Faculdade Nova de Direito. Análise Económica do Direito. Regente da Disciplina: António José Morgado. Autoria: Catarina Romão.
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1 Faculdade Nova de Direito Análise Económica do Direito Regente da Disciplina: António José Morgado Autoria: Catarina Romão Aluna nº º Ano, 2º semestre do 1ºciclo de licenciatura
2 Índice Introdução.1 A Propriedade em sentido jurídico..2 O papel do Estado na protecção da Propriedade Pública 3 Propriedade Intelectual e Propriedade Industrial..4 Patentes e Direitos de autor..5 Conclusão 8 Bibliografia.9
3 Introdução No âmbito da disciplina de Análise Económica do Direito, procurei com este trabalho desenvolver a temática do Direito de Propriedade, nas suas diversas vertentes, nomeadamente, da Propriedade Intelectual e Industrial no sentido de averiguar como é regulada e protegida pelo Direito e de que modo afeta económicamente a sociedade actual. Pelo que, debrucei-me na análise do conceito da Propriedade, como um direito de natureza real titulado por um sujeito a quem são conferidos determinados poderes por lei, que consistem, essencialmente no direito de uso, fruição e disposição da coisa. No entanto, a propriedade é também por vezes entendida como um bem público, isto é, um bem tutelado pelo Estado e pelas demais pessoas colectivas de direito público, para usufruto igual e gratuito de todos. Finalmente, no campo da Propriedade Intelectual e Industrial propriamente ditas, é feita referência ao registo de patentes e ainda aos Direitos de Autor, como meios de defesa da propriedade, a fim de assegurar a protecção da exclusividade dos direitos provenientes de invenções e criações de índole intelectual, artística, científica, etc. É ainda de referir uma preocupação em enquadrar o impacto dessas criações no sistema de registo de patentes, uma vez que o registo gera determinados incentivos à investigação e desenvolvimento de novos produtos, contribuindo deste modo para o aumento do bem-estar social, bem como para o investimento no mercado competitivo. 1
4 A Propriedade em sentido jurídico O Direito de Propriedade é um direito real que integra todas as prerrogativas que se podem ter sobre uma coisa ( direito subjectivo que recai directamente sobre coisas e que confere ao seu titular poderes sobre elas, bem como o direito exclusivo de exigir a terceiros um dever de respeito pela sua utilização - direito absoluto oponível erga omnes ) O titular do direito de propriedade - strictu sensu, o proprietário - goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem, dentro dos limites da lei e com observância das restrições por ela impostas ( cfr.art.1305º CC ) A titularidade de um direito de propriedade inclui, na esfera jurídica do sujeito que a detém, um direito de posse e um direito de transferência da propriedade A posse consiste no poder que se manifesta quando alguém actua por forma correspondente ao exercício de propriedade ou de outro direito real ( cfr.art.1251º CC ) A transferência de propriedade pode ser feita através de diversas formas venda, roubo, doacção, usucapião, testamento tendo em conta um sistema de registos de propriedade em que a propriedade se encontra registada ou não A aquisição da propriedade de um bem pode resultar da aquisição original ( propriedade sem dono passa a ser de quem encontra o bem ) ou da recuperação da propriedade perdida ( procura do bem desaparecido ) O registo de um direito de propriedade beneficia o seu titular do ponto de vista económico, dado que fomenta a riqueza, gerando toda uma panóplia de incentivos ao desenvolvimento do seu património ( incentivos ao trabalho, conservação e manutenção do bem, transferência da propriedade, diminuição do risco ) 2
5 O papel do Estado na protecção da Propriedade Pública A Propriedade Pública pertence a todos e é gerida pelo Estado que detém direitos de propriedade sobre os bens públicos (estradas, parques, bibliotecas, escolas) O agente Estatal compra determinados bens porque beneficia de uma troca voluntária, mas se existem elevados custos de transacção, a solução passa pela expropriação A expropriação só pode ser feita dentro dos limites legais estabelecidos e em razão de utilidade pública, quando exercida pelo Estado e recaindo sobre a propriedade do particular, tendo este último direito a uma justa indemnização ( cfr.arts. 1308º e 1310º do CC e art.62º nº2 da CRP ) O bem público é um bem não-rival, não-exclusivo e indivisível ao qual todo o individuo tem igual acesso ao seu usufruto/consumo São exemplos de bens públicos: águas territoriais, lagos, lagoas, rios, o espaço aéreo, os recursos naturais, as águas minerais extraídas do solo, estradas e linhas férreas ( cfr.art.84º CRP ) Ao Estado cabe garantir a provisão continuada e permanente destes bens, tendo todos os incentivos à sua manutenção e conservação e se necessário, à sua intervenção nos mercados para corrigir os efeitos das externalidades e das falhas de informação ou simplesmente para criar padrões de consumo São exemplos de externalidades o barulho, a poluição e o comportamento perigoso 3
6 Propriedade Intelectual e Propriedade Industrial O registo de propriedade intelectual e industrial visa proteger determinadas criações, fórmulas, composições artísticas e marcas comerciais da concorrência, da cópia, da falsificação e da partilha sem autorização da entidade titular originária dos direitos de propriedade sobre o bem A Propriedade Intelectual genericamente diz respeito à propriedade a que se referem os Direitos de Autor e em sentido estrito é a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da actividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico ( definição segundo a Convenção da OMPI ) A Propriedade Industrial é o conjunto de direitos que compreende as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de origem, as insígnias de estabelecimentos e os logotipos, bem como a repressão da concorrência desleal. Este ramo do Direito não se resume às criações industriais propriamente ditas, mas "entende-se na mais ampla acepção e aplica-se não só à indústria e ao comércio propriamente ditos, mas também às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos manufaturados ou naturais, por exemplo: vinhos, cereais, tabaco em folha, frutas, animais, minérios, águas minerais, cervejas, flores, farinhas". ( definição segundo a Convenção de Paris de 1883 ) 4
7 Patentes e Direitos de Autor A Patente é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação. Em contrapartida, é disponibilizado acesso ao público sobre o conhecimento dos pontos essenciais e as reivindicações que caracterizam a novidade no invento. Os direitos exclusivos garantidos pela patente referem-se ao direito de prevenção de outros de fabricarem, usarem, venderem, oferecerem vender ou importar a dita invenção. A patente insere-se no domínio da Propriedade Industrial, regulada pelo Código da Propriedade Industrial e controlada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e a nível comunitário, pelo Instituto Europeu de Patentes (IEP) As patentes duram por um determinado período de tempo, em regra durante 20 anos, mas com uma maior duração para os medicamentos desde que requerida ao INPI Geralmente o registo de uma patente resulta na protecção legal de uma marca comercial, que a longo prazo gera um sentimento de confiança na qualidade dessa marca e, por conseguinte, diminui os problemas de informação relacionados com o consumo desse produto legalmente protegido São requisitos de obtenção da patente: i) exclusividade da invenção; ii) novidade da invenção: tem de ser substancialmente diferente de qualquer coisa que já esteja patenteada, que já esteja no mercado, ou que já tenha sido escrito numa publicação, ou qualquer apresentação oral ou escrita iii) actividade inventiva: tem de ser não óbvio, o que quer dizer que uma pessoa com capacidade "normal" naquele assunto não teria a mesma ideia após examinar as invenções já existentes iv) aplicalibilidade industrial/ utilidade: invenção terá de servir em algum ramo industrial (agricultura, ciência, farmacêutica, química, mecânica) 5
8 As inovações patenteadas abrangem produtos ( máquinas, manufacturação, químicos ), processos, i.e., métodos de fazer as coisas e ainda outras categorias como informação genética, desenhos ornamentados de produtos manufacturados e certos programas informáticos (software) As patentes não abrangem as ideias abstractas ( p.ex: Lei da Natureza de Einstein, com a fórmula E=mc2), mas podem ser legalmente protegidas por copyright law ( direitos exclusivos de reproduzir textos ou outros produtos intelectuais durante um determinado período de tempo) ou outros preceitos legais O uso eficiente das patentes, resulta em: i) incentivo à investigação e desenvolvimento de novas descobertas ii) criação de mercados futuros iii) garantia de qualidade das marcas comerciais iv) venda de patentes para aumentar o seu valor social Já o uso ineficiente das patentes deriva de certos factores: i) excesso de registo de patentes numa tentativa de inovar e querer impor direitos de monopólio sobre as descobertas ii) proliferação de patentes adormecidas, cujos produtos não são utilizados iii) esforço para ser o primeiro e para copiar geram desperdícios sociais 6
9 O Direito de autor é uma forma de propriedade intelectual destinada a proteger, em exclusividade, obras literárias e artísticas geradas por pessoas humanas no exercício da liberdade de criação cultural O reconhecimento do direito de autor ocorre independentemente de registo, depósito ou qualquer outra formalidade, uma vez que se constitui pelo simples facto de criação da obra (art.12º CDADC) Em Portugal, o Direito de Autor é uma disciplina do Direito Civil regulada pelo Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos e Legislação Complementar e da Sociedade de Informação Cabe ao Autor ao criador original da obra intelectual- o direito exclusivo de utilizar, usufruir e dispor da obra literária, artística ou científica, dependendo de autorização prévia e expressa do mesmo, para que a obra seja utilizada para reprodução parcial ou integral (art.9º nº2 do CDADC) A Cópia não autorizada ou contrária às disposições legais contrafacçãoconstitui acto ilícito criminal e civil punido por lei, com pena de prisão até três anos e multa de 150 a 250 dias, de acordo com a gravidade da infracção (art.196º conjugado com art.197º do CDADC) e o infractor incorre em responsabilidade civil por violação dos direitos previstos no Código (art.203º do CDADC) A obra literária entra em domínio público isto é no domínio do Estado e de outras pessoas colectivas públicas para utilização livre e gratuita - setenta anos após o ano subsequente ao do falecimento do autor e enquanto isso não acontece, os direitos de autor dessa obra recaem sobre os sucessores legais do falecido (art.38º do CDADC) Actualmente há que considerar o impacto da internet no escopo dos Direitos de Autor, uma vez que constitui um novo veículo de difusão de informação que põe em causa a protecção de dados, a privacidade e a exclusividade dos direitos. Assiste-se à criação iminente de um direito de natureza económica e digital destinado à protecção da propriedade tecnológica em detrimento do autor original (lógica empresarial) 7
10 Conclusão Com este trabalho foi possível verificar a importância do direito de propriedade e dos direitos a ele inerentes, sendo este o direito particular mais importante na esfera jurídica dos indivíduos. Deste modo, é com o registo de propriedade que se garante que o bem permanece protegido no tempo, bem como os direitos exclusivos a ele associados, isto é, pertencentes à esfera jurídica patrimonial e moral do titular dos direitos em causa. É pois, o que acontece com o registo de patentes de certos produtos e processos, em que o seu titular detém não só um direito exclusivo de comercializar o bem, mas também um direito de prevenção, a fim de impedir que terceiros tentem usufruir do bem segundo as mesmas condições que são reservadas ao seu criador intelectual original, isto é, aquele que registou efectivamente a patente como sua. Já no que toca aos Direitos de autor, ao contrário da patente, dispensam o registo e surgem tão somente com a criação de uma obra intelectual publicada. Esta temática é actualmente o foco das atenções no que concerne à protecção de criações intelectuais de índole informática, isto é, facilmente utilizadas e comercializadas por via online, sem autorização do seu autor original. Com efeito, a questão da exclusividade dos direitos de autor- que por si só englobam um conjunto de direitos patrimoniais e morais carece, hoje, de uma maior protecção legal, pelo Direito de Autor enquanto ramo do Direito Civil. Contudo, devido à utilização das tecnologias e redes de informação, surgem novos desafios à disciplina do Direito de Autor, no que concerne a garantir a originalidade e exclusividade das criações intelectuais, contribuindo para isso os mecanismos de segurança online desenvolvidos para o efeito. 8
11 Bibliografia Shavell, Steven M. Foundations of Economic Analysis of Law Cordeiro, Pedro. Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos e Legislação Complementar e da Sociedade de Informação, Universidade Lusíada Editora Prata, Ana com a colaboração de Jorge Carvalho. Dicionário Jurídico, Volume I, 5ª Edição, Direito Civil, Direito Processual Civil, Organização Judiciária, ALMEDINA Sitografia al%20-%20ipdmaq.pdf ara_a_prote%c3%a7%c3%a3o_da_propriedade_industrial_(1883)
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