A EDUCAÇÃO SOBRE RISCOS AMBIENTAIS E O PROGRAMA DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS : UMA PROPOSTA METODOLÓGICA INTERDISCIPLINAR
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- Bernadete Palmeira Brezinski
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1 A EDUCAÇÃO SOBRE RISCOS AMBIENTAIS E O PROGRAMA DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS : UMA PROPOSTA METODOLÓGICA INTERDISCIPLINAR Bruno de Jesus Fernandes Geraldo César Rocha Resumo: Nos dias atuais, o aumento do número de pessoas vivendo em áreas de risco ambiental tem sido uma característica negativa do processo de urbanização e crescimento das cidades brasileiras. Compreendendo esta dinâmica o presente trabalho tem por objetivo divulgar uma proposta metodológica, com base em um decreto federal, que possa ser trabalhada por docentes, discentes e Defesa Civil dos municípios, visando à cultura da segurança. Palavras-chave: Riscos Ambientais, Defesa Civil, Proposta Metodológica. Abstract: Nowadays, the increase of the number of people living in environmental risk areas have been a negative characteristic of the urbanization process and the growth of the brazilian cities. This present work, comprehending this dynamics, have for objective to make public a methodological proposal, on the basis of a federal decree, that is going to be worked for teachers, academics and Civil Defense of the cities, sighting a culture of security. Key words: environmental risk, Civil Defense, methodological proposal Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
2 INTRODUÇÃO A importância dos estudos sobre os riscos ambientais tornou-se tão fundamental, quanto à preservação da vida, já que a existência dos seres humanos na biosfera vem sendo determinada, em sua maior parte, pelos seus atos junto ao meio ambiente. O modelo de desenvolvimento estabelecido a partir da Revolução Industrial (final do século XVIII) gerou um aumento qualitativo e quantitativo no processo de degradação da natureza. Esse processo, segundo Cerri & Amaral (1998), é geralmente denominado risco natural, fazendo parte da dinâmica da natureza, ou seja, sua ocorrência independe da presença do homem. Porém, com a intensificação das atividades humanas, muitos processos naturais, passaram a ocorrer com mais freqüência, dado que podem ser induzidos, acelerados e potencializados pelas alterações decorrentes do uso e ocupação do solo. O intenso processo de urbanização vivido no País desde os anos 80, a falta de recursos e de políticas habitacionais permanentes e uma crise econômica duradoura têm levado à ocupação de áreas com características geológico-geomorfológicas desfavoráveis, principalmente pelas populações mais empobrecidas, resultando em graves situações de risco. Atualmente, o aumento do número de pessoas vivendo em áreas de risco ambiental tem sido uma característica negativa do processo de urbanização e crescimento das cidades brasileiras, verificadas principalmente nas regiões metropolitanas. Fatores econômicos, políticos, sociais e culturais contribuem para o avanço e a perpetuação desse quadro indesejável. (Ministério das Cidades, 2006). Embora não existam dados oficiais que possibilitem uma análise quantitativa mais acurada das conseqüências dos acidentes ambientais no Brasil, e em particular, aqueles deflagrados por processos geológico-geomorfológicos e hidrológicos, a análise de informações extraídas dos noticiários permite afirmar que os acidentes em áreas urbanas, associados às enchentes/inundações são os mais freqüentes e, possivelmente, os que acarretam maiores prejuízos econômicos, assim como os escorregamentos são os que têm provocado o maior número de vítimas fatais. Desde 1988, o Instituto de Pesquisa Tecnológica - IPT vem construindo um Banco de Dados com o levantamento
3 do número de vítimas por escorregamentos no Brasil, ao qual já registrou mais de mortes (IPT, 2006). Ao analisar a Constituição Federal do Brasil de 1988, percebe-se que o assunto é tratado de forma bastante generalizada: Art. 225: Todos têm direito ao meio ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Para se ter essa consciência ambientalmente correta, disposta no artigo 225, por exemplo, é fundamental a participação das escolas neste processo, pois esta pode influenciar os jovens a pensarem em uma educação pautada nos riscos que podem advir do meio ambiente, e assim mitigar, através de uma cultura de segurança, a degradação ambiental, que aumenta significativamente na maior parte no mundo, atualmente. É preciso educar e conscientizar, desde a educação infantil, nossos alunos, que o desenvolvimento econômico não pressupõe a degradação e destruição do ambiente no seu entorno, visto que essas ações podem trazer conseqüências indesejáveis para a própria sociedade. Esta prática pode ser aplicada de maneira interdisciplinar e de forma agradável através de uma educação sobre os riscos ambientais. 1 - RISCOS AMBIENTAIS: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL Torna-se fundamental neste momento uma breve, porém substancial abordagem conceitual acerca dos riscos ambientais, visto que estes não são tratados com a devida importância por parte da sociedade. Embora as últimas décadas tenham assistido a um crescente avanço tecnico-científico em relação à área de conhecimento sobre riscos, a terminologia usualmente empregada pelos profissionais que atuam com o tema ainda encontra muita variação em sua definição, ou seja, inúmeros conceitos aparecem em diversos trabalhos científicos em todo o mundo. Termos como evento, acidente, desastre, perigo (hazard), ameaça, suscetibilidade, vulnerabilidade e o próprio risco, ainda não encontraram definições
4 unânimes entre os seus usuários. E para o presente trabalho será de suma importância homogeneizar alguns desses conceitos e discuti-los. Segundo Cerri & Amaral (1998), risco é a possibilidade de ocorrência de um acidente. De acordo com Rocha (2006), risco é a combinação de freqüência e conseqüência de eventos indesejáveis envolvendo perda. Percebe-se, portanto que Rocha já traz na sua definição a variável freqüência, que significa o número de ocorrências por unidade de tempo, o que faz com que sua definição complemente a de Cerri & Amaral. Outras definições vêm sendo usadas, sempre na tentativa de homogeneizar a terminologia, como: Relação entre a possibilidade de ocorrência de um dado processo ou fenômeno e a magnitude de danos e conseqüências sociais e/ou econômicas sobre um dado elemento, grupo ou comunidade, quanto maior a vulnerabilidade, maior o risco. (Ministério das Cidades, 2006). Além do termo risco, outros merecem uma atenção especial no que tange a sua conceituação, visto a importância dos mesmos na compreensão de discussões posteriores e entendimento por parte dos discentes das escolas públicas de Juiz de Fora, sempre tendo em mente uma homogeneização dessas definições (Quadro 1). Quadro 1: Termos e conceitos relacionados a riscos. TERMO ACIDENTE EVENTO FREQÜÊNCIA DESASTRE CONCEITO Ao contrário do conceito de risco, acidente é um fato já ocorrido, evento não intencional que pode causar ferimentos, pequenas perdas e danos materiais e/ou ambientais, mas é prontamente controlado pelo sistema de gestão (exemplo: incêndio em uma indústria, controlado pelos bombeiros). Assim como o acidente, evento é um fato já ocorrido, fenômeno com características, dimensões e localização geográfica registrada no tempo, onde não foram registradas conseqüências sociais e/ou econômicas (perdas e danos). Número de ocorrências por unidade de tempo. Evento não intencional que pode causar ferimentos médios e
5 PERIGO (HAZARD) VULNERABILIDADE ÁREA DE RISCO graves, danos materiais/ambientais razoáveis, e é parcialmente controlado pelo sistema de gestão (exemplo: vazamento e explosão de material inflamável, com contaminação de curso d água e solo). Condição ou fenômeno com potencial de ameaçar a vida humana, a saúde, propriedade ou ambiente, trazendo conseqüências desagradáveis. Grau de fragilidade de um dado elemento, grupo ou comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou processo. Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeitos adversos. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a danos integridade físicas, perdas materiais e patrimoniais. Normalmente no contexto das cidades brasileiras, essas áreas correspondem a núcleos habitacionais de baixa renda (assentamentos precários). Fonte: adaptado de ROCHA (2006). 2 - TIPOS DE RISCOS AMBIENTAIS Segundo Cerri & Amaral (1998), existe inúmeras formas de classificar os riscos, uma delas tem por base situações potenciais de perdas e danos ao homem, considerando assim os Riscos Ambientais como a classe maior dos riscos e assim subdividindo-o em subclasses. As subclasses de risco existentes são: os riscos naturais, riscos tecnológicos e riscos sociais. Os riscos naturais compreendem aos riscos físicos (riscos atmosféricos, riscos geológicos e riscos hidrológicos) e aos riscos biológicos (riscos associados à fauna e os riscos associados à flora). Usando dados disponíveis do Emergency Disasters Data Base (EM DAT 2004), podemos observar que no Brasil os desastres naturais que provocam maior número de vítimas são as enchentes (Tabela 1).
6 Tabela 1: Desastres naturais no Brasil de 1948 a Desastre natural N de mortes Nº de eventos Nº de feridos Secas Terremotos Epidemias Temperaturas Extremas Enchentes Infestações por insetos Deslizamentos Incêndios Vendaval Fonte: Emergency Disasters Data Base (EM DAT 2004) Os riscos sociais compreendem os roubos a transeuntes, veículos e residências, além de guerras e terrorismo em geral. No Brasil todos conhecem a guerra urbana que se instalou em nossas metrópoles, e mesmo em cidades de porte médio, ampliado recentemente pelos ataques desencadeados por facções criminosas em São Paulo. Nossas esparsas estatísticas mostram números estarrecedores de assassinatos, assaltos, seqüestros, atentados e diversos outros conflitos sociais. Já os riscos tecnológicos são aqueles relacionados a todo tipo de tecnologia, em especial, vazamento de produtos tóxicos, colisão de veículos e queda de aviões; não podendo esquecer dos riscos a atropelamentos, acidentes comuns na grande maioria das cidades brasileiras, eventos que ocorrem principalmente nas grandes avenidas e ferrovias, chamadas de corredores de risco. 3 PROPOSTA METODOLÓGICA: DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS Após conceituarmos e diagnosticarmos os principais tipos de riscos ambientais que nos ameaçam diariamente torna-se fundamental a elaboração de uma proposta metodológica, de cunho preventivo, que possa vir a ser desenvolvida nas escolas, tanto pública, quanto privada, não como uma nova disciplina, mais como um tema
7 transversal 1. É importante salientar que não há em nenhum documento oficial do ministério da educação e das secretarias de ensino do Estado de Minas Gerais e da prefeitura de Juiz de Fora menção a esta temática, por isso a relevância do presente estudo. Esta proposta metodológica tem como base teórica um Decreto do Governo Federal, número 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, artigo 13, inciso VII, de promover a inclusão dos princípios de defesa civil, nos currículos escolares da rede municipal de ensino médio e fundamental, proporcionando todo apoio à comunidade docente no desenvolvimento de material pedagógico-didático para esse fim. Esta temática já vem sendo desenvolvida por algumas prefeituras, como: Rio de Janeiro, Recife, Santo André (SP), Salvador (BA), Curitiba (PR), entre outras, totalizando 12 municípios. Nenhuma escola estadual, no Brasil, foi contemplada com a execução deste projeto, apenas escolas municipais o realizam, até este momento. Uma questão que dificulta a execução deste Decreto é que ele não vem com uma proposta metodológica definida, ficando a cargo dos Estados e municípios elaborarem a mesma. Esta prática tem seu lado benéfico visto a particularidade de cada município, pois, os riscos ambientais presentes em Juiz de Fora, por exemplo, não são iguais aos riscos apresentados em outros municípios do Brasil, sendo necessário a adaptação da metodologia aplicada. Como o próprio nome do projeto já menciona, é importante e fundamental a participação efetiva da Defesa Civil do município nesta proposta, visto que, o Sistema de Defesa Civil tem como finalidade implementar a integração de empresas, estabelecimentos de ensino, comunidade e instituições de segurança pública para garantir uma ação conjunta de toda a sociedade nas ações de segurança social. Através de programas de mudança cultural e treinamento, deve-se buscar o engajamento de comunidades participativas, informadas, preparadas e conscientes de seus direitos e deveres relativos à segurança comunitária. Dependendo do local onde está sendo implantado este projeto, os mais variados eventos podem vir a ocorrer, fazendo com que a Secretaria Nacional de Defesa Civil disponibilizasse alguns temas importantes ligados à Defesa Civil que podem vir a ser 1 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), temas transversais são temas eleitos segundo critérios de urgência social, da possibilidade de ensino e aprendizagem na faixa etária, tendo por finalidade favorecer a compreensão da realidade e a participação social.
8 abordados nas escolas através dos sistemas de ensino e na qual eles têm a possibilidade e a capacidade de auxiliar, são estes: Primeiros socorros, imobilizações temporárias, reanimação cardiorrespiratória básica e transporte de feridos; Segurança de Trânsito; Natação utilitária e salvamento de pessoas em risco de afogamento; Prevenção de incêndios, no ambiente domiciliar e de incêndios florestais; Redução das vulnerabilidades aos desastres e acidentes na infância; Evacuação de edificações em situação de riscos; Intoxicações exógenas - prevenção e primeiros socorros; Prevenção e preparação para emergências e desastres de maior prevalência no município. Nestes casos relacionados acima, o agente de Defesa Civil será o elo de ligação entre o poder constituído e sua comunidade, multiplicando as informações recebidas e articulando discussões sobre problemas e formas de intervenções. Segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil (2006), os Núcleos Comunitários de Defesa Civil fundamentam-se, basicamente, na promoção de mudança cultural em dois níveis Participação e Prevenção. É no NUDEC que poderão acontecer os debates acerca da questão da segurança da localidade numa perspectiva da Segurança da População, pois os acidentes e desastres acontecem prioritariamente nos espaços locais. Muito antes da chegada dos profissionais melhor vocacionados para o atendimento da emergência, a população local se faz presente, por isso é indiscutível que os danos serão tanto menores quanto mais preparada estiver a comunidade. E para estabelecer esta preparação da comunidade citada acima é importante a participação dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, visto que, são das escolas que sairão cidadãos conscientes e preparados que poderão orientar toda uma comunidade dos riscos que estão correndo. Com isso a meta principal desta proposta é envolver o trabalho da defesa civil com os estabelecimentos de ensino e com a comunidade a fim de incentivar a construção de uma consciência coletiva acerca da preservação do meio ambiente local, sobre a ótica da minimização dos desastres e conseqüente proteção comunitária.
9 As metas desta proposta são: Promover uma conscientização e conseqüente mudança cultural, no que diz respeito segurança e a qualidade de vida, mediante reflexões e ações efetivas de parceria entre a defesa civil, a escola e a comunidade; Estimular a participação dos indivíduos nas ações de segurança social e preservação ambiental; Buscar junto à comunidade, soluções dentro do próprio bairro, por entender que a participação do próprio grupo de convivência, pode trazer melhores resultados, visto o melhor entendimento entre eles e em relação aos riscos que os cercam; Priorizar a prevenção, por ser o meio mais eficaz para se evitar os desastres; Preparar as comunidades locais para colaborar nos momentos de acidentes e desastre. Mesmo tendo a Defesa Civil um papel importante na elaboração e execução deste projeto, a escola não pode ficar em segundo plano, visto que estas servem como ponto de reunião da comunidade. Além de seu papel fundamental dentro da educação formal, ela é utilizada para várias atividades coletivas e, em tempos de desastres, como hospitais improvisados, centros de vacinação e lugares de refúgio. È importante salientar que apesar disso, tanto em países em desenvolvimento como em países desenvolvidos, as escolas funcionam em edifícios que não são seguros ou que estão situados em área de risco. E precisamos lembrar que as crianças se encontram entre os grupos mais vulneráveis durante a ocorrência de um desastre (EIRD, 2006). Suas ações para promover intercâmbios, desenvolver capacidades e oferecer orientação e capacitação diminuem os prejuízos e as perdas provocadas por desastres, aumentando assim, a segurança da população. O nível de educação de um povo está relacionado ao desenvolvimento do país e, conseqüentemente, aos danos humanos e materiais que um país sofre (Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2006). Desta forma é importante que os conteúdos relacionados com a segurança da população, com a redução dos desastres e, sobretudo, com a redução das vulnerabilidades dos cenários e das populações em risco sejam incluídos nos currículos escolares de primeiro e de segundo graus. Porém, esta inclusão de ser feita segundo uma metodologia de pesquisa para que atividades futuras sejam efetuadas com sucesso em todos os seus passos, assim alguns procedimentos têm de ser adotados, até mesmo para que o próprio projeto venha
10 caminhar de forma ordenada e tenha credibilidade junto a órgãos públicos e privados que por ventura venha querer financiá-los. Em um primeiro passo é importante haver uma comunicação direta entre agentes da Defesa Civil Municipal e os diretores e professores das escolas selecionadas para que os mesmos venham a aprender noções de Defesa Civil, tornando-os parceiros e facilitadores no processo de formação de multiplicadores nas áreas em estudo. Neste momento uma metodologia interativa e participativa é o mais interessante onde instrutor (agentes da Defesa Civil) / estabelecimento de ensino (diretores e professores) / educando (alunos) / comunidade (população do entorno) são parte de um mesmo processo que favorece a percepção das partes (indivíduos) orientada para uma visão coletiva. Em um segundo momento torna-se importante à promoção de ciclos de capacitação do corpo docente da escola em questão, através, por exemplo, de palestras e comunicações. Estes ciclos de capacitação podem ajudar os docentes na elaboração dos seus próprios métodos de ensino, podendo ser usados se houver emergência local. Com conhecimento prévio de diretores e professores, as ações podem alcançar os alunos, de inúmeras formas. O aluno deve ser encarado como parte integrante e ativa deste processo, devendo construir, com auxílio de seus instrutores, seu próprio conhecimento. Por se tratar de um tema transversal da educação, os riscos ambientais podem ser explorados por todas as disciplinas, de um modo interdisciplinar, como, por exemplo: Matemática - Abordando cálculos de geometria nas áreas de risco e também cálculos da probabilidade de ocorrência de certos eventos que levem risco a comunidade; Português Instigando, através do uso de um vocabulário e textos específicos, usando conceitos próprios dos riscos ambientais (área de risco, vulnerabilidade, desastres, etc.), a curiosidade e o interesse dos discentes a trabalhos relacionados a esta temática; História Expor um breve histórico acerca da origem dos problemas ambientais brasileiros e através de discussões e conversas em sala de aula, saber dos próprios alunos se estes já passaram por situações de risco nas áreas onde moram e/ou onde desenvolverão o projeto, ou seja, fazer uma análise histórica dos riscos que estão a sua volta;
11 Geografia Abordar a espacialidade destes eventos, como e o porquê destes atuarem naquele determinado espaço e algumas medidas mitigadoras. Além disso, um ensino de cartografia se faz necessário, visto que os alunos elaborarão mapas de risco posteriormente; Ciências (Física, Química e Biologia) Abordar a natureza destrutiva dos riscos naturais mais comuns para nos brasileiros (escorregamento de talude, inundação e seca); Línguas Estrangeiras (Inglês e Espanhol) Trabalhar textos, para tradução, que estejam relacionados a esta temática, visto que, em países de língua inglesa e espanhola estão as mais completas publicações sobre riscos ambientais. A partir daí as ações junto aos alunos já podem começar a ser efetivamente colocadas em prática, como as que seguem: Realização de palestras e comunicações de sensibilização, a fim de envolver alunos e a própria comunidade no processo de reflexão sobre a problemática dos riscos. Essas palestras podem acontecer nas Associações de Moradores de Bairro e/ou na própria escola. Promover ciclos de capacitação para os alunos e se for viável até para membros da própria comunidade, para que estes saibam que medida adotar antes, durante e depois de um desastre. Os temas desenvolvidos devem ser coerentes com a realidade local, tendo como sugestão: Participação Comunitária e Políticas Social, Meio Ambiente e Saneamento, Atuação e organização em situações de desastres e pós-desastres, Noções de Primeiros Socorros. Realizar o planejamento das ações em conjunto os alunos, bem como as atividades práticas de reconhecimento da realidade local, para orientação com relação às problemáticas de risco. Elaboração de mapas de risco para verificar as vulnerabilidades do entorno da escola e da comunidade; Elaboração de vídeos e peças teatrais para a sensibilização da comunidade a partir do entendimento de suas realidades; Confecção de material didático, como livros e cartilhas, relacionados ao tema. Promoção de atividades de reflorestamento, cuidado de mananciais e de proteção ambiental;
12 A criação de agentes mirins de Defesa Civil; Simulação de exercícios de evacuação; Jogos didáticos. Com relação ao material didático, este é preparado e oferecido gratuitamente às escolas pelas Secretarias de Estado de Defesa Civil (SEDECS), estas preparam o material didático (livro e cartilha), com base em um programa já oferecido nacionalmente pela SEDEC, para utilização da Rede Municipal e Estadual de Ensino, contendo noções básicas de defesa civil, numa linguagem mais acessível às crianças, pois, elas serão multiplicadoras junto às suas famílias, amigos e comunidade. Por fim, o que mais interessa nessas metodologias é a inserção da temática dos riscos ambientais nas escolas de nível fundamental e médio de maneira organizada que venha contribuir principalmente com os alunos, para que eles possam desempenhar um papel importante quando se trata de salvar vidas e proteger os membros da comunidade em caso de desastres. A introdução do tema Defesa Civil nos currículos escolares contribui para incrementar o grau de conscientização sobre segurança em comunidades inteiras. CONCLUSÃO Esta proposta metodológica acima descrita, já foi colocada em prática em outras escolas municipais no Brasil, e vem alcançando os resultados positivos. Porém, deve-se sempre levar em conta os diferentes riscos que cada localidade apresenta. Através desta proposta, posta em prática na educação básica, os educadores e o Estado, através da Defesa Civil, têm a oportunidade de contribuir na formação de cidadãos mais qualificados, conscientes da realidade do seu entorno e com uma cultura de segurança fortalecida. Além disso, o aluno que participou ativamente do projeto tem a possibilidade e capacidade de através do seu próprio conhecimento, ajudar a salvar vidas nas comunidades contempladas pelo projeto, pois, vai poder informar, com antecedência, a defesa civil de sua cidade e a própria comunidade sobre os riscos ambientais que ali atuam. Por fim, a promoção de mudança cultural, relacionada com a cidadania participativa, com a segurança global da população e com a redução dos desastres, depende da colaboração ativa dos sistemas de ensino formal e informal existentes no
13 Brasil. É importante que os sistemas de ensino participem de projetos que tenham reflexos preponderantes sobre a qualidade de vida e sobre o crescimento da expectativa de vida da população. Em um resultado mais amplo e em longo prazo tem-se o intuito de colaborar com o equilíbrio do meio com o homem e consequentemente atenuar o processo de degradação da natureza.
14 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BBC BRASIL. Brasil é o país da América mais afetado por desastres. Disponível em http: // Acesso em 23 de junho de BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: Acesso em 17/09/2006. CAMPOS, Armando. Educación y Prevención de Desastres. UNICEF/FLACSO/LA RED. Costa Rica, CERRI, L.E.S. e AMARAL, C.P. Riscos Geológicos. In: OLIVEIRA, A. M. S. e BRITO, S.N.A. Geologia de Engenharia. São Paulo. Associação Brasileira de Geologia de Engenharia CRID (Centro Regional de Informações Sobre Desastres). Vocabulário Controlado Sobre Desastres. San José, Costa Rica EM DAT. Produce a list of disasters and associated losses. Disponível em http: // emdat. net/disasters/list.php. Acesso em 23 de junho de http: // Acesso em 13/09/2006. http: // Acesso em 23/10/2006. http: // Guía de Trabajo para la Elaboración de los Mapas de Riesgos Comunales. Acesso em 25/09/2006.
15 A tecnologia a serviço da Gestão de Riscos: a experiência do Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT, em São Paulo. Acesso em 22/03/07. LAVELL, A. Gestion de Riesgos Ambientales Urbanos. San Salvador, Curso Centro Americano de Gestion Urbana LAWALL, Sarah. Temário Ambiental: um guia prático. Monografia apresentada à Banca Examinadora do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG, MINISTÉRIO DAS CIDADES. Curso de capacitação, mapeamento e gerenciamento de risco. Brasília DF: Parâmetros Curriculares Nacionais temas transversais. Brasília DF. MEC/SEF, ROCHA, G. C. (ORG.). Gestão ambiental em municípios: riscos e impactos ambientais. Curso de especialização em Gestão Ambiental em Municípios. Apostila. UFJF ROCHA, G. C. Riscos Ambientais: Análise e Mapeamento em Minas Gerais. Juiz de Fora. UFJF UNITED NATIONS. Solutions for Cities at Risk. Genebra: IDNDR, 1998.
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