RELATÓRIO. Curso Química analítica aplicada a aquicultura. Curso Qualidade da água em piscicultura de água doce
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- Maria das Graças Alves Soares
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1 Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Agrárias - Departamento de Aquicultura Florianópolis - Santa Catarina - Brasil Southern Oceans Education and Development Project (Canadian International Development Agency University of Victoria, Canada) RELATÓRIO Curso Química analítica aplicada a aquicultura (02 a 06 de julho de 2012, Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras, Quelimane) Curso Qualidade da água em piscicultura de água doce (09 a 13 de julho de 2012, Instituto Nacional de Aquacultura INAQUA, Maputo) Luis Alejandro Vinatea Arana, Dr. Julho de
2 1. Introdução Sob o patrocínio do Southern Oceans Education and Development Project (CIDA, University of Victoria, Canada), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, Brasil), foram realizados dois cursos concentrados na República de Moçambique, a saber: Química Analítica Aplicada a Aquicultura, na Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras (ESCMC), Quelimane, de 02 a 06 de julho de 2012, e Qualidade da Água em Piscicultura de água doce, no Instituto Nacional de Aquacultura (Inaqua), Maputo, de 09 a 13 de julho de Os referidos cursos contaram com a participação de um docente do Departamento de Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina, quem subscreve, e da acadêmica do curso de Engenharia de Aquicultura da mesma instituição, Scheila Anelise Pereira, em qualidade de assistente. 2. Curso em Quelimane As aulas começaram na segunda feira 02 de julho, as 08h30min. Assistiram ao todo 25 participantes, sendo a maioria deles alunos de mestrado e docentes da própria Escola. Houve, também, a participação de técnicos das fazendas Aquapesca e Aquacquel. Neste primeiro dia de aula, no período da tarde, as atividades foram suspensas a fim de verificar e preparar todos os materiais existentes no laboratório de química. 2.1 Conteúdo O curso esteve composto por quatro unidades, a saber: 1) Segurança no laboratório; 2) Noções de química geral (tabela periódica, unidades químicas de massa, soluções, reações químicas, ácidos e bases); 3) Química analítica aplicada à aquicultura (ph, determinação do ph, alcalinidade e dureza, determinação da alcalinidade e da dureza, oxigênio, uso e manutenção do oxímetro polarográfico, nitrogênio, determinação da amônia, nitrito e nitrato, fósforo, determinação do fósforo, matéria orgânica no solo, determinação do carbono orgânico, material em suspensão); 4) Biossegurança em aquicultura. 2.2 Dinâmica do curso O curso foi dividido em aulas teóricas e práticas. Nos dias 02, 03 e 04 de julho aconteceram as aulas teóricas, dando-se ênfase aos exercícios de cálculos estequiométricos e balanço de equações químicas (Figura 1). Na quinta feira 05 foi realizada uma aula prática nas instalações da própria escola (Figura 2). Na sexta feira 06, devido à inexistência na Escola de um espectrofotômetro, houve a necessidade de deslocar-nos até a fazenda Aquapesca, cujo gerente, Sr. François, nos fez a gentileza de ceder uma sala de aula e o respectivo espectrofotómetro para a realização das análises de amônia e nitrito (Figura 3). Nessa oportunidade, a assistente Scheila Pereira proferiu uma aula sobre regressão linear a fim de complementar a aula prática de espectrofotometria. Cabe destacar que muitos dos reagentes utilizados nas aulas práticas foram comprados no Brasil e doados a Escola. 2
3 Figura 1. Aulas teóricas com exercícios de estequiometria e reações químicas Figura 2. Aula prática de química analítica na ESCMC 3
4 Figura 3. Aula prática de química analítica na fazenda Aquapesca 2.3 Visita técnica a fazenda Aquactel Uma vez finalizado o curso na ESCMC, no sábado 07 de julho, antes de partir para Maputo, realizamos uma visita técnica a fazenda Aquactel (Figura 4), na localidade de Inhangome. Os sócios proprietários tiveram a gentileza de nos pegar no hotel e nos levar até a fazenda de moto. Uma vez lá nos foi possível tecer algumas recomendações com relação ao que foi visto. Por exemplo, criticamos o fato dos tanques serem escavados, o qual, no nosso entendimento, é caro e inapropriado em termos de manejo. Contudo, os peixes cultivados em hapas apresentavam bom aspecto, o que nos fez conjeturar que uma boa qualidade da água consegue ser mantida. Nesta oportunidade fizemos uma série de indicações em relação à construção de estanques, manejo da água e formulação de rações artesanais para tilápias. Deve ser destacado que este grupo de empreendedores está fazendo um trabalho inédito na região, o qual deveria ser apoiado e valorizado. Do sucesso deste empreendimento pode depender que novas iniciativas de aquicultura venham a surgir na região. Da nossa parte, nos dispusemos a colaborar em todo o que estiver ao nosso alcance a fim de apoiar o desenvolvimento desta fazenda. Acreditamos que iniciativas similares, se reproduzidas adequadamente, podem se tornar importantes elementos de geração de emprego e alimento, com a consequente dinamização da economia local. 4
5 Figura 4. Visita técnica a fazenda Aquactel (Inhangome) 3. Curso em Maputo Na segunda feira 09 de julho teve inicio o curso na sede do Instituto Nacional de Aquacultura (INAQUA), entidade ligada ao Ministério das Pescas de Moçambique. Nesta oportunidade contamos com a participação de 15 pessoas, sendo quatro delas extensionistas do Inaqua. Os outros participantes pertenciam a Universidade Eduardo Mondlane, empresas privadas de piscicultura e a Vila do Milênio de Lionde. As aulas teóricas tiveram lugar até a quinta feira 12 (Figura 5) e começaram todos os dias as 08h00min, terminando as 15h00min, de acordo com o horário estipulado de comum acordo com os participantes. Na sexta feira 13 nos deslocamos até a fazenda de cultivo de tilápias, de propriedade de um dos participantes do curso, o senhor Julho, onde foram realizados os ensaios com um aerador mecânico (movido a combustível) e determinados os parâmetros físicos, químicos e biológicos dos viveiros, assim como a fotossíntese, a respiração do solo e da coluna de água (Figura 6). No período da tarde, nas instalações do Instituto de Inspeção de Pescado, no porto de Maputo, foi realizada a aula prática laboratorial, onde foram determinados o ph do solo, a alcalinidade e dureza da água, tanto da fazenda de tilápias quanto de uma amostra avulsa de torneira; a reatividade e o poder neutralizante do calcário utilizado na fazenda também foram determinados (Figura 7). Nessa oportunidade foi doado ao dono da fazenda, onde a aula da manha teve lugar, um kit de análise de alcalinidade e dureza da água. Já ao Inaqua lhe foram doadas a peneira de aço inox utilizados na determinação da granulometria do calcário. 5
6 Figura 5. Aulas teóricas de qualidade da água em piscicultura de água doce na sede do Instituto Nacional de Aquacultura (Inaqua, Maputo). Figura 6. Aulas prática de qualidade da água numa fazenda particular de cultivo de tilápias (perto de Maputo). 6
7 Figura 7. Aulas prática de qualidade da água nas instalações do Instituto de Inspeção de Pescado, em Maputo. 4. Recomendações Com o objetivo de preparar os técnicos e docentes que laboram na Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras na arte de publicar artigos científicos em revistas indexadas, sugerimos que, ainda neste ano, seja realizado de um curso concentrado sobre metodologia da pesquisa científica, aplicado à aquicultura, onde sejam revistos temas relativos às fases lógicas e metodológicas da elaboração dos planos de pesquisa, estatística experimental, formatação do artigo científico e respectiva submissão em periódicos internacionais. Acreditamos que por meio da produção científica a Escola possa construir um caminho que a leve a visibilidade internacional, com a consequente facilidade para captar recursos financeiros. Devido a uma serie de deficiências teóricas e práticas sobre aquicultura constatada nos participantes do curso em Maputo, sugerimos igualmente a realização de um curso concentrado sobre aquicultura geral, onde sejam abordados temas fundamentais como a escolha do local, construção de estanques, nutrição e alimentação, principais doenças e sanidade aquícola, assim como o manejo da água dos cultivos. Acreditamos ser de fundamental importância que o Inaqua convoque todos os extensionistas que tem em campo a fim de nivela-los na temática sugerida. 7
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