7º CONGRESSO NACIONAL DOS CORRETORES E AGENTES DE SEGUROS. Feira Internacional de Lisboa Parque das Nações. 15 de Outubro de 2010
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- Renata Minho Mascarenhas
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1 7º CONGRESSO NACIONAL DOS CORRETORES E AGENTES DE SEGUROS Feira Internacional de Lisboa Parque das Nações 15 de Outubro de 2010 Sessão Solene de Abertura Gostaria de começar por felicitar a APROSE pela organização de mais este Congresso, salientando a relevância do tema escolhido - Justo Valor nos Seguros. Preliminarmente ao debate e partilha de ideias - que se perspectivam vivos e produtivos penso ser oportuno, a título introdutório, destacar alguns aspectos da evolução e do actual contexto da actividade de mediação de seguros. [Importância da Mediação de seguros] É inquestionável a importância da actividade de mediação e o papel de relevo assumido pelos mediadores de seguros no âmbito da distribuição dos produtos de seguros. Cabe, nesta sede, salientar a crescente exigência dos consumidores e a progressiva diversificação e sofisticação dos produtos oferecidos no mercado segurador, justificando-se, cada vez mais, um acompanhamento personalizado de cada cliente. Atendendo à respectiva organização, estrutura, implantação geográfica e posicionamento no mercado, os mediadores de seguros dispõem, na maioria dos casos, de condições privilegiadas para estabelecer uma relação de maior proximidade e disponibilidade relativamente aos clientes, aferindo o seu perfil de risco e necessidades específicas e prestando um aconselhamento qualificado quanto aos produtos que, em concreto, se revelam mais adequados. Não pode, assim, deixar de se sublinhar a relevância dos serviços prestados pelos mediadores de seguros enquanto facilitadores da relação estabelecida entre as empresas de seguros e os consumidores, quer numa fase pré-contratual, quer durante a vigência e execução dos contratos de seguros, designadamente em caso de ocorrência de sinistro. 1
2 [Peso da mediação na distribuição] Cumpre realçar que, com referência ao ano de 2009, a mediação de seguros tradicional constituiu o canal de distribuição preferencial no âmbito do sector segurador, tendo sido responsável por 55% da produção total. Em concreto, foi responsável pela cobrança de 44% dos prémios no que diz respeito ao Ramo Vida e por 84% dos prémios relativos aos seguros dos Ramos Não Vida. A par do reconhecimento da importância e do peso da mediação na distribuição de seguros, há que sublinhar a relevância das diversas intervenções regulatórias no sentido da profissionalização e do reforço do papel da mediação de seguros na prossecução dos interesses dos consumidores. [Novo regime contribuição para uma maior profissionalização] A revisão global do regime jurídico da mediação de seguros, operada com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 144/2006, de 31 de Julho, e da Norma Regulamentar do ISP nº 17/2006-R, de 29 de Dezembro, que o operacionalizou, teve, de facto, como principal objectivo, em paralelo com a extensão do regime a todas as entidades que materialmente praticavam actos qualificados como de mediação de seguros, o reforço da profissionalização e transparência da actividade, que é por todos reconhecida como uma efectiva mais-valia no âmbito do mercado segurador. Neste domínio, o estabelecimento de requisitos mais exigentes em matéria de qualificação profissional e formação e o particular relevo legalmente conferido aos conhecimentos, aptidões e idoneidade dos mediadores de seguros contribuíram, sem dúvida, para um incremento da credibilização do sector. No quadro do novo regime jurídico da mediação de seguros, a formação dos mediadores de seguros deixou de ser da exclusiva responsabilidade das empresas de seguros e dos corretores, passando a estar a cargo de entidades formadoras acreditadas pelo Instituto de Seguros de Portugal. Por outro lado, passou a promover-se o desenvolvimento de uma política de formação contínua. Cumpre, igualmente, salientar a introdução da obrigatoriedade de celebração de seguro de responsabilidade civil profissional e, no que respeita aos corretores de seguros, a exigência de garantias financeiras para salvaguarda dos créditos dos tomadores de seguros, segurados ou beneficiários. 2
3 Adicionalmente, foram estabelecidos deveres detalhados de informação e de aconselhamento dos clientes, especificando-se as condições em que tais informações devem ser transmitidas. Realce-se, ainda, a fixação de regras aplicáveis à movimentação de fundos relativos ao contrato de seguro, regulando-se, nomeadamente, o regime das denominadas contas «clientes». Como decorrência dos referidos princípios e requisitos que vieram enformar o novo quadro regulatório da mediação de seguros, a respectiva entrada em vigor teve inegável impacto na caracterização do universo de mediadores de seguros em actividade. Desde logo, com a entrada em vigor do novo regime, e conforme referido, passaram a ser abrangidos mediadores de seguros que não se encontravam anteriormente enquadrados no âmbito da actividade de mediação de seguros. Além disso, verificou-se um aumento considerável do exercício da actividade de mediação de seguros em regime de exclusividade por parte de mediadores de seguros pessoas singulares, indiciando um maior grau de especialização e uma maior profissionalização do sector. De referir ainda que, a partir da introdução do novo regime, se procurou privilegiar o recurso às tecnologias de informação e à utilização de documentos electrónicos, considerados elementos essenciais de uma progressiva eficácia da supervisão e modernização da actividade. Neste âmbito, foram acolhidos, tanto quanto possível, procedimentos desmaterializados de registo e de divulgação de informação, visando-se uma simplificação e racionalização de recursos, quer no relacionamento com a autoridade de supervisão, quer nas relações estabelecidas com os credores específicos de seguros. Saliente-se, a este nível, a criação, manutenção e actualização permanente do registo electrónico por parte do Instituto de Seguros de Portugal, a utilização do Portal ISPnet e, bem assim, a utilização do endereço electrónico e das páginas na internet para comunicações e divulgações obrigatórias. Todos estes factores contribuíram para uma maior transparência e modernização da actividade de mediação de seguros, como é por todos reconhecido. [Ligação à conduta de mercado Normas Conduta e Publicidade] 3
4 No que diz especificamente respeito à protecção dos consumidores e à conduta de mercado, é sabido que tais matérias sempre mereceram particular atenção no âmbito da regulação e supervisão, reflectindo-se tal preocupação também no plano da actividade de mediação de seguros. Não é demais realçar que, num mercado progressivamente mais complexo, exigente e integrado, as políticas e procedimentos de conduta de mercado são uma parte essencial da gestão de riscos, contribuindo decisivamente para a manutenção da confiança dos consumidores no mercado segurador e, como consequência, para a garantia da solvência dos operadores. Nos últimos anos, a aprovação de regras legais e regulamentares específicas em matéria de conduta de mercado tem resultado num acréscimo da protecção dos tomadores de seguros, segurados, beneficiários e terceiros lesados, sem descurar, no entanto, uma adequada proporcionalidade dos deveres correspectivamente impostos aos restantes intervenientes no mercado segurador. Neste âmbito, para além das alterações introduzidas em 2009 ao regime jurídico do acesso e exercício da actividade seguradora e resseguradora [pelo Decreto-Lei nº 2/2009, de 5 de Janeiro], cumpre destacar a emissão da Norma Regulamentar nº 10/2009, de 25 de Junho, relativa à Conduta de Mercado, bem como a emissão da Norma Regulamentar nº 3/2010, de 18 de Março, relativa à Publicidade. O primeiro dos referidos instrumentos veio regulamentar a definição e implementação da política de tratamento dos tomadores de seguros, segurados, beneficiários ou terceiros lesados, a instituição de uma função autónoma responsável pela gestão de reclamações, a designação de um provedor do cliente e a definição e implementação de uma política anti-fraude, com vista a operacionalizar os deveres consagrados no plano legislativo. Nos termos do regime instituído, compete às empresas de seguros, através do respectivo órgão de administração, assegurar que, no âmbito da política de tratamento aprovada são considerados os canais de distribuição utilizados, garantindo que lhes são extensíveis os princípios, regras e procedimentos adoptados. Aos mediadores de seguros são, assim, cometidas especiais responsabilidades na implementação da política de tratamento dos clientes, atendendo a que, muitas vezes, são a principal, se não única, face visível no contacto com os consumidores. No que diz respeito à Norma Regulamentar relativa à Publicidade, é de destacar que o respectivo regime geral é aplicável à publicidade efectuada pelos mediadores de seguros, prevendo-se, ainda, um regime específico que explicita, designadamente, a 4
5 informação mínima a mencionar - tudo isto, naturalmente, sem prejuízo das disposições em matéria de publicidade que integram o regime jurídico do acesso e exercício da actividade de mediação de seguros. Para além do quadro legal e regulamentar existente, quer o Instituto de Seguros de Portugal, enquanto autoridade de supervisão, quer os operadores, têm procurado promover a adopção progressiva de padrões e boas práticas no domínio da conduta de mercado. [Circular Boas Práticas] Como expressão desta preocupação, é oportuno salientar que o Instituto de Seguros de Portugal se encontra, presentemente, a preparar, em colaboração com as associações representativas das empresas de seguros e dos mediadores de seguros, um projecto de Circular que pretende divulgar um conjunto de princípios gerais que consubstanciam boas práticas a adoptar por estes operadores no seu relacionamento recíproco. Esta é uma iniciativa que se insere no Plano Estratégico do Instituto e que visa, essencialmente, reforçar e consolidar, no quadro e de harmonia com o regime legal e regulamentar em vigor, a colaboração institucional entre os operadores e, em consequência da mesma, a tutela dos credores específicos de seguros e a crescente estabilidade, eficiência e credibilização do sector segurador. Trata-se, de resto, de uma matéria que tem vindo a ser objecto de tratamento em diversos Estados membros da União Europeia, quer através de iniciativas de autoregulação, quer através da emissão de recomendações por parte das autoridades de supervisão competentes. Deve, por isso, merecer o nosso redobrado empenho, no sentido de, em conjunto, podermos promover a adopção de práticas convergentes e tendentes à realização do mercado único no sector segurador. Esta iniciativa representa, no entanto, um mero ponto de partida, esperando-se que, na sua senda, outras possam desejavelmente surgir - designadamente promovidas pelas associações representativas do sector. Com efeito, afigura-se, a todos os títulos, desejável que os princípios e boas práticas ora identificados sejam posteriormente objecto de densificação e adaptação às especificidades de cada categoria de mediadores, num processo que se pretende dinâmico e adequado à evolução do mercado. [Supervisão da actividade de mediação de seguros] Uma nota final para a supervisão da actividade de mediação de seguros. 5
6 Reconhecendo a importância da actividade para a gestão adequada dos riscos e estabilidade do sector segurador, para a garantia de um tratamento diligente, equitativo e transparente dos tomadores de seguros, segurados, beneficiários e terceiros lesados e, para a própria imagem do sector, o Instituto de Seguros de Portugal fez acompanhar a introdução do novo regime jurídico da mediação de seguros e subsequentes desenvolvimentos em matéria de conduta de mercado de uma alteração do paradigma e do reforço da supervisão neste domínio. Efectivamente, o Instituto de Seguros de Portugal intensificou e focalizou as acções de supervisão on site e off site direccionadas à verificação dos requisitos de acesso e exercício da actividade de mediação, ao mesmo tempo que tem procurado transmitir entendimentos tendentes a uniformizar as práticas em sentido convergente com o regime legal e regulamentar vigente. Espera o Instituto de Seguros de Portugal que o reforço da supervisão seja entendido pelos profissionais desta actividade como um contributo de relevo para a credibilização do sector da mediação de seguros, prevenindo e punindo as práticas não conformes com o enquadramento aplicável e que afectam o relacionamento equitativo e justo entre os operadores. Só posso, em nome do Instituto de Seguros de Portugal, assumir o compromisso em continuar os esforços para que assim suceda. Resta-me desejar que os trabalhos do Congresso sejam tão bem sucedidos quanto é expectável face ao interesse dos temas que serão abordados. Fernando Nogueira 6
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