Plantas Industriais Pequenas para a Produção de Painéis Aglomerados (MDP) no Brasil
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- Iasmin Yasmin de Lacerda Bernardes
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1 Plantas Industriais Pequenas para a Produção de Painéis Aglomerados (MDP) no Brasil (42) (42) Caixa Posta 2339, CEP Os Painéis Aglomerados (MDP)... 1 O que são os Painéis Aglomerados?... 1 Tipos de Aglomerado... 1 Usos e Aplicações dos Aglomerados... 2 Vantagens e Desvantagens dos Aglomerados... 2 Os Painéis Aglomerados no Mundo... 3 A evolução da produção de Aglomerados no mundo.. 3 A evolução dos preços dos Aglomerados no mundo... 3 Os Painéis Aglomerados no Brasil... 4 A Produção de Aglomerados no Brasil... 4 O mercado do MDP no Brasil As Indústrias de Aglomerados... 6 O Processo de Produção de Aglomerados... 6 Tamanho das Plantas de Produção... 6 Diferenças entre Plantas grandes e pequenas... 6 As vantagens das plantas pequenas... 7 É rentável a Produção de Aglomerado no Brasil?... 7 Instalação de plantas pequenas de MDP no Brasil.. 7 É possível instalar uma planta pequena no Brasil?... 7
2 1,
3 1 Os Painéis Aglomerados (MDP) O painel de aglomerado é um dos mais antigos produtos de painéis feitos em madeira. Sua historia data de começos do Século XX.O aglomerado é um painel feito com partículas de madeira aglutinadas com adesivo sintético, uma espécie de cola e consolidado através de aplicação de calor e pressão numa prensa quente. Como matéria-prima, no mundo, são empregados: resíduos industriais de madeira; resíduos da exploração florestal; madeiras de qualidade inferior, não industrializáveis de outra forma; madeiras provenientes de florestas plantadas; e reciclagem de madeira sem serventia. No Brasil, a madeira de florestas plantadas em especial, de eucalipto e de pinus constitui a principal fonte de matéria-prima. O que são os Painéis Aglomerados? As chapas de madeira aglomerada (MDP pela sua sigla em inglês) pertencem ao grupo dos painéis de madeira reconstituída, do qual também fazem parte o MDF, HDF, a Chapa de Fibra e OSB. Nomenclatura Internacional de Painéis MDP = Medium density particle board, Painéis de partículas de media densidade, o Painel Aglomerado. MDF = Medium density fiber board, Painéis de fibras de media densidade. O Aglomerado é uma chapa produzida com partículas de madeira selecionadas de pinus e/ou eucalipto, aglutinadas com cola (resina sintética), calor e pressão. Isto o diferencia do MDF e das chapas de fibra que são produzidos com fibras de madeira. As chapas de aglomerado não são homogêneas. Na sua espessura apresentam três camadas com diferente tamanho de partícula (uma interna e duas externas). Os maiores concorrentes dos Painéis Aglomerados no mercado mundial são os Painéis MDF. Os MDF, porém, apresentam custos de produção muito maiores, pelo qual dispõem somente de um nicho de mercado, que é de volume muito menor ao volume do MDP comercializado no mundo. Este é o caso também no Brasil. 1 HDF = High density fiber board, Painéis de fibras de alta densidade utilizadas para pisos principalmente. OSB = Painel estrutura, destinado para substituir o compensado. Tipos de Aglomerado As chapas de aglomerado são fabricadas com diferentes características, que variam em função de sua utilização final. Podem ser classificadas de um modo geral em: 1. Chapas de revestimento: é a chapa "in natura", possibilitando receber os mais diversos tipos de acabamento; 2. Chapas revestidas (ou laminadas): podem ser revestidas em uma ou duas faces, com película de celulose do tipo Finish Foil (FF) ou Lâmina Ecológica (LE) em padrões madeirados, unicolores ou fantasias, ou ainda, revestidas com laminado melamínico de baixa pressão (BP), que, por efeito
4 de prensagem a quente, funde o laminado ao painel aglomerado formando um corpo único e inseparável; lâminas de madeira, laminado de alta pressão, précompostas, etc., podendo apresentar superfície lisa ou texturização, acabamentos de diferentes brilhos e cores. No Brasil cerca de metade da produção de aglomerado é revestida com diferentes materiais e tecnologias agregando valor às chapas cruas. Porém, mais da metade da produção é comercializada sem qualquer acabamento. Usos e Aplicações dos Aglomerados O aglomerado de partículas possui uma grande versatilidade, no que diz respeito as suas potenciais aplicações. É amplamente utilizado pela indústria de móveis, construção civil, embalagens, entre outros. É indicado para confecção de portas de armários, tampos de mesas e outras peças onde se deseja obter um bom acabamento e uniformidade. Ele também é adequado para a fabricação de mobiliário de cozinha, quarto, sala e área de serviço com grandes vantagens sobre o compensado quando se trata de características físicas e econômicas (menor custo) e também sobre o MDF para as mesmas funções, exceto para portas trabalhadas. A madeira aglomerada é menos indicada para móveis que fiquem em áreas úmidas da casa por ter menor resistência a umidade. A umidade é fatal para o aglomerado, que, com tempo apodrece, a madeira costuma esfarelar em contato frequente com ela. 2 Vantagens e Desvantagens dos Aglomerados As principais vantagens dos Painéis Aglomerados são as seguintes: Densidade igual ou maior que a da madeira (característica que lhe dá maior resistência); É uma matéria-prima homogênea (o processo de produção retira os nós e as imperfeições da madeira, evitando o rachado e as deformações da madeira serrada e aumentando a resistência); São chapas estáveis, podendo ser cortadas em qualquer direção, o que permite o seu maior aproveitamento; É feita com madeira de reflorestamento, o que reduz o uso da madeira nativa; Tem um custo baixo; Tem maior resistência às pragas (cupins e brocas) do que a madeira serrada. Os Painéis Aglomerados também tem algumas desvantagens: A superfície do painel e as bordas são mais grosseiras do que a madeira aplainada; Tem baixa usinabilidade (a usinabilidade confere à madeira a possibilidade de ser entalhado, receber bordas e ser torneada); Algumas operações como fresagem, fixações, encabeçamentos, molduras, post forming, entre outras, requerem cuidados especiais com ferramentas e equipamentos; Pode esfarelar com o uso de dobradiças e parafusos inadequados; Não aceita pregos; Tem baixa resistência à umidade, pelo que deve ser utilizado em ambientes internos e secos, para que suas propriedades originais não se alterem.
5 Os Painéis Aglomerados no Mundo A evolução da produção de Aglomerados no mundo Os painéis de aglomerado são os mais largamente consumidos no mundo dentre os diferentes painéis de madeira reconstituída existente. A produção mundial de aglomerados alcançou 84 milhões de m³, em 2000, destacando-se como maior fabricante o Estado Unido responsável por 25% desse volume. fornecedores tradicionais são os países da Oceania, principalmente Nova Zelândia, e da Europa. De acordo com a FAO e o Departamento Florestal dos EEUU, e ao contrario de um boato espalhado por interessados no desenvolvimento do MDF, o produto Aglomerado (MDP) encontra-se na cúspide da curva de maturidade no mercado mundial (Figura 1), levemente na frente de MDF. A partir da realidade do Brasil, baseado nas necessidades de vivenda e mobiliário de baixo custo, é fácil concluir que o aglomerado possui longa vida em nosso mercado. O Brasil posiciona-se em nono lugar, com 2% do volume produzido. No período 1996/2000, o consumo mundial de aglomerado cresceu à uma taxa média anual de 6,5%; Estados Unidos e Alemanha são os maiores centros de consumo, representando 46% da demanda. O comércio mundial de aglomerado movimenta cerca de US$ 6 bilhões e 25% do consumo global (22 milhões de m³). A Europa concentra metade das transações realizadas. Observa-se que a comercialização se dá, preferencialmente, entre regiões próximas, uma vez que o preço do aglomerado não suporta valores de fretes para grandes distâncias. A Europa é a principal região exportadora, enquanto América do Norte e Ásia/Oceania é importadora. Os Estados Unidos são o maior importador mundial e o Canadá é o maior exportador. A China é outro importador de expressão. Merece destaque a condição de importador de aglomerado do Continente Asiático. Em 2000, a Ásia importou 2,5 milhões de metros cúbicos de aglomerado e exportou 1,3 milhão, segundo a FAO. Seus Figura 1. Curva de maturidade dos produtos de madeira (Fonte: USDA-FS) A evolução dos preços dos Aglomerados no mundo Na Figura 2 observam-se os três nichos de preços internacionais: 1. Aglomerado (MDP) em torno de 150 Euros/m³; 2. MDF em torno de 200 Euros/m³, baseado nos custos de produção maiores; 3
6 3. OSB em torno de Euros/m³ (para uso na construção civil, basicamente) capacidade produtiva de aglomerado. Das dez plantas de produção existentes, a maioria pode ser considerada atualizada tecnologicamente. Figura 3. Produção brasileira de Painéis Reconstituidos (Aglomerado e MDF) milhões de m³/ano. (Fonte: Arauco) Figura 2. Evolução dos preços dos painéis na Europa, (fonte: EUWID, 2012) Devido aos incrementos de custos nas matérias primas na Europa o potencial exportador de aglomerado de boa qualidade com matérias primas de reflorestamento, vai se incrementar, especialmente dos painéis laminados com madeira decorativa de florestas artificiais e Aspecto Tropical. O Brasil ainda importa e exporta painéis aglomerados. O mercado do MDP no Brasil Comparativamente com outros países, o consumo per capita de Aglomerado e MDF ainda é baixo, e há bastante espaço para crescer quando a renda da população melhorar Os Painéis Aglomerados no Brasil A Produção de Aglomerados no Brasil A produção brasileira de aglomerado, no período 1996/2000, evoluiu de mil m³ para mil m³, o que representa um crescimento médio anual de 13,6%, bastante superior à taxa mundial de 6,5%. A produção é realizada por dez fabricantes, todos localizados nas regiões Sul e Sudeste, principais centros de consumo (onde se localizam os pólos moveleiros de maior expressão), somando uma capacidade total de mil m³. As quatro maiores empresas (Satipel, Berneck, Duratex e Eucatex) detêm 79,8% da 4 Figura 4. Consumo de painéis per capita. O maior consumidor de painéis de aglomerado no Brasil é a indústria moveleira. Mais de 90% da produção de aglomerado no Brasil é destinada aos polos moveleiros, sendo uma parcela expressiva comercializada diretamente com as fábricas, enquanto um volume menor é vendido para revendedores que atendem os pequenos fabricantes de
7 móveis. Na Figura 5 é apresentada a distribuição do consumo dos MDP no Brasil. Figura 5. Aplicações dos painéis aglomerados no Brasil em (Fonte: ABIPA) A evolução do consumo (e da produção) dos MDP, então, está ligada diretamente com a evolução da indústria moveleira. Mais do 84% dos móveis no Brasil são feitos de MDP ou MDF, segundo apresentado na Figura 6. Figura 6. Proporção dos diferentes tipos de matéria prima de madeira consumidos nos principais polos moveleiros do Brasil. 5
8 2 As Indústrias de Aglomerados A indústria de chapas de partículas teve sua origem na Alemanha, desenvolvendo-se após a segunda Guerra Mundial. Porem, a grande expansão desta indústria ocorreu inicialmente nos EUA, e a partir daí, no resto do mundo. A primeira indústria de chapas de madeira aglomerada no Brasil foi instalada em 1966, em Curitiba, Estado do Paraná. O Processo de Produção de Aglomerados O processo produtivo das chapas de madeira aglomerada é realizado por meio de um processo seco e inclui a aplicação de resinas uréia-formaldeído para formar a chapa de aglomerado, além da possibilidade de utilização de diversos produtos químicos para evitar mofo, umidade, ataque de insetos e aumentar a resistência ao fogo. O fluxo de produção das chapas de madeira aglomerada é descrito brevemente pelas etapas seguintes: 1. As toras de pinos ou eucalipto são descascadas, com descascador de tambor ou de anel; 2. Em seguida, as toras passam por um Chipper-Flaker (um picador), que as transforma em partículas de madeira (maravalha); 3. As partículas são armazenadas em silos, passando em seguida por um secador e peneiras classificadoras, que separam as partículas que formarão as camadas interna e externas do painel; 4. As partículas passam por um processo de colagem e pela formadora, de onde saem três camadas, duas externas com partículas menores e uma interna com partículas maiores; 5. As camadas seguem para a prensa, de onde saem como chapas consolidadas após um processo a base de pressão e temperatura; 6 6. Finalmente, as chapas passam por uma serra para o dimensionamento final, são lixadas de forma a sofrerem um acabamento superficial, são classificadas e vão para a expedição. Tamanho das Plantas de Produção O tamanho das plantas de produção de painéis aglomerados é definido pela quantidade de m³ que são capazes de produzir por dia. As faixas de produção no Brasil são as seguintes: 1. Plantas grandes: mais de 300 m³/dia 2. Plantas medias: entre 100 e 300 m³/dia 3. Plantas pequenas: até 100 m³/dia. A tendência ao longo do tempo tem sido ao aumento do tamanho de plantas, principalmente pelo fator de rentabilidade relacionado à produção em escala. Na Europa, hoje em dia, já não são fabricadas plantas de menos de 500 m³/dia. Diferenças entre Plantas grandes e pequenas A diferença tecnológica mais destacável entre as plantas maiores e as menores e a continuidade da prensa. As plantas maiores trabalham com prensado continuo, enquanto as menores fazem um prensado descontinuo. A qualidade dos painéis, porém, não depende da continuidade do prensado. Painéis corretamente fabricados
9 com prensas descontinuas tem a mesma qualidade que os fabricados com prensas continuas. A nível mundial, só na China estão sendo fabricados hoje equipamentos para produção de menos de 500 m³/dia. Porém, a tecnologia desenvolvida na China é copia de tecnologias europeias obsoletas e inapropriadas. As vantagens das plantas pequenas A vantagem mais visível é o menor custo de instalação de uma planta pequena, que fica entre 6 a 8 vezes menor do que uma planta grande. Um investimento em uma planta de 500 m³/dia está na faixa de R$ 80: , enquanto uma planta pequena, de até 100 m³/dia pode ficar por menos de R$ 10: Outra grande vantagem é que uma planta pequena não precisa funcionar nas 24 horas do dia, como é o caso de uma planta grande que não pode parar pelos custos do investimento. As plantas pequenas também tem vantagens na possibilidade de fazer adaptações e ajustes para otimizar a produção de acordo às características particulares da matéria prima ou do mercado alvo particular. É rentável a Produção de Aglomerado no Brasil? A rentabilidade depende da relação entre os custos de produção e o preço de venda. Os custos de produção, por sua vez, eles dependem da tecnologia empregada e da escala de produção, que permite diminuir os custos de pessoal, energia, etc. Os custos, então, dependem de cada projeto em particular. Porém, é possível afirmar que nas condições do mercado brasileiro, uma planta pequena, na faixa de produção de até 100 m³/dia, recupera a totalidade do investimento feito num prazo de uns 8 meses. Instalação de plantas pequenas de MDP no Brasil O Brasil está entre os mais avançados do mundo na fabricação de painéis de madeira reconstituída. É também o país com o maior número de fábricas de última geração. Com investimentos contínuos em tecnologia de automação, instalação de novas unidades e atualização tecnológica das plantas já existentes, implantação de linhas contínuas de produção o caminho do desenvolvimento da produção de aglomerados parece dirigido às megaplantas como na Europa. Mas existem alternativas para quem quer fazer um ótimo aproveitamento de reflorestamentos médios e pequenos de pinus ou eucaliptos. As plantas pequenas de produção de aglomerado permitem ingressar a um mercado de alta rentabilidade e com uma boa demanda potencial de investidores menores. É possível instalar uma planta pequena no Brasil? Sim, é possível. Existe a tecnologia e o know-how para instalar uma planta pequena de MDP no Brasil hoje. Existem também possibilidades de financiamento através do FINAME e outros mecanismos de crédito. Na atualidade, aproximadamente um 50% do maquinário necessário pode ser fabricado no Brasil. O resto pode ser importado com as vantagens que existem para o equipamento que não é produzido no país, isto é, pode se importar maquinário usado de boa qualidade e ainda obter financiamento do FINAME, segundo o caso. 7
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