PROJETO DE RELATÓRIO

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1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão do Desenvolvimento /2012(INI) PROJETO DE RELATÓRIO que contém uma proposta de recomendação do Parlamento Europeu ao Conselho referente ao empenhamento humanitário de agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção de crianças (2014/2012(INI)) Comissão do Desenvolvimento Relatora: Judith Sargentini PR\ doc PE v01-00 Unida na diversidade

2 PR_INI_art121 Í N D I C E Página PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU AO CONSELHO...3 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS...6 PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO (B7-0585/2013)...8 PE v /10 PR\ doc

3 PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU AO CONSELHO referente ao empenhamento humanitário de agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção de crianças (2014/2012(INI)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a proposta de recomendação do Parlamento Europeu ao Conselho, de Catherine Grèze, Eva Joly, Isabella Lövin, Judith Sargentini, Bart Staes e Keith Taylor, em nome do Grupo Verts/ALE, referente ao empenhamento humanitário de agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção de crianças (B7 0585/2013), Tendo em conta o relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas, de 2013, sobre as crianças e os conflitos armados, e outros relatórios de entidades pertinentes, Tendo em conta as orientações da UE sobre as crianças e os conflitos armados, de 2008, a estratégia de implementação das orientações da UE sobre as crianças e os conflitos armados, de 2010, e a lista de controlo relativa à integração da proteção das crianças afetadas pelos conflitos armados nas operações da PESD, de 2008, Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 2008, sobre a «Promoção e proteção dos direitos das crianças na ação externa da União Europeia a dimensão do desenvolvimento e a dimensão humanitária», Tendo em conta as suas resoluções de 19 de fevereiro de 2009, sobre um lugar especial para as crianças na ação externa da UE 1, de 16 de janeiro de 2008, intitulada «Rumo a uma estratégia da UE sobre os direitos da criança» 2, de 3 de julho de 2003, sobre o tráfico de crianças e as crianças-soldados 3, de 6 de julho de 2000, sobre o rapto de crianças pelo Exército de Resistência do Senhor 4, e de 17 de dezembro de 1998, sobre as criançassoldados 5, Tendo em conta as resoluções das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, em especial a Resolução 1612 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (2005), Tendo em conta o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo à Participação de Crianças em Conflitos Armados, de 2002, Tendo em conta os Compromissos de Paris com vista a proteger as crianças do recrutamento ilegal ou do seu uso por forças armadas ou grupos armados e os Princípios e Diretrizes de Paris sobre as crianças associadas a forças armadas ou grupos armados, ambos adotados em 6 de fevereiro de 2007, 1 JO C 76 E de , p JO C 41 E de , p JO C 74 E de , p JO C 121 de , p JO C 98 de , p PR\ doc 3/10 PE v01-00

4 Tendo em conta o artigo 121.º, n.º 3, e o artigo 97.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão do Desenvolvimento e o parecer da Comissão dos Assuntos Externos (A7-0000/2014), A. Considerando que a maioria dos conflitos armados contemporâneos envolve um ou mais agentes armados não estatais que combatem governos ou outros grupos armados e que são civis, e em particular as crianças, quem mais sofre com estas guerras; B. Considerando que, para melhorar a proteção dos civis, e em particular das crianças, todas as partes em conflito devem ser tidas em consideração; C. Considerando que as normas humanitárias internacionais se aplicam de forma vinculativa a todas as partes envolvidas num conflito armado; D. Considerando que os conflitos armados têm um impacto particularmente devastador no desenvolvimento físico e mental das crianças, com consequências a longo prazo para a segurança humana e o desenvolvimento sustentável; E. Considerando que o Estatuto do Tribunal Penal Internacional criminaliza o ato de recrutar ou de alistar menores de 15 anos nas forças armadas ou em grupos armados ou de os utilizar para participar ativamente em hostilidades; F. Considerando que o direito internacional proíbe todas as formas de violência sexual, nomeadamente contra crianças, e que os atos de violência sexual podem constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio; G. Considerando que o uso de minas antipessoal diminuiu desde a adoção da Convenção sobre a Proibição de Minas Antipessoal em 1997, mas que representa ainda uma ameaça para as crianças, especialmente em conflitos armados que não tenham carácter internacional; H. Considerando que a comunidade internacional tem o dever moral de procurar obter compromissos de todas as partes envolvidas nos conflitos, incluindo quer dos Estados, quer dos agentes armados não estatais, a fim de proteger as crianças; 1. Dirige as seguintes recomendações ao Comissário para o Desenvolvimento e à Vice- Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança: a) Cumpre incentivar a assinatura de planos de ação para a proteção de crianças em conflitos armados, por parte dos Estados e dos agentes armados não estatais envolvidos, com o gabinete do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para as Crianças e os Conflitos Armados; b) Há que reconhecer os esforços empreendidos pelas Nações Unidas e pelas organizações não-governamentais no sentido de persuadir os agentes armados não estatais a protegerem as crianças, reafirmando que tal não implica qualquer apoio ou reconhecimento da legitimidade das atividades destes grupos; PE v /10 PR\ doc

5 c) Cumpre inscrever nos diálogos políticos com países terceiros, por exemplo, no quadro do Acordo de Cotonu, o objetivo de prevenir e acabar com o recrutamento e o envolvimento forçado de crianças menores de 18 anos, e de assegurar a sua libertação e reintegração na sociedade; d) Cumpre reiterar que os Estados e os agentes armados não estatais têm de respeitar o direito humanitário internacional e o direito internacional humanitário consuetudinário e apoiar os seus esforços para tomar medidas especiais no sentido de proteger os civis, e particularmente as crianças; e) Importa dialogar, direta ou indiretamente, por meio de ONG especializadas, com agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção das raparigas e dos rapazes com vista a atenuar o sofrimento das crianças em conflitos armados e exortar os agentes armados não estatais a assinar o Ato de Compromisso de Adesão da «Geneva Call» à proteção das crianças contra os efeitos dos conflitos armados; f) Há que apoiar as ONG humanitárias que dialogam com os agentes armados não estatais a fim de promover o respeito pelas normas humanitárias internacionais nos conflitos armados, nomeadamente a proteção das crianças, por meios políticos, diplomáticos e financeiros; 2. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente recomendação ao Comissário para o Desenvolvimento, à Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, à Comissão, ao Conselho e ao Serviço Europeu para a Ação Externa. PR\ doc 5/10 PE v01-00

6 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS As crianças envolvidas em conflitos são designadamente separadas das respetivas famílias, recrutadas como soldados, obrigadas a matar e submetidas a exploração sexual, o que adecta de forma irreversível o seu desenvolvimento físico e psíquico. O número estimado de crianças presentemente implicadas em conflitos armados oscila em grande medida entre e Calcula-se que, desde 1996, tenham sido feridas seis milhões de crianças e aproximadamente dois milhões tenham morrido em consequência de conflitos armados. Cerca de 20 milhões de crianças foram deslocadas devido a conflitos armados ou foram vítimas de violações reiteradas dos direitos humanos. Além disso, entre e crianças morrem todos os anos ou ficam mutiladas devido a minas terrestres. As crianças costumam ser as mais prejudicadas em consequência de conflitos armados e mais expostas ao risco de sofrer múltiplas e reiteradas violações aos seus direitos mais básicos. No seu relatório de 2010 ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a proteção dos civis nos conflitos armados, o Secretário-Geral das Nações Unidas sublinhou «a necessidade de adotar uma abordagem abrangente para melhorar o respeito da lei» por parte dos agentes armados não estatais. O Secretário-Geral afirmou ainda que: «Alcançar um melhor cumprimento do direito internacional humanitário e do direito internacional em matéria de direitos humanos continuará a ser um objetivo por alcançar se não for estabelecido um diálogo sistemático e permanente com os grupos armados não estatais e esse diálogo não for aceite como necessário. Quer se trate dos grupos armados no Afeganistão, na Colômbia, na República Democrática do Congo, nos territórios palestinianos ocupados, no Paquistão, na Somália, no Sudão, no Uganda, no Iémene ou noutros lugares, a experiência comprova que se pode salvar vidas se for mantido um diálogo com os grupos armados no propósito de procurar respeitar o direito internacional humanitário nas suas operações de combate e na sua ação em geral, de obter um acesso seguro para fins humanitários, e de os dissuadir a servir-se de certos tipos de armas.» No ano passado, por ocasião do Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldados, Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança/Vice-Presidente da Comissão, e Leila Zerrougui, Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para as Crianças e os Conflitos Armados, declararam num comunicado conjunto que «muitos países e grupos armados têm assinado planos de Acão com as Nações Unidas para porem fim ao recrutamento de menores, o que tem originado a libertação e reinserção de crianças, bem como a instauração de processos judiciais contra os responsáveis», e instaram outras partes a seguirem este exemplo com efeito imediato. Embora a responsabilidade principal pela proteção da população recaia sobre os Estados, importa também sublinhar a responsabilidade e a obrigação dos agentes armados não estatais PE v /10 PR\ doc

7 de proteger as pessoas em conformidade com o direito internacional humanitário (DIH). Foi para este efeito que foi lançada em março de 2000 a "Geneva Call" (Apelo de Genebra), uma organização humanitária neutra e imparcial destinada a encorajar os agentes não estatais a cumprirem as normas do DIH, em conformidade com o artigo 3º comum às Convenções de Genebra. A atividade do "Geneva Call", cuja eficácia o Secretário-Geral das Nações Unidas reconheceu, consiste em estabelecer um diálogo construtivo com os agentes armados não estatais, de forma a persuadi-los a alterar o seu comportamento para que respeitem determinadas normas humanitárias e em supervisionar e apoiar o cumprimento desses compromissos. As Nações Unidas proclamaram 12 de fevereiro como o «Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldados», no intuito de consciencializarem os cidadãos para o problema das crianças-soldados, obterem apoio para a campanha «Zero Under 18»(«Ninguém menor de 18») e lograrem a ratificação universal do Protocolo Facultativo relativo à participação das crianças em conflitos armados. A relatora propõe a presente Recomendação com o objetivo específico de apoiar esta campanha internacional e promover a assinatura de planos de ação destinados a proteger as crianças em conflitos armados. PR\ doc 7/10 PE v01-00

8 PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO (B7-0585/2013) apresentada nos termos do n.º 1 do artigo 121.º do Regimento sobre o empenho humanitário de agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção de crianças Eva Joly, Catherine Grèze, Keith Taylor, Judith Sargentini, Bart Staes, Isabella Lövin em nome do Grupo dos Verdes/ALE O Parlamento Europeu, Tendo em conta o relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas, de 2013, sobre as crianças e os conflitos armados, e outros relatórios de entidades pertinentes, Tendo em conta as orientações da UE sobre as crianças e os conflitos armados, de 2008, a estratégia de implementação das orientações da UE sobre as crianças e os conflitos armados, de 2010, e a lista de controlo relativa à integração da proteção das crianças afetadas pelos conflitos armados nas operações da PESD, de 2008, Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 2008, sobre a «Promoção e proteção dos direitos das crianças na ação externa da União Europeia a dimensão do desenvolvimento e a dimensão humanitária», Tendo em conta as suas resoluções de 19 de fevereiro de 2009, sobre um lugar especial para as crianças na ação externa da UE 1, de 16 de janeiro de 2008, intitulada «Rumo a uma estratégia da UE sobre os direitos da criança» 2, de 3 de julho de 2003, sobre o tráfico de crianças e as crianças-soldados 3, de 6 de julho de 2000, sobre o rapto de crianças pelo Exército de Resistência do Senhor 4, e de 17 de dezembro de 1998, sobre as crianças-soldados 5, Tendo em conta as resoluções das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, em especial a Resolução 1612 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (2005), Tendo em conta o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo à Participação de Crianças em Conflitos Armados, de 2002, Tendo em conta os Compromissos de Paris com vista a proteger as crianças do recrutamento ilegal ou do seu uso por forças armadas ou grupos armados e os Princípios e Diretrizes de Paris sobre as crianças associadas a forças armadas ou grupos armados, que foram ambos adotados em 6 de fevereiro de 2007, 1 JO C 76 E de , p JO C 41 E de , p JO C 74 E de , p JO C 121 de , p JO C 98 de , p PE v /10 PR\ doc

9 Tendo em conta o artigo 121., n.º 1, do seu Regimento, A. Considerando que a maioria dos conflitos armados contemporâneos envolve um ou mais agentes armados não estatais que combatem governos ou outros grupos armados e que são civis, e em particular as crianças, quem mais sofre com estas guerras; B. Considerando que, para melhorar a proteção dos civis, e em particular das crianças, todas as partes em conflito devem ser tidas em consideração; C. Considerando que as normas humanitárias internacionais se aplicam de forma vinculativa a todas as partes envolvidas num conflito armado; D. Considerando que os conflitos armados têm um impacto particularmente devastador no desenvolvimento físico e mental das crianças, com consequências a longo prazo para a segurança humana e o desenvolvimento sustentável; E. Considerando que o Estatuto do Tribunal Penal Internacional criminaliza o ato de recrutar ou de alistar menores de 15 anos nas forças armadas ou em grupos armados ou de os utilizar para participar ativamente em hostilidades; F. Considerando que o direito internacional proíbe todas as formas de violência sexual, nomeadamente contra crianças, e que os atos de violência sexual podem constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio; G. Considerando que o uso de minas antipessoal diminuiu desde a adoção da Convenção sobre a Proibição de Minas Antipessoal em 1997, mas que representa ainda uma ameaça para as crianças, especialmente em conflitos armados que não tenham carácter internacional; H. Considerando que a comunidade internacional tem o dever moral de procurar obter compromissos de todas as partes envolvidas nos conflitos, incluindo quer dos Estados, quer dos agentes armados não estatais, a fim de proteger as crianças; 1. Dirige as seguintes recomendações ao Comissário para o Desenvolvimento e à Vice- Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança: (a) Cumpre incentivar a assinatura de planos de ação para a proteção de crianças em conflitos armados, por parte dos Estados e dos agentes armados não estatais envolvidos, com o gabinete do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para as Crianças e os Conflitos Armados; (b) Há que reconhecer os esforços empreendidos pelas Nações Unidas e pelas organizações não-governamentais no sentido de persuadir os agentes armados não estatais a protegerem as crianças, reafirmando que tal não implica qualquer apoio ou reconhecimento da legitimidade das atividades destes grupos; (c) Cumpre inscrever nos diálogos políticos com países terceiros, por exemplo, no quadro do Acordo de Cotonu, o objetivo de prevenir e acabar com o recrutamento e o PR\ doc 9/10 PE v01-00

10 envolvimento forçado de crianças menores de 18 anos e de assegurar a sua libertação e reintegração na sociedade; (d) Cumpre reiterar que os Estados e os agentes armados não estatais têm de respeitar o direito humanitário internacional e o direito internacional humanitário consuetudinário e apoiar os seus esforços para tomar medidas especiais no sentido de proteger os civis e, particularmente, as crianças; (e) Importa dialogar, direta ou indiretamente, por meio de ONG especializadas, com agentes armados não estatais no que diz respeito à proteção das raparigas e dos rapazes com vista a atenuar o sofrimento das crianças em conflitos armados e exortar os agentes armados não estatais a assinar o Ato de Compromisso de Adesão da «Geneva Call» à proteção das crianças contra os efeitos de conflitos armados; (f) Há que apoiar as ONG humanitárias que dialogam com os agentes armados não estatais, a fim de promover o respeito pelas normas humanitárias internacionais nos conflitos armados, nomeadamente a proteção das crianças, por meios políticos, diplomáticos e financeiros; 2. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente recomendação ao Comissário para o Desenvolvimento, à Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, à Comissão, ao Conselho e ao Serviço Europeu para a Ação Externa. PE v /10 PR\ doc