A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA TEA NA SALA DE AULA
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- Lídia Candal Alvarenga
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1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA TEA NA SALA DE AULA Sebastião Nunes da Silveira 1 sebastyao10@hotmail.com Ana Jéssica Gomes dos Santos 2 anajgsantos@gmail.com Mirelly Karlla da Silva 3 mirelly_karlla_ec@hotmail.com RESUMO A inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista - TEA já é uma realidade que tem ocorrido paulatinamente nas escolas brasileiras. Tal fato tem realçado a heterogeneidade discente que compõe o atual sistema educacional brasileiro e tem posto em cheque a necessidade de profissionais docentes que estejam aptos a atuarem como agentes intermediadores deste processo de inclusão, agindo de modo que atendam as necessidades e limitações educacionais desta pluralidade discente. Desse modo, o objetivo desse artigo é analisar a importância da formação do professor no processo de inclusão da criança com autismo na sala de aula de Língua Inglesa. A metodologia utilizada é bibliográfica e de campo, de natureza qualitativa, e a coleta de dados se deu através de entrevista semiestruturada com uma professora de Língua Inglesa de uma escola da rede privada de ensino no município de Arapiraca AL. Os resultados apontam que a inclusão da criança TEA na sala de aula de Língua Inglesa é possível, porém, é necessário que o professor tenha uma formação de qualidade para que esteja apto e qualificado para atender às singularidades e necessidades educacionais dessas crianças. PALAVRAS-CHAVE: Criança com TEA. Inclusão. Língua Inglesa 1 INTRODUÇÃO A inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista - TEA é um processo que tem acontecido paulatinamente no cenário educacional brasileiro. Este processo de inclusão é de extrema importância, já que a escola, depois da família, é indubitavelmente a segunda zona de desenvolvimento da criança, pois é na escola que a mesma expandirá suas relações sociais, construirá novos laços afetivos e fará descobertas ligadas ao aprendizado. Ao falarmos do desenvolvimento e do 1 Graduando do 8º período do Curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Alagoas. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid. sebastyao10@hotmail.com 2 Graduanda do 8º período do Curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Alagoas. E- mail:anajgsantos@gmail.com 3 Graduanda do 6º período do Curso de da Universidade Estadual de Alagoas. mirelly_karlla_ec@hotmail.com 1
2 aprendizado da criança com TEA na escola, não podemos deixar de mencionar a importância do professor que atuará como mediador desse processo de desenvolvimento e aprendizagem que acontecerá dentro da sala de aula. Desse modo, levantamos a seguinte questão norteadora: Qual a importância da formação inicial e continuada do professor no processo de inclusão da criança com TEA na sala de aula de Língua Inglesa? Partindo deste pressuposto, a investigação em pauta busca analisar as contribuições que uma formação de qualidade tem a atribuir no processo de inclusão de crianças com TEA na sala de aula de Língua Inglesa. A metodologia utilizada é bibliográfica e de campo, de natureza qualitativa, e para coleta de dados foi realizada uma entrevista semiestruturada com uma professora de Língua Inglesa que atua na educação infantil de uma escola da rede privada no município de Arapiraca AL. Na fundamentação teórica deste trabalho foram utilizadas obras de Baptista; Bosa (2002), Bruni (2013), Menezes (2008), Pizzani (2012), dentre outros. A fim de entendermos a trajetória percorrida neste estudo, salientamos que, de início foi relatada a temática acerca da criança com autismo, que é denominado como uma síndrome/transtorno que afeta de forma acentuada o desenvolvimento da interação social e da comunicação; posteriormente, destacamos a importância da formação do professor no processo de inclusão da criança com TEA na sala de aula de Língua Inglesa, visto que o professor atuará no âmbito educacional como agente mediador nesse processo de desenvolvimento e aprendizagem; Os resultados apontam que a inclusão da criança com TEA na sala de aula de Língua Inglesa é possível, porém, é necessário que o professor tenha uma formação inicial de qualidade para que venha a discernir as necessidades educacionais individuais dessas, apresentando comprometimento e empatia e, inserindo-as nesse processo de ensino-aprendizagem de forma que se respeite o seu ritmo de aprendizado singular; Nas considerações finais, chegamos à conclusão de que a inclusão do estudante com TEA é um processo que exige do profissional docente uma formação inicial/continuada abrangente com relação à inclusão de alunos com dificuldades de aprendizado que o capacite para agir frente às necessidades educacionais e limitações de alunos com autismo, é necessário também que as metodologias e 2
3 práticas pedagógicas utilizadas pelo docente sejam repensadas e flexibilizadas com base em sua interação com a mais diversa gama de teorias que cercam este tema, pois é esta interação teórica que será confrontada com a realidade educacional e que terá sua eficácia atestada na prática. 2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - TEA E A ESCOLA O TEA, basicamente definido como um conjunto de sintomas e dificuldades que causam prejuízo qualitativo na interação social, dificuldade na comunicação verbal e interesses restritos de atividades, é sem dúvida um dos transtornos mais indagados da atualidade. O discente com TEA tem muitas singularidades variadas e complexas que podem mudar de acordo com os graus e também outros elementos. Deste modo, cada criança com o transtorno supracitado apresenta formas singulares e diversificadas no que diz respeito ao ver e sentir. Considerando o fato de que a família e a escola constituem basicamente zonas de desenvolvimento fundamentais na promoção do desenvolvimento humano e, que a escola por sua vez constitui um contexto diversificado de aprendizagem ao passo em que reúne diversidade, valores e regras, além de sua função social de propiciar o desenvolvimento intelectual e social do homem, torna-se imprescindível a necessidade de inclusão do aluno com TEA na escola, assegurando-lhe o direito de acesso à educação de qualidade e estimulação de seu potencial. Nesta direção, Mendes (2008, p. 14) retrata a escola como: [...] instituição que tem por função precípua servir de contexto para o desenvolvimento integral (cognitivo, afetivo e psico-motor) de crianças. [...] configura-se como um lugar de oportunidade social, compreendido como ambiente físico, ambiente social (professores, colegas) e de aprendizagem (trocas, conteúdos, materiais, informações), capaz de inserir a criança como um membro produtivo da sociedade. Diante disto, o processo de educação inclusiva, segundo Silveira et al. tem ampliado à presença de estudantes com TEA nos estabelecimentos de ensino regular, provocando assim, uma renovação das práticas, da cultura e das políticas escolares, ou seja, este processo tem enfatizado a necessidade de um sistema de ensino plurifacetado que contemple as mais diversas necessidades e limitações educacionais das crianças com deficiência, entre elas crianças com autismo (2015, p. 6). 3
4 Sancionada em Dezembro de 2012, a lei nº instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista representando o compromisso do país necessário à integralidade das atenções a estas pessoas, repudiando toda e qualquer forma de descriminação, viabilizando direitos a um diagnóstico precoce e visando a propiciação de igualdade de oportunidades. Em seu artigo 3 o a lei supracitada ressalta que é direito da pessoa com autismo o acesso à educação, e estabelece ainda que: Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2 o, terá direito a acompanhante especializado (BRASIL, 2012). Na mesma direção, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), reforça o direito de pessoas com necessidades especiais de acesso à educação nas escolas regulares de ensino ao enfatizar em seu título III, artigo 4 o que no que se refere ao direito à educação e ao dever de educar O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de [...] atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. A educação inclusiva para crianças com autismo depende ainda de vários fatores importantes, e para que a mesma se efetue com sucesso, inicialmente é imprescindível que o educador tenha habilidade para avaliar a situação contextual do sujeito a fim de diagnosticar suas necessidades e limitações educacionais para que, a partir daí, seja definido o ponto de partida para um trabalho pedagógico. Baptista; Bosa (2002, p.19) acentuam que: Se a necessidade de conhecer o sujeito é uma premissa, podemos compreender que esse conhecimento será integrado ao projeto e não será disparador de fórmulas estandardizadas de intervenção. Dada a avaliação da situação contextual do sujeito, o trabalho pedagógico deve ser realizado através de múltiplas estratégias em um processo que tome o aluno como referência para que assim sejam priorizados os objetivos específicos atendendo as necessidades do aluno e às propostas do currículo. Ainda fazendo-se referência ao papel da escola e do educador, não devemos desconsiderar a necessidade de uma escola articulada de forma ética e empática que viabilize um processo de inclusão integral onde a escola deve estar preparada 4
5 para efetivar a inclusão destes alunos não só na sala de aula, mas em todo o ambiente escolar, pois a educação inclusiva requer também empatia por parte de todos que constituem a escola, fazendo com que essas crianças com autismo sintam-se acolhidas, amadas e respeitadas. Baptista; Bosa (2002, p.16) enfatiza que: [...] a importância do compromisso ético, da articulação entre os membros da equipe de trabalho (que, por sua vez, é recortada pelo discurso e expectativas mútuas de atuação) e, sobretudo, para o desenvolvimento da capacidade de problematização que emerge a partir das tentativas de solução de problemas. É com a problematização [...] que nascem a disposição de busca de compartilhamento de saberes e o movimento humilde de olhar a realidade também sob a óptica do vizinho. Disso resulta (quando a ética está presente) uma (re)visão de nosso próprio olhar sobre os fenômenos. Em outras palavras, nasce o viajante que olha para dentro. Sendo assim, compreendemos que a efetivação da inclusão da criança com autismo no ambiente escolar é um direito defendido por lei e indispensável, considerando que na escola estas terão promovidas sua autoestima e auto eficácia, pois a mesma transcende as barreiras da simples aquisição de conhecimento, atuando não só como contexto educacional, mas também de socialização. Porém, aos educadores compete ter conhecimento acerca deste transtorno para que a partir daí as ações a serem praticadas sejam desenvolvidas. 3 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA FRENTE AO PROCESSO DE INCLUSÃO DA CRIANÇA COM TEA No contexto educacional brasileiro, a necessidade do ensino-aprendizagem de Língua Inglesa para crianças tem se destacado de forma expressiva em relação na educação inclusiva. A aprendizagem de Língua Inglesa representa uma singular ferramenta de desenvolvimento infantil pois esta, inicialmente contribui para a formação de um cidadão crítico e pensante que seja capaz de relacionar-se com as diferenças culturais e sociais, pois, como se sabe, o ensino de uma segunda língua não se trata apenas de apresentar ao aluno uma nova estrutura linguística, mas é também uma ponte entre o estudante e uma nova cultura. Posteriormente por esta, a Língua Inglesa criar um ambiente de oportunidade educacional no que diz respeito ao acesso à informação. 5
6 Estas afirmações trazem à tona a importância do ensino de Língua Inglesa como parte essencial do currículo escolar. Contudo, é necessário lançarmos um olhar reflexivo sobre a qualidade com que este ensino tem sido ofertado, fazendo referência à formação do professor atuante em sala de aula como mediador deste processo de ensino aprendizagem, devendo a mesma contemplar a reflexão sobre os valores da educação, vivência interdisciplinar, trabalho em equipe, pesquisa e construção de competências (SEGATE, 2010, p ). Diante de um cenário educacional pluralizado que com o processo de inclusão tem se caracterizado por suas mais diversas peculiaridades e, partindo do pressuposto de que o professor deve estar capacitado para atuar de forma efetiva na inclusão escolar de alunos com deficiência na escola regular de ensino, torna-se substancial destacar a necessidade de reorganização dos cursos de formação de professores em nosso país, tendo em vista a formação de profissionais docentes capacitados para atender às singularidades e necessidades educacionais desses alunos com deficiência. Segate (2010, p. 44) alerta para: [...] a necessidade de uma formação de professores que atenda às necessidades e aos desafios impostos pelo paradigma da educação universal ou educação para todos, visto que, muitos professores ainda não se consideram preparados para trabalhar com alunos especiais. [...] buscar uma melhor qualificação não é apenas um propósito pessoal, mas deve ser um projeto político-pedagógico das instituições, com o intuito de qualificar o corpo docente para atender às exigências da própria sociedade. Desta forma, o profissional da educação tem a missão de fornecer aos estudantes com a Síndrome do Espectro do Autismo a oportunidade de desenvolver as habilidades linguísticas relacionadas à Língua Inglesa, tornando possível a estes alunos a ação efetiva no campo de estudo da Língua Inglesa o qual abrangerá não só meio educacional, mas no ambiente no qual estão inseridos, desenvolvendo o aprendizado linguístico e cultural da língua estudada. 38): Como podemos observar através dos PCNs de língua estrangeira (1998, p. O papel educacional da Língua Estrangeira é importante, desse modo, para o desenvolvimento integral do indivíduo, devendo seu ensino proporcionar ao aluno essa nova experiência de vida. Experiência que deveria significar uma abertura para o mundo, tanto o mundo próximo, fora de si mesmo, 6
7 quanto o mundo distante, em outras culturas. Assim, contribui-se para a construção, e para o cultivo pelo aluno, de uma competência não só no uso de línguas estrangeiras, mas também na compreensão de outras culturas. O ensino de uma Língua Inglesa para estudantes com TEA exige não apenas professores capacitados que tenham passado por uma formação inicial e continuada de qualidade, mas também que o ambiente educacional, a escola, esteja preparada para receber estes estudantes, pois os mesmos apresentam dificuldades de aprendizado diferenciadas. A utilização de metodologias apropriadas para cada aluno com autismo e a criação de um ambiente de sala de aula que envolva o estudante, e o instigue a fazer descobertas relacionadas aos aspectos culturais e à inglesa são essenciais para o desenvolvimento do aluno em sala de aula. Sabemos que o processo de aprendizagem infantil é dependente da interação social, processo este descrito por Vygotsky (1996) através do conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal onde o docente deve ter consciência de que possui um papel de agente mediador do aprendizado, agindo de modo a incentivar, instigar e por vezes, guiar o estudante durante este processo de aquisição e construção de conhecimento através da interação e inclusão. Para Vygotsky (1996, p ): Um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar a zona de desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em operação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança. Ressaltamos que no caso especifico do Autismo, é de suma importância sublinhar que cada estudante tem suas características particulares, suas peculiaridades em relação à interação social, à comunicação e ao comportamento, dessa forma, o processo de aprendizagem deve acontecer de forma cuidadosa e respeitosa para com os limites e capacidades destas crianças como cita Bruni et al (2003, p. 75): O autismo é uma condição neurológica complexa com peculiaridades individuais que requerem o envolvimento ativo de pais e professores na elaboração de um plano de ação que promova uma melhor aprendizagem, adaptabilidade e inclusão social do indivíduo com autismo no ambiente escolar. Não existe uma receita de O indivíduo com autismo. 7
8 Com o aumento e incentivo do processo de educação inclusiva que ocorre paulatinamente na educação brasileira, tem se ampliado à presença de estudantes com autismo nos estabelecimentos de ensino regular, e, mesmo que a pequenos passos, tem ocorrido a adaptação da prática, cultura e políticas das escolas, para que estas possam atender a diversidade docente de maneira satisfatória. A necessidade de uma reformulação do sistema escolar como é concebido tem se tornado cada vez mais evidente pois, como se sabe, valorizar a inclusão sem preparação e conhecimento é insuficiente, para as instituições de ensino com estudantes com autismo é essencial que não só os docentes, mas todo o pessoal conheça as especificidades do transtorno, para que desta forma, a tomada de decisões sobre a sala de aula, equipe, rotina dos estudantes entre outros sejam tomadas de forma consciente e levando em consideração as necessidades destes alunos. O conceito de inclusão não está ligado a simplesmente colocar uma criança com necessidades especiais no ambiente educacional como um aluno típico, mas fornecer suporte educacional especial para este, criando um ambiente diferenciado para todos os envolvidos no processo de inclusão. Para isso, é indispensável um planejamento cuidadoso que considere as limitações e incentive os alunos ao sucesso. Considerado um fator de inclusão social e educacional, o ensino de Língua Inglesa tem se tornado uma ferramenta de estímulo ao desenvolvimento interacional entre os estudantes, criando entre os alunos com ou sem autismo um ambiente de cooperação e aprendizado como se pode observar através do Conselho Nacional de Educação (CNE) por via das Diretrizes Curriculares do Curso de Letras (2001, p. 29) onde é estabelecida a necessidade do profissional de Letras possuir consciência da diversidade / heterogeneidade do conhecimento do aluno, no que se refere à sua formação anterior e aos interesses e expectativas em relação ao curso e ao futuro exercício da profissão tornando-se possível responder às novas demandas sociais. Ou seja, para isso a formação inicial do professor, deve se encontrar cada vez mais próxima à realidade do sistema educacional tornando possível ao profissional sanar 8
9 as necessidades educacionais dos alunos com autismo de forma satisfatória e eficaz. Locatelli e Vagula afirmam que investir na educação facilitaria a implementação da proposta de educação inclusiva, pois este investimento envolveria a capacitação do professor que com base na diversidade do público discente, buscaria inovar seu trabalho em sala aula (2009, p. 6). De fato, é necessária uma formação capaz de preparar o profissional para enfrentar a diversidade do alunado, em especial no que se refere aos estudantes com autismo, para que o docente e a escola repensem sua metodologia considerando as peculiaridades destes alunos pois, identificar o que devemos ensinar a uma criança autista é uma tarefa complexa e delicada, pelo que é necessário efetuar uma avaliação, mas estas crianças não se ajustam a formas usuais de avaliação (LOPES, 2011, p. 59). Vê-se que a inclusão de crianças com autismo na sala de aula de Língua Inglesa é um processo que tem a contribuir no desenvolvimento destes alunos, pois esta, quando dirigida e pensada em favor dos mesmos, pode atuar como importante ferramenta no desenvolvimento cognitivo e social. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Considerando que o papel do docente de Língua Inglesa não se restringe a ensinar uma língua desenvolvendo suas habilidades linguísticas, mas também mediar o contato entre o aluno e uma nova cultura, de forma que este possa absorver os componentes culturais trabalhados de modo que o estudante possa desenvolver uma visão crítica de mundo, não só relacionada à cultura estudada, mas também à sua, incentivando a integração, a cooperação, criando um ambiente propício ao desenvolvendo das interações sociais e comunicativas, para a elaboração desta pesquisa, optamos por utilizar as metodologias bibliográfica e de campo, de natureza qualitativa porque por meio do estudo bibliográfico podemos fazer um trabalho investigativo minucioso em busca do conhecimento e base fundamental para o todo de uma pesquisa (PIZZANI et al, 2012, p. 2). Optamos pela pesquisa de campo, de natureza qualitativa porque a mesma faz uma abordagem exploratória, na busca por informações, quando o conhecimento obtido acerca de tal questão ainda não é suficiente. 9
10 A coleta de dados se deu através da utilização de uma entrevista semiestruturada. Foi entrevistada uma professora de Letras-inglês de uma escola da rede privada do município de Arapiraca-AL. Desse modo, os dados obtidos foram analisados com o objetivo de buscar informações sobre a relevância da interligação entre a formação continuada do professor de Língua Inglesa e suas contribuições no processo de inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista em sala de aula de Língua Estrangeira. 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES A inclusão do aluno com TEA é um processo que tem acontecido de forma gradativa no cenário educacional brasileiro. Este processo de inclusão, de extrema importância, tem mudado a composição discente de nossas escolas e posto em cheque a necessidade de profissionais docentes que estejam aptos a atuarem como agentes intermediadores deste processo de inclusão, agindo de modo que atendam as necessidades e limitações educacionais desta pluralidade discente, sobre esses fatores buscamos analisar a importância da formação continuada do professor da Língua Inglesa frente o processo de inclusão da criança com o transtorno citado na sala de aula. Os dados desta pesquisa foram coletados por meio de uma entrevista com uma professora de Língua Inglesa da rede privada da Zona Urbana do Município de Arapiraca-AL, esta docente leciona há três anos na referida instituição, e preza pela qualidade da Educação Inclusiva em seu campo de trabalho oferecendo suporte pedagógico diferenciado para discentes com TEA. Em relação à escola da rede privada na qual à entrevistada leciona, a mesma oferece turmas do Maternal ao Ensino Médio sendo considerada de médio porte, a escola possui assistentes de sala que acompanham os alunos com deficiência e realiza acompanhamento dos mesmos semanalmente com uma psicopedagoga. Com relação à temática deste estudo, questionamos a professora a respeito do conceito de TEA e suas consequências no desenvolvimento das crianças, a mesma nos relatou que: Durante a graduação eu vi uma disciplina chamada Psicologia da Educação e nela nós vimos um pouco sobre Autismo, Sindrome de Down, Dislexia dentre outros. Então, quando eu comecei a trabalhar em turmas que 10
11 possuíam alunos com autismo eu fui aprendendo na prática e com as outras professoras como proceder porque cada aluno tem a sua especificidade. Hoje, o que eu sei sobre o Autismo é que é um transtorno que aparece nos primeiros três anos de vida e ele compromete a interação social e comunicação (JOYCE, 2015). Durante a entrevista, percebemos que a professora entrevistada demonstrou conhecimento acerca do que se trata o autismo e suas consequências no desenvolvimento da criança, comprometendo sua interação social e desenvolvimento da comunicação verbal. Questionamos a professora Joyce se a mesma já participou de cursos de formação continuada voltados à inclusão de alunos com TEA e indagamos também acerca da importância pela mesma atribuída à formação continuada do professor nesse processo de inclusão da criança com TEA em sala de aula, e a mesma nos respondeu: Não, nunca participei de nenhum curso de formação continuada, palestras ou eventos sobre o tema, o conhecimento que possuo sobre o transtorno adquiri com os demais professores da escola onde leciono, com psicopedagoga e através de pesquisas particulares. Aprendi na tentativa e com o erro, e muitas vezes isso foi frustrante e desmotivante. Acho que todos os professores deveriam ter o conhecimento relativo à inclusão, não só na formação continuada, mas na própria graduação, porque, por experiência própria, nada do que eu vi na graduação sobre educação me ajudou a descobrir como trabalhar com alunos com autismo, eu tive que começar do zero (JOYCE, 2015). Diante do relato da docente, é notório que, apesar de apresentar determinado conhecimento acerca do autismo, a mesma não tem um histórico de atividades de formação continuada, e o conhecimento que apresenta acerca da temática supracitada foi adquirido na prática, fato que a causou frustrações. A mesma acentua a importância não só da formação continuada do professor, como também aponta para a lacuna encontrada em muitos cursos de graduação, e de fato os mesmos têm deixado uma carência imensa na formação de seus discentes no que se refere à Educação Inclusiva. Nesta direção, Silva; Gomes (2014, p. 3) enfatizam que: as licenciaturas têm deixado uma lacuna imensa com relação à formação de professores voltada para a inclusão, muitos professores não têm uma capacitação para receber e trabalhar com as singularidades de cada aluno com deficiência. Em continuidade a pesquisa, indagamos a docente supracitada a respeito das metodologias utilizadas pela mesma em sala de aula e ela nos afirmou que: Inicialmente, não nego que me pareceu inviável trabalhar Língua Estrangeira com estas crianças, como eu já disse, tive que aprender na tentativa e erro, além de observar os demais professores, pois nem todas as abordagens funcionam, cada aluno tem um grau de autismo especifico, características próprias, cabe ao professor abordar o conteúdo a ser passado de forma que este seja absorvido pelo estudante. Durante as minhas aulas tenho trabalhado com aulas de listening, jogos e atividades que trabalhem o corpo e movimento, pois grande parte dos estudantes com autismo que possuo não se interessa ou mantém o foco em atividades do livro didático, ou tarefas escritas, pintadas, desenhadas. Obviamente não posso deixar as atividades do livro didático de lado, entretanto procuro 11
12 incorporar os elementos listados nas aulas. Quanto à metodologia proposta pela escola, a mesma trabalha com um sistema de ensino que não prevê as singularidades de alunos com dificuldades de aprendizado, não existem materiais específicos para trabalhar com estes estudantes nem preparo dos professores (JOYCE, 2015). Diante do exposto pela entrevistada, torna-se notória que a mesma tem ciência de que o comprometimento do desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista depende do grau de autismo que a mesma apresenta e também da necessidade de praticas pedagógicas flexíveis e que se adaptem às particularidades de cada aluno, assim desenvolvendo metodologias que têm atendido às peculiaridades de cada um desses discentes. Nesse sentido, Silva; Gomes (2014, p. 5) acentuam que: O professor terá a incumbência de estar inovando suas práticas, tendo sempre flexibilidade e compreensão em sala de aula, estando consciente de que o processo que se constitui em educar uma criança com autismo é complexo, mas é possível desde que ele trabalhe de forma organizada [...]. Por fim, questionada a respeito de como tem se destacado o aprendizado das crianças com Transtorno do Espectro Autista na sala de aula na qual atua, a docente nos respondeu que: Em síntese, posso dizer que entre os meus alunos eu vi neste ultimo ano uma evolução muito boa em relação à interação com os demais estudantes, em contrapartida, quanto à comunicação verbal não tivemos muita evolução, aqueles alunos que não se comunicavam verbalmente (2) prosseguem se comunicando com gestos, balbucios, choro ou gritos, já aqueles que se comunicam verbalmente (3) estão estabilizados, não havendo evolução ou regressão que tenha sido notada por mim ou os demais professores (JOYCE, 2015). Desse modo, concluímos que o processo de inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista em sala de aula, exige que o profissional docente tenha uma formação de qualidade para que assim, esteja apto e qualificado para atender às singularidades e necessidades educacionais dessas crianças, respeitando seus limites e seu tempo singular de aprendizado. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta forma, conclui-se que o sucesso do processo de ensino aprendizagem da criança com Transtorno do Espectro Autista na sala de aula de Língua Inglesa é possível, em especial quando o profissional docente possui uma formação de qualidade e uma formação continuada que o tenha preparado para enfrentar as 12
13 singularidades dos discentes, sendo capaz de suprir as necessidades educacionais destes estudantes. Entretanto, é importante ressaltar que o docente é um mediador, um incentivador entre o conhecimento e desenvolvimento que a aprendizagem de uma língua estrangeira pode trazer, mas que este profissional sozinho não é capaz de estimular a capacidade do aluno em sua totalidade sem o envolvimento dos demais membros do corpo docente, e escola e família em geral. A participação e envolvimento de todos os envolvidos no processo de aprendizagem é imprescindível para o sucesso do aluno com TEA, as aulas, o ambiente, o comportamento das pessoas que estão inseridas no mesmo âmbito social influenciam na aprendizagem, logo é preciso doação e envolvimento para que não só a aula de Língua Inglesa, mas as demais disciplinas atuem como diferencial na educação da criança com TEA. Tem se observado o esforço que as escolas, sejam elas públicas ou privadas, tem feito em relação à inclusão de alunos com necessidades especiais, porém devese observar atentamente a forma como essa inclusão tem sido realizada, pois, incluir não se trata apenas em aceitar o aluno com TEA na sala de aula, mas direcionar cada aula de forma que essa também o alcance, ajudando-o a construir seu conhecimento, estimulando o discente a construir, absorver e se apropriar desse conhecimento. REFERÊNCIAS BAPTISTA Claudio Roberto, BOSA, Cleonice (orgs.). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção. Porto Alegre: Artmed, Disponível em: < Acesso em 03 out. 2015, 13:23:56. BRASIL. Lei n , de 27 de dezembro de Dispõe sobre a política nacional de proteção dos direitos das pessoas com transtorno do espectro autista. Disponível em: < Acesso em 05 jun. 2015, 00:12:47. (.). Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDBEN). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez Disponível em: < Acesso em: 03 jun. 2015, 00:45:11. 13
14 BRUNI, Ana R. et al. Família e escola; parceiras na Inclusão. Cartilha autismo e realidade. São Paulo/SP p. Disponível em:< pdf>. Acesso em: 20 set LOCATELLI, A. C. D.; VAGULA E. Fundamentos da educação especial: pedagogia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, LOPES, Maria Teresa Vieira. Inclusão das crianças autistas p. Dissertação de Mestrado (Educação Especial) - Escola Superior de Educação Almeida Garrett - Departamento de Ciências da Educação. Lisboa, Portugal, Disponível em: < 3o%20%20MariaTeresa%20Vieira%20Lopes.pdf?sequence=1>. Acesso em: 12 abr. 2015, 13:12:17. MENDES, L. S. A. A escola enquanto contexto de desenvolvimento: um estudo ecológico em uma comunidade ribeirinha na ilha do Marajó f. Tese (Doutourado em Psicologia) - Universidade Federal Do Pará. Belém Disponível em: < f.pdf>.acesso em 12 jul. 2015, 07:36:09. PIZZANI. L. et al. A arte da pesquisa bibliográfica na busca do conhecimento. Campinas, Disponível em: < > Acesso em: 10 out. 2015, 20:46:15. VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R. (1996). Estudos sobre a História do Comportamento: Símios, Homem Primitivo e Criança. Porto Alegre: Artes Médicas. Disponível em: < Acesso em: 14 abr. 2015, 07:23:34. SEGATE, Aline. A formação docente para a inclusão escolar de alunos especiais, In. Anais do II Seminário de Pesquisa do NUPEPE, 2010, Uberlândia/MG. Disponível em: < _A_formacao_docente_para_a_inclusao.pdf>. Acesso em 11 out 2015, 22:59:11. SILVA, M. K.; GOMES, M. A. G.; O professor e a educação inclusiva: da formação às práticas pedagógicas. Arapiraca, SILVEIRA, S. N. et al. A criança com autismo e o aprendizado da Língua Inglesa: caminhos que se entrelaçam. Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional. Aracaju/SE. V. 8, n Disponível em: < Acesso em: 12 out 2015, 19:05:33. 14
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