Aqui nós somos os donos
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- André Barreto Chaves
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1 Publicação do Sicoob Coominagri Executivo Ano II Número 5 Outubro/Novembro de 2006 Tarcísio da Silva Siqueira Josely Soares de Oliveira Maria Genilda de So uza Leite Ademar Lopes Campião Pág. 4 e 5 Iram Gomes da Silva Maria Au rora Cin tr a da Silv a Aqui nós somos os donos Suas finanças Dez dicas fáceis de como economizar seu dinheiro e garantir um futuro melhor Pág. 3 Comunicação Sicoob Coominagri é primeira singular a pensar sua estratégia de marketing Pág. 3 Artigo Ronise Figueiredo faz análise sobre importância da organização do quadro social nas cooperativas de crédito Pág. 6
2 Editorial CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente Luiz Lesse Moura Santos Titulares Armando Laurindo da Silva Ézio Gomes da Mota Francisco Madeiro da Costa Hellen Matos Sallum Kátia Regina Costa de Oliveira Pedro de Alcântara Sampaio de Oliveira Renato Stoppa Candido Samuel Maurício Correa Suplentes Girabis Evangelista Ramos Rusberto do Vale Oliveira DIRETORIA Presidente Luiz Lesse Moura Santos Diretor Administrativo-Financeiro Pedro de Alcântara Sampaio de Oliveira CONSELHO FISCAL Presidente Francisco de Assis Mesquita Facundo Secretária Claudeci Barbosa da Silva Vogal Neuza Arantes Silva Suplente Maria da Conceição Costa Geraldo ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Jornalista Responsável Rosa Pecorelli (13557-DRT-10058/80-RJ) Projeto Gráfico/ Direção de Arte G3 Comunicação Impressão Gráfi ca São Judas (61) Tiragem exemplares Fotos Carlos Silva / Japocapress Luiz Lesse Moura Santos Presidente Estamos observando nestes últimos dois anos uma oferta de crédito nunca vista em nosso país. Medidas governamentais de incentivo foram implementadas para incrementar o desenvolvimento da economia nacional, especialmente o comércio, que se ressentia da falta de apoio para o setor. Dentre as medidas baixadas, a facilidade para a contratação de crédito pessoal foi sem dúvida a que deu maior visibilidade. E o crédito consignado, aquele descontado em folha de pagamento, o produto mais incentivado pelos bancos, fi nanceiras e até lojas de departamentos, que enxergaram na venda de dinheiro uma forma mais rentável do que suas mercadorias. Prova disso é a explosão do número de correspondentes bancários, pessoas físicas ou empresas que vendem crédito em nome de grandes bancos. O que provocou tanto interesse dessas instituições? Várias razões podem ser enunciadas, mas a principal é, sem dúvida, a segurança, uma vez que a inadimplência é muito baixa e os riscos pequenos, por ser o desconto realizado diretamente na fonte. Considerando isso, as taxas de juros deveriam ser menores, engana-se quem acreditou nessa história: em muitos casos as taxas estão próximas daquelas praticadas nas operações sem qualquer garantia, uma vez que o único compromisso de tais instituições é o lucro. A ótima opção de negócio, que possibilitou a oportunidade de ganhos maiores, levou os bancos e fi nanceiras a investirem de forma pesada em marketing, contratando artistas de tevê para a divulgação e venda de dinheiro em horários nobres na mídia como um todo. O resultado de tanta oferta de empréstimos, verdadeiro incentivo para o endividamento, é que hoje observamos uma verdadeira ressaca do crédito fácil. Inúmeras pessoas, despreparadas, ou, por não dizer, mal educadas econômica e fi nanceiramente, lançaram mão de empréstimos sem um planejamento adequado, resultando no gasto com supérfl uos, ou investindo equivocadamente em atividades pouco elaboradas. Não atentaram para as altas taxas de juros embutidos nos empréstimos, para as armadilhas das tarifas. E o mais grave, para a perda de sua renda mensal, uma vez que parte dela fi cou comprometida com o pagamento de tais empréstimos por longos meses. Essa ressaca está provocando o crescimento da inadimplência como um todo. O mercado já começa a se preocupar com os refl exos dessas medidas. O número de pessoas com restrições nos órgãos de proteção ao crédito vem crescendo a cada dia. Preocupados, os bancos estão buscando de todas as formas evitar o aumento de suas provisões. Adotam ações para recuperar parte dos valores emprestados, negociando com seus credores das mais diversas formas, concedendo descontos e prorrogando prazos. Porém, é bom frisar que os ganhos auferidos com as tarifas e os juros já lhes rederam lucros consideráveis. Você deve estar pensando: sendo o Sicoob Coominagri Executivo uma instituição fi nanceira, não estaria se benefi ciando de tais ações e lucrando junto com os demais bancos e fi nanceiras? Errado! Nossa instituição foi criada exatamente para ser um diferencial e funcionar como alternativa ao sistema selvagem e faminto por mais e mais lucros. Antes de nos colocarmos como instituição fi nanceira, somos uma Sociedade Cooperativa, uma sociedade de pessoas, formada por servidores públicos do poder executivo federal. Uma sociedade voltada para atender os servidores e dirigida por servidores. Imbuída da responsabilidade com seus associados (através da educação fi nanceira), que reverte os resultados (o lucro) para esses associados. Mesmo se não tivéssemos o que distribuir, o simples fato de existirmos e oferecermos produtos e serviços nas atuais condições proporciona ganhos surpreendentes para os cooperados. Segundo dados do Banco Central do Brasil, a média dos juros cobrados pelas fi nanceiras nas operações de crédito pessoal é em média 4,5,0 % a.m.; o valor médio mensal de tarifas pagas pelos correntistas dos bancos fi ca em R$ 35,00, e a tarifa média de manutenção da conta corrente, em média, é de R$ 15,00. Esplanada dos Ministérios Bloco D Anexo B Térreo Tel. (61) CEP Brasília-DF Comparando esses indicadores com os do Sicoob Coominagri, observamos: para uma carteira de crédito de R$ 13 milhões (a uma taxa média de 2% a.m.) há uma economia de 2,5% a.m. (R$ 325 mil), ou R$ 3,9 milhões no ano. Se adicionarmos a economia em tarifas e serviços bancários, esse ganho torna-se supreendente: quase R$ 4,4 mihões em um ano. Portanto, caro associado, prezado servidor, aplique sua riqueza (seu salário) de forma conveniente, planejada. Evite desperdícios, não pague juros. Saiba que mais importante do que ganhar dinheiro é parar de perder! PÁGINA 2 O COOPERANTE
3 Educação financeira Um dos problemas mais freqüentes observados entre aqueles que procuram a cooperativa com o objetivo de negociar suas dívidas com bancos, cartões de crédito, e às vezes até com agiotas, é que eles voltam a incorrer no mesmo erro depois de iniciado o processo de saneamento das fi nanças. Isso signifi ca que não adianta apenas resolver um problema imediato, mesmo importante e necessário: a organização fi nanceira é fundamental, e requer uma verdadeira transformação de comportamento, uma reeducação. Segundo o economista e contabilista Victor Hohl, professor da disciplina Mercado Financeiro e de Capitais da Faculdade Michelangelo e membro do Instituto Nacional de Investidores, mesmo depois de debelada a infl ação o brasileiro mantém o hábito de consumir, criado quando o dinheiro desvalorizava no banco. Com a estabilidade não há aumento de salário e as pessoas insistem em manter o padrão de vida. Hoje o que vale é o capital e a informação. Devemos pensar em poupar, observa ele. As armadilhas são muitas: a oferta de produtos aumentou, a apresentação melhorou, as necessidades foram estimuladas e ninguém resiste à propaganda. Sem contar que há enorme facilidade para adquirir cartões de crédito, cheques especiais, crédito consignado, entre outras aparentes regalias. Seduzida pelas facilidades, a pessoa abre a porta de entrada da ciranda fi nanceira. Primeiro, faz dívidas no cheque especial e compra demais no cartão de crédito. Como não pode liquidar tudo, paga o mínimo do cartão, cujos juros são elevados. Para tentar resolver o problema, pega outro empréstimo, em geral um crédito consignado, achando que é a melhor saída. No mês seguinte o contracheque vem descontado do crédito, o salário diminui, mas a pessoa não se ajusta à nova renda, quer dizer, continua a usar o cartão e a manter os mesmos hábitos! O círculo vicioso não pára mais: quando está vencendo um empréstimo faz-se outro, e aquela pessoa se transforma em um eterno endividado. Diante deste quadro o Sicoob Coominagri Executivo resolveu adotar uma nova prática, além dos tradicionais cursos e palestras sobre educação fi nanceira. São encontros periódicos com especialistas em mercado e fi nanças, onde o interessado mostra ao consultor como está se comportando. O trabalho está em fase experimental. É uma espécie de vigilantes das despesas pessoais, que tenta evitar as recaídas, tomando como exemplo os Vigilantes do Peso, explica o professor Victor. Os encontros são individuais e o consultor acompanha a situação passo a passo, como se fosse um médico. Segundo Victor Hohl, a única forma de sair da ciranda fi nanceira é baixar o padrão de vida, diminuindo as despesas até sanear as DICAS PARA PROGRAMAR SEUS GASTOS E POUPAR Liste tudo de que dispõe e todas as suas dívidas. Se não puder eliminar gastos, diminua sua freqüência. Faça o supermercado com lista, sem fome e sem crianças. Olhe as vitrines sem talão de cheques ou cartão de crédito. Economize com Internet, combustível, energia elétrica e água. Evite carregar dinheiro (R$): compre à vista e barganhe! Elimine os cartões de crédito e diminua o limite do cheque especial. Jamais se endivide para dar um presente. Se tiver vontade de comprar, espere 48 horas. Se aumentar a renda, mantenha o padrão de vida e invista. dívidas. Isso exige sacrifício e disciplina, pois o processo leva normalmente uns cinco anos. E quando as fi nanças são saneadas, é necessário aprender a investir. Cada caso é um caso, e atinge pessoas de diferentes classes. Tive um cliente, por exemplo, cujo patrimônio era uma casa valiosa, construída quando era um funcionário bem pago. Ao perder o status ele manteve a casa, mas não tinha dinheiro para comer. Hoje em dia, nem sempre ter um imóvel é a solução, avalia. A fórmula para solucionar os problemas é simples: renda = consumo + poupança (qualquer investimento). Ou seja, não se pode consumir toda a renda. A dica é investir antes de consumir, e não o contrário: reservar 5% ou 10% do salário antes de gastar, e viver com a sobra. É muito importante desenvolver o hábito da poupança, mesmo com uma renda pequena. Planejamento Estratégico Inovando na Comunicação O Sicoob Coominagri Executivo saiu na frente e deu início à discussão de seu Planejamento Estratégico de Comunicação (PECOM), reunindo direção e colaboradores para apresentar as primeiras ações de marketing realizadas na instituição e começar a definir uma estratégia de que dê suporte e complemente a missão do Assessoria de Comunicação (levar ao servidor do poder executivo federal em Brasília a educação, a orientação, a ajuda e a economia sistemática). A Gerente de Marketing e Comunicação do Bancoob, Simone Cavadas, presente ao encontro como palestrante, assinalou o ineditismo da iniciativa. Não conheço qualquer singular que tenha parado para pensar sua área de comunicação. Marketing para o cooperativismo é pioneiro, afirmou ela. O publicitário Bruno Botafogo afirmou que marketing é um conceito amplo e coordena as ferramentas de de comunicação de forma integrada, com o objetivo de construir uma marca. A definição do marketing de uma empresa é fundamental, garantiu. O presidente do Sicoob Coominagri Executivo, Luiz Lesse, lembrou a necessidade da comunicação com os associados e entre os colaboradores da instituição, para manter afinadas as diretrizes da cooperativa, do Bancoob e da Central. A idéia fazer uma comunicação integrada, com a cara da nossa instituição, mais uma vez nos coloca à frente do processo. Trata-se de um grande desafio. PÁGINA 3 O COOPERANTE
4 Matéria da Capa Eles defendem a band optaram pela coopera Primeira cooperativa de crédito criada em Brasília, há 24 anos, o Sicoob Coominagri Executivo é o verdadeiro braço financeiro dos servidores (formado por servidores, administrado por servidores e voltado para distribuir os benefícios entre os servidores). A instituição nasceu com a proposta de ajuda e educação financeira, e tinha foco principal nos empréstimos. Hoje ela é muito mais abrangente e oferece um atraente leque de produtos bancários, tendo em vista não apenas o momento difícil por que atravessam os funcionários do Executivo, mas a carga tarifária cada vez mais pesada das demais instituições, que vem promovendo recordes de lucros entre os bancos, conforme noticiam os jornais. Além de receberem as melhores taxas de investimentos e pagarem as menores taxas nos empréstimos e tarifas, nossos associados têm a oportunidade, ao final de cada exercício contábil, de participar dos resultados alcançados por sua instituição. Onde mais isto acontece? No último exercício (2005), por exemplo, o Sicoob Coomingri Executivo alcançou a maior sobra da sua história: R$ 814,881 mil, sendo que R$ 611,160 mil foram rateados entre os associados após as destinações estatutárias. Quem conhece o Sicoob Coominagri Executivo concorda com a gente. Pesquisa de opinião realizada em dezembro de 2004 pela empresa HOJE/EMP Consulting ouviu 778 pessoas (396 associados) sobre vários aspectos da cooperativa e dos bancos tradicionais, e as respostas foram bastante positivas. Exemplo? 82% preferem usar os serviços da cooperativa; 84% usam a conta corrente; 59% acham melhor serem clientes do Sicoob Coominagri Executivo (contra 34% dos bancos comerciais); 83% indicam a cooperativa para os amigos; 46% dos associados são Quando a gente trabalha junto, todo mundo ganha Josely investidores e 70% utilizam o cartão de crédito. Para nós, cada pessoa é muito importante e merece o nosso carinho e o maior respeito. Pela sua história, pelo seu jeitinho especial, pela sua forma de participar desta grande família, dividindo com a gente as suas angústias e as suas alegrias. O cearence Josely Soares de Oliveira, 43 anos de Brasília e 27 no Ministério da Educação (é agente administrativo no INEP), está conosco desde fevereiro de Recebe o salário, paga suas contas conosco e é um grande entusiasta da cooperativa. Quando pode leva um colega para se associar e já aconteceu de adiantar o pagamento da primeira mensalidade quando o amigo estava meio sem dinheiro. A Coominagri visa o nosso lado, não pensa só em lucro, como nos outros lugares. E a gente já entra como dono. Eu já sei explicar direitinho para os amigos o que é uma cooperativa. Aprendi com as meninas do atendimento. Elas são 100%, fazem tudo por nós. Na escola descobri que quando a gente trabalha junto, todos ganham. Aqui na cooperativa também é assim, filosofa. Maria Genilda de Souza Leite trabalhou 20 anos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Atualmente é agente administrativo lotada na Secretaria de Patrimônio da União, Coordenação Geral de Planejamento e Orçamento (Ministério do Planejamento). A cooperativa é minha Mãeminagri, meu anjo Maria Genilda Associada desde março de 1991, foi inicialmente atraída pela facilidade de tomar empréstimos. Acabei com a conta no Banco do Brasil e transferi tudo para cá. Desde que me entendo por gente a Coominagri toma conta da minha vida financeira. Genilda acha que dá muito trabalho aos funcionários, pois vive renegociando dívidas e pegando empréstimos. Tenho uma espécie de síndrome dos desorganizados. O pessoal me cobra organização... mas sabe aquele negócio chamado cartão de crédito: tem coisa pior?, se pergunta rindo. Em função de uma viagem a trabalho que não aconteceu Genilda fez muitas dívidas, e gastou contando com um dinheiro que acabou não recebendo. Estourou a conta, o cartão, caiu nas mãos de agiota e até hoje está pagando um preço muito alto. A Coominagri é o meu anjo da guarda. É a Mãeminagri, é como uma família que faz tudo para ajudar. É muito mais do que o nosso banco. Eles conversam, dão conselhos. Apesar dos atropelos jamais ouvi um não. Sei que preciso mudar, pois gastei sem ter conseguido nada. Não tenho um carro zero, mas já paguei um só de juros. Genilda garante que já quebrou seus três cartões de crédito, aumentou o índice da capitalização, e vai usar o décimo terceiro e as férias para liquidar as dívidas com a cooperativa. Comprar é um verbo que saiu da minha gramática. O engenheiro agrônomo Tarcísio da Silva Siqueira, da Coordenação Geral do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional, está no MAPA há quase 27 anos. Nascido em Fortaleza, vive em Brasília desde 1979 e se associou em abril de Ele acredita que a idéia cooperativista é interessante quando bem administrada, conduzida com responsabilidade e olhos no futuro, no bem estar, no proveito e no benefício dos associados. Na Coominagri essa idéia está consolidada. A cooperativa já enfrentou perigos e venceu ameaças e PÁGINA 4 O COOPERANTE
5 eira e dizem por que tiva O que têm em comum Josely, Maria Genilda, Tarcísio, Maria Aurora, Iram, Campião e os outros associados do Sicoob Coominagri Executivo? Resposta simples: todos são donos deste banco! mostrou que veio para ficar, diz, com a propriedade de quem usa todos os serviços oferecidos, desde o recebimento de proventos, conta bancária, pagamentos, cartão de crédito, investimentos, agendamentos e empréstimos, além do internet banking. Por tudo isso os funcionários brincam com ele dizendo que Tarcísio é um associado-padrão. A cooperativa é uma empresa diferenciada, sem fins meramente lucrativos, onde os associados são donos, com direitos e privilégios, mas também com responsabilidade de manter e fazer consolidar seu nome, analisa, aceitando o título com orgulho. Um aspecto que deixa Tarcísio gratificado é saber que os recursos por ele investidos, embora pequenos, retornam em rendimentos e são importantes para cooperados sem perfil de investidor. É a noção da mutualidade: eu poupo e alguém toma emprestado; às vezes, inverto o papel. Prefiro aplicar aqui porque é seguro e as taxas são mais atraentes, eu já comparei, afirma, confessando que se sente meio sem graça da relação tão próxima, da atenção e do carinho do pessoal da cooperativa. Sou muito tímido. A mutualidade de que Tarcísio está falando serviu para salvar a vida de Maria Aurora Cintra da Silva. Eu não conseguia mais dormir, estava doente, Associados são os donos, com direitos e deveres Tarcísio estressada, deprimida. Não é brincadeira gastar além do que se ganha, mas foi o que aconteceu comigo. Não tenho vergonha de dizer. Quando chegou o pagamento de julho e saldei as dívidas e não sobrou nada, entrei em pânico. Voltei para a Coominagri para pedir socorro, confessa. Aurora foi associada entre 1991 e 2004, quando retirou o dinheiro da capitalização para liquidar algumas dívidas e se desligou do Sicoob Coominagri Executivo. A volta aconteceu no último mês de julho. Sair da cooperativa foi a maior besteira que eu fiz. Não resolveu minha vida e eu ainda fiquei pior, a dívida virou uma bola de neve, lamenta. Aurora trabalha na Coordenação Geral de Zoneamento Agropecuário e está no MAPA há 19 anos como agente administrativo. Ela se endividou comprando pequenas coisas em lojas populares. Nada de luxo. Não pediu ajuda ao marido, Iram Gomes da Silva, pois achava que resolveria tudo com novos empréstimos. Iram foi avisado do problema por telefone, enquanto Aurora se reunia com o pessoal da cooperativa. Eu estava mais ou menos por dentro, mas não totalmente inteirado. Com o consentimento dela o presidente me ligou, me expôs a situação. Vim aqui, ele me passou uma planilha com os custos para a gente reverter o quadro e vi que seria bem melhor, explica. O salário de Iram na Imprensa Nacional acabou entrando na negociação, pois o Sicoob Coominagri Executivo assumiu as dívidas e parcelou os novos valores no contracheque de Aurora. No primeiro momento sofri muito ao expô-lo a uma situação tão complicada. Mas foi o único jeito: agora consigo dormir e estou confiante de que aprendi uma grande lição, garante. O apoio da equipe da cooperativa fez Iram acreditar que a instituição realmente se preocupa com o associado. Eles nunca nos abandonaram. Deram assessoria pessoalmente, de forma impecável, ficando ao nosso lado o tempo todo, desde a secretária ao presidente. Iam conosco aos bancos, discutiam taxas, lutavam por nós. O que mais nos tocou foi o apoio que recebemos aqui Iram e Aurora Nessas horas a gente se sente por baixo, fragilizado, então o que mais me tocou foi isso, foi esse apoio, agradece. A história de Aurora e Iram reforça a tese do advogado Ademar Lopes Campião, associado desde dezembro de 1997, um dos invetidores do Sicoob Coominagri Executivo: através do cooperativismo os pequenos e os fracos acabam se tornando fortes. Sempre fui adepto deste tipo de organização. Paulista de nascimento, mas brasiliense de coração, Campião trabalhou 27 anos no MAPA e se aposentou em 2000 como titular da consultoria jurídica. Hoje comanda um escritório de advocacia (maior atuação no campo da biossegurança e da biotecnologia) e consultoria para assuntos legislativos da área agropecuária, o Agrolegis Campião & Associados. Mas não deixou a cooperativa, e continua recebendo a admiração de todos os ex-colegas. E s t o u muito satisfeito. Aqui o nível de tratamento que a gente recebe é muito melhor, não me sinto um número. Além do mais, aplicar aqui Através do cooperativismo é seguro os fracos viram fortes e rende Campião boas taxas. A Coominagri cresceu unindo os funcionários do MAPA, e depois os demais servidores federais de Brasília. Com isso se solidificou e ganhou um bom destaque no Sistema., garante. PÁGINA 5 O COOPERANTE
6 Artigo A importância de organizar o quadro social para fortalecer as cooperativas de crédito Ronise de Magalhães Figueiredo * O cooperativismo centraliza toda a sua atenção na pessoa humana. São as pessoas que, por vontade própria e soberana, constituem o empreendimento cooperativo para resolverem solidariamente os seus próprios problemas e satisfazerem suas necessidades. Na cooperativa cada pessoa, por mais rica, poderosa ou sábia que seja, tem apenas um voto. Por isso é imprescindível desenvolver um processo permanente de capacitação cooperativista e empreendedora, para que todos os cooperados possam votar conscientemente nas grandes decisões da sociedade. Além de seguir todas as regras da administração, a cooperativa precisa criar transparência entre o empreendimento econômico coletivo e o quadro social, condição para que haja plena confiança e ajuda mútua; servir da melhor forma possível ao seu quadro social; viabilizar a maior participação possível dos cooperados nos negócios da cooperativa, pois disso depende sua eficiência e eficácia empresarial. O cooperativismo exige transparência, confiança, participação e ajuda mútua como condição para sua existência. Mas o cooperativismo brasileiro atua num contexto adverso, onde impera uma escala de valores baseada no individualismo. Por isso é fundamental criar uma cultura em que a atividade econômica, o capital, seja meio, e não fim, além de manter a identidade entre a sociedade cooperativa de crédito e o cooperado, para que ele se sinta dono do negócio e não um mero consumidor da prestação do serviço ofertado. O fato de uma pessoa associar-se a uma cooperativa não lhe confere conhecimento sobre cooperativismo. Esses conhecimentos ela adquire em reuniões, encontros, seminários, diálogos, cursos, bem como a participação efetiva nas atividades da cooperativa. Pela vivência a pessoa vai descobrindo os valores da cooperação: a liberdade, a igualdade, a participação, a democracia, a solidariedade, a justiça social, a cidadania. Isso é tão importante, que em todos os países a lei cooperativista cria um fundo para desenvolver atividades de capacitação (no Brasil a Lei 5.764/71 criou o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, instituindo a utilização de pelo menos 5% das sobras líquidas apuradas no exercício da cooperativa para este fim). No ramo crédito a situação é dramática. Muitos dirigentes, técnicos e funcionários das singulares se preocupam com o resultado financeiro. O cooperado é visto como cliente e o princípio da dupla qualidade não é respeitado, ou seja, o cooperado não se sente dono do empreendimento econômico: o cooperado é tratado como mero correntista, e em razão disto não se tem sua fidelização, tampouco ele se identifica com a cooperativa. Organizar o quadro social para a efetiva participação do cooperado nas cooperativas de crédito é defini-lo e estruturá-lo de forma a estabelecer um processo sistemático e permanente de informação, comunicação e integração entre os cooperados, e deles com a cooperativa (e vice-versa), realizando a verdadeira cooperação e a viabilização das atividades individuais dos cooperados, e as coletivas, da cooperativa. Um processo que pode se realizar através da organização dos cooperados em Comunidades Cooperativistas ou Núcleos de Desenvolvimento Cooperativo, e em Comitês Educativos, no local da sede da cooperativa e seus PAC, ou nas micro-regiões onde os cooperados estão inseridos; do aperfeiçoamento da assistência técnica, informação e formação dos cooperados no processo de organização social e cidadania; da profissionalização e capacitação dos cooperados, visando a viabilização econômica de suas atividades individuais e, por conseqüência, da cooperativa. Também se organiza o quadro social pela sua integração na gestão da cooperativa, levando-o a assumir um papel de coparticipe e co-responsável por sua entidade; pelo estabelecimento de uma relação de compromisso dos cooperados entre si e deles com a cooperativa; pelo uso da gestão estratégica da informação quanto ao processo de governança, integrando o quadro social e legitimando a gestão da cooperativa, e facilitando o processo decisório de forma legítima, para que espelhe as aspirações do quadro social. O principal objetivo de organizar o quadro social é possibilitar sua participação na dinâmica da cooperativa, levando-o a vivenciar o princípio cooperativista da gestão democrática. É, portanto, um trabalho de caráter educativo, que fortalece o cooperado, a cooperativa, a comunidade e, por conseqüência, o incentiva a participar, cuidar e zelar pela cooperativa de crédito em todos os seus aspectos, seja, financeiro, institucional, social, dentre outros. * Ronise de Magalhães Figueiredo, advogada, é especialista em cooperativismo (Unisinos/RS), Mestre em Administração (Fundação Pedro Leopoldo), Coordenadora do Núcleo de Estudos de Cooperativismo e Associativismo e coordenadora dos MBA em Gestão de Cooperativas e Gestão de Cooperativas de Crédito da Fundação Pedro Leopoldo. PÁGINA 6 O COOPERANTE
7 Governaça Corporativa Conselho Fiscal toma posse Em cerimônia realizada, na sala de leitura da Biblioteca Nacional da Agricultura Binagri/MAPA, no dia 9 de agosto, tomaram posse os membros do Conselho Fiscal do Sicoob Coominagri Executivo eleitos na Assembléia Geral Ordinária dos dias 22 e 23 de março de 2006, após homologação pelo Banco Central do Brasil, ocorrida no dia 27 de julho. Foram eleitos os associados Francisco de Assis Mesquita Facundo, Claudeci Barbosa da Silva e Neuza Arantes Silva (efetivos); e Maria da Conceição Costa Geraldo, Adailton Pereira de Queiroz e Andréia Franco Oliveira (suplentes). Deixaram de tomar posse Andréia Franco Oliveira, que renunciou ao cargo em 28 de junho, e Adailton Pereira de Queiroz, que pediu desligamento da cooperativa. O presidente da cooperativa, Luiz Lesse, cumprimentou aqueles que deixaram o cargo agradecendo a dedicação, o zelo e o afinco demonstrado durante a gestão no Conselho Fiscal (2005/2006). Lesse reiterou a importância da fiscalização assídua dos trabalhos desenvolvidos pela direção, o Conselho de Administração e os colaboradores do Sicoob Executivo. Francisco Facundo, da Coordenação Geral das Câmaras Setoriais do MAPA, 15 anos na cooperativa, credita a importância do Conselho ao fato de ser um órgão fiscalizador. Hoje o órgão fiscalizador atua como um parceiro. A nossa responsabilidade é cada vez maior, e precisamos estar atentos para realizar o trabalho da melhor maneira possível, com harmonia aos demais. Nosso papel é de estar vigilantes, reiterou. Claudeci Barbosa da Silva, do Departamento de Infra-estrutura e Logística da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo, é associada desde Ela quer seguir fielmente as disposições legais e estatutárias no cumprimento das atribuições do cargo de conselheira fiscal com o olhar voltado para o crescimento econômico e social da cooperativa, contribuindo para o fortalecimento de sua credibilidade junto aos associados. Neuza Arantes Silva, Coordenadora Luiz Lesse saúda Neuza, Facundo e Claudeci geral da Biblioteca Nacional de Agricultura, há dez anos filiada ao Sicoob Executivo, afirma que o cooperativismo a encanta, e acha fudamental participar da gestão da cooperativa no cargo de conselheira, dando sua contribuição como associada. Estiveram presentes à cerimônia vários associados, os conselheiros do Conselho de Administração Francisco Madeiro da Costa, Ézio Gomes da Mota e Hellen Matos Sallun, o Diretor Financeiro e Administrativo Pedro de Alcântara, Ronaldo Borges de Souza (gerente operacional) e Vander Miranda Brasileiro (gerente de atendimento). Balancete Patrimonial 2006 DESCRIÇÃO DA CONTA ATIVO CIRCULANTE E REALIZÁVEL A LONGO PRAZO DISPONIBILIDADES TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO OUTROS CRÉDITOS OUTROS VALORES E BENS PERMANENTE INVESTIMENTOS IMOBILIZADO DE USO DIFERIDO PASSIVO CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO DEPÓSITOS OBRIGAÇÕES POR EMPRÉSTIMOS E REPASSES OUTRAS OBRIGAÇÕES PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL (-) CAPITAL A REALIZAR RESERVAS DE LUCROS SOBRAS OU PERDAS ACUMULADAS DEMONSTRATIVO DO RESULTADO RECEITAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS RESULTADO OPERACIONAL RESULTADO NÃO OPERACIONAL RESULTADO BRUTO DO MÊS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO (259) (139) (115) (862) (870) (1.560) (27.288) , , ,75 (82.700) (73.780) (73.620) (69.968,76) ( ,41) (89.131,11) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (27.288) (333) (27.288) PÁGINA 7 O COOPERANTE
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