Dados internacionais de catalogação Biblioteca Curt Nimuendajú
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- Geraldo Flávio Medina de Lacerda
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1 Catalogação: Cleide de Albuquerque Moreira Bibliotecária/CRB 1100 Revisão final: Karla Bento de Carvalho Projeto Gráfico: Fernando Selleri Silva Dados internacionais de catalogação Biblioteca Curt Nimuendajú CADERNOS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA - 3º GRAU IN- DÍGENA. Barra do Bugres: Unemat, v. 1, n. 1, Semestral ISSN Educação Escolar Indígena I. Universidade do Estado de Mato Grosso II. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso III. Departamento de Documentação / FUNAI. CDU (81) : 37 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso Coordenação do 3º Grau Indígena Campus Universitário de Barra do Bugres Caixa Postal nº Barra do Bugres/MT - Brasil Telefone: (65) indiobb@vspmail.com.br SEDUC/MT - Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso Superintendência de Desenvolvimento e Formação de Professores na Educação Travessa B, S/N - Centro Político Administrativo Cuiabá/MT - Brasil Telefone: (65) FUNAI - Fundação Nacional do Índio Departamento de Educação DEDOC - Departamento de Documentação SEPS Q. 702/902 - Ed. Lex - 1º Andar Brasília/DF - Brasil Telefone: (61) / dedoc@funai.gov.br
2 INVARIANTES CULTURAIS: CONCEITOS DE ESTÉTI- CA E BELEZA NA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO Zoraide Primerano Arguello* Rodrigo Fernando Shimazu** João Batista Desto*** Lauro Ojeda*** José Fernandes Torres da Cunha*** Maria Terezinha R. E. Conciani*** Dentro do Projeto 3 o Grau Indígena, se inclui, a pedido dos alunos, um curso de computação, pelo qual temos o prazer de sermos responsáveis. Incluído na área de Ciências, teve seu primeiro ciclo de aulas juntamente com as demais matérias, durante a primeira etapa intensiva, realizada em julho de As aulas tiveram lugar nas instalações da UNEMAT, em Barra do Bugres, no laboratório de informática. Os 200 alunos foram divididos em grupos de 40, trabalhando com dois cursistas por computador. Em nosso primeiro contato com os alunos, constatamos que, para mais de 95% deles, essa foi a primeira oportunidade de utilizarem um computador. A inserção das aulas de computação, no Projeto 3º Grau, foi motivada em resposta às expectativas manifestadas pela maioria dos candidatos, através reconhecimento * Drª. em Física, Docente de Informática Aplicada ao Ensino de Ciências. Docente na Etapa de Ciências Matemática e da Natureza I. ** Docente da UNEMAT, Professor Auxiliar na Etapa de Ciências Matemática e da Natureza I. *** Graduandos da UNEMAT, Monitores na Etapa de Ciências Matemática e da Natureza I. 84
3 do uso de computadores como uma ferramenta de fundamental importância na vida moderna. As aulas de computação deverão sempre integrarse com as demais matérias de Ciências, sem no entanto perder seu objetivo direto e imediato de munir os alunos dos conhecimentos básicos de computação para uso em editoração eletrônica, arquivos de som e de imagens, trabalhos gráficos, banco de dados, programação simples e multimídia. O necessário treinamento, nesses tópicos, será feito pela execução de tarefas referentes a temas de interesse cultural e local, escolhidos pelos alunos, entre os quais citamos, por exemplo: - a produção de material didático para uso em escolas; - a preservação da memória (não somente da cultura indígena, como do próprio curso), através da preparação de shows de slides, editoração de livros ou textos didáticos simples; - apresentações gráficas multimídia via Power Point ou análogo; - editoração de jornais ou seminários que tanto divulguem o dia-a-dia das aldeias como seja um fórum para discussão de seus problemas quotidianos e exercício de cidadania. Dada sua generalidade, esses tópicos podem ser executados em cooperação não apenas dentro do grupo de Ciências como também, sem restrição alguma, com as demais áreas do curso do 3º Grau. Dentro dessa ótica, o curso de computação poderá e deverá se caracterizar por uma função integradora de todos os esforços do Projeto. Em realidade, esse é um dos fatores que fazem com que o computador tenha um uso irrestrito 85
4 em nossa sociedade e será forçosamente assim, com as comunidades indígenas. Reconhecendo o computador, como nada mais que uma ferramenta. A expectativa do curso é ensinar seu manejo e aplicação corretos, estimulando que seu uso seja escolhido pelos alunos, garantindo, assim, a preservação cultural à qual nos referimos anteriormente. Com o propósito de que os alunos desenvolvessem a habilidade de viajar, confortavelmente, nas rotas do computador, nossa principal meta, nessa primeira etapa, foi conseguir que eles, em sua maioria pessoas já adultas e mesmo lideranças em suas aldeias, desenvolvessem a coordenação motora indispensável ao uso eficiente do mouse. Para tanto, propusemos três atividades, todas altamente dependentes da utilização do mouse: ligar e desligar corretamente o computador, a partir do menu Iniciar localizar e reconhecer as características gerais de programas Windows, praticar com os programas Calculadora e Paint. Embora, em todas essas etapas, tivéssemos oportunidade de constatar a capacidade de aprendizado dos alunos, que puderam utilizar os computadores por não mais que um total de 20 horas, foi no decorrer da terceira etapa, mais precisamente, ao trabalharem com o Paint (por cerca de 10 horas), que fomos inquestionavelmente levados às observações que motivam este artigo. O Paint, como é sabido, é um dos mais simples programas que permitem desenhar com o computador. Embora possua algumas ferramentas auxiliares, a realização dos desenhos fica fortemente dependente da habilidade no uso do Mouse, isto é; da coordenação necessária para movê-lo, convenientemente, enquanto se olha a tela do monitor. O procedimento é bastante distinto do desenhar comum, em que o desenho é feito na mesma superfície para a qual olha- 86
5 mos, como quando se utiliza lápis e papel, pintura com pincel em tela etc. Esta é a primeira dificuldade a ser vencida pelo condicionamento. Somente após essa etapa é possível realmente desenhar, sendo que essa tarefa pode e deve ser simplificada pelo uso das ferramentas fornecidas pelo programa. Embora criadas para facilitar várias tarefas, desenhar com essas ferramentas, no início, apresenta-se como uma segunda barreira a ser dominada, pois trata-se de um conceito inerente ao uso de computadores e portanto completamente desconhecido para os alunos. Apesar de todas as dificuldades do processo, das quais somente mencionamos umas poucas, os resultados obtidos foram bastante entusiasmantes. Esses resultados não demonstraram apenas a compreensão prática da técnica, mas também, graças ao alto nível de elaboração de muitos dos desenhos apresentados, no final da etapa, permitiram-nos observar o que denominamos Invariantes Culturais dos Conceitos de Estética e Beleza. Em conformidade com a principal diretriz, adotada no curso de 3º Grau, de que é fundamental que se busque sempre estimular a auto-estima pela valorização e preservação cultural, solicitamos que os alunos, como exercício, elaborassem desenhos preferencialmente sobre temas de sua cultura. Parece-nos, portanto, válido considerar que seus desenhos se alicercem nesses conceitos, consideração essa que fundamentará todas as conclusões seguintes. Ao analisarmos os exercícios, observamos que a maioria deles demonstra que o domínio do mouse foi efetivado. Mesmo alunos que apresentam dificuldades com o Português parecem se entender bem com o computador, como mostram as figuras 1, 2 e 3. Observe que essas figuras foram feitas com o programa Paint e a mão livre. 87
6 Fig. 1 Fig. 2 Fig.3 As figuras 4, 5, 6 e 7 mostram os conceitos de profundidade e composição. Fig. 4 Fig.5 Fig. 6 88
7 Fig. 7 As figuras seguintes, tanto nos desenhos gerais como nos culturalmente específicos, testemunham a importância do sofisticado conceito de simetria. 89
8 90
9 Tudo o que foi mostrado, em todas as figuras acima, com referência aos conceitos de profundidade, composição e simetria, tanto nos trabalhos desenhados a mão livre como naqueles em que foram utilizadas ferramentas do programa, compõe uma pequena amostra do que, de início, denominamos de Invariantes Culturais, pois podem ser encontrados nas mais diversas culturas, como uma linguagem comum que as irmanam em suas expressões de estética e de beleza, desde os tempos imemoriais até hoje em dia. 91
Dados internacionais de catalogação Biblioteca Curt Nimuendajú
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