PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS SETOR DE AQUISIÇÕES

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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS SETOR DE AQUISIÇÕES Processo n. º Interessado: PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS Referência: Recurso Administrativo. Modalidade de Licitação: Pregão Presencial nº 049/2006 RELATÓRIO 1. Trata-se de Recurso Administrativo tempestivamente interposto em pela empresa PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS contra a decisão da Pregoeira, que a julgou inabilitada no Pregão Presencial nº 049/2006, que tem como objeto a contratação de serviços de seguro coletivo contra acidentes pessoais para 234 (duzentos e trinta e quatro) estagiários do Poder Judiciário do Estado de Alagoas, com eventual substituição de segurados, pelo que merece conhecido. DO RECURSO CONTRA A INABILITAÇÃO DA EMPRESA PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS A Recorrente contesta a sua inabilitação pela não apresentação de atestado de capacidade técnica compatível com o objeto licitado. A Pregoeira e equipe de apoio ao analisarem a documentação habilitatória apresentada pela Recorrente, após encerrada a fase de lances, considerando o menor valor arrematado pela licitante PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS, não constataram irregularidades. Ocorre que, após análise da documentação habilitatória pelos concorrentes, inconformada, a licitante Royal & Sunalliance Seguros, impugnou a habilitação da licitante PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS, alegando o descumprimento do item 7.0, letra j do edital, sendo acatada pela Pregoeira que, após minuciosa análise constatou a ausência de atestado compatível com o objeto licitado, comprovando apenas a prestação de serviços no ramo de automóveis e imóvel, diferentemente de seguro coletivo contra acidentes pessoais, exigida no instrumento convocatório.

2 Aduz a Recorrente que, quando se institui licitação de menor preço, a Administração selecionará a proposta de melhor preço. O melhor preço, alega ainda, configura-se em função da avaliação dos valores globais que a Administração desembolsará para aquisição do objeto licitado. Alega a Recorrente que apresentou o atestado de capacidade técnica pertinente ao ramo de automóvel, porém, possui atestados compatíveis com o objeto da licitação, anexando-os ao Recurso, considerando que sua omissão é irrelevante e não prejudica o exame da proposta em si, e dos valores de todos os itens que comporão o preço global, basendo-se nas condições explícitas definidas no edital, incluindo as coberturas e importâncias seguradas. Por fim, conclui pedindo: [...] a) que seja julgado procedente o Recurso, dando-se por classificada a seguradora PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS. Recebidas as razões do Recurso ora manejado, foi aberto prazo para que as licitantes apresentassem suas contra razões. A licitante ROYAL & SUNALLIANCE SEGUROS apresentou contra arrazoado atacando os pontos defendidos pela Recorrente, sustentando ao final o improvimento do Recurso com fundamento no princípio da vinculação ao instrumento convocatório e, por conseguinte, a manutenção da decisão da Pregoeira pela inabilitação da empresa PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS, citando algumas decisões do TCU: [...] Após examinados e julgados os documentos apresentados para efeito de habilitação dos licitantes, mediante confronto com as exigências e condições do ato convocatório, serão desqualificados e não-aceitos aqueles que não atenderem ao que foi estabelecido. [...] O licitante que deixar de fornecer, no envelope de habilitação, quaisquer dos documentos exigidos, ou apresenta-los em desacordo com o estabelecido no ato convocatório ou com irregularidades será considerado inabilitado. [...] Não deve ser admitida complementação de documentos durante a reunião de abertura dos envelopes de documentação, ou posteriormente, a não ser em pregão, em que é assegurado ao cadastro o direito de apresentar a documentação atualizada e regularizada no momento da sessão. (Licitações & Contratos Orientações Básicas- 3ª Edição Revista, Atualizada e Ampliada- Brasília TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Página 169). É o Relatório. Passo a opinar. 2

3 Como se vê, a decisão vergastada indicou o item do edital que foi desatendido pela Recorrente, como esclareceu as razões do descumprimento, alegando que: [...] apresentamos o atestado de capacidade técnica pertinente ao ramo de automóvel, porém temos o atestado compatível com o objeto da licitação. Observamos que a omissão aqui examinada é de todo irrelevante, em nada indeferindo na análise de preço que integra a proposta [...], o quê, aliás permitiu à Recorrente manejar o competente recurso sem qualquer prejuízo a sua defesa. A respeito, o edital era expresso, verbis: 7.2 O envelope 2 deverá conter os documentos a seguir relacionados: (...) j) comprovação de desempenho de atividade pertinente e compatível com o objeto licitado. (...) (grifo nosso). 7.3 As licitantes que deixarem de apresentar quaisquer dos documentos exigidos para a habilitação na presente licitação, ou os apresentarem em desacordo com o estabelecido neste edital ou com irregularidades, serão inabilitadas, não se admitindo complementação posterior. (...) (grifo nosso). Nesse sentido, Marçal Justen Filho, adverte: Enquanto ato decisório, a habilitação é ato vinculado. Não é informada por qualquer juízo de conveniência. Nem se pode fundar na vantajosidade da proposta. Há uma radical dissociação entre habilitação (exame da presença das condições do direito de licitar) e julgamento das propostas. ² O objetivo da licitação é selecionar o contratante que apresente as melhores condições para atender os reclamos do interesse público, considerando todas as circuntâncias previsíveis (preço, capacitação técnica, qualidade etc.). No mérito, melhor sorte não assiste à Recorrente. Primeiramente, é imperioso que a proposta desconforme com o edital, mesmo que apresente vantagem econômica, não pode ser aceita pela Administração sem que reste prejudicado o atendimento da isonomia, da vinculação ao instrumento convocatório e, claro, do julgamento objetivo. ². JUSTEN FILHO, Marçal- Licitações e Contratos Administrativos- 9ª Edição. Dialética 3

4 No caso concreto, dada a opacidade da disposição do ato convocatório acerca da comprovação da capacidade técnica, tenho que se pode interpretá-la, considerando a essência da prestação vinculada ao mínimo aceitável de conhecimento e experiência com as funções, objeto licitado, com desempenho a contento, declarado por pessoas jurídicas de direito público ou privado. A vinculação ao instrumento convocatório é um dos princípios norteadores da licitação, estando contido no art. 3º, da Lei n. º 8.666/93, e [...] é a garantia do administrador e dos administrados. Significa que as regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por todos. Se a regra fixada não é respeitada, o procedimento se torna inválido e suscetível de correção na via administrativa ou judicial.¹ Ademais, o momento oportuno para a apresentação do atestado de capacidade técnica pela Recorrente foi na sessão de julgamento e não posteriormente, quando da interposição do Recurso, anexando a este 03 (três) atestados compatíveis com o objeto do Pregão nº 049/2006. E, corroborando com tal assertiva, as decisões do TCU supracitada, assim como o que preceitua a Lei nº 8.666/93, em seu artigo 43, 3º: [...] A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos: 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta. (grifo nosso). Ensina o ilustre doutrinador Marçal Justen Filho: A licitação na modalidade de pregão é juridicamente condicionada aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo, bem assim aos princípios correlatos da celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade. (...) (grifo nosso). Com relação ao Procedimento Formal, ensinou o ilustre Hely Lopes Meirelles: Procedimento formal significa que a licitação está vinculada às prescrições legais que a regem em todos os seus atos e fases. Não só a lei, mas o regulamento, as instruções complementares e o edital pautam o procedimento da licitação, vinculando a Administração e os licitantes a todas as exigências, desde a convocação dos interessados até a homologação do julgamento. (...) (grifo nosso). ¹.CARVALHO FILHO, José dos Santos Manual de Direito Administrativo. 16ª Edição. Lumen Juris Editora 4

5 Por tais fundamentos, a inabilitação da Recorrente era medida que se impunha, nada havendo para ser reconsiderado por parte da Pregoeira, isto posto, propomos que o recurso seja conhecido pela sua tempestividade, indeferindo-o, contudo no mérito, pelas razões aduzidas, mantendo vencedora do certame a empresa ROYAL & SUNALLIANCE SEGUROS, submetendo a presente manifestação à apreciação da autoridade superior. Maceió, 27 de fevereiro de Maria Aparecida Magalhães Nunes Pregoeira 5

6 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS GABINETE DA PRESIDÊNCIA Processo n. º Interessado: PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS Referência: Recurso Administrativo. Modalidade de Licitação: Pregão Presencial nº 049/2006 JULGAMENTO DE RECURSO Em face das informações constantes dos autos e das ponderações expedidas pela Pregoeira, conheço o recurso administrativo interposto pela empresa PORTO SEGURO CIA. DE SEGUROS GERAIS, no que se refere à sua inabilitação e requerimento para a alteração do resultado da licitação. Em conformidade com o parágrafo 4º do artigo 109 da Lei nº 8.666/93, denego, no mérito, provimento ao mesmo, mantendo a empresa ROYAL & SUNALLIANCE SEGUROS vencedora do certame. Conseqüentemente, com fulcro no art. 4º, incisos XXI e XXII da Lei n. º /2002, adjudico em favor da licitante vencedora ROYAL & SUNALLIANCE SEGUROS ao tempo em que homologo os termos da licitação. Publique-se. Cumpra-se. Certifique-se. Maceió/AL, 27 de fevereiro de Des. JOSÉ FERNANDES DE HOLLANDA FERREIRA Presidente 6