2014, emanada do Pleno do TJ/BA, determinou a agregação de 25 (vinte e cinco) Comarcas acarretando a ampliação de jurisdição das Comarcas agregadoras. Frise-se que não houve desativação dos serviços prestados nos Fóruns das Comarcas agregadas, mantendo-se a estrutura física, os processos e servidores no local. Assim, tem-se que a agregação de comarcas não se confunde com a sua desativação, sendo que os servidores da Comarca agregada permanecem nela lotados, o fórum permanece funcionando normalmente, continua a receber novas ações judiciais, e mesmo os processos antigos não são transferidos. O único efeito da agregação das Comarcas é a extensão da competência do Juiz de Direito que, além de assumir os processos ajuizados nas Comarcas agregadoras, passam também a ter jurisdição sobre a Comarca Agregada. Dessa forma, resta indubitável concluir que a Comarca agregada continua a existir e, portanto, fica obrigado o Magistrado a se deslocar da sede de seu exercício para cumprir sua nova função jurisdicional na sede Comarca ora agregada. Portanto, se há deslocamento da sede de lotação há direito de percepção de diárias, sob pena de flagrante enriquecimento ilícito do Estado, que submete o Magistrado a extensão de sua jurisdição originária obrigando-o a se deslocar a outra localidade sob suas próprias expensas. No que versa a limitações quantitativas e territoriais para incidência de diárias estas confrontam os diplomas legais que regem a matéria. O Decreto Judiciário nº 136, de 1º de março de 2013 estabelece o máximo de 04 (quatro) diárias mensais, bem como uma distância mínima de 50 (cinquenta) quilômetros para percepção de diárias. A limitação do número de diárias a serem concedidas tem impacto direto na prestação do serviço judiciário nas comarcas em que há necessidade

3 de juízes de fora, posto que não há como limitar os dias de deslocamento de uma comarca a outra sem comprometer a eficiência na prestação do serviço jurisdicional. Outrossim, as razões que justificam, fundamentam e autorizam a concessão de diárias não cessam na hipótese destas excederem o número de 04 (quatro), constantes no Decreto Judiciário nº 136, de 1º de março de Na mesma esteira segue a limitação decorrente da distância entre a sede da atividade jurisdicional e o local de destino, haja vista que tal fato não ilide e nem afasta a necessidade de deslocamento. O princípio da legalidade, como diretriz básica da conduta dos agentes da Administração, subordina o administrador público ao que a lei autoriza, como bem assevera José dos Santos Carvalho Filho, "só se pode conceber a atividade administrativa diante dos parâmetros já instituídos pela atividade legisferante", assim, constatada a desarmonia entre a conduta e a lei, deverá a primeira ser corrigida com o intuito de eliminar-se a ilicitude. A limitação de distância ou de quantidade não encontra respaldo na LOJ, na Resolução 73/2009 do CNJ, tão pouco se fundamenta na Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN, uma vez que não impõem limites a distância mínima de deslocamento e a número de diárias. Ademais, o ato administrativo utilizado como instrumento para a instituição da limitação das diárias não possui legitimidade para regular a norma geral além dos limites por ela impostos. Resta impossível a restrição de um direito decorrente de lei por meio de um Decreto Judiciário, haja vista a natureza jurídica dos mesmos. No presente caso, a norma geral não faz menção alguma à limitação do número de diárias e extensão territorial, de modo a salvaguardar o direito a sua percepção pelos magistrados tantas vezes quantas houver a necessidade de afastamento em razão do serviço. O Conselho Nacional de Justiça decidiu pelo afastamento da limitação das diárias através de resoluções e portarias no Pedido de Providências nº , Classe Processual PP - Relator: Walter Nunes. Data do Julgamento: : "EMENTA: PAGAMENTO DE DIÁRIAS. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESPÍRITO SANTO. LIMITAÇÃO POR MEIO DE RESOLUÇÕES. AFRONTA A DIREITO OBJETIVO DOS MAGISTRADOS JUDICIAIS. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL, ARTS. 65, IV, 119, 124 E 129. A limitação contida no art. 9º, 1º, da Resolução no 17/2009, alterada pela Resolução no 27/2010, ambas do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, afronta os arts. 65, IV, 119, 124 e 129 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Essas normas não estabelecem limite máximo mensal de diárias devidas a juízes quando houver necessidade de afastamento em razão do serviço. Cabe ao

4 TJES administrar seus recursos, com obediência ao direito objetivo dos magistrados judiciais capixabas à percepção integral das diárias, quando a necessidade do serviço o exigir. Pedido de providências conhecido em parte e, nessa parte, por maioria, julgado parcialmente procedente, para afastar a limitação indicada nas citadas resoluções." Ainda no mesmo sentido, vejamos decisão do CNJ em sede de Procedimento de Controle Administrativo Processo nº , Classe Processual PCA - Relator: Guilherme Calmon Nogueira da Gama. Data do Julgamento: : "EMENTA: PAGAMENTO DE DIÁRIAS. MAGISTRADOS, SERVIDORES E AGENTES COLABORADORES. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. LIMITAÇÃO POR MEIO DE RESOLUÇÃO E PORTARIA. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL, ARTS. 65, IV, 119, 124 E Trata-se de Pedido de Controle Administrativo instaurado pela Associação dos Magistrados Mineiros em f. face do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, em que pede sejam suspensas as limitações e previsões contidas na Resolução TJMG nº 660/2011, previstas nos seus artigos 1º 2 e 3 e 17, bem como o artigo 7 da Portaria TJMG n 2589/2011 quanto às diárias a serem recebidas pelos magistrados, servidores e colaboradores da justiça. 2. Autonomia administrativa dos Tribunais. Observância do princípio da legalidade contido no artigo 37 da Constituição Federal. 3. A LOMAN e a Lei de Organização e Divisão Judiciária do Estado de Minas Gerais não estabelecem limite máximo mensal de diárias devidas a juízes quando houver necessidade de afastamento em razão do serviço. 4. A ideia de serem utilizadas diárias como meio de ressarcir despesas decorrentes da locomoção do agente colaborador, da mesma forma que aos servidores, prestigia o exercício de ofício em localidade diversa daquela em que se encontra. 5. Revogação da limitação contida no 3 do art. º 1- da Resolução impugnada. Perda superveniente do objeto. 6. Procedência parcial do pedido para afastar a limitação contida no art. 1º, 3 da º Resolução n 660/2011/TJMG, assim como dos termos do art. 7 da Portaria n º 2.589/2011." Em recente decisão, esta proferida em 02/07/2014 e oriunda do PP nº , mais uma vez, decidiu o I. Conselheiro Guilherme Calmon Nogueira da Gama pelo afastamento das limitações ao direito de diária. Diante do exposto, requer-se a alteração do Decreto Judiciário nº 136, de 1º de março de 2013 para que: a) se adeque à Resolução 10/2014 e, por conseguinte, autorize o pagamento de diárias no deslocamento do Magistrado titular da Comarca agregadora para exercício da função jurisdicional na Comarca agregada; b) seja suprimida a limitação quantitativa prevista em seu

5 art. 7º; c) seja garantido ao Magistrado que se deslocar a serviço da sede onde tenha exercício para outro ponto do território nacional ou para o exterior, o direito à percepção de diárias, independentemente de limitação de distância. Nestes termos, pede deferimento. Salvador, 05/02/2015.