ESTADO DA ARTE NA FERTIRRIGAÇÃO DO CAFEEIRO
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- Marina Casqueira Mendes
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1 FACULDADE DE TECNOLOGIA DE POMPEIA CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO ANDRÉ ROSSI MARCONATO ESTADO DA ARTE NA FERTIRRIGAÇÃO DO CAFEEIRO Pompéia - SP 2012
2 FACULDADE DE TECNOLOGIA DE POMPÉIA CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO ANDRÉ ROSSI MARCONATO ESTADO DA ARTE NA FERTIRRIGAÇÃO DO CAFEEIRO Trabalho de Graduação apresentado à Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura - FATEC, como requisito parcial para conclusão do Curso de Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão. Orientador: José Vitor Salvi Pompéia SP 2012
3 Marconato, André M321e Estado da arte na fertirrigação do cafeeiro / André Marconato Pompeia, f.; 30 cm. Monografia (Trabalho de Graduação em Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão) Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura, Orientador: José Vitor Salvi 1. Café. 2. Irrigação. 3. Gotejamento. 4. Fertirrigação. I. Orientador. José Vitor Salvi II. Título. Estado da arte de fertirrigação do cafeeiro. CDD
4 Trabalho de Graduação de autoria de André Marconato, intitulada ESTADO DA ARTE NA FERTIRRIGAÇÃO DO CAFEEIRO, apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Mecanização em Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura Pompéia SP em 11/12/2012, defendida, e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Professor Me. Rui Donizeti Casarin Professor Me. Luiz Atílio Padovan Professor Me. José Vitor Salvi Professora Dra. Mirian Maya Sakuno Pompeia SP Outubro/ 2012
5 Dedico este trabalho especialmente a meus pais João e Eliane, que sempre me apoiaram nas minhas escolhas e me deram forças para alcançar meus objetivos e a minha esposa Ana Carolina que me ajuda diariamente a conquistar meus objetivos.
6 AGRADECIMENTOS É com imenso carinho que agradeço a todas as pessoas que em algum momento de minha vida estiveram presentes e de alguma forma me deram apoio e força para nunca desistir dos meus sonhos. Agradeço primeiramente a Deus, que me deu saúde, inteligência e fé para alcançar meus objetivo e sonhos. Aos meus pais João e Eliane que sempre me ajudaram emocionalmente e financeiramente em todos os momentos em que precisei. Ao meu irmão Guilherme que sempre me aconselhou e me apoiou nas decisões que tomei. Aos meus amigos que me ajudaram nas dificuldades das aulas e me deram forças para nunca desistir de realizar meus sonhos. A todos os meus professores em especial ao meu orientador José Vitor Salvi que muito contribuiu para a realização deste projeto de pesquisa e foi essencial para a base de meu conhecimento. Expresso meus agradecimentos a todas as pessoas que foram de alguma maneira, importantes para a realização de mais um sonho em minha vida.
7 É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver. (Martin Luther King)
8 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...7 LISTA DE TABELAS...8 RESUMO INTRODUÇÃO OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos METODOLOGIA SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO GOTEJAMENTO ASPERSÃO PIVÔ CENTRAL Vantagens e Desvantagens do Sistema Pivô Central EXIGENCIA NUTRICIONAL DO CAFEEIRO FERTIRRIGAÇÃO VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA FERTIRRIGAÇÃO NA LAVOURA CAFEEIRA AGUA/NUTRIENTES APLICADOS VIA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO FORMAÇÃO DO BULBO ÚMIDO SALINIZAÇÃO OU ACIDIFICAÇÃO DO BULBO ÚMIDO CONCLUSÃO...37 REFERENCIAS...38
9 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Sistemas de irrigação/fertirrigação: Pivô Central, Gotejamento, Aspersão...14 Figura 2. Injetor tipo Venturi...27 Figura 3. Raiz da planta em relação ao bulbo úmido...35 Figura 4. Formato de bulbo úmido nas diferentes texturas de solos...35 Figura 5. Diferença do bulbo úmido conforme o aumento da vazão...36
10 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Estimativa do consumo de água pelo café (Te, litros planta -1 dia -1 ) em função das fases fenológicas, evaporação do tanque classe A (ECA, mm dia-1), umidade relativa (UR, %), velocidade vento (U, km dia -1 ), coeficiente de tanque (Kp), evapotranspiração de referência (ETo, mm dia - 1 ) e área foliar média do cafeeiro (AF,m².planta -1 )...12 Tabela 2. Vantagens e desvantagens do sistema de Gotejamento no Cafeeiro...18 Tabela 3. Aproveitamento de nutrientes em porcentagem e fator (f) dos nutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio Tabela 4. Quantidade de nutrientes extraídos pelo fruto do cafeeiro com (11% de umidade) em 1000 Kg de Café...23 Tabela 5. Necessidade total de nutriente para suprir toda a planta (Vegetativa mais produtiva) Tabela 6. Épocas ideais de Parcelamento da Adubação no cafeeiro...24 Tabela 7 Composição química, solubilidade Kg/m³, Índice salino, Corrosão, em função dos adubos químicos solúveis em água Tabela 8. Solubilidade dos fertilizantes a uma temperatura de 20 Graus Celsius..32
11 RESUMO Estado da Arte na Fertirrigação do Cafeeiro Este estudo teve como objetivo destacar a importância da fertirrigação na lavoura cafeeira considerando que esta interfere positivamente no aumento da produtividade da cultura. Para elaboração do trabalho buscou-se na literatura os autores que tratam dos efeitos benéficos da irrigação e fertirrigação na produtividade do café. Verificou-se que o uso destas técnicas tem se tornado cada vez mais bem aceitas pelos produtores, porem é fundamental alertar que é necessário seguir os padrões corretos de dimensionamento e manejo. Sendo assim é preciso ainda muito estudo detalhado sobre os diversos sistemas de irrigação e fertirrigação para a cultura do café e sua influência na produtividade e qualidade da bebida. Palavras-chave: Cultura cafeeira. Fertirrigação. Sistemas de irrigação.
12 1 INTRODUÇÃO Existe uma lenda sobre a descoberta do café onde um pastor de cabras, chamado Kaldi, certa noite ficou ansioso quando suas cabras não retornaram ao rebanho. Quando saiu para procurá-las, encontrou-as pulando próximo a um arbusto cujos frutos estavam mastigando e que obviamente foi o que lhes deu a estranha energia. Dizem que ele mesmo experimentou os frutos e descobriu que eles o enchiam de energia, como aconteceu com o seu rebanho. Kaldi levou os frutos ao mosteiro para ser estudado pelos monges. O aroma exalado pelos frutos torrados nas chamas atraiu todos os monges, que diziam ter um perfume muito bom. Os grãos foram esmagados na água para ver que tipo de infusão eles dariam e os monges descobriram que dava energia e não dava sono o que era bom para os monges rezarem. Essa noticia se espalhou rápido para toda a cidade (ABIC, 2012) Evidências botânicas sugerem que a planta do café originou-se na Etiópia Central, porem ninguém tem certeza absoluta. Alguns acham que talvez os persas levaram-no para a Etiópia no século VI d.c., período em que invadiram a região. (ABIC, 2012) Em 1727 os portugueses achavam que a terra do Brasil tinha boas possibilidades de cultivo da cafeicultura, mas eles não possuíam nenhuma planta nem grão. Conseguiram então às escondidas ramos de flores onde estavam escondidas as sementes vindas das Guianas que mais tarde tornariam o Brasil um dos principais produtores de café do mundo. O cafeeiro é uma planta da família Rubiaceae. Das espécies do gênero Coffea, apenas Coffea arábica e Coffea canephora são cultivadas comercialmente, a arábica é responsável por 70% do café comercializado no mundo. Apesar do pequeno valor econômico das outras espécies, elas são importantes para a preservação da Coffea arábica, devido à resistência a diversos parasitas e a fatores climáticos adversos. A produção nacional de café beneficiado em 2012 foi de milhões de sacas de 60 kg beneficiadas, sendo considerada 16,1% maior que a safra passada, e esse acréscimo se deve principalmente a bienualidade positiva do café. Dessas milhões de sacas, (37.9 milhões) são de café arábica e (12.5 milhões) são de café robusta. A área cultivada de café esta estimada em mil hectares. O Brasil
13 é o principal produtor e maior exportador de café, e o segundo maior consumidor, perdendo apenas para os Estados Unidos em relação ao consumo (CONAB, 2012). Segundo Alves (1999) apud Silva (2008), as principais regiões produtoras de café no país são: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Matas de Minas, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia. O estado de Minas Gerais é responsável por 53% da produção nacional e o estado de Espírito Santo por 25% da produção nacional. Antunes (2001) apud Barreto (2006), no Brasil, 22% da produção nacional de café são provenientes de áreas irrigadas, o que corresponde a apenas 220mil hectares, 10% da área total plantada com café. As principais regiões com cafeicultura irrigada são as regiões chamadas de marginais, onde as chuvas são insuficientes e ou mal distribuídas durante o ano, essas regiões são: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Oeste da Bahia, Espírito Santo e regiões novas como Goiás, Mato Grosso onde o sistema de irrigação mais usado é por gotejamento. No Brasil, a irrigação do cafeeiro foi iniciada por volta de 1946, através da experimentação e pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), porem só tomou vulto pratico em 1984 em conseqüência da implantação de cafezais em áreas consideradas marginais. Atualmente, com a expansão da cafeicultura no Brasil, pode-se dizer que existem duas regiões bem distintas. Uma onde a irrigação é uma prática obrigatória, pois, na sua ausência, é praticamente impossível cultivar o cafeeiro e outra, onde é possível cultivá-lo sem irrigar, mas, com o seu uso, tem-se aumentado consideravelmente a produtividade dos cafezais. Independente do sistema de cultivo adotado (adensado ou livre crescimento), a irrigação é uma técnica disponível para os agricultores. A irrigação visa atender á demanda de água das plantas nos períodos críticos, e é necessário aplicá-la em quantidades corretas. Se insuficiente, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular e, se em excesso, provoca desperdícios de água, energia e nutrientes (CAMARGO 1987 apud KARAWASA, 2002). Segundo Silva (2008), em Uberlândia MG no período de 2001 a 2006, os períodos que apresentaram déficit hídrico esta compreendido entre os meses de abril e outubro e a deficiência hídrica nos estádios de maturação e formação de botões pode não afetar a produtividade no ano, mas prejudica seriamente a produção no ano seguinte.
14 A cultura do cafeeiro é muito exigente em água e sua exigência se baseia em relação à função das fases fonológicas, evaporação do tanque classe A, umidade relativa do ar, velocidade do vento, evapotranspiração de referencia e área foliar media do cafeeiro. Todas estas relações interferem na exigência diária da planta, onde podemos verificar na tabela abaixo: Tabela 1. Te - Estimativa do consumo de água pelo café ( litros. planta-1 dia-1) em função das fases fenológicas, evaporação do tanque classe A (ECA, mm dia-1), umidade relativa (UR, %), velocidade vento (U, km dia-1), coeficiente de tanque (Kp), evapotranspiração de referência (ETo, mm dia-1) e área foliar média do cafeeiro (AF,m².planta-1). Fases Fonológicas Maturação das gemas florais (15 meses) Chumbinho (17 meses) Granação dos frutos (20 meses) Granação dos frutos (22 meses) Maturação dos frutos (25 meses) Florada (28 meses) Chumbinho (30 meses) Maturação dos frutos (35 meses) Florada (40 meses) Fonte: VILLA NOVA et al. (2002) ECA UR U Kp ET AF Te=0,347.ET.AF mm.dia % Km.dia mm.dia m².planta Litros.planta.dia 2, ,905 1,95 0,665 0,45 4, ,823 3,62 1,445 1,82 6, ,803 5,40 1,690 3,17 4, ,905 4,28 2,705 4,02 2, ,884 2,00 4,545 3,15 5, ,749 4,34 4,605 6,94 5, ,829 0,829 5,860 8,90 4, ,832 0,832 8,530 10,47 5, ,750 3,88 7,460 10,06 A fertirrigação consiste na fertilização combinada com a irrigação, isto é, os adubos minerais são injetados na água de irrigação para formar água de irrigação enriquecida (VITTI et al., 1994). No Brasil, a fertirrigação vem firmando-se como uma técnica muito promissora, principalmente entre os proprietários de sistemas de irrigação por métodos pressurizados (aspersão e localizada), porque, por meio deles, a água é conduzida e aplicada através de condutos fechados e sob pressão, permitindo melhor controle da aplicação (LEITE JÚNIOR, 2003).
15 Esta técnica possibilita a otimização do uso de insumos em diferentes culturas irrigadas, principalmente em aspectos relacionados à produtividade dos produtos obtidos, sendo mais notável sua adoção em culturas irrigadas por sistemas de irrigação localizada como é o caso do cafeeiro. 1.1 OBJETIVOS Objetivo Geral Este estudo busca destacar a importância da irrigação/fertirrigação da lavoura cafeeira para melhoria da produtividade, qualidade da bebida e rentabilidade do produtor Objetivos Específicos Investigar os sistemas de irrigações mais utilizados pelos cafeicultores. Avaliar as vantagens e desvantagens da irrigação nos cafeeiros. Salientar a contribuição da fertirrigação através de sistemas eficientes de irrigação para a lavoura cafeeira. 1.2 METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica que tem como finalidade, identificar e analisar de forma sistematizada a literatura levantada. O embasamento teórico consta de 28 artigos científicos publicados entre 2000 e 2011 em revistas e 07 periódicos eletrônicos publicados na internet com sites disponíveis acessados em Para desenvolvimento desta pesquisa foram definidos o tema, os objetivos, e os levantamentos bibliográficos. Foi feita a leitura e o fichamento dos artigos para que o texto fosse redigido conforme está apresentado. O trabalho se apresenta com resumo, introdução, revisão de literatura em três capítulos.
16 2 SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO Os sistemas de irrigações usados evoluíram muito, no começo era usada a irrigação por superfície (sulcos), depois passou a ser usada a aspersão convencional, seguido pelo canhão, autopropelido e pela mangueira plástica perfurada (MMP). Atualmente surgiram os sistemas de pivô central e gotejamento. (SANTINATO, 2001). O sistema de gotejamento destaca-se por suas vantagens de economia de água, energia e alta eficiência na aplicação de água e de fertilizantes. Os produtores têm adotado novas tecnologias de condução e manejo da lavoura, com o adensamento, a mecanização, inclusive da colheita, e a irrigação/fertirrigação, a fim de aumentar a produtividade e, consequentemente, a margem de lucro. (SILVA et al, 2005). Levantamento feito no Espírito Santo e Bahia revelam que já são irrigados mais de 10% dos cafezais; cerca de 35% da área de Conilon do Espírito Santo e quase 25% no sul da Bahia. A (figura 1) mostra os principais sistemas de irrigação/ fertirrigação para o café, onde na primeira foto temos o pivô central LEPA, na segunda foto temos o gotejamento e na terceira foto temos a aspersão. Figura 1. Sistemas de irrigação/fertirrigação: Pivô Central, Gotejamento, Aspersão Fonte: Revista Cafeicultura (2007). 2.1 GOTEJAMENTO A cafeicultura é uma atividade de destaque na economia nacional, apesar de estar passando por um período de preços baixos, pois, segundo Karasawa et al (2002) isso não faz parte do ciclo de preços. O interesse pela irrigação na cultura
17 pelos cafeicultores tem aumentado nos últimos anos, principalmente por aqueles mais técnicos. Segundo Camargo (1987 apud KARASAWA, 2002), vários trabalhos apontam prejuízo direto na produtividade do cafeeiro quando o mesmo passa por um déficit hídrico prolongado, como florada, chumbinho e granação dos frutos. Em seus estudos Camargo (1987 apud KARASAWA, 2002) constou que: Nas condições da região Centro Sul, o déficit hídrico na fase de chumbinho (outubro a dezembro) atrasa o crescimento dos frutos, resultando peneira baixa (grãos indesejados para a comercialização), alem de reduzir a produtividade. A expansão celular que ocorre nessa fase, é sensível ao déficit hídrico. (CAMARGO, 1987 apud KARASAWA, 2002 p ). Assim sendo é importante destacar a importância da disponibilização de água por irrigação para influenciar no desenvolvimento primário e secundário nas diversas camadas do solo. Nos trabalhos realizado por Oliveira et al (2010) em área de café Acaia MG 1474 conduzido com sistema de gotejamento foi comparado usos de deferentes laminas de gotejamento: Lo sem irrigação, L40 40%, L60 60%. L80 80% e L % da evaporação do tanque classe a (ECA), onde as produtividades medias foram respectivamente 52,88; 66,99; 70; 71,93; 79,5 sacas beneficiadas por hectare; sendo assim o manejo da irrigação com a lâmina de reposição de 100% da Evaporação do Tanque Classe A, proporcionou maiores lucros. Estudos de Barreto et al (2006) destacam outra vantagem do sistema de irrigação por gotejamento que é a de corresponder à maior eficiência que na aplicação por coberturas. Dentre os diversos sistemas de irrigação, o gotejamento corresponde a uma técnica que propicia maior eficiência no uso da água (BERNARDO, 1984). O consumo de água pode variar de acordo com a profundidade em que o emissor for instalado. Assim, quando o emissor é instalado superficialmente, o consumo é maior nas camadas mais superficiais do solo, em virtude do poder de dessecação da atmosfera somado à extração de água pelas raízes. Por outro lado, quando o emissor é enterrado, o consumo de água é maior nas camadas mais profundas. Neste caso, a ação da gravidade conduz a água para regiões inferiores ao emissor, fazendo com que a extração pelas raízes seja maior nesse local. (BARRETO et al, 2006).
18 De acordo com Souza et al, (2003) apud Barreto (2006) o enterrio de tubogotejadores também pode interferir no caminhamento lateral da água no solo, possivelmente no consumo de água ao longo do perfil do solo. Assim, há menores distâncias horizontais para o transporte de água, alem de um aprofundamento do bulbo úmido. Dessa forma, o desenvolvimento radicular dos cafeeiros irrigados pode ser condicionado às diferentes configurações dos tubogotejadores. De acordo com Oron et al, (1991) o enterrio de tubogotejadores apresenta a vantagem da flexibilidade do uso de maquinários agrícolas, maior dificuldade na germinação de sementes de ervas e menor redução da produção com uso de água salina. Também existem problemas relacionados ao uso de tubogotejadores enterrados, onde ocorre o entupimento do sistema devido a entrada de raízes no gotejador. Altas tecnologias como o sistema de gotejamento enterrado, só se tornam viáveis se forem utilizadas de técnicas adequadas de manejo de irrigação que visem à racionalização do uso da água e ao aumento da produtividade, avaliando-se a distribuição de água no solo aplicada pelo sistema de gotejamento enterrado ou superficial. Os estudos de Barros et al, (2009) levaram a concluir que os sistemas enterrados tendem a melhorar a uniformidade da umidade com o aumento do volume de água aplicado enquanto que os sistemas superficiais apresentam efeitos inversos. Também concluíram que em relação aos sistemas superficiais, os enterrados apresentam menor área superficial molhada, maior largura e profundidade e disponibilizam água a uma distancia maior do ponto de emissão. Porem de maneira geral concluíram que não foi possível descrever a profundidade ideal e muito menos a vazão ideal para ser usada como um padrão e menos ainda descrever se o melhor resultado esta com gotejadores enterrados ou superficiais pois depende de vários fatores a serem abordados como profundidade efetiva do sistema radicular da cultura a ser irrigada, tipo, volume de água aplicado e etc. Pesquisas de Martins et al (2007) constatam que a irrigação localizada por gotejamento tem sido utilizada na cafeicultura irrigada em virtude de algumas vantagens, quando comparada a outros métodos, como a alta uniformidade de
19 aplicações de água, maior eficiência operacional, economia de água e menor necessidade de mão de obra. Os pesquisadores afirmam que: Este sistema pode amenizar o problema de escassez de água, porem, técnicos de manejo são necessários para melhor controle da quantidade de água aplicada, garantindo o bom desenvolvimento do cafeeiro. Irrigação deficitária ou em excesso pode acarretar a redução na lucratividade (MARTINS et al, 2007 p. 61). Os autores apontam ainda como vantagens, a economia de fertilizantes, redução de custos culturais e o aumento em produtividade, uma vez que possibilita a aplicação de produtos químicos em solução na água de irrigação e pela redução dos riscos de contaminação das culturas (SCALOPPI, 1986 apud MARTINS et al, 2007). Oliveira e Villas Boas (2008) utilizaram o sistema de irrigação localizada por gotejamento para seu experimento com o objetivo de simular características de concepção e de funcionamento de sistemas utilizados em pomares de citros e café no interior paulista. Os dados obtidos durante o experimento foram analisados em relação à uniformidade de distribuição dos fertilizantes nas linhas de irrigação, temporalmente e espacialmente, procedendo-se a analise de variância das quantidades de fertilizantes aplicadas ao longo das linhas laterais. (OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008). De acordo com os resultados obtidos os autores relatam que o sistema de irrigação por gotejamento apresentou coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC) de 97,7% para aplicação de água. O valor aceitável desse coeficiente para sistema de irrigação localizada é de 80%, demonstrando que o sistema funcionava adequadamente. (OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008). Os autores concluíram que o sistema de irrigação por gotejamento possibilita obter sucesso no emprego da fertirrigação e aperfeiçoa os vários fatores referentes ao emprego da técnica, sendo a uniformidade de distribuição um dos fatores mais importantes. De acordo com Fernandes et al (2007), a introdução no Brasil, de sistemas de irrigação por gotejamento na cultura do café, em escala comercial, ocorreu no inicio da década de 90. Na segunda metade desta década, os sistemas de gotejamento se popularizaram e sua aplicação em lavouras de café cresceu significativamente. Estima-se que aproximadamente 15 a 20 mil hectares de café estejam sendo irrigados por gotejamento no País.
20 Ainda segundo Fernandes et al (2007) algumas limitações detectadas e citadas na literatura, não se deve à fertirrigação por gotejamento em si, mas aos problemas do manejo incorreto e à falta de informações com relação a muitos aspectos ligados à nutrição das plantas. Santinato R. e Fernandes A.L.T (2005) citam algumas vantagens e desvantagens do sistema de gotejamento no cafeeiro na (tabela 2): Tabela 2 Vantagens e desvantagens do sistema de Gotejamento no Cafeeiro: VANTAGENS DESVANTAGENS Maior eficiência no uso de água Entupimento (manejo) Maior Produtividade Problemas com capina Maior eficiência na adubação Maior eficiência no controle fitossanitário Não interfere com as praticas culturais Adapta se a diferentes solos e topografia Economia de mão-de-obra Fonte: SANTINATO R. e FERNANDES ANDRÉ L.T (2005) 2.2 ASPERSÃO A aplicação de água no solo, com o fim de fornecer as espécies vegetais umidade ideal para seu desenvolvimento, pode ser feita por meio de diversos métodos de irrigação, dentre eles um dos mais usados é a aspersão. Segundo Pereira (2003) no sistema de irrigação por aspersão, a água é aspergida sobre a cultura por dispositivos especiais chamados aspersores, por onde o liquido, ao passar sob pressão, adquire grande velocidade. O jato liquido, ao chocar-se com o ar, pulveriza-se em gotas caindo sobre a cultura em forma de chuva artificial. O desempenho de um sistema de irrigação por aspersão é avaliado com base em Coeficientes de uniformidade de água coletados em medidores de campo, ou também por alterações no solo, por pontos coletores. Christiansen foi o primeiro pesquisador a propor um coeficiente para caracterizar a uniformidade de distribuição de água para aspersores rotativos, procurando determinar o efeito da pressão de serviço, do espaçamento, da rotação e da velocidade do vento sobre a distribuição de água. Estabeleceu o parâmetro conhecida como Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), expresso pela equação 1.
21 Em que: CUC = Coeficiente de Uniformidade de Christiansen, % x1 = Precipitação no coletor de ordem i, mm; x = Média aritmética das precipitações, mm; n =numero de coletores. (1) O valor aceitável desse coeficiente para sistema de irrigação localizada é de 80%, demonstrando que o sistema funcionava adequadamente. (OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008). Segundo Elliott et al., (1980) apud Justi (2008) o Coeficiente de Uniformidade de Christiansen é largamente utilizado para avaliar sistemas de irrigação por aspersão. Estudos salientam que os benefícios econômicos da irrigação aumentam em função do aumento da uniformidade de distribuição, independentemente do custo da água. Mendonça et al (1999), com base na revisão da literatura, citaram as seguintes vantagens da utilização do sistema de aspersão em linha: economia da área, equipamento e mão de obra; facilidade de instalação e operação e maior numero de tratamentos em área menor que no sistema de aspersão convencional. Afirmaram que o objetivo da utilização do sistema de aspersão em linha é viabilizar a obtenção de dados quantitativos para a determinação de funções de produção de água, aliada ou não a outros fatores como fertilizantes e outras variedades. 2.3 PIVÔ CENTRAL No Brasil, a maior concentração das áreas de café irrigado acha-se no cerrado mineiro, com predominância dos sistemas de irrigação por tubos perfurados a laser (tripa) e canhão (autopropelidos / carretéis enroladores) procedendo a denominação irrigação socorro ou salvação (FERNANDES e SANTINATO, 2002). De acordo com pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), nas consideradas novas fronteiras cafeeiras como o oeste e sul
22 da Bahia, nordeste de Minas Gerais e leste de Goiás, o predomínio é da irrigação tecnificada com a utilização dos sistemas pivô central e gotejamento. Conforme destacam Fernandes e Santinato (2002) o sistema pivô central é utilizado por cafeicultores empresariais, com predomínio de plantios superiores a 100 ha, e o sistema de gotejamento, utilizado em propriedades pequenas e medias, complementando áreas de pivô central e em área topografia impróprio para um sistema de aspersão mecanizado. Com as experiências e pesquisas nos Estados Unidos surgiu uma inovação, adaptada da irrigação de pomares de citros. Adaptando essa tecnologia, os pesquisadores e consultores brasileiros desenvolveram uma técnica extremamente interessante para a irrigação do cafeeiro com o pivô central, com plantio realizado em circulo, com emissores localizados sobre as linhas de café, os denominados LEPA (Low Energy Precision Application / ou Aplicações Precisa de Água com Baixo Consumo de Energia). Conforme acrescentam Fernandes e Santinato (2002) com a criatividade do cafeicultor ocorreram também outras adaptações nos aspersores convencionais imitando os emissores LEPA, porem um pouco inferiores as dos fabricados para esse fim. Segundo os mesmos autores, a LEPA é um método altamente eficiente na aplicação de água às culturas em sistemas de pivô central. As perdas de água com a utilização deste sistema dificilmente ultrapassam a 23% contra 25 a 30% dos sprays convencionais Vantagens e Desvantagens do Sistema Pivô Central Vantagens do pivô central com sistema LEPA: Alta eficiência de aplicação de água 95 a 98% Alta uniformidade, pela eliminação potencial de áreas muito secas ou muito úmidas, sistema ideal para quimigação. Redução de molhamento das folhas reduzindo incidências de certas doenças fúngicas. Redução potencial de custos de energia, pela alta eficiência de aplicação de água e operação em baixas pressões.
23 Outras vantagens do sistema pivô central apontados por Souza (2009) para a fertirrigação são com barras de irrigação são: A irrigação Pivô Central distribui os fertilizantes com uniformidade dos fertilizantes pelas plantas e impede a lixiviação dos adubos ao permitir a aplicação fracionada dos mesmos. A fertirrigação de culturas extensivas sob irrigação Pivô Central é muito facilitada veiculando os fertilizantes dissolvidos na água. Entretanto o sistema pivô central apresenta algumas desvantagens, segundo Fernandes e Santinato (2002), se for usado o sistema LEPA, uma das desvantagens é o alto custo de material e instalação e para o funcionamento correto é necessário reguladores de pressão. As desvantagens apontadas por Souza (2009) são as seguintes: A água que cai sobre as folhas antes de cair no solo e os produtos (adubos) queimam as folhas do café (nitrogênio e potássio). O adicionamento diário de algum insumo que altere as características da água favorece a corrosão; o ferro e zinco corroem quimicamente as paredes de aço do pivô diminuindo sua resistência e a durabilidade. Conforme o exposto, os estudos mostram que a produção de café irrigado por sistemas de irrigação com gotejamento, aspersão e pivô central trazem muitas vantagens tanto na implantação da lavoura em circulo como convencional. A melhoria da qualidade da bebida, maior produtividade e aumento de lucros são os efeitos benéficos da irrigação.
24 3 EXIGENCIA NUTRICIONAL DO CAFEEIRO A exigência nutricional reflete a demanda do café por nutrientes. A exigência nutricional envolve a extração (quantidade de nutrientes que o café retira do solo e fica contida nas suas partes (raízes, caules, ramos, folhas, flores e frutos) e a exportação (parte da extração que é retirada da planta na colheita dos frutos. A literatura indica que para produzir uma saca beneficiada de café são exportados: 3,0 Kg de nitrogênio (N); 3,0 Kg de potássio (K); 936 g de cálcio (Ca); 258 g de magnésio (Mg); 168 g de enxofre (S); 156 g de fósforo (P); 9,0 g de ferro (Fe); 6,1 g de manganês (Mn); 4,0 g de boro (B); 2,5 g de cobre (Cu); 1,2 g de zinco (Zn). O nitrogênio e o potássio são os nutrientes mais exportados pela colheita, por isso esses nutrientes representam os que devem ser repostos em quantidades maiores do que os demais através da adubação (COSTA et al 2005). Existem diferentes taxas aproveitamento de nutrientes, conforme a tabela abaixo que explica o nutriente nitrogênio, fósforo e potássio. O nitrogênio apresenta aproveitamento de 50 a 60% devido às grandes percas por lixiviação, erosão e volatilização. O fósforo apresenta um aproveitamento de 20 a 30% devido à grande facilidade de fixação no solo com as argilas. O potássio também apresenta um aproveitamento de 70% devido a perdas por lixiviação e erosão. Com base neste aproveitamento surgiu o fator de correção para estes macro nutrientes onde deve ser colocado uma quantidade a mais de cada nutriente devido as perdas citadas acima, exemplo do nitrogênio que tem fator 2, significa que deve ser dobrada a quantidade usada pois metade será perdida nos processos de lixiviação, erosão, volatilização. Tabela 3. Aproveitamento de nutrientes em porcentagem e fator (f) dos nutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio. NUTRIENTE APROVEITAMENTO (%) FATOR (f) Nitrogênio 50 a 60 2,0 Fósforo 20 a 30 3,0 a 5,0 Potássio 70 1,5 Fonte: Vitti G. C. (2009) Obs.: Adubação = (Planta solo) x f.
25 A (tabela 4) mostra as quantidades de nutrientes extraídas apenas pelo fruto do cafeeiro com 11% de umidade em uma porção de 1000 kg de café, ou seja, para cada 1000 kg de café são extraídos pelo fruto 22,2 kg de nitrogênio, 3,2 kg de fósforo, 28,8kg de potássio, 3,5 kg de cálcio, 3,3 kg de magnésio, 1,2 kg de enxofre, 5,7 g de zinco, 13,5 g de boro e 16,8 g de cobre. Com estes resultados podemos verificar que a maior extração foi de Nitrogênio e Potássio e podemos concluir que estes são os nutrientes mais exigidos pelo fruto (planta) e conseqüentemente o que devera ser usado em maior quantidade na adubação do cafeeiro Tabela 4. Quantidade de nutrientes extraídos pelo fruto do cafeeiro com (11% de umidade) em 1000 Kg de Café NUTRIENTES Quantidade em 1000 kg de café Nitrogênio 22,2kg Fósforo 3,2kg Potássio 28,8kg Cálcio 3,5kg Magnésio 3,3kg Enxofre 1,2kg Zinco 5,7g Boro 13,5g Cobre 16,8g Fonte: Manejo de Solos (2009) A exigência nutricional reflete a demanda do café por nutrientes. A exigência nutricional envolve a extração e exportação, ou seja, suprir tanto a parte vegetativa como a parte produtiva. Com base nisto temos na (tabela 5) a necessidade total para suprir toda a planta em vários exemplos de produção. Podemos ver claramente que para produzir 60sc por hectare são necessários 372 kg de nitrogênio, 36 kg de fósforo, 354 kg de potássio e 18 kg de enxofre, nutrientes estes exigidos para tal produtividade porem sem levar em conta o fator de perda (f) de cada nutriente, ou seja, estes valores podem ser maiores, devidos as perdas por erosão, lixiviação, volatilização e fixação. Tabela 5. Necessidade total de nutriente para suprir toda a planta (Vegetativa mais Produtiva) sc/ha 30sc/ha 60sc/há Nitrogênio 6,2 kg 189 kg 372 kg Fósforo 0,6 kg 18 kg 36 kg Potássio 5,9 kg 177 kg 354 kg Enxofre 0,3 kg 9 kg 18 kg Fonte: VITTI G. C. (2009).
26 O cafeeiro como todas as outras plantas necessitam de um parcelamento na adubação para que a planta possa absorver os nutrientes necessários em suas diversas fases fonológicas. Com base neste conceito e de estudo relacionados a este fato, podemos observar que 04 parcelamentos são ideais para suprir a planta do cafeeiro, devemos fazer uma primeira adubação após a colheita, época onde a planta esta debilitada devido a grande produção que passou. Outro parcelamento no inicio da vegetação, principalmente de nitrogênio para o desenvolvimento de folhas novas. Outro parcelamento no final do pagamento da florada onde será definida a produtividade futura da planta. Um ultimo parcelamento pode ser feito no período de crescimento dos frutos que será responsável pelo enchimento do grão, ou seja, para se conseguir um grão pesado chamado de peneira alta Tabela 6. Épocas ideais de Parcelamento da Adubação no cafeeiro PERIODO ÉPOCA Depois da Colheita Set/Out Inicio da Vegetação Nov/Dez Pagamento da Florada Fev/Mar Crescimento dos Frutos Abril/Maio Fonte: Vitti G. C.(2009) Obs.: Recomenda-se uma dose maior no Pegamento da Florada.
27 4 FERTIRRIGAÇÃO A fertirrigação consiste na aplicação de fertilizantes juntos á água de irrigação. É uma técnica que possibilita a otimização do uso de insumos em diferentes culturas irrigadas, tanto em aspectos relacionados à produtividade quanto à qualidade dos produtos obtidos, sendo mais notável sua adoção em culturas irrigadas por sistemas de irrigação localizada. (OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008). Zanini (1987) e Vilas Boas (2003) salientam a necessidade de realizar pesquisas sobre vários aspectos relacionados à fertirrigação, como forma de possibilitar a adoção correta da mesma, uma vez que o emprego eficiente dessa técnica deve levar em consideração aspectos relativo à planta, ao solo e ao sistema de irrigação. A interação entre sistemas de irrigação e fertilizantes solubilizados deve ser estudada, visando a garantir uniformidade de distribuição de água e nutrientes. Para se alcançar êxito na fertirrigação deve-se utilizar fontes de alta solubilidade para que, a concentração de nutrientes na solução aplicada seja, de fato, aquela calculada. Outro aspecto importante da solubilidade é que alguns fertilizantes que não apresentam dissolução completa podem causar entupimento nos emissores, principalmente dos gotejadores (VILLAS BÔAS, R. L. et al, 1999). Na prática, a solução aplicada pela fertirrigação é misturada em tanques de capacidade variada e, posteriormente, essa solução é injetada no ramal principal através de vários equipamentos, onde é diluída. Por isso, a concentração no reservatório pode chegar a ser 200 vezes maior que a solução que sai nos emissores. No preparo da solução deve-se observar a solubilidade de cada fertilizante a fim de que todo fertilizante dissolvido permaneça na solução. De acordo com Oliveira e Villas Boas (2008), a formulação da solução a ser injetado no sistema de irrigação tem importante papel na uniformidade de distribuição do fertilizante aplicado via fertirrigação, tendo de ser notados fatores como: - concentração da solução a ser injetada, tempo de aplicação, solubilidade e pureza dos produtos. Rolston et al (1986 apud OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008) relatam que a uniformidade de aplicação dos fertilizantes pode ser influenciada pela variação da concentração da solução no tanque de mistura, uma vez que a mistura não pode ser homogênea. Para eles, as variações na taxa de injeção planejada e na vazão do sistema também influenciam na uniformidade de distribuição.
28 Em seus estudos Oliveira e Villas Boas (2008) dividiram o tempo de funcionamento do sistema de irrigação e fertirrigação em três etapas. A primeira é necessária para que a água chegue a todos os pontos do sistema de irrigação e ocorra a conseqüente estabilização da carga hidráulica no sistema de irrigação. A segunda é compreendida entre o inicio e o fim da operação de injeção da solução de fertilizantes. A terceira e ultima etapa é a responsável pela lavagem do sistema, que devera ser prolongada até que os resíduos dos nutrientes aplicados sejam retirados do sistema pela água de irrigação. Os mesmo autores acrescentam que a analise do movimento de qualquer partícula dentro de uma tubulação depende do diâmetro do tubo, das dimensões e da massa especifica da partícula, e da aceleração da gravidade. Entretanto, no caso de uma solução no solo, dois processos são responsáveis pela transferência dos nutrientes: fluxo de massa e difusão. (OLIVEIRA e VILLAS BOAS, 2008). Significa que a absorção dos nutrientes pelas raízes da planta podem ocorrer por 3 maneiras distintas: Interceptação radicular onde a raiz encontra o nutriente, fluxo de massa onde o nutriente se movimenta na fase aquosa do solo carregado pela água e por final a difusão que é o movimento do nutriente a curta distancia em uma fase aquosa estacionário passando de uma região de maior concentração para uma de menor concentração próxima as raízes. A Quimigação, de acordo com Ribeiro et al (1999), é a técnica de aplicação de produtos químicos nas lavouras, utilizando a água de irrigação como veículo. Os principais produtos aplicáveis por meio dessa técnica são: fertilizantes (fertirrigação), herbicidas (herbigação), inseticidas (insetigação), fungicidas (fungigação) e nematicidos (nematigação). Ribeiro et al (1999) enfatiza que dentre eles, os fertilizantes são os mais utilizados e têm vantagem adicional de não necessitarem de registro no ministério da Agricultura para sua aplicação, sendo que na fertirrigação, podem ser utilizados tanto adubos minerais como resíduos orgânicos, usados de forma a complementar a adubação de semeaduras. Existem vários sistemas de injeção para fertirrigação/quimigação porem o mais indicado é o sistema injetor Venturi (Figura 2), onde na sua porção media apresenta uma seção constrita, onde no momento em que a água passa, se cria uma pressão negativa chamada de vácuo em relação a pressão atmosférica, sendo neste momento que a solução química irá fluir para o injetor.
29 De acordo com pesquisa na literatura de Justi (2008), a fertirrigação como técnica de aplicação de fertilizantes tomou impulso muito grande, principalmente devido ao aparecimento do pivô central e dos túneis de plásticos, do incremento da irrigação localizada e das pesquisas, reforçando a idéia de que a aplicação de adubos líquidos é mais adequada ás plantas, ao solo e, inclusive em relação á análise dos aspectos econômicos envolvidos. Figura 2. Injetor tipo Venturi Fonte: Villas Boas R.L (2006). 4.1 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA FERTIRRIGAÇÃO NA LAVOURA CAFEEIRA A utilização da fertirrigação oferece diversas vantagens em comparação com o método convencional de aplicação de fertilizantes. Entre elas, pode-se destacar a não compactação do solo e o fim de injúrias mecânicas nas plantas, causadas pela entrada de equipamentos pesados nas áreas de cultivo para promover a adubação pelos métodos tradicionais; menor quantidade de equipamento exigido e menor gasto de energia; a dosagem de nutrientes pode ser mais cuidadosamente regulada, monitorada, distribuída e parcelada no perfil do solo, conforme as necessidades da cultura ao longo de seu ciclo fenológico (COELHO & SILVA, 2005). A aplicação de fertilizantes via água de irrigação apresenta muitas vantagens e algumas desvantagens em relação ao sistema convencional (NATALE, W 2003) Vantagens a serem consideradas: Melhor aproveitamento do equipamento de irrigação; Possibilidade de aplicação de outros produtos utilizando a infra-estrutura, como: fungicidas, nematicidas, herbicidas
30 Economia no custo de aplicação de fertilizantes, pois economiza máquinas e mão de obra; Aplicação precisa de nutrientes de acordo com a demanda do cultivo, evitando concentração excessiva de fertilizante no solo e lixiviação; Aplicação de água e fertilizantes em uma faixa determinada de solo onde as raízes estão mais ativas, aumentando a eficiência do fertilizante e diminuindo seu impacto ambiental; Maior eficiência no uso da água e dos fertilizantes; Menos compactação do solo e danos físicos às culturas. Algumas limitações podem ser consideradas: Custo inicial da infra-estrutura; Exige cálculos precisos para quantificar concentrações e doses dos adubos; Necessita de adubos mais puros solúveis ; Pode promover entupimento do sistema de irrigação quando utilizado de forma incorreta; Pode levar a salinidade ou acidificação pelo uso excessivo de adubo; Necessita de mudança de mentalidade do produtor. As grandes vantagens do sistema de fertirrigação compensam em muito os inconvenientes citados. O custo inicial pode ser amortizado com o tempo, e a obstrução dos gotejadores pode ser evitada seguindo uma tecnologia de fertirrigação adequada. Profissionais competentes podem ser formados mediante cursos especializados e publicações que ilustrem as dificuldades dos usuários. De acordo com Alves (1999) apud SILVA et al (2005) a utilização da fertirrigação oferece inúmeras vantagens em comparação ao método convencional de aplicação de fertilizantes, dentre as quais se destacam a não compactação do solo e o fim de injúrias mecânicas nas plantas, causadas pela entrada de equipamento pesados nas áreas de cultivo, para promover adubação pelos métodos tradicionais. Outras vantagens apontadas pelo autor são: - menor quantidade de equipamentos exigidos e menor gasto de energia; a dosagem de nutrientes pode ser
31 mais regulada, monitorada, distribuída e parcelada no perfil do solo, conforme as necessidades da cultura ao longo de seu ciclo fenológico. Na região de lavras, Silva et al (2005), irrigando por gotejamento com diferentes parcelamentos de adubação via água e épocas de inicio de irrigação, chegou à conclusão de que houve efeito significativo, tanto do parcelamento da adubação como da época de inicio de irrigação, proporcionando aumentos da ordem de 95 a 120%, quando comparados a outro de sequeiro que produziu 24,6 sacas/há. Na região de viçosa, Montovani et al (2000), em um trabalho sobre Fertirrigação e Produtividade do Cafeeiro com tratamentos não irrigados (adubação convencional) e tratamentos fertirrigados (adubação por gotejamento em diferentes doses de adubos N-K), chegou a conclusão de que a fertirrigação influiu positivamente no aumento da produtividade do cafeeiro, as plantas de café responderam positivamente ao aumento da dose de N e K 2 O acima do recomendado, não houve problemas com entupimento dos emissores devido ao uso de cloreto de potássio e uréia, e que a fertirrigação facilita a distribuição do fertilizante na lavoura. Também ficou constatado nos trabalhos realizados por Rezende et al (2010), que tanto a irrigação como a fertirrigação na fase de formação do cafeeiro, quando comparadas às condições de sequeiro, influenciaram significativamente nas variáveis diâmetro de copa, altura de planta e número de ramos plagiotrópicos totais. Dessa forma, a fertirrigação é uma boa alternativa a ser utilizada na formação de plantas de cafeeiro.
32 4.2 AGUA/NUTRIENTES APLICADOS VIA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO Os fertilizantes solúveis em água são os mais indicados para a fertirrigação, uma vez que as soluções podem ser preparadas em campo, desde respeitando o limite de 75% de solubilidade. Deve-se dar preferência para adubos de alta solubilidade, com pouca impureza e sem qualquer tipo de substância empedrante. Portanto, na fertirrigação devem-se utilizar produtos de melhor qualidade. De modo geral são utilizados como fonte nitrogenada: uréia, nitrato de amônio, sulfato de amônio, nitrato de cálcio e potássio. O uso do cloreto de potássio (de preferência o branco) é bastante comum, sendo também utilizado em casos específicos o sulfato de potássio e o nitrato de potássio. As fontes de fósforo comumente utilizadas são o ácido fosfórico, que ajuda a limpar a tubulação e os gotejadores e o MAP. Outra vantagem da fertirrigação é o uso de micronutrientes na forma de sais e quelatos. De acordo com Malavolta (1981) Apud Justi (2008) a fertirrigação pode reduzir o custo dos fertilizantes á metade ou a terça parte em relação a outros métodos convencionais em relação a custo energético, ou seja, custo global da adubação que no caso convencional envolve o custo energético das maquinas. Entre os nutrientes aplicados via água de irrigação, o nitrogênio é o elemento mais utilizado freqüentemente. Recomenda-se que o nitrogênio seja aplicado gradativamente, principalmente em solo arenoso. Estudos de Malavolta (1981) mostram que a distribuição do nitrogênio via fertirrigação na superfície do solo é afetada por diversas variáveis de irrigação. Vários estudos investigaram as influencia na taxa de descarga do emissor, como concentração do nutriente e volume aplicado à água, e distribuição do nitrogênio, enquanto os nutrientes são aplicados continuamente a uma concentração constante na superfície. O conceito de qualidade de água refere-se as suas características que podem afetar sua adaptabilidade para seu uso especifico. Por exemplo: uma água de um rio pode ser considerada de boa qualidade para determinado sistema de irrigação, ao mesmo tempo pode, por sua carga de sedimentos, ser inaceitável para o consumo
33 humano e/ou animal se não passar por tratamento adequado anteriormente (CETESB, 1988). De acordo com o manual acima citado, no Brasil, de maneira geral, até bem pouco tempo se falava em analise de água para fins agrícolas. Normalmente se fazia uma coleta simples, visando exames puramente físico-químicos para verificar se a qualidade não comprometeria os equipamentos de irrigação e as propriedades físico-químicas do solo. Hoje, com as novas exigências de produtividade e qualidade dos produtos agrícolas, são medidas as variações naturais da qualidade da água. A água, de acordo com as analises da CETESB (1988) pode, naturalmente, acumular certas substancias, tornando-se por exemplo, muito acida ou muito alcalina, apresentando altos teores de ferro, de salinidade, provocando cor e sabor desagradável, o que a torna imprópria ao consumo humano e animal, alem de se tornar inadequada para irrigação. A tabela 7 mostra os principais adubos usados na fertirrigação, a sua composição química. Também explica a solubilidade de cada um em relação a água, o índice salino em relação ao salitro do Chile que leva o índice de 100 e a escala de corrosão. Usando a uréia (45% nitrogênio) na fertirrigação, Santinato e Fernandes afirmam que a uréia se solubiliza fácil em uma quantidade de 42 kg para 1000 litros de água e que seu índice salino (75) é mais alto que o sulfato de amônia (69) e mais baixo que o nitrato de amônio (104) e que em relação a escala de corrosão, este adubo apresenta baixa corrosão para sistemas de irrigação de ferro galvanizado. Tabela 7 Composição química, solubilidade kg/m³, Índice salino, Corrosão, em função dos adubos químicos solúveis em água. Adubo Composição química Solubilidade kg/m³ Índice salino Corrosão Escala 0-5 Uréia 45% N 42 (20) Sulfato de amônio 20% N 760 (20) % S Nitrato de amônio 33% N 1950 (20) Nitrato de cálcio 15% N 3410 (25) Cloreto de Potássio 60% K2O 347 (20) 116 S/D Sulfato de potássio 50% K2O 110 (20) 46 S/D 18% S Nitrato de potássio 44% K2O 316 (20) 73 S/D 13% N Super Simples 20% P2O5 3 (30) 8 S/D 20% Ca 12% S Super triplo 43% P2O5 12% Ca 18 (30) 10 S/D
34 Acido fosfórico 53% P2O (25) S/D MAP 50% P2O5 282 (25) 30 S/D 10% N DAP 45% P2O5 576 (10) % N Cloreto de Cálcio 27% Ca 980 (0) S/D S/D Nitrato de magnésio 9% Mg 1250 (20) S/D S/D Sulfato de Magnésio 10% Mg 720 (20) S/D S/D 13% S Fonte: SANTINATO R. e FERNANDES ANDRÉ L.T (2005) Obs. Para se interpretar a tabela devem-se considerar os itens a seguir: i. Solubilidade: em kg/m³ onde o numero entre parênteses se refere a temperatura do teste. ii. Índice salino: em relação ao salitro do Chile com índice salino = 100 iii. Corrosão: 0=nula, 1=baixa, 2=moderada, 3=severa, 4=muito severa e 5= extrema, e na seqüência de 5 números, correspondentes a 1- ferro galvanizado, 2 alumínio, 3 aço inox, 4 bronze, 5 latão. Na tabela a baixo (tabela 8) VILLAS BÔAS, R. L. et al também trabalharam com a solubilidade dos fertilizantes Nitrogenados, Fosfatados, Patássicos, Nitrogenados e Potássicos, Nitrogenados e Fosfatados, adubos contendo cálcio, magnésio e com micronutrientes, todos a uma temperatura de 20 graus Celsius Tabela 8. Solubilidade dos fertilizantes a uma temperatura de 20 Graus Celsius. FERTILIZANTE SOLUBILIDADE kg/m³ Nitrogenados (N) Nitrato de Amônio 118 Nitrato de Cálcio 102 Sulfato de Amônio 71 Uréia 78 Nitrato de Sódio 73 Sol. Nitrogenadas ALTA Uran ALTA Fosfatados (P) Super Fosf. Simples 2 Super Fosf. Triplo 4 Ácido Fosfórico 45,7 Potassicos (K) Cloreto de Potássio 34 Sulfato de Potássio 11 N e P Map 23 Map Purificado 37 Dap 40 N e K Nitrato de Potássio 32
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