Tendências recentes na área do desarmamento e da não-proliferação
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- Margarida Maria da Assunção Mangueira Alencastre
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1 Tendências recentes na área do desarmamento e da não-proliferação 8º Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Defesa 6 de outubro de 2011 Ricardo M. Ayrosa Chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis Ministério das Relações Exteriores
2 Tendências recentes e perspectivas - Fim da Guerra Fria não trouxe o fim da ameaça nuclear e risco de aniquilação do planeta. - Ilusão de que vivemos em um mundo mais seguro ( armas nucleares em mãos responsáveis ). - Tem havido redução (ainda que lenta) nos arsenais dos EUA e Rússia (em função, inclusive, de razões financeiras). - Continua, porém, a haver modernização das armas nucleares ( proliferação vertical ).
3 - Expectativas criadas com PR Obama: retomada das reduções, visão de um mundo livre das armas nucleares. Logrou novo acordo START (2010). Porém, acenou com novos investimentos no setor nuclear, sob o pretexto de manter a confiabilidade do arsenal. - Dificuldade em cumprir promessa de ratificação do CTBT. Oposição dos republicanos. - Improváveis novas medidas com a Rússia no futuro próximo. Já consideram ter feito progressos significativos. Rússia ameaçou retirarse do START se EUA prosseguirem com defesas missilísticas na Europa, sem participação russa.
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5 Modernização do arsenal nuclear dos EUA The US military is planning to replace the tail section of the B61 nuclear bomb with a new guided tail kit to increase the accuracy of the weapon. This will increase the targeting capability of the weapon and allow lower-yield strikes against targets that prev reviously required higher-yield weapons (Federation of American Scientists, 2011)
6 Aumento dos gastos com armas nucleares De 90 para 100 bilhões por ano ( ) EUA responsáveis por cerca de 70%
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8 - Descoberta de programas clandestinos do Iraque e da RPDC (e posteriormente do Irã) levaram a ainda maiores controles nas transferências de tecnologia e à discussão sobre fortalecimento das salvaguardas da AIEA. - Declaração do CSNU (1992): proliferação de ADMs como ameaça à paz e segurança internacional. - Contraste com o enfoque que provinha da I Sessão Especial da AGNU sobre Desarmamento (I-SSOD, 1978), que considerava a própria existência de ADMs como ameaça. - Programa 93+2 da AIEA: Protocolo Adicional (PA, 1997). Pressões desde então para tornar o PA o padrão internacional de verificação.
9 - Ataques terroristas de 9/set (2001) nos EUA acentuaram preocupação com proliferação não apenas de Estados, mas de atores não-estatais: da não-proliferação à contra-proliferação. - Lançamento da Proliferation Security Initiative (PSI, 2003): novo regime para ações de interdições aéreas, marítimas e terrestres de cargas suspeitas. Para além da vertente política, se acentua a vertente policial/militar. - Resolução 1540 do CSNU (2004): todos os Estados membros são obrigados a implementar controles de exportação e legislação penal interna. Tentativa dos EUA de legitimar a PSI e o conceito de contra-proliferação. - Sanções do CSNU contra RPDC (2003) e Irã (2006). Legitimação velada das ações da PSI.
10 - Resolução 1887 (2009) do CSNU: ênfase apenas na não-proliferação. Inclusão pelos P-5 de pontos de seu interesse, sobre os quais não há consenso no âmbito da AGNU, TNP e AIEA (p.ex., PA como condição de suprimento de tecnologias nucleares). - Contraponto positivo (2011) : Decisão do NSG de rever diretrizes para ampliar controles sobre a exportação de tecnologias de enriquecimento e reprocessamento. Brasil logrou que o Acordo Quadripartite/ABACC fosse considerado critério alternativo ao PA. - Terá, assim, facilitado (ou pelo menos evitado piorar) acesso a tecnologias nucleares. Contudo, cerco tecnológico aos programas nuclear e espacial do Brasil continua.
11 - Conferência do TNP de 2010: sucesso relativo: novo programa de ação em desarmamento (medidas de transparência, p.ex.). Menos ambicioso que o de 2000 (postura restritiva, em particular de Rússia e França). - Pontos positivos: - PA como instrumento voluntário; - PA indispensável apenas quando a eliminação dos arsenais nucleares for alcançada; - Conferência de 2012 sobre Zona Livre de ADMs no Oriente Médio. Resultado incerto, porém importante para denunciar os dois pesos e duas medidas do regime de não-proliferação.
12 - Armas biológicas: negociação sobre protocolo de verificação da CPAB foi interrompida, por oposição dos EUA (Governo Bush). Poucas possibilidades de retomada. Foco recai apenas sobre medidas de fomento da confiança. - Armas químicas. Regime-modelo da OPAQ é praticamente universal. EUA e Rússia ainda não completaram destruição de arsenais. Prazo de 2012 terá de ser prorrogado. - Mísseis: apenas controles da proliferação: Regime de Controle de Mísseis (MTCR) e Código de Conduta da Haia (HCoC). Possibilidade de afetar programas espaciais. Defesas antimísseis ameaçam desarmamento nuclear.
13 - Armas convencionais:principal instrumento: Convenção sobre Certas Armas Convencionais (CCAC, 1980): procura equilíbrio entre razões humanitárias e necessidade de defesa. 5 protocolos (fragmentos não-detectáveis por raio-x; minas e armadilhas; armas incendiárias; armas cegantes a laser; remanescentes explosivos de guerra). - Convenção de Ottawa (1997): proibição das minas antipessoal. Motivação humanitária prevaleceu. - Convenção de Oslo (2008): proibição da maioria das munições cluster. Deficiências: (i) permite munições sofisticadas de países desenvolvidos; (ii) interoperabilidade: permite uso com Estados não Partes (p.ex. operações da OTAN). Brasil não assinou. - Brasil está engajado na negociação de um 6º. Protocolo da CCAC para tratar das munições cluster. Permitirá espectro maior de munições autorizadas e dará prazos para adaptação.
14 - Brasil:posição geral sobre o tema. Princípios: - Não-proliferação e desarmamento devem ser vistos como processos interdependentes; - Assimetrias do TNP só podem resolver-se com desarmamento nuclear (Art. VI); - Reduções episódicas entre EUA e Rússia não garantem processo seguro e irreversível; - Desarmamento nuclear precisaria ocorrer dentro de horizonte previsível, seguindo série de medidas bilaterais, regionais e globais; - Modelo de desarmamento: OPAQ. Regime não-discriminatório: compromissos iguais para todos. Verificáveis. Reforço do multilateralismo.
15 - Algumas metas e desafios para o Brasil: - articular-se com outros países de perfil assemelhado na defesa do desarmamento nuclear, como tema-chave para uma agenda de reforma da governança global em matéria de segurança. Consciência de que os avanços são incrementais e mais lentos que em outras áreas; - conter, tanto quanto possível, usurpação de competências da AGNU e de outras instâncias multilaterais legítimas (AIEA, OPAQ); - enfatizar a relação entre segurança, paz e desenvolvimento: gastos com armas nucleares e outras ADMs revertidos para fins econômicos e sociais; manutenção dos gastos em níveis estritamente necessários à defesa nacional;
16 - Fortalecer a parceria com a Argentina (ABACC), como exemplo para outras regiões (O. Médio, Ásia Meridional e Coréias); - Manter a América do Sul como região de paz, consolidar o Conselho Sul-Americano de Defesa; - Assegurar capacidade mínima de dissuasão para conter ameaças a recursos nacionais: negar acesso ao território e à Amazônia azul. - Importância do domínio autóctone das tecnologias sensíveis para projetos estratégicos (submarino à propulsão nuclear e VLS), compatíveis com os compromissos internacionais e a vocação do Brasil para a paz.
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