PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 2153/2015 CAEMA CONCORRÊNCIA Nº 001/2015-PRL ASSUNTO: IMPUGNAÇAO AO EDITAL

Transcrição

1 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 2153/2015 CAEMA CONCORRÊNCIA Nº 001/2015-PRL ASSUNTO: IMPUGNAÇAO AO EDITAL Trata-se de resposta ao pedido de impugnação ao Edital, referente a Concorrência 001/2015-PRL, cujo objeto é a contratação sociedade de advogados para prestação de serviços profissionais de Advocacia, Assessoria Jurídica e Consultoria Especializada em Meio Ambiente, para o patrocínio das demandas judiciais e extrajudiciais e defesa dos interesses da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão CAEMA, tempestivamente, interposto pela Senhora KÁTIA TEREZA DE CARVALHO PENHA, pessoa física inscrita no CPF SSP-MA, nos termos do art. 51, do Código de Licitações do Estado do Maranhão CLC/MA. A impugnante questiona os seguintes pontos do edital: 1. DA ILEGALIDADE NOS ITENS 1.2, 5 E 6 DO EDITAL E 6.1 DO TERMO DE REFERÊNCIA [ ] o edital do procedimento licitatório mencionado em seu item 2.3 "Termo de Referência", afronta diretamente o princípio, por sua omissão em fornecer informações referentes ao quantitativo e o valor estimado das demandas de processos judiciais, processos extrajudiciais, e dos processos relativos aos serviços de consultoria, tais como: "elaboração de propostas, termos de compromissos e termos de ajustamento de conduta". Ademais, quanto à modalidade e do tipo de licitação, o ato convocatório não apresenta clareza e adequação entre os itens 1, 5 e 6 do Edital que tratam respectivamente do Objeto, da Proposta Técnica e do Julgamento da Proposta Técnica como demonstraremos a seguir. [...] Nos itens 5.2 e 6.3, ao exigir demonstração dos aspectos técnicos e gerenciais da licitante na Proposta Técnica, verifica-se que o Edital de Concorrência n 001/20115 da CAEMA foi omisso quanto à pontuação desses quesitos, oferecendo critérios que avaliam exclusivamente a experiência de membros da equipe técnica O item 1.1 do Edital e "Termo de Referência" o serviço a ser contratado é de natureza intelectual e envolve consultoria além de defesas judiciais e extrajudiciais. Sendo assim, seria razoável a existência de critérios para aferir a qualidade técnica da proposta quanto aos "aspectos técnicos e gerenciais" de forma a conhecer a metodologia, a organização, as tecnologias e os recursos materiais adotados pelo escritório para execução dos serviços.

2 A Proposta Técnica é o intervalo desproporcional de pontuação determinado no item 6.3, alíneas, a" e, b" do Edital, qual seja: [...] Portanto, é de se verificar que não há razoabilidade no critério de pontuação quando houver competição entre equipes técnicas compostas exclusivamente por advogados, muito menos haverá entre Propostas Técnicas cuja equipe técnica seja composta por um advogado e outro profissional com curso de pós-graduação "lato sensu", mestrado ou doutorado na área de Direito Ambiental. 2. DA ILEGALIDADE DA QUALIFICAÇÃO ECONÔMICA FINANCEIRA EXIGÊNCIA DE CAPITAL SOCIAL MÍNIMO DE 10% Com relação ao capital social, verifica-se que a CAEMA decidiu pela aplicação subsidiária do art. 31 da Lei Federal n 8.666/1993 e incluiu a apresentação de Balanço Patrimonial e Demonstrações Contábeis e Capital Social mínimo. Nesse caso, verifica-se a ilegalidade das alíneas "a.2" e "a.6", do item , do referido edital. A alínea "a.2" aduz que as licitantes que apresentarem resultado menor do que o exigido, quando de sua habilitação deverão comprovar, considerados os riscos para a administração, Capital Social no valor mínimo de 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, admitida a atualização para a data de apresentação da proposta através de índices oficiais. [...] O equívoco insanável está em fixar Capital Social de no mínimo 10%, quando o correto seria determinar Capital Social de até 10% (dez por cento). É o relatório. Opino. I Das ilegalidades constantes nos itens 1.3, 5 e 6 do Edital, bem como item 6.1 do Termo de Referência. Analisando com cuidado os argumentos do impugnante, vimos rebatê-los mediante a defesa dos parâmetros utilizados para elaboração e julgamento da proposta técnica exigidos no edital da Concorrência nº 001/2015-PRL/CAENA, estes sim necessários à segurança e confiabilidade que deve premiar o dispêndio do dinheiro público. Além disso, apresentamos amparo legal e jurisprudencial que devem consubstanciar nossas decisões, conforme princípio do Direito Administrativo.

3 Portanto, a análise dos argumentos apresentados foi norteada pelo princípio da finalidade, por atos administrativos, em geral, devem estar voltados para a obtenção do bem comum, o interesse público. Para os quesitos impugnados, a impugnante entende que os critérios de julgamento da proposta técnica adotados no referido edital ferem os princípios da isonomia e competitividade entre os licitantes, entendimentos do qual discordamos, por entendermos que, no ponto de vista técnico, tais critérios são adequados, necessários e indispensáveis, pelos motivos que discorremos a seguir. Quanto ao item 2.3 do Termo de referência: 1. Quanto a alegação de que a CAEMA não forneceu o quantitativo e o valor estimado das demandas judiciais, esclarecemos que no item 6.1 do Termo de Referência consta um quadro que informa aos licitantes que a CAEMA estima figurar como parte em 60 (sessenta) processos judiciais por ano; 2. No que tange aos valores de cada demanda, tal informação é irrelevante para os licitantes, tendo em vista que os valores da causa das ações que hoje estão em trâmite não podem ser considerados como valor estimado da demanda, pois, via de regra, são Ações Civis Públicas propostas pelo Ministério Público com valor da causa fixada em R$ 1.000,00 (hum mil reais); 3. Quanto aos processos extrajudiciais e os relativos a consultoria, esclarecemos que, em razão do caráter peculiar e especializado do objeto ora licitado, qual seja, assessoria e consultoria jurídica em Direito Ambiental, a CAEMA não possui demanda constante de processos dessa natureza, o que nos impossibilita de mensurar a quantidade de processos extrajudiciais em trâmite; 4. Ademais, em razão da licitação ter por objeto assessoria e consultoria jurídica, a CAEMA entende que, na formulação de sua proposta, o licitante não deve levar em consideração os valores dos processos judiciais ou mesmo a quantidade de consultas realizadas, mas sim a quantidade de profissionais que o escritório deverá disponibilizar para a Companhia; 5. Por esta razão é que o termo de referência e edital do certame não mencionam que o escritório será remunerado pelo número de processos judiciais que irá atuar ou pelo número de consultas que irá responder, mas sim pela disponibilidade do contratante em atender as demandas da CAEMA na área objeto da licitação; 6. Assim sendo, a PRJ opina pela manutenção da redação original do referido item. Quanto aos itens 5.2 e 6.3 do Edital: 7. Apesar da redação dos referidos itens fazer menções a avaliação da qualificação técnica e gerencial, o edital e o termo de referência são cristalinos quanto aos aspectos que serão pontuados, quais sejam: atuação profissional e cursos de qualificação;

4 8. Como a própria impugnante pondera, os serviços ora licitados são de natureza puramente intelectual, razão pela qual a Companhia optou por pontuar apenas os aspectos acima mencionados; 9. Contudo, não entendemos que a redação constante no edital prejudique sobremaneira a realização do certame, já que o edital e o termo de referência não deixam margens à dúvida quanto aos itens que serão analisados para fins de pontuação; 10. No que tange a alegação da impugnante de que a diferença de 20 pontos entre os quesitos estabelecidos para julgamento fere a isonomia, a competitividade e a razoabilidade do certame, concordamos que, se analisados isoladamente, a diferença de pontos, em uma análise puramente superficial, pode aparentar uma quebra da isonomia; 11. Entretanto, ao analisar cuidadosamente as pontuações, é possível constatar que o edital, ao contrário do que entende a impugnante, visa diminuir a diferença entre os licitantes. Senão vejamos o seguinte caso hipotético: a. Se o escritório A apresentar um advogado com 2 anos de experiência e com título de doutor, este, com as pontuações constantes no edital, alcançará a marca de 60 pontos. Por sua vez, se o escritório B apresentar um advogado com 11 anos de experiência, mas sem título algum, este, nas mesmas condições de pontuação, alcançará a marca de 50 pontos. Neste caso, o advogado do escritório A, com 9 anos a menos de experiência, pontuaria 10 pontos a mais que o advogado do escritório B; b. Caso, hipoteticamente, a CAEMA optasse por diminuir a diferença entre os quesitos para julgamento da proposta como pretende a impugnante e adotasse os níveis de 40, 45 e 50 pontos, a diferença de pontuação entre os advogados do escritório A e B seria absurda e, aí sim, desarrazoada. O advogado do escritório A, com 2 anos de experiência e título de doutor, faria 90 pontos, enquanto o advogado do escritório B, com 11 anos de experiência, mas sem título algum, faria apenas 50 pontos. Haveria entre os dois escritórios uma diferença de 40 pontos! 12. Assim sendo, conforme restou demonstrado pela situação acima apresentada, quando analisada de forma criteriosa e não apenas superficial, a diferença de pontos entre os quesitos visa valorizar a experiência em detrimento da qualificação do profissional que prestará serviços a CAEMA, pois, se fosse acatado o pedido da impugnante, a Companhia poderia realizar uma contratação que não lhe interessa, já que um advogado bem menos experiente, mas com o título de doutor, certamente estaria em vantagem; 13. Cumpre ainda destacar que, levando em consideração as margens de pontuação, a CAEMA reduziu significativamente o índice técnico mínimo para a classificação das propostas técnicas constantes no item 6.7 do edital. Usualmente, as licitações deste tipo fixam o índice técnico mínimo em 70%. Contudo, neste certame, a Companhia optou por fixá-lo em 50% justamente para permitir que mais licitantes sejam classificados nesta etapa e que não se restrinja desarrazoadamente o certame;

5 De tal sorte, e imprescindível, que a administração pública fixe no edital os requisitos técnicos compatíveis com os serviços serem prestados, visto que a vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. É com base nos motivos citados, visando resguardar o interesse público contido na boa execução e qualidade dos serviços prestados, que se sustentam todos os critérios para a pontuação da proposta técnica, na eleição justa da empresa que executará os serviços para administração pública, dentro dos parâmetros de qualidade indispensáveis a uma contratação realizada com recursos públicos. II Da exigência de Capital Social mínimo de 10%, quando as licitantes apresentarem quaisquer dos índices exigidos menor do que um. A capacidade, pode ser mensurada através do patrimônio líquido ou capital social, ainda que estes elementos sejam examinados isoladamente, ou seja, o não atendimento aos índices contábeis exigidos, não indicam a inidoneidade financeira do licitante desde que o patrimônio líquido ou o capital social garanta o adimplemento contratual. Nesta esteira, o 2º da Lei 8.666/93 possibilita que a administração avalie a capacidade econômico financeira da licitante através do capital social ou patrimônio líquido. Da análise do subitem do Edital, depreende-se que somente será exigido capital social no valor mínimo de 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, das licitantes que apresentarem resultado menor do que um para os índices Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral. Portanto, a licitante que não tenha atingido os índices mínimos preconizados no edital, poderá demonstrar sua capacidade financeira por meio do capital social, mesmo porque, uma empresa que tenha efetuado investimento de grande vulto, poderá ter índices comprometidos, nada obstante tal investimento tenha elevado sua capacidade operacional. No mesmo sentido, o Tribunal de Contas pronunciou-se: Acórdão 1871/ Plenário [...]30. Poder-se-ia conjecturar, numa leitura favorável à legalidade do edital, que o item , que estabelece a obrigatoriedade de comprovação do capital social integralizado (fls. 14 do Anexo), presta-se, exclusivamente para valorar a exigência requerida pelo item , que exige, para as empresas que apresentarem índices contábeis iguais ou inferiores a 1, a comprovação de possuírem capital mínimo ou patrimônio líquido mínimo não inferior a 10% da soma do valor total de sua proposta, de cada lote. Na esteira do raciocínio dissertado nesta peça, tal solicitação encontra-se apoiada no 3º do art. 31 da Lei 8.666/93, IPIS LITTERIS:

6 3 o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices oficiais. Registra-se ainda, que a jurisprudência nos tribunais de justiça tem entendo ser imperativa a permissão da substituição da comprovação dos índices financeiros pela demonstração de patrimônio líquido ou capital social correspondente a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, IN VERBIS: [ ] tenho que ficou suprida a exigência de comprovação de qualificação econômico-financeira com a apresentação do último balanço patrimonial da sociedade, em que se constata bom desempenho e solidez das finanças, tanto mais quando o próprio TCU, órgão fiscalizador da regularidade das contratações no âmbito da administração federal, exige, em edital de licitação: Comprovação de patrimônio líquido não inferior a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, quando qualquer dos índices Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral, informados pelo Sicaf, for igual ou inferior a 1 - Agravo de Instrumento nº /DF. Portanto, infundada é a alegação da impugnante quando menciona que o correto seria determinar capital social de até 10% (dez por cento). Em face de todo o exposto, considerando os pedidos formulados, julgo IMPROCEDENTE a presente impugnação, mantendo-se inalteradas as disposições contidas no Edital, permanecendo, pois, mantida a data, local e horário da abertura do procedimento licitatório por não implicar alteração do objeto editalício. São Luís/MA, 17 de junho de DANILO CÉSAR GUIMARÃES RIOS Presidente da Central de Licitação/CAEMA