DÉCIMA SEXTA CÂMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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1 DÉCIMA SEXTA CÂMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Apelação Cível nº Apelante 1: MARIA ANGELA DE MENDONÇA LIMA Apelante 2: AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL LTDA Relatora: DES. TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES ACÓRDÃO. APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE POR FAIXA ETARIA DE SEGURADO QUE ATINGE SESSENTA ANOS DE IDADE. DANO MORAL INEXISTENTE. 1- Sentença que reconhece a abusividade do reajuste por faixa etária, apenas quando da transposição para a faixa sexagenária. 2- Excessiva onerosidade. 3- Abusividade da cláusula que prevê o reajuste de 70,368% sobre as mensalidades. 4- Violação dos incisos IV e X do artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor. 4- Autora está protegida pela Lei n /2003 de aplicação imediata. 5- Afronta ao 3º do artigo 15, do Estatuto do Idoso que expressamente vedou o reajuste dos planos de saúde dos idosos em virtude de mudança de faixa etária. 6- Poderão ser aplicados os reajustes nesta faixa etária, desde que aprovados pela ANS, regra do art. 35-E da Lei n.º 9.656/ Precedentes desta Corte e da Corte Superior. 8- Dano moral não configurado. 9- Mero aborrecimento decorrente do inadimplemento contratual. 10-Incidência da Súmula 75 deste Tribunal de Justiça. 11- Manutenção da sentença. 12- Negativa de seguimento de ambos os recursos. D E C I S Ã O Trata-se de ação ordinária de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada e indenização por danos morais, alegando a parte autora que firmou contrato de prestação de serviços de assistência médico hospitalar com a Ré

2 em 22/11/2004. Assevera que em abril de 2008 a mensalidade do seu plano sofreu um reajuste de quase 80% passando de R$ 533,80 para R$ 900,37 em função de alteração da faixa etária, tornando-se inviável o pagamento do valor que ficou acima do seu poder aquisitivo, motivo pelo qual a operadora rescindiu de forma arbitraria o contrato, situação revertida pela via judicial. Invoca em seu favor o Código de Defesa do Consumidor, Estatuto do Idoso, doutrina e jurisprudência. Requer a antecipação da tutela; a inversão do ônus da prova. No mérito, a declaração de nulidade da cláusula contratual que prevê o reajuste em função da faixa etária mantendo em definitivo o valor da mensalidade anterior ao reajuste pretendido ou que seja o valor corrigido dentro dos limites estabelecidos pela ANS; por fim, que seja a Ré condenada ao pagamento de danos morais, pelo seu atuar abusivo, com a condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários de advogado. Emenda à inicial, conforme petição de fls. 39/42. Decisão de fl. 44 deferindo o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para que a restabeleça o vinculo contratual das partes, emitindo boletos para pagamento das mensalidades em atraso. Sobreveio a sentença às fls. 157/160 julgando procedente em parte o pedido, para condenar a Ré a se abster de promover a majoração do valor da prestação contratual do mês de abril de 2008 com base na clausula 14.4 do contrato, na parte em que eleva o valor da mensalidade quando o segurado completa 59 anos de idade, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais). Ressalvou o reajuste da mensalidade com base no índice autorizado pela Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Custas pro rata e honorários compensados em razão da sucumbência recíproca. A Autora interpôs recurso de apelação às fls. 162/160, na qual persegue a condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais. Para tanto, reiterou as razões deduzidas na inicial, ressaltando a ilicitude do ato

3 praticado pela operadora que além de aumentar a mensalidade de forma exorbitante, ainda cancelou o seu contrato arbitrariamente, situação revertida através da via judicial. Pugnou por fim, pelo provimento do recurso. Insatisfeita, a Ré também recorreu às fls. 171/177 destacando a legalidade do reajuste por faixa etária, uma vez que visa assegurar o equilíbrio econômico financeiro do contrato, em razão do incremento do risco, tendo em vista que o beneficiário fica mais idoso. Afirma que o reajuste de 70,368% foi estipulado na cláusula 14.4, letra i do contrato, e que não há qualquer ilegalidade. Salienta que a Lei 9.656/98 prevê a possibilidade de aplicação do referido reajuste desde que o contrato preveja as faixas etárias e os percentuais incidentes para cada uma dessas faixas, e que a Autora tinha ciência do aumento quando da adesão ao contrato. Defende a inaplicabilidade da Lei /2003, requerendo a reforma da sentença, para julgar improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 189/196. É o relatório. Decido. Conheço dos recursos porque estão presentes os pressupostos legais de admissibilidade. Trata-se de ação objetivando o reconhecimento da nulidade de cláusula contratual permissiva de reajuste por faixa etária de segurado que atinge 60 anos de idade. A questão que se discute nestes autos sem dúvida está adstrita ao Código do Consumidor, como já bem fundamentado na sentença recorrida, ocupando a Autora a posição de destinatário final do serviço e o Réu a posição de fornecedor deste serviço, de plano de saúde, tal como preceituam as regras dos arts. 2º, caput e 3º, 2º, ambos do C.D.C.

4 Alega a parte Autora que ao receber a lâmina de pagamento da mensalidade de abril de 2008 do seu plano de saúde, foi surpreendida com o reajuste aplicado pela Ré que elevou excessivamente o valor da prestação, e que tal aumento se deu em razão de ter completado 60 anos de idade, mudança de faixa etária. Pelos ditames da Lei 9656/98, a cláusula que prevê variação no valor da contraprestação em contrato de plano de saúde, em razão da idade do segurado, deve estar expressamente prevista no contrato inicial, como determina o art. 15 da supracitada lei, que assim dispõe: A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas no inciso I e o 1º do artº 1º desta Lei, em razão da idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS ressalvada o disposto no art. 35-E. Analisando o contrato (fls.74/94), verifica-se que há realmente a cláusula 14.4 prevê um reajuste de 70,368% sobre as mensalidades devidas ao beneficiário que completar 59 anos. Tal cláusula viola os incisos IV e X do art. 51, do Código de Defesa do Consumidor, pois não indica os critérios utilizados para fixar um reajuste tão expressivo. O aumento nesse percentual não se justifica, e rompe o equilíbrio contratual, princípio elementar das relações de consumo a teor do que estabelece o artigo 4º, inciso III, do CDC. Os reajustes dos seguros de saúde devem observar as normas editadas pela Agencia Nacional de Saúde - ANS, autarquia incumbida de regulamentar os planos de saúde, inclusive no tocante ao percentual dos reajustes, restando ilegal qualquer outro parâmetro utilizado. Ademais, a Autora está protegida pela Lei nº /2003 Estatuto do Idoso, de incidência imediata, pelo que a cláusula de reajuste tão só em razão de o segurado completar 60 anos de idade, já não mais poderá ser considerada

5 válida. Aliás, ela já nasceu nula, posto que, prevê um reajuste de 70,368% quando do ingresso nessa faixa etária, o que em si desequilibra o contrato, não podendo ser imposta ao consumidor, como variação de preço sem especificações quantitativas do contrato. Destaco que a proteção do idoso, igualmente está alicerçada no caput do art. 230 da Constituição da República, in verbis: A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida. Além do texto constitucional, a mencionada Lei /2003, Estatuto do Idoso dispõe expressamente sobre uma série de medidas de proteção, e no campo específico da proteção à saúde vedou o reajuste dos planos de saúde dos idosos em virtude de mudança de faixa etária, dispondo o 3º, do artigo 15 que: É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados por faixa etária, a partir de 60 (sessenta) anos de idade, para que não haja discriminação dos idosos relativamente aos demais usuários do plano de saúde. O mencionado dispositivo legal visou justamente evitar a inviabilização do acesso do idoso aos meios de proteção à sua saúde, situação que vinha ocorrendo com o aumento abusivo das mensalidades dos planos, principalmente com aqueles que completavam 60 (sessenta) anos de idade, que inviabilizava a continuidade dos contratos a segurados nessa faixa etária. A jurisprudência deste E. Tribunal de Justiça segue nesse sentido, conforme julgados abaixo transcritos: APELACAO DES. LETICIA SARDAS - Julgamento: 03/11/ VIGESIMA CAMARA CIVEL

6 "APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. CONSUMIDOR. REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. ABUSIVIDADE. ESTATUTO DO IDOSO. NULIDADE DA CLÁUSULA CONTRATUAL. DEVOLUÇÃO SIMPLES. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. SÚMULA 75 DO TJRJ. PRECEDENTES DO TJERJ E DO STJ 1. A ilicitude deriva da afronta ao 3º do artigo 15 do Estatuto do Idoso que impede a discriminação do idoso pela cobrança diferenciada de mensalidades em plano de saúde em razão de mudança de faixa etária. 2. As normas consumeristas vedam as cláusulas abusivas ou que coloquem o consumidor em situação de desequilíbrio no contrato. 3. No caso dos autos, insiste a primeira apelante na validade do contrato firmado entre as partes, vez que tem amparo legal e contratual, fundada em cláusulas pactuadas entre as partes. 4. Nesse sentido, seja pela vedação constante do Estatuto do Idoso, seja pelos deveres de informação e transparência máxima, decorrentes do Código de Defesa do Consumidor, reconhece-se a ilegalidade da cláusula contratual que autorizava o aumento, e, por conseguinte, os valores pagos por reajustes decorrentes de mudanças de faixa etária devem ser devolvidos. 5. O STJ assentou ser indevida a devolução em dobro quando a cobrança se fundar em cláusula contratual de validade controvertida. 6. O desconforto experimentado pela parte autora, segunda apelante, permanece nos limites de um incômodo, que não configura sofrimento ou humilhação capaz de atentar contra a honra subjetiva e ensejar qualquer reparação. 7. Provimento parcial do primeiro recurso e desprovimento do segundo recurso." ( ) - APELACAO DES. MARIA AUGUSTA VAZ - Julgamento: 29/09/ PRIMEIRA CAMARA CIVEL PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS E DE REAJUSTES DE MENSALIDADE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. VEDAÇÃO LEGAL EXPRESSA NO ESTATUTO DO IDOSO. PREVALÊNCIA DO PERCENTUAL ESTABELECIDO EM CONTRATO PARA OS ASSOCIADOS NÃO SUJEITOS À MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. Consoante disposição expressa do Estatuto do Idoso, é ilegal o aumento de plano de saúde por mudança de faixa etária.

7 Para evitar locupletamento do segurado, o reajuste deve observar o percentual estabelecido por contrato para os associados, afastando-se apenas o percentual que fora estabelecido para a mudança da faixa etária. A Lei /03 tem especialidade relativa ao caso concreto que prepondera sobre a autorização de reajuste prevista na Lei 9656/98. Devolução simples dos valores cobrados a maior determinado em sentença e mantida.nega-se provimento ao recurso APELACAO DES. CELIA MELIGA PESSOA - Julgamento: 09/09/ DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. REVISÃO DE CLÁUSU-LAS CONTRATUAIS. REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. ABUSIVIDADE. ONEROSIDADE EXCESSIVA. VE- DAÇÃO LEGAL EXPRESSA NO ESTATUTO DO IDOSO. NU- LIDADE DA CLÁUSULA CONTRATUAL. Consoante disposição expressa do Estatuto do Idoso (art. 15, 3º), é ilegal o aumento de plano de saúde por mudança de faixa etária. O contrato firmado entre as partes é de trato sucessivo, com prazo indeterminado, razão pela qual há a incidência do referido Estatuto (Lei n 10741/03), não havendo que se falar em direito adquirido ou ato jurídico perfeito. Aplicação das normas protetivas do CDC. Os reajustes de preço aplicados pela ré são, de fato, elevados, ultrapassando o percentual de 30% do valor anteriormente pago pela consumidora. Violação não apenas de cláusula legal expressa, mas também dos princípios da boa-fé objetiva, em seus corolários de solidariedade e proporcionalidade, e da vedação da onerosidade excessiva, pontos basilares do CDC. Precedentes do STJ e desta Corte. Devolução em dobro das verbas pagas que se revela descabida, eis que O STJ já pacificou o entendimento de que esta é indevida quando a cobrança se fundar em cláusula contratual de validade controvertida. Descumprimento contratual, o que afasta a possibilidade de fixação de indenização por dano moral. Súmula nº 75 do TJRJ. Precedentes do STJ. Manutenção da sentença. Aplicação do art.557, caput, do CPC. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS.

8 Ainda que tenha sido do conhecimento do consumidor, o fato é que, ainda assim, o referido contrato submete-se às alterações vigentes no ordenamento jurídico, sendo vedado o reajuste pura e simplesmente por faixa etária, ao se atingir a idade de 60 (sessenta) anos, como previsto no contrato. O envelhecimento decorre de fator natural e, por certo, já é considerado nos cálculos atuariais, não sendo risco desconhecido da seguradora. Portanto, é considerado abusivo qualquer reajuste de valor da mensalidade de plano de saúde em virtude de avanço de idade da Autora em novo ciclo etário de sua vida, tendo em vista que tal aumento de preço ofenderia a própria dignidade de ser humano. A idade, por si, não mais pode servir como fundamento para a fixação de preço diferenciado de serviço, entender de forma diversa haveria discriminação em desfavor do idoso. Entendo que por força da vedação legal, não será possível substituí-la por outro reajuste, estando este agora condicionado a prévia aprovação da ANS. Ressalto, entretanto, que poderá a Ré efetuar reajuste a partir desta faixa etária, desde que previamente autorizado pela ANS, tal como previsto no art. 35-E, inciso I da Lei n.º 9.656/98 que estabelece: Art. 35-E. A partir de 5 de junho de 1998, fica estabelecido para os contratos celebrados anteriormente à data de vigência desta Lei que: (Incluído pela Medida Provisória nº , de 2001) (Vigência) I - qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidores com mais de sessenta anos de idade estará sujeita à autorização prévia da ANS; (Incluído pela Medida Provisória nº , de 2001) Destaco que a questão não é nova já tendo se pronunciado a Corte Superior, cujo entendimento passo a transcrever, in verbis:

9 Processo REsp / RJ, RECURSO ESPECIAL 2006/ , Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118), Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA, Data do Julgamento 25/03/2008, Data da Publicação/Fonte DJ p. 1 Ementa Direito civil e processual civil. Recurso especial. Ação revisional de contrato de plano de saúde. Reajuste em decorrência de mudança de faixa etária. Estatuto do idoso. Vedada a discriminação em razão da idade. - O Estatuto do Idoso veda a discriminação da pessoa idosa com a cobrança de valores diferenciados em razão da idade (art. 15, 3º). - Se o implemento da idade, que confere à pessoa a condição jurídica de idosa, realizou-se sob a égide do Estatuto do Idoso, não estará o consumidor usuário do plano de saúde sujeito ao reajuste estipulado no contrato, por mudança de faixa etária. - A previsão de reajuste contida na cláusula depende de um elemento básico prescrito na lei e o contrato só poderá operar seus efeitos no tocante à majoração das mensalidades do plano de saúde, quando satisfeita a condição contratual e legal, qual seja, o implemento da idade de 60 anos. - Enquanto o contratante não atinge o patamar etário preestabelecido, os efeitos da cláusula permanecem condicionados a evento futuro e incerto, não se caracterizando o ato jurídico perfeito, tampouco se configurando o direito adquirido da empresa seguradora, qual seja, de receber os valores de acordo com o reajuste predefinido. - Apenas como reforço argumentativo, porquanto não prequestionada a matéria jurídica, ressalte-se que o art. 15 da Lei n.º 9.656/98 faculta a variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde em razão da idade do consumidor, desde que estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajuste incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS. No entanto, o próprio parágrafo único do aludido dispositivo legal veda tal variação para consumidores com idade superior a 60 anos. - E mesmo para os contratos celebrados anteriormente à vigência da Lei n.º 9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária para consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização prévia da ANS (art. 35-E da Lei n.º 9.656/98).

10 - Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que atingiu a idade de 60 anos, quer seja antes da vigência do Estatuto do Idoso, quer seja a partir de sua vigência (1º de janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividade de reajustes das mensalidades com base exclusivamente no alçar da idade de 60 anos, pela própria proteção oferecida pela Lei dos Planos de Saúde e, ainda, por efeito reflexo da Constituição Federal que estabelece norma de defesa do idoso no art A abusividade na variação das contraprestações pecuniárias deverá ser aferida em cada caso concreto, diante dos elementos que o Tribunal de origem dispuser. - Por fim, destaque-se que não se está aqui alçando o idoso a condição que o coloque à margem do sistema privado de planos de assistência à saúde, porquanto estará ele sujeito a todo o regramento emanado em lei e decorrente das estipulações em contratos que entabular, ressalvada a constatação de abusividade que, como em qualquer contrato de consumo que busca primordialmente o equilíbrio entre as partes, restará afastada por norma de ordem pública. Recurso especial não conhecido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Sidnei Beneti, acompanhando o voto da Sra. Ministra Relatora, por maioria, não conhecer do recurso especial. Vencidos os Srs. Ministros Castro Filho e Humberto Gomes de Barros. Os Srs. Ministros Sidnei Beneti e Ari Pargendler votaram com a Sra. Ministra Relatora. No que diz respeito ao dano moral, melhor sorte não socorre a Autora. Não obstante a evidente conduta abusiva da Ré, a hipótese não enseja o dever de indenizar, na medida em que não se está diante de dano in ré ipsa. Para a configuração do dano moral é necessária à ofensa à dignidade ou à honra do indivíduo, o que não se verificou na matéria sub judice, porquanto o abalo não ultrapassou a seara do dano patrimonial.

11 Entendo que o comportamento da parte Ré, não veio gerar nenhuma outra conseqüência de maior gravidade a Autora, que venha a justificar a indenização por ela pleiteada, muito embora configure situação desagradável e indesejável, a situação ainda fica no terreno restrito do conflito de interesses, seria de se dizer que o desencontro é próprio da vida moderna, definindo-se como mero descumprimento contratual. A esse respeito, colacionamos o entendimento jurisprudencial deste Egrégio Tribunal de Justiça, na forma do verbete nº 75 da Súmula da jurisprudência dominante: "O simples descumprimento de dever legal ou contratual, por caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano moral, salvo se da infração advém circunstância que atenta contra a dignidade da pessoa". Por todo o exposto, nos termos do art. 557 caput do CPC conheço dos recursos e NEGO-LHES SEGUIMENTO, para manter a sentença recorrida por seus próprios fundamentos. Rio de Janeiro, 02 de março de TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES DESEMBARGADORA RELATORA Certificado por DES. TERESA CASTRO NEVES A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço Data: 02/03/ :41:00Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: Tot. Pag.: 11