A LETRA CAROLINA. O projeto de implementação da Carolina no reino franco foi dirigido pelo abade Alcuíno do Mosteiro de York na Inglaterra.
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- Daniela da Costa Castel-Branco
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1 A LETRA CAROLINA KAROLINGISCHE MINUSKEL A Carolina foi introduzida pelo imperador Carlos Magno ( ), propagou-se rapidamente não só no reino franco, mas também por todo o Ocidente cristão. Alcuino de York, (York, 730 Tours, 804) A letra Carolina foi a componente gráfica essencial da Renascença Carolina, movimento de renovação cultural e intelectual impulsionado por Carlos Magno, que, embora praticamente analfabeto, foi um grande fomentador do estudo da Antiguidade e da recuperação dos legados gregos e romanos. A maioria dos documentos latinos e gregos fundamentais para a cultura humanista, foi copiada em Carolina e difundidos pelos conventos de Tours, Lorsch, Reichenau, St.Gallen e outros. O projeto de implementação da Carolina no reino franco foi dirigido pelo abade Alcuíno do Mosteiro de York na Inglaterra. Alcuíno nasceu em York na Northumbria (Grã Bretanha) em 735 e morreu a 19 de Maio de 804 em Tours (França). Estudou na escola Cathedral de York e, provavelmente, também na Itália. Ensinou durante cerca de 15 anos na escola da catedral de York, onde criou uma das melhores bibliotecas da Europa de então e transformou a escola num dos maiores centros de saber. Com o apoio incondicional do imperador Carlos Magno, Alcuíno de York foi o operador de uma vasta campanha de literacia e impulsor da escrita unificada baseada na letra Carolina. 800 anos depois da era imperial romana, foi de novo praticada uma homogeneização e normalização da escrita em grande parte da Europa.
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3 Manuscrito francês, segunda metade do século VIII. Alcuíno consegiu em poucos anos a normalização da escrita em todas as províncias do vasto império franco.
4 Uma expressão da política unificada de Carlos Magno foi a introdução de uma moeda única no seu vasto império. A moeda mostrada aqui foi cunha no Porto de Quentovic, no norte da França A partir de 819, a Carolina foi introduzida com sucesso na maioria das chancelarias, scriptorias e escolas de escrita do reino franco. Com poucas exceções, como Irlanda, a Carolina expandiu-se rapidamente em toda a Europa Central. Depois da romana, foi a nova escrita universal. ORGIGEM A letra Carolina deriva das primeiras minúsculas caligráficas francesas. A primeira destas escritas nasceu em Luxueil, traz o nome desta fundação monástica irlandesa e atingiu o seu pico por volta do ano de 700. Com ducto algo inclinado, retomou algumas formas das letras unciais e semi-unciais. As características letras redondas, regulares, suficientemente separadas, asseguram ao leitor uma ótima legibilidade e ao escriba, um traço fluído e fácil. A Carolina foi usada desde o século IX até o XIV, existindo belíssimo exemplos da expressão tardia desta letra, quando a Idade Média tinha a Renascença à porta. Hoje, a Carolina continua a viver no nosso quotidiano tipográfico, depois de fusionada com as formas versais romanas.
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6 PRIMEIROS REGISTROS DE IMPRESSÃO COM TIPOS MOVEIS A China é um dos antigos países civilizados do mundo, a sua seda, a porcelana, a Grande Muralha e o Palácio Imperial são muito conhecidos mundialmente. Mas das suas ricas heranças culturais e históricas, as mais famosas e influentes para o progresso do mundo humano, destacam-se as quatro grandes invenções antigas, ou seja, o papel, a tipografia, a pólvora e a bússola. Antes da invenção da imprensa, os livros popularizaram-se entre as gentes por meio de cópias. Naquela altura, existiam na China vários métodos de reprodução de caracteres e cópia de livros. Destes, os que tinham maior relação com a tipografia eram os selos e lito-calcos. Para reproduzir bem os lito-calcos de inscrições de lápide e os selos com caracteres de fundo branco e traços pretos, inventou-se a arte de imprimir em chapas gravadas, na segunda metade do século VI ou no início do século seguinte. Esta invenção, embora fosse de certo uma criação pioneira na história de tipografia da Humanidade, não era ainda ideal para a impressão, pois para cada impressão era indispensável gravar novas chapas. O trabalho era enorme e não possibilitava uma impressão rápida. Para satisfazer as necessidades do progresso social, um chinês chamado Bi Sheng inventou os tipos móveis, em meados do século XI. Gravava cada caráter havia vários tipos e dos caracteres mais usuais havia um grande número de tipos. Ao compor, preparava-se primeiro uma tábua de ferro, em que se colocava colofônia e cera, e em redor da tábua fazia-se um quadro de ferro, dentro do qual se montavam apertados os tipos móveis. Depois, aqueciase a placa de ferro, para que se dissolvesse a colofônia e cera, e comprimiam-se bem os tipos móveis com uma tábua plana. Assim estava completada a montagem de uma chapa de tipos móveis, que após aplicação da tinta, podia ser impressa. Depois da impressão, desmontava-se a chapa e conservavam-se os tipos móveis para uso ulterior. Este método, embora muito primitivo, tinha já os três processos principais da tipografia - os tipos móveis, a composição e a impressão.
7 Por volta de 1298, Wang Zhen criou o tipo móvel de madeira e inventou um aparelho giratório para a composição, elevando deste modo a um movo nível a tipografia com tipos móveis. A partir do século XIV, a China criou sucessivamente tipos móveis de estanho, bronze e chumbo. Em meados do século VIII, a tipografia saiu da China para o estrangeiro, entrando primeiro na Coréia e Japão, e depois chegando ao Oeste da Ásia, Norte da África e Europa. AS LETRAS GÓTICAS Distinta do modelo carolíngio, a letra gótica teve origem por volta do século XI, na Bélgica e no norte da França. GÓTICAS PRIMITIVAS, BASTARDAS Em vários conventos medievais portugueses, como em muitos outros europeus, funcionaram scriptoria, oficinas caligráficas encarregadas de copiar textos religiosos e por vezes, textos da Antiguidade. Em Portugal, avultam os scriptoria do Convento de Alcobaça, da Serra de Ossa e do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Os numerosos manuscritos do Convento de Alcobaça que hoje guarda a Biblioteca Nacional, em Lisboa, atestam a perícia artística dos monges de São Bernardo. O scriptorium do Mosteiro de Santa Cruz nasceu no século XII sob o signo da Visigótica de transição, mas floresceu sob as múltiplas formas da Gótica. Os 94 códices provenientes da Biblioteca do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, hoje na Biblioteca Pública Municipal do Porto, são um impressionante testemunho a evolução da escrita em Portugal ao longo de seis séculos. Alguns desses códices vieram de mosteiros portugueses, outros de Espanha, de Itália ou de França, outros foram elaborados no próprio Mosteiro de Santa Cruz. Já no século XVI, este mosteiro viria a ter uma oficina tipográfica própria. O imperativo de economizar espaço na folha de pergaminho transformou as escritas nos centros universitários medievais. Os elementos que permitem identificar diversas Góticas a partir do século XII são: letras violentamente condensadas, com formas quebradas (fracturadas) ou geométricas, hastes e descendentes reduzidas, proporcionando mais letras por linha e mais linhas por página. Esta compactação do texto foi ainda reforçada pelo uso contínuo de abreviaturas. GÓTICA DE BOLONHA ( ) Uma das inúmeras variantes da Gótica, a letra de Bolonha littera boloniensis é pequena e compacta, com acentuada fractura dos traços, muitas abreviaturas, ligaduras quase imperceptíveis, hastes e caudas curtas em terminologia moderna: a sua altura-x (veja glossário) é muito reduzida.
8 Paris, Bolonha e Oxford foram centros universitários de dinamização das inúmeras variantes da letra gótica. Estas três cidades universitárias foram os principais nichos de produção e difusão cultural onde se formaram tradições caligráficas independentes, bem diferenciadas pelo traçado e pelo tamanho das letras. Uma pouco por toda a parte, aparecem as Bastardas, variantes regionais da Gótica. ROTUNDAS As Rotundas (redondas), que surgiram na Itália por volta de 1470, foram a expressão da resistência contra as Texturas, as esguias letras fracturadas que se escreviam mais ao norte na Europa. Quando vingou a «arte negra», a maior parte das oficinas tipográficas estava equipada com góticas bastardas, fundidas em metal. No caso de Gutenberg, estava equipada com uma Textura. TEXTURA MANUSCRITA Como escrita librária em uso desde o século xiii, a Textura anulou radicalmente as curvas redondas, a favor das formas quebradas ou «fracturadas», com uma forte tendência para coagular letras contíguas, o que resultou numa forma de letra quase hexagonal, muito alongada. Em Portugal, a Textura foi profusamente utilizada no scriptorium do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra nos séculos xiii-xv, na cópia de livros litúrgicos. Na Alemanha, a esguia Textura foi a variante da letra gótica pela qual optou Johannes Gutenberg quando moldou em metal os primeiros tipos móveis. A fraca legibilidade é uma característica negativa da Textura. As Texturas históricas alemãs eram altas, esguias, fortemente condensadas; assim foram reinterpretadas por F.W. Goudy no século xx e assim foram correctamente digitalizadas. Já o typeface designer Jonathan Hoefler desenhou uma Textura inglesa, bastante mais baixa, mais larga e gorda. GÓTICAS IMPRESSAS Uma aparente contradição na génese da tipografia reside no fato que o seu inventor, Gutenberg, introduziu uma tecnologia avançada, revolucionária, mas seguiu cautelosamente os padrões e as convenções estéticas do seu tempo, não alterando nada na forma das letras de origem caligráfica que usou nas suas impressões. A grande renovação estética, orientada já pelos novos padrões do humanismo, ficaria reservada aos tipógrafos venezianos e seria consumada pelo gravador de punções Claude Garamond Quando do advento da Imprensa, as letras góticas dividiam-se em dois grupos: os tipos angulosos, inspirados na minúscula gótica, e as Rotundas, letras arredondadas ou romanos, que tinham como modelo a minúscula carolíngia.
9 Gótica tipográfica usada na impressão de um incunábulo de Johann Froben CONCLUSÃO Esse trabalho nos possibilitou um melhor conhecimento sobre a escrita quanto o tempo até 1400, assim fazendo com que relacionemos aquele período com o de hoje em dia, e ampliando o que aprendemos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA Evolução da Escrita História Ilustrada Horcades, Carlos M. Editora SENAC RIO, 1 Edição , 126 pág. ;
10 Heitlinger, Paulo. Tipografia: origens, forma e o uso das letras; 1 Edição: Novembro de 2006; Impressão: impresse 4;
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