LÍVIAM CRISTINA LOPES SILVA MIRANDA REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA NA NEUROSE OBSESSIVA

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1 LÍVIAM CRISTINA LOPES SILVA MIRANDA REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA NA NEUROSE OBSESSIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação Stricto sensu Mestrado Profissional em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade. Área de concentração Psicanálise e Sociedade. Orientadora: Profª Drª Vera Pollo RIO DE JANEIRO 2013

2 DIRETORIA DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E DE PESQUISA Rua Ibituruna, 108 Maracanã Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) (21)

3 FOLHA DE APROVAÇÃO LÍVIAM CRISTINA LOPES SILVA MIRANDA REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA NA NEUROSE OBSESSIVA Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação Stricto sensu Mestrado Profissional em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade. Área de concentração: Psicanálise e Sociedade Aprovada em 29 de agosto de Banca Examinadora Profª Drª Vera Pollo Universidade Veiga de Almeida Profª Drª Maria Helena Martinho Universidade Veiga de Almeida Prof. Dr. Luciano Elia Universidade do Estado do Rio de Janeiro

4 A todos os sujeitos obsessivos que sofrem com o fenômeno da reação terapêutica negativa.

5 AGRADECIMENTOS À Coordenação do Mestrado de Psicanálise da Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, que, com seus mestres, possibilitou que meu projeto de pesquisa se tornasse uma dissertação de mestrado. À minha amiga de mestrado Sandra Chiabi pelo companheirismo e pelo prazer das conversas psicanalíticas e afetivas. Uma pessoa sempre presente. À professora e Drª. Vera Pollo, por ter me conduzido nesta caminhada, pelo seu profissionalismo e conhecimento. À professora e Drª. Maria Anita Carneiro Ribeiro, por suas preciosas contribuições clínicas e teóricas, a quem devo meus primeiros passos no estudo da psicanálise. À professora e Drª. Maria Helena Martinho, com quem tive o prazer de aprender e conviver ao longo desta caminhada. Ao grupo de orientação, pelas discussões tão frutíferas que tivemos. À banca examinadora, professor e Dr. Luciano Elia, professora e Drª. Maria Helena Martinho e professora e Drª. Vera Pollo. Sinto-me orgulhosa e privilegiada por ser examinada e orientada pelos distintos profissionais desta banca. A minha filha Larissa Lopes Miranda e ao meu marido Marcelo dos Santos Miranda, pelo apoio e paciência.

6 Os que possam pensar que é por razões ligadas a seu sexo que os sujeitos escolhem essa ou aquela faceta da neurose verão, nesta oportunidade, o quanto o que é da ordem da estrutura na neurose, deixa muito pouca margem à determinação pela posição do sexo, no sentido biológico. (LACAN, ) Certas pessoas não conseguem suportar qualquer elogio ou apreciação de progresso no tratamento. Toda solução parcial, que deveria resultar, e noutras pessoas realmente resulta, numa melhoria ou suspensão temporária de sintomas, produz nelas um momentâneo exacerbar de seu sofrimento, ficam piores ao invés de melhorar. (FREUD, 1923)

7 RESUMO A presente dissertação tem como tema a Reação terapêutica negativa na neurose obsessiva. Privilegiamos as descobertas freudianas sobre a reação terapêutica negativa em vários momentos de sua obra. Parte da teoria freudiana sobre o tema encontra-se no artigo O Eu e o Isso (1923) e em O Problema Econômico do Masoquismo (1924). Todavia, a primeira vez que Freud se referiu ao conceito de reação terapêutica negativa foi em seu artigo História de uma neurose infantil (1924), conhecida como o homem dos lobos. A partir de então, observamos em Freud uma construção teórica sobre tal fenômeno sempre recorrente ao longo de sua obra. Sabemos que o fenômeno da reação terapêutica negativa vinha sendo problematizado há uma década por Freud em Recordar, Repetir e Elaborar (1914). Entretanto, foi em Além do Princípio do Prazer (1920) que a reação terapêutica negativa ganha um aprofundamento o conceito de pulsão de morte. Para Freud, a reação terapêutica negativa é uma resistência, um fator moral que corresponde a um fenômeno inconsciente de culpa. Em seguida, abordamos alguns conceitos psicanalíticos de Sigmund Freud com relação à neurose obsessiva, bem como sua determinação histórica de 1896, seu diagnóstico diferencial, o supereu e o desejo impossível. Recorremos ao caso freudiano de neurose obsessiva O Homem dos Ratos (1909), no qual abordamos a estrutura significante e a hipótese lacaniana de reação terapêutica negativa em tal caso. Palavras-chave: reação terapêutica negativa; neurose obsessiva; supereu; desejo impossível; pulsão de morte.

8 ABSTRACT This dissertation has as its subject the Negative therapeutic reaction in obsessive neurosis. We privileged the Freudian discoveries on negative therapeutic reaction in several moments of his work. Some part of Freudian theory on this subject is found in the article The I and the It (1923) and in The Economic Problem of Masochism (1924). Nevertheless, the first time that Freud referred to the concept of negative therapeutic reaction was in his article History of a childhood neurosis (1924), known as the wolves man. Since then, we observe in Freud a theoretical construction on such phenomenon always recurring throughout his work. We know that the negative therapeutic reaction phenomenon was being questioned for a decade by Freud in Remember, Repeat e Elaborate (1914). However, it was in Beyond the Principle of Pleasure (1920) that negative therapeutic reaction gains a deeper look the concept of death instinct. For Freud, the negative therapeutic reaction is a resistance, a "moral factor" that corresponds to a phenomenon of unconscious guilt. Then, we discuss some of Sigmund Freud's psychoanalytic concepts concerning obsessive neurosis, as well as its historical determination of 1896, its differential diagnosis, the superego and the impossible desire. We used the Freudian case of obsessive neurosis The Rats Man (1909), in which we discuss the significant structure and the Lacanian hypothesis of negative therapeutic reaction in such case. Finally, we present a fragment of our clinic, in order to illustrate some concepts previously discussed. Key-words: negative therapeutic reaction; obsessive neurosis; superego; impossible desire; death instinct.

9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO A REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA EM FREUD O SUPEREU DETERMINAÇÃO HISTÓRICA DA NEUROSE OBSESSIVA SIGMUND FREUD [1896]. HISTÓRICO DE UMA NOVA NEUROSE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: A NEUROSE OBSESSIVA E A PARANOIA O DESEJO IMPOSSÍVEL NA NEUROSE OBSESSIVA PHILON E SEU DESEJO OBSESSIVO SIGMUND FREUD [1909]. A ESTRUTURA SIGNIFICANTE NO HOMEM DOS RATOS HOMEM DOS RATOS: REAÇÃO TERAPÊUTIA NEGATIVA? CONCLUSÃO 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 96 APÊNDICE PRODUTO DA DISSERTAÇÃO 99

10 10 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho é uma pesquisa sobre a reação terapêutica negativa e tem por finalidade apresentar um estudo sobre este fenômeno na neurose obsessiva. Além de ser uma pesquisa acadêmica complexa e instigante, o desejo por tal tema surgiu nos atendimentos de pacientes do tipo clínico obsessivo, no Serviço de Psicologia Aplicada da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (SPA PUC/RJ), no ano de Foi neste ano e local que comecei meus primeiros passos na teoria psicanalítica e me apaixonei por tal teoria. No final do curso de especialização em Psicologia Clínica, apresentei monografia com o seguinte tema: A neurose obsessiva e suas estratégias. Foi necessário, porém, caminhar um pouco mais com a orientação da professora dra. Vera Pollo, com o objetivo de me concentrar no estudo da reação terapêutica negativa na neurose obsessiva. A presente dissertação está dividida em quatro capítulos, centrados sobretudo nas descobertas de Sigmund Freud e na contribuição de Jacques Lacan, com o recurso eventual a autores contemporâneos que também se debruçaram sobre este tema. Constatamos inicialmente que Freud nos revelou, em sua teoria das neuroses, uma característica fundamental da neurose obsessiva: nela, o sujeito apresenta um intenso sentimento inconsciente de culpa derivado da pulsão de morte. Por esse motivo, no segundo capítulo, demos especial ênfase a um conceito da segunda tópica freudiana, qual seja, o conceito de supereu, instância da qual procede o sentimento inconsciente de culpa. No terceiro capítulo, abordamos a determinação história da neurose obsessiva, e o momento em que Freud retira esta neurose do âmbito das psicoses, onde ela fora anteriormente localizada, para situa-la entre os tipos clínicos da estrutura neurótica. Até 1896, o que hoje chamamos de neurose obsessiva era considerado pela psiquiatria clássica um dos tipos clínicos da psicose, uma patologia que fazia parte das loucuras maníacas, porém sem o delírio. No subcapítulo 3.2, trabalhamos o diagnóstico diferencial entre a neurose obsessiva e a paranoia, por se tratar de um diagnóstico diferencial que pode apresentar dificuldades para ser estabelecido. Ou seja, as duas patologias podem ter manifestações passíveis de serem confundidas.

11 11 No terceiro capítulo, consideramos fundamental abordar a questão do desejo na neurose obsessiva. Para tanto, foi preciso pesquisar, ainda que de forma breve, o conceito de desejo em Freud e Lacan. Com Lacan, acreditamos ter esclarecido uma das estratégias da neurose obsessiva: a de manter o seu desejo na impossibilidade. Em seguida, à guisa de ilustração clínica, apresentamos um fragmento de um caso clínico do psicanalista Serge Leclaire intitulado Philon e seu desejo. No quarto capítulo, chegamos à clínica freudiana propriamente dita, estudando o caso clínico princeps da psicanálise sobre a neurose obsessiva O Homem dos Ratos. Neste capítulo, ressaltamos a estrutura significante, a função da letra e da homofonia na decifração do sintoma. Ao final, levantamos a hipótese de uma possível reação terapêutica negativa no caso do Homem dos Ratos.

12 12 2. A REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA EM FREUD Freud verificou haver pessoas que não suportam um elogio e, consequentemente, os sintomas podem ficar exacerbados durante um tempo. Estes sujeitos comportam-se como se a cura fosse um perigo e isto ocorre devido ao apego (gozo), ao sintoma. A reação terapêutica negativa merece uma investigação profunda. Como pode um sujeito não suportar o êxito? O que leva um sujeito a arruinar o seu próprio sucesso, seu próprio bem-estar? Freud faz referência a um fator moral, um sentimento de culpa, que está encontrando sua satisfação no sintoma, ou seja, na repetição deste gozo onde o sujeito se recusa a abandonar a punição do sofrimento. E o que temos é o fenômeno da compulsão a repetição. O analisante acredita que a análise não é o melhor caminho para se tratar destes sintomas, e pode abandoná-la. É muito difícil que ele se dê conta deste fato. Ele sente que está doente, muito doente e com isso não sente a culpa. Freud, em seu artigo: análise terminável e interminável (1937), nos mostrou como perdera a ilusão de que todo analisante colaboraria facilmente com o analista para sair da Neurose. Ele evidenciou magistralmente como a culpa e a necessidade de punição inconsciente também movem as pessoas, dificultando, assim, o bom êxito da análise. Logo, viu a expressão da pulsão destrutiva de morte, que se opõe ao prazer. A psicanálise nos mostra as mazelas no processo analítico como sendo as que conduzem ao impasse. Aqui se inclui a reação terapêutica negativa. Tal fenômeno é um empecilho ao processo analítico. Os comentários de Freud sobre o assunto estão quase todos em seu artigo O Eu e o Isso de 1923 nas últimas 18 páginas que trata do problema do sentimento de culpa inconsciente. Freud o trata como uma resistência à análise devido a rivalidade competitiva, narcisista do analisante. Todavia, em seu artigo do ano de 1924, intitulado O Problema Econômico do Masoquismo onde especifica que a reação terapêutica negativa é ocasionada tanto ao sadismo do supereu como ao masoquismo do eu. Todavia, um masoquismo moral.

13 13 De acordo com Freud, a reação terapêutica negativa é um obstáculo à cura e ocorre principalmente na fase final do tratamento. Quando o analista menciona o progresso do tratamento, algumas pessoas ficam descontentes e mostram uma piora ao processo analítico. É como se o supereu cobrasse um preço muito alto pelo sujeito estar obtendo êxito. Freud verificou tratar-se de pessoas que não gostam de elogios e, inconscientemente não suportam o sucesso. Quando tudo começa a ir bem na vida destes sujeitos, os mesmos não suportam e se arruínam Estas resistências provém do eu, como mecanismos de defesa, e do narcisismo do sujeito e são trabalhosas de serem suplantadas no processo analítico, a não ser que o analista esteja confiante da transferência, ou seja, de que ocupa o lugar de objeto causa de desejo para o analisante. Tudo indica que a primeira vez que Freud se referiu ao conceito de reação terapêutica negativa foi em seu artigo de (1918 [1914]) História de uma neurose infantil conhecida como o homem dos lobos. No mesmo texto, Freud nos mostra o agravamento dos sintomas frente à resistência que o analisante apresentava diante de algumas decifrações. Se uma análise é dominada por poderosos fatores que impõem uma reação terapêutica negativa, tais como sentimento de culpa, necessidade masoquista de sofrer ou repugnância por receber auxílio do analista, o comportamento do paciente, depois que lhe foi oferecida uma construção, frequentemente torna bastante fácil para nós que cheguemos à decisão que estamos procurando. Se a construção é errada, não há mudança no paciente, mas, se é correta ou fornece uma aproximação da verdade, ele reage a ela com um inequívoco agravamento de seus sintomas e de seu estado geral (FREUD, 1937, p ). No caso Homem dos Lobos, Freud já sinaliza a existência de reações negativas produzidas pelo seu paciente no processo analítico. Estas manifestações negativas ocorriam a cada intervenção do analista que, consequentemente, promovia a decifração. Freud nos evidencia uma repetição na maneira deste sujeito agir frente à elaboração do seu sintoma. O sujeito mostra um agravamento daquilo que havia sido elucidado, ou seja, decifrado. É interessante percebermos neste caso o Homem dos Lobos que mesmo ocorrendo a decifração do sentido do sintoma, o paciente se apega naquilo que é perdido do sintoma.

14 14 Pelo menos há uma década, este fenômeno vinha sendo problematizado por Freud, em seu artigo Recordar, Repetir e Elaborar de A reação terapêutica negativa é um fenômeno clínico apresentado por Freud para ilustrar a ação de um sentimento inconsciente de culpa. Freud associa a este tipo de fenômeno a um sentimento de culpa, um masoquismo moral. No masoquismo moral o sujeito se pune com relações morais posição masoquista, conforme ilustrado em o Problema Econômico do Masoquismo (1924). Em 1920, a reação terapêutica negativa ganha um aprofundamento em seus estudos quando, no artigo Além do Princípio do Prazer, Freud consegue trabalhar e finalizar o que corresponde a uma força psíquica que tende a anular o sujeito do desejo a pulsão de morte (tânatos). A pulsão de morte é um conceito fundamental no estudo da reação terapêutica negativa. Ao apresentar sua segunda concepção do aparelho psíquico, ou seja, a segunda tópica, em 1920, Freud descreve definitivamente um conceito que era pertinente desde os primórdios de sua obra. Tal conceito é a pulsão de morte. Ao longo de sua obra, Freud havia observado a tendência do sujeito à autodestruição, a uma energia que é inerente ao sujeito do inconsciente. A essa tendência, Freud recorreu a alguns nomes como, por exemplo, o princípio de nirvana. Mas foi em 1920, em Mais além do princípio de prazer, que Freud chega à formulação definitiva da pulsão de morte, tão presente na reação terapêutica negativa. Na Conferência XXXII, Freud nos ensina: A doutrina das pulsões é por assim dizer nossa mitologia. As pulsões são seres míticos, magníficos em sua indeterminação. Em nosso trabalho não podemos prescindir nem um instante delas, de vez que nunca estamos seguros de os estarmos vendo claramente (FREUD, 1993 [1932], p.98). Estas palavras são extraídas da Conferência XXXII - Angústia e vida pulsional escrita por Freud que nos mostra a complexidade deste tema que iremos desenvolver ao longo deste capítulo. O grande Outro (a mãe) enquanto função invade o bebê respondendo a sua demanda com o alimento e para além deste, o invade com seu carinho, cheiro... Desta primeira experiência de satisfação, o sujeito guarda uma marca significante.

15 15 Quando este sujeito sente fome novamente, ele se remeterá ao objeto perdido para sempre perdido. A experiência primeira é única. A pulsão é um dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Entretanto, é um conceito de difícil acepção porque implica um elemento quantitativo cuja intensidade não se mensura. Na montagem das pulsões, Lacan nos diz em O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964) que a montagem da pulsão é uma montagem que, de saída, se apresenta como não tendo nem pé nem cabeça no sentido em que se fala de montagem numa colagem surrealista (LACAN, 1964, p.161). Lacan faz uma analogia da montagem das pulsões: a imagem que nos vem mostraria a marcha de um dínamo acoplado na tomada de gás, de onde sai uma pena de pavão que vem fazer cócegas no ventre de uma bela mulher que lá está incluída para a beleza da coisa (LACAN, 1964, p.161). O exemplo lacaniano da montagem de uma pulsão não é uma perspectiva que faça referência a uma finalidade. Pelo contrário, neste exemplo percebemos o quanto a pulsão é algo mítico e obscuro. A pulsão é um tema complexo, embora seja considerada a base da teoria psicanalítica. Consiste em um dos temas mais ricos e desafiadores para tal teoria. A primeira edição dos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, publicada em 1905, constrói-se basicamente em torno das pulsões parciais e as zonas erógenas, o auto-erotismo, as perversões e as diversas manifestações da sexualidade infantil, incluindo-se nelas o período de latência sexual. Sabemos que, para Freud, a pulsão sexual não é uma unidade, não é uma: o sexual não é uma totalidade, mas o resultado da combinação de partes, de forças pulsionais parciais (ELIA, 2010, p.98). No artigo freudiano intitulado As pulsões e seus destinos (1915), Freud nos ensina que a pulsão é composta de 4 elementos: pressão (drang); objeto (objekt); finalidade (ziel) e fonte somática (Quelle). Com isso, a força da pulsão é constante no sujeito. Em 1932, em seu artigo Angústia e vida pulsional, Freud vai dizer que: uma pulsão, por conseguinte, distingue-se de um estímulo pelo fato de surgir de fontes de estimulação situadas dentro do corpo, de atuar como força constante, e de a pessoa não poder evitá-la pela fuga

16 16 como é possível fazer com um estímulo externo (FREUD, 1932, p.99). Quanto ao objeto [Objekt], Freud vai nos dizer que o objeto de uma pulsão é a coisa em relação à qual ou através da qual a pulsão é capaz de atingir sua finalidade ( ) E o objeto é o que há de mais variável em uma pulsão... (FREUD, 1915, p.143). Não se pode recalcar uma pulsão porque sua força e sua pressão, ou seja, a insistência é característica da sua própria essência. É algo que contorna o vazio o objeto a: em seu começo e seu recomeço..., sempre em busca de satisfação. Assim, seu alvo é sempre satisfeito, mas a satisfação total nunca é alcançada. Uma pulsão por outro lado, jamais atua como uma força que imprime um impacto momentâneo, mas sempre como um impacto constante. Além disso, visto que ela incide não a partir de fora, mas de dentro do organismo, e não há como fugir dela (FREUD, 1914, p.22). Ainda Freud, em Conferência XXXII Angústia e vida pulsional: Em uma pulsão podemos distinguir sua origem, seu objeto e sua finalidade. Sua origem é um estado de excitação do corpo, sua finalidade é a remoção desta excitação; no caminho que vai desde sua origem até sua finalidade, a pulsão torna-se atuante psiquicamente (FREUD, 1932, p.99). Em seu texto prínceps sobre as pulsões (1996 [1915]), Freud nos diz que a pulsão sexual pode passar pelas seguintes vicissitudes: a reversão a seu oposto (transformação em seu contrário), o retorno em direção ao próprio eu do sujeito, a repressão ou o recalque e a sublimação. Na sua releitura de Freud, Lacan (1979 [1964], p.161) vai nos perguntar como entender esses pares de oposição, aparentemente absurdos (LACAN, 1997 apud Ribeiro, p.161). Ao nos dar o exemplo dos pares opostos, Freud quer mostrar algo de fundamental com relação às pulsões. O fato de que, nesse período ulterior de desenvolvimento de um impulso instintual, seu oposto (passivo) possa ser observado ao lado dele merece ser assinalado pelo termo bem adequado introduzido por Bleuler ambivalência. (...) A mudança do conteúdo de uma pulsão em seu oposto só é observada num exemplo isolado a transformação do amor em ódio. Visto ser particularmente comum encontrar ambos dirigidos simultaneamente para o mesmo objeto,

17 17 pulsional. sua coexistência oferece o exemplo mais importante de ambivalência de sentimento (FREUD, 1915, p ). Assim, estes dois primeiros destinos da pulsão correspondem ao circuito O terceiro destino da pulsão é o recalque. É o mecanismo próprio da neurose Verdrängung. A representação desagradável é recalcada e enviada para o inconsciente. Para Freud, o recalque consiste em um mecanismo que visa manter no inconsciente todas as representações ligadas às pulsões cuja finalidade é sempre a satisfação. O que o sujeito do inconsciente recalca é a ideia que lhe causa desprazer (representante) -...a essência do recalque consiste simplesmente em afastar determinada cena do consciente, mantendo-a à distância (FREUD, 1915, p.170). A pulsão é direcionada e irá se satisfazer de qualquer maneira. Ela é dotada de força constante. É a nossa condição de vida (Eros), aquilo que nos move, que nos impulsiona e é também agressividade aquilo que nos agride, cuja finalidade é a destruição (Tânatos). No prefácio de O corpo e sexualidade em Freud e Lacan, LINS (2010), declara o seguinte: As pulsões de morte, como Luciano nos chama a atenção, definem o para-além da sexualidade e do princípio do prazer. Ora, se há um para-além é porque o sexual é não-todo, liberando Freud do peso de uma redução pulsional à esfera sexual. A nova concepção sobre o narcisismo instalado agora nesse terreno movediço entre morte e vida é ao mesmo tempo o que vem permitir que o sexual nos atravesse, nos acaricie, sem necessariamente sucumbirmos, tal Narciso (ELIA apud LINS, 2010, p.16). Freud escreve em seu artigo intitulado A história do movimento psicanalítico (1914): A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise (FREUD, 1914, p.26). Para Freud, o recalque (Verdrängung) consiste em um processo que visa manter no inconsciente as representações ligadas às pulsões. Ele é o que podemos denominar de o núcleo original do inconsciente. Freud nos ensina que a essência do recalque consiste simplesmente em afastar determinada coisa do inconsciente, mantendo-a à distância (FREUD, 1914, p.170). Na teoria freudiana, existem maneiras distintas pelas quais o sujeito ( S ) defende-se da castração própria e do Outro. Uma dessas maneiras é o recalque, mecanismo próprio da neurose.

18 18 O significante Nome-do-Pai, ou seja, o significante que no Outro como lugar do significante, é o significante do Outro lugar como da lei (LACAN, 1998, p.590). Embora se trate de um conceito de Lacan, podemos aproximá-lo da passagem em que Freud nos fala que: temos motivos suficientes para supor que existe um recalque primevo, uma primeira fase do recalque, que consiste em negar entrada no consciente ao representante psíquico (ideacional) da pulsão (FREUD, 1914, p.171). O primeiro tempo consiste na primeira marca, ou seja, o recalque originário. O segundo tempo é o recalque propriamente dito: Neste segundo tempo do recalque, o recalque propriamente dito, afeta os derivados mentais do representante recalcado, ou sucessões de pensamento que, originando-se em outra parte, tinham entrado em ligação associativa com ele [...]. Na realidade, portanto, o recalque propriamente dito é uma pressão posterior (FREUD, 1914, p.171). O terceiro tempo consiste no retorno do recalcado. Assim, nas palavras de Freud o que temos é que: O recalque, que foi de início bem sucedido, não se firma; no decorrer dos acontecimentos, seu fracasso se torna cada vez mais acentuado. A ambivalência que permitiu que o recalque ocorresse através da formação de reação, constitui também o ponto em que o recalcado consegue retornar (FREUD, 1914, p.181). O que é recalcado nada mais é que uma representação, ou seja, o que Lacan vai chamar mais tarde de significante. Já o afeto recebe outro destino: derivase em inervação somática na histeria ou é deslocado para outras ideias, representantes substitutas na representação recalcada. O inconsciente é maior que o recalcado. A foraclusão (nome dado por Lacan à Ververfung) é um dos mecanismos de defesa do sujeito frente à angústia. Trata-se de uma forma do sujeito lidar com a falta. O sintoma psicótico seria aquele que, ao não se inserir na ordem fálica, não faz laço social, está fora dos discursos. A neurose decorre do efeito da operação do Nome-do-Pai que, ao barrar o significante do Desejo da Mãe, instaura a falta (castração).

19 19 A evidência que temos da operação do recalque é o sintoma. Freud chamou o recalque primário, o recalque que funda o inconsciente; aqui o sintoma não é mais uma formação do inconsciente, mas sim uma função do inconsciente (RIBEIRO, 1997, p.13). Neste sentido, o sintoma é a evidência de que o recalque primário operou. Na histeria, o sujeito tenta escapar à questão inquietante do desejo do Outro preenchendo o vazio deste desejo com suas demandas, ou seja, rebaixando o enigma do desejo do outro às demandas queixosas do sujeito ao Outro (Ribeiro, 1997, p.53). Na histeria, também temos a metáfora condensação da história de amor edipiano. Em contrapartida, na neurose obsessiva além das histórias de amor edipiano, temos também um sentimento de culpa, em geral mais intenso do que na histeria. As formações do inconsciente emergem repentinamente, sua duração no geral é rápida. Entretanto, o sintoma perdura ao contrário dos chistes e dos atos falhos, porque tem um núcleo de Real que não se presta a decifração por meio de significantes. O sujeito não se cura de seu inconsciente. O quarto e último destino da pulsão nos faz enigma a sublimação. A sublimação fora mencionada no artigo Sobre o narcismo: uma introdução (1914). Porém, parece possível que constituísse o assunto de um dos artigos metapsicológicos extraviados. Freud nos deixa uma carta roubada: um artigo específico que teria sido escrito em e que se perdeu (ou que foi destruído pelo próprio Freud). A sublimação é definida por Freud como uma mudança no objetivo da pulsão. A pulsão tem um objetivo e na sublimação este objetivo sexual explícito é modificado, e aparece sob outra finalidade e perspectiva. Freud, em seu artigo intitulado Sobre o narcisismo: uma introdução (1914), nos ensina:...a relação entre essa formação de um ideal e a sublimação. (...) A sublimação é um processo que diz respeito à energia objetal e consiste no fato de que a pulsão se dirige no sentido de uma finalidade diferente e afastada da finalidade da satisfação sexual... (FREUD, 1914, p.111). É como se o sujeito driblasse o recalque. É algo que diz respeito ao objeto perdido e que o sujeito ( S ) irá procurar na sublimação, uma vez que a sublimação consiste em um mecanismo próprio do sujeito ( S ) - neurótico.

20 20 Com relação aos dois primeiros destinos da pulsão em Freud, observamos que eles se misturam. A transformação em seu contrário se divide em retorno da pulsão da atividade em passividade e na transformação do conteúdo. Freud nos mostra como exemplo o processo dos dois pares de opostos: sadismo masoquismo e voyeurismo exibicionismo. Estes pares são apresentados por Freud como exemplo de retorno da pulsão em direção ao próprio eu. O retorno afeta os destinos da pulsão. (...) O destino ativo (torturar, olhar) é substituído pelo destino passivo do próprio eu (ser torturado, ser olhado). O retorno da pulsão encontra-se no exemplo isolado da transformação do amor em ódio (FREUD, 1915, p.148). Masoquismo e sadismo não são pulsões sexuais apenas. O masoquismo erógeno indica, justamente, a imbricação da libido com a pulsão de morte. Outro destino da pulsão é a transformação em seu oposto. A mudança do destino de uma pulsão em seu oposto só é observada num exemplo isolado a transformação do amor em ódio. Visto ser particularmente comum encontrar ambos dirigidos simultaneamente para o mesmo objeto, sua coexistência oferece o exemplo mais importante de ambivalência de sentimentos (Freud, 1915, p.154). Em 1909, Freud nos ensina através de seu caso analítico O Homem dos Ratos o paradigma psicanalítico sobre a neurose obsessiva algumas particularidades do neurótico obsessivo, como a onipotência de seus pensamentos, a necessidade de incerteza e a dúvida em suas relações objetais. Primeiramente, ele explica que, devido à onipotência dos seus pensamentos, os neuróticos obsessivos são propícios a superestimar os efeitos de seus sentimentos hostis sobre o mundo externo. Em relação aos outros dois (incerteza e dúvida), Freud (1909) nos mostra que os neuróticos obsessivos esforçam-se por protelar qualquer decisão e são incapazes de chegar a uma decisão, especialmente em matéria de amor, atribuindo, como origem destas dificuldades, o conflito referente ao eixo especular entre o amor e o ódio a ambivalência da estrutura obsessiva. Um exemplo destas oscilações é encontrado com bastante ênfase em Freud no caso clínico Homem dos Ratos:

21 21 A dúvida contida em sua obsessão por compreensão era uma dúvida de seu (dela) amor. No peito do amante, enfurecia-se a batalha entre amor e ódio, e o objeto desses dois sentimentos era a única e mesma pessoa. A batalha era representada numa forma plástica por seu ato compulsivo e simbólico de remover a pedra da estrada, pela qual a dama iria passar, desfazendo depois esse ato de amor mediante a restituição da pedra ao lugar onde estivera, de modo que o carro viesse a acidentar-se nela e a dama se ferisse (FREUD, 1909, p.194). O circuito da Pulsão: Objetk a Drang Quelle BORDA Ziel goal Figura 1 Na borda da Zona Erógena, temos a fonte (Quelle) da pulsão. Onde tudo se inicia. Lacan, em O Seminário 11, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964), nos fala da pulsão parcial e de seu circuito. Vocês veem aqui, no quadro, desenhado um circuito pela curva dessa flecha que sobe e torna a descer, que atravessa Drang que ela é na origem, a superfície constituída pelo que lhes defini da última vez como a borda, que é considerada na teoria como a fonte, a Quelle, que dizer, a Zona dita erógena na pulsão (LACAN, 1964, p.169). Como dissemos anteriormente, baseando-nos no texto freudiano, a fonte da pulsão é corporal, somática, consiste em algo interno. Entendemos por Zonas Erógenas todas as aberturas do corpo que tocam o meio. Estas Zonas Erógenas são bordas que deixam entrar algo de fora do mundo e eliminar algo interno para

22 22 fora. A pele humana consiste em uma grande Zona Erógena. Da fonte parte o impulso, a força constante de uma pulsão (Drang). O objeto é o que há de mais variável. Qualquer que seja este objeto, não é aquele. Não é o primeiro objeto de satisfação para sempre perdido. O Ziel, objetivo de alcançar a satisfação, é dividido por Lacan em goal e aim, ou seja, o objetivo a que se quer chegar e o trajeto que se faz. Freud Objekt (objeto) Quelle (fonte) Drang (pressão constante) Ziel (objeto satisfação) Figura 2 1 Lacan objeto borda dos orifícios pressão constante alvo (goal) trajeto (aim) Segundo Lacan, a pulsão tem dois objetivos: The aim é o trajeto (LACAN, 1964, p.170). Não deixa de ser um objetivo. Todavia, há também o objetivo a que se está querendo chegar, o Goal. É, como diz Lacan, ter acertado o alvo, ou seja, o tiro. O circuito de uma pulsão é seu movimento constante. É a sua força (drang) constante emergindo de sua fonte (quelle) na borda da Zona Erógena, em seu começo e recomeço. Ela busca a satisfação, em sua insistência, contornando o vazio o oco central (vide figura 1). Em 1920, em seu artigo intitulado Além do princípio de prazer, Freud consegue definir uma força psíquica destrutiva, que paralisa o sujeito, levando-o eventualmente à morte. Essa força destrutiva - a pulsão de morte se encontra fundida com a libido pulsão de vida, e essa é a base do conceito de gozo que Lacan irá desenvolver anos depois (RIBEIRO, 2003, p.40). Quando Freud conceituou finalmente a pulsão de morte, concluindo que os seres falantes são movidos pelas forças discordantes, embora geralmente combinadas, de Eros e Tânatos, ele pôde não apenas enunciar que a hostilidade, mais do que a libido, está na base dos laços sociais basta entrarmos num quarto de crianças, comentou ele nessa ocasião como também que o ódio é a via mais frequentemente encontrada pelas meninas para pôr um termo em sua ligação duradoura com a mãe como objeto de amor (POLLO, 2012, p.57). 1 Figura 2 - Esta coluna traz os nomes dos elementos da pulsão em português e inglês porque Lacan neste momento recorre à língua Inglesa: goal e aim.

23 23 A pulsão de morte não apresenta um significante como representante. Manifesta-se e revela-se na compulsão à repetição, como uma fusão de pulsão de morte e pulsão de vida. Não se deixa prender ao significante. O processo analítico se dá nas voltas do dito do analisante. É um processo no qual o sujeito dividido repete, recorda e elabora em sua fala, o que é pura demanda de amor, direcionada ao seu objeto causa de desejo (analista). É nesta repetição que vemos a pulsão de morte, que é silenciosa, se revelar. Segundo Freud: As pulsões regem não só a vida mental, mas também a vida vegetativa, e essas pulsões essenciais exibem uma característica que merece o nosso mais profundo interesse (...). O fato é que estas pulsões revelam uma propensão a restaurar uma situação anterior. Podemos supor que, desde o momento em que uma situação, tendo sido uma vez alcançada, é desfeita, surge uma pulsão para criá-la novamente e ocasiona fenômenos que podemos descrever como uma compulsão à repetição (FREUD, 1932, p.108). Reconhecemos duas pulsões básicas e inerentes aos sujeitos e cada uma delas tem a sua finalidade. Eros pulsão de vida e Tânatos pulsão de morte se mesclam no decorrer da vida dos seres humanos. (...) a pulsão de morte é posta a serviço dos propósitos de Eros, especialmente sendo voltado para fora na forma de agressividade (FREUD, 1932, p.109). Assim, a pulsão de morte nunca se apresenta só no sujeito. Felizmente, a libido está sempre amalgamada com a pulsão de morte. Este fato nos faz pensar que somos seres humanos, por assim dizer, e agressivos por natureza. A reação terapêutica negativa tem a ver com o fato de que Freud percebeu que muitos pacientes abandonavam seus tratamentos por estarem fixados em seu sofrimento, porque o sintoma passara a ser, na sua vida, algo prazeroso e necessário. A necessidade de sofrimento e de punição é o pior prognóstico para o trabalho analítico. Na maioria das vezes, o analisante não tem consciência deste fenômeno. Geralmente, o masoquismo não pode ser avaliado pelo sujeito. Este aspecto é bastante frequente, pois na reação terapêutica negativa, o sujeito dividido é invadido por um supereu moral, extremamente sádico. Freud nos fala que:

24 24 As pessoas, nas quais esse sentimento inconsciente de culpa é excessivamente forte, manifestam-se no tratamento analítico pela reação terapêutica negativa, que é tão desagradável do ponto de vista prognóstico. Quando se lhes proporciona a solução de um sintoma, que pelo menos deveria acompanhar-se do desaparecimento deste, o que essas pessoas apresentam é, ao invés, uma exacerbação do sintoma e da doença. Muitas vezes, basta elogiar tais pacientes por sua conduta no tratamento, ou dizerlhes umas palavras de esperança a respeito do progresso da análise, para causar uma inequívoca piora de sua condição (FREUD, 1932, p.111). A angústia, o sofrimento e as limitações do sujeito na reação terapêutica negativa são escolhas dele devido a seu sentimento inconsciente de culpa. O desejo deste sujeito é estar doente. (...) mas essa é uma armadilha da qual os analistas não podem escapar. Como apostamos sempre no desejo contra a pulsão de morte, em geral, insistimos mesmo diante do risco de fracasso (RIBEIRO, 2003, P.42). Na neurose obsessiva, a pulsão de morte se manifesta de modo excessivo. O sujeito obsessivo desloca suas questões sexuais pela questão da morte, geralmente, das pessoas que mais amam. O que ocorre neste tipo clínico da neurose é um excesso de gozo. É o sujeito que goza em sofrer dos pensamentos, mesmo que estes sejam de morte. Os sujeitos obsessivos tendem a uma ruminação mental. Nas neuroses obsessivas esses processos são levados mais longe do que é normal. Além da destruição do complexo de Édipo verificase uma degradação regressiva da libido, o supereu torna-se excepcionalmente severo e rude, e o isso, em obediência ao supereu, produz fortes formações reativas sob a forma de consciência, piedade e asseio (FREUD, 1932, p.138). A pulsão de morte na neurose encontra-se fundida com a libido, ou seja, a pulsão de vida. Todavia, na melancolia onde não se tem o significante Nome-do-Pai, que protege o sujeito da invasão do Outro, corre-se o risco da mais pura cultura de pulsão de morte. Neste tipo clínico da psicose, o que temos como exemplo é uma disfunção das pulsões de vida. Assim, no suicídio melancólico não há uma energia narcísica, mas sim a mais pura cultura de pulsão de morte. Logo, a presença do significante Nome-do-Pai apresenta-se como uma garantia da fusão das pulsões. A primeira pulsão é voltada para o próprio sujeito, que é a pulsão de morte. Uma vez amalgamadas as pulsões, as manifestações da pulsão de morte

25 25 correspondem ao o sadismo necessário ao prazer sexual, ao impulso agressivo, e masoquismo erógeno. No texto O mal estar na civilização de Freud, a ética que se deduz do mal estar é que existe uma agressividade constitutiva do homem que faz com que ele possa ir contra um outro sujeito da mesma espécie. Há um supereu sádico que coloca o sujeito para gozar (gozo que está mais além do princípio de prazer). Freud consolida o estatuto de pulsão de morte neste texto citando a compulsão à repetição na clínica sob a transferência, a possibilidade de vermos a pulsão de morte se revelando nas lembranças desprazerosas que persistem. A vida em sociedade faz com que se tenha renúncias pulsionais e, quanto mais exigências mais recrudesce o supereu. O sentimento de culpa é um tema importante no desenvolvimento cultural. É no artigo freudiano O Eu e o Isso (1923), ao trabalhar as instâncias psíquicas e as relações do Eu, do Isso e do Supereu, que Freud formaliza o conceito de reação terapêutica negativa. Neste estudo, Freud nos ensina que no decorrer do processo analítico pode ocorrer uma exacerbação da doença, ou seja, uma piora do sintoma. Quando o analisante se depara com uma possível melhora ou a possibilidade do desaparecimento temporário de seu sintoma, o sujeito é acometido por uma piora. Neste texto, Freud nos confirma que: (1924): Há certas pessoas que se comportam de maneira muito peculiar durante o trabalho de análise. Quando se lhes fala esperançosamente ou se expressa satisfação pelo progresso do tratamento, elas mostram sinais de descontentamento e seu estado invariavelmente se torna pior. Começamos por encarar isto como um desafio e uma tentativa de provar a sua superioridade ao analista, mas, posteriormente, assumimos um ponto de vista mais profundo e mais justo. Ficamos convencidos, não apenas de que tais pessoas não podem suportar qualquer elogio ou apreciação, mas que reagem inversamente ao progresso do tratamento. Toda solução parcial, que deveria resultar, e noutras pessoas realmente resulta, numa melhora ou suspensão temporária de sintomas, produz nelas, por algum tempo, uma exacerbação de suas moléstias; ficam piores durante o tratamento, ao invés de ficarem melhores. Exibem o que é conhecido como reação terapêutica negativa (FREUD, 1923, p.65). Freud nos fala deste mesmo tema em O Problema Econômico do Masoquismo...no tratamento analítico, deparamos com pacientes a quem, devido ao seu comportamento perante a influência terapêutica do tratamento, somos obrigados a atribuir um sentimento de culpa

26 26 inconsciente. Apontei o sinal pelo qual tais pessoas podem ser reconhecidas (uma reação terapêutica negativa ) e não ocultei o fato de que a força de tal impulso constitui uma das mais sérias resistências e o maior perigo ao sucesso de nossos objetivos médicos ou educativos (FREUD, 1924, p.207). Essas manifestações clínicas observadas por Freud nos evidenciam que o sujeito do inconsciente tem certo apego ao sintoma e ao sofrimento. Podemos em Freud observar tal situação em O Problema Econômico do Masoquismo (1924), onde relata três formas de masoquismo. Como condição importa à excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de comportamento. Podemos, por conseguinte, distinguir um masoquismo erógeno, um masoquismo feminino e um masoquismo moral (FREUD, 1924, p.201). E mostra-se sob certos aspectos a forma mais importante assumida pelo masoquismo, apenas foi identificada pela psicanálise como um sentimento de culpa que, na maior parte, é inconsciente... (FREUD, 1924, p.202). A terceira forma de masoquismo, o masoquismo moral, é principalmente notável por haver afrouxado sua vinculação com aquilo que identificamos como sexualidade. Todos os outros sofrimentos masoquistas levam consigo a condição de que emanem da pessoa amada e sejam tolerados à ordem da pessoa. No masoquismo moral essa restrição foi abandonada. O próprio sofrimento é o que importa; ser ele decretado por alguém que é amado ou por alguém que é indiferente não tem importância (FREUD, 1924, p.207). Não temos dúvida de que a reação terapêutica negativa é fruto do masoquismo moral, de um sadismo do supereu. Freud explicita que tal fenômeno não é exclusivo à Neurose Obsessiva. Ele pode se fazer presente em processos analíticos longos e muito bem conduzidos e ser um fator, por assim dizer, moral, um sentimento inconsciente de culpa que como tal é silencioso e destrutivo ao sujeito dividido. Assim, o sujeito não se sente culpado, e sim adoentado, ou seja, a doença (sintoma) encobrirá o sentimento inconsciente de culpa, tornando-se indispensável à necessidade do sujeito se punir. Freud, em O Problema Econômico do Masoquismo (1924):

27 27 O masoquismo moral, assim, se torna uma prova clássica da existência da fusão da pulsão. Seu perigo reside no fato de ele originar-se da pulsão de morte e corresponder à parte dessa pulsão que escapou de ser voltado para fora, como pulsão de destruição. No entanto, de vez que, por outro lado, ele tem a significação de um componente erótico, a própria destruição de si mesmo pelo sujeito não pode se realizar sem uma satisfação libidinal (FREUD, 1924, p.212). Partimos do masoquismo para pensarmos sobre as particularidades do método psicanalítico em casos clínicos nos quais o masoquismo transborda no processo analítico na forma de uma reação terapêutica negativa, direcionando o processo no sentido contrário da cura. A cura é algo pejorativo em uma análise. O sujeito não se cura do inconsciente. Sabemos que um sujeito procura uma análise por estar sofrendo. O sujeito endereça ao analista uma demanda e sabemos que toda demanda é por si, uma demanda de amor. Em O problema econômico do masoquismo (1924), Freud articula esses problemas com a questão do masoquismo, propondo a seguinte questão: se o masoquismo é fundamental para o homem, o que será do princípio do prazer como guardião da vida? Freud sentiu necessidade de enfatizar que o Princípio de prazer é, na verdade, princípio do prazer/desprazer, ou seja, que a pulsão de morte ou de destruição é primária e a vida pode ser definida como um caminho em direção à destruição, ou seja, à morte. Em Freud (1924), retornemos aos três tipos de masoquismo: O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição imposta à excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de comportamento (behaviour). Podemos, por conseguinte, distinguir um masoquismo erógeno, um masoquismo feminino e um masoquismo moral. O primeiro masoquismo, o erógeno prazer no sofrimento jaz ao fundo também das outras duas formas. Sua base deve ser buscada ao longo de linhas biológicas e constitucionais e ele permanece incompreensível a menos que se decida efetuar certas suposições sobre assuntos que são extremamente obscuros. A terceira, e sob certos aspectos a forma mais importante assumida pelo masoquismo, apenas recentemente foi identificada pela psicanálise como um sentimento de culpa que, na maior parte, é inconsciente; ela, porém, já pode ser completamente explicada e ajustada ao restante de nosso conhecimento. O masoquismo feminino, por outro lado, é o mais acessível às nossas observações e o menos

28 28 negativa: problemático, e pode ser examinado em todas as suas relações (FREUD, 1924, p ). A terceira forma de masoquismo, o masoquismo moral, é principalmente notável por haver afrouxado sua vinculação com aquilo que identificamos como sexualidade. Todos os outros sofrimentos masoquistas levam consigo a condição de que emanem da pessoa amada e sejam tolerados à ordem da pessoa. No masoquismo moral essa restrição foi abandonada. O próprio sofrimento é o que importa; ser ele decretado por alguém que é amado ou por alguém que é indiferente não tem importância (FREUD, 1924, p.206). Neste mesmo texto, Freud faz a seguinte referência à reação terapêutica Descrevi noutro lugar como, no tratamento analítico, deparamos com pacientes a quem, devido ao seu comportamento perante a influência terapêutica do tratamento, somos obrigados a atribuir um sentimento de culpa inconsciente. Apontei o sinal pelo qual tais pessoas podem ser reconhecidas (uma reação terapêutica negativa ) e não ocultei o fato de que a força de tal impulso constitui uma das mais sérias resistências e o maior perigo ao sucesso de nossos objetivos médicos ou educativos. A satisfação desse sentimento inconsciente de culpa é talvez o mais poderoso bastião do indivíduo no lucro (geralmente composto) que aufere da doença na soma de forças que lutam contra o restabelecimento e se recusam a ceder seu estado de enfermidade (FREUD, 1924, p.207). A pulsão masoquista parece servir à reação terapêutica negativa pensado como o rochedo à análise no que diz respeito ao masoquismo. É no fenômeno clínico conhecido como reação terapêutica negativa e nos ataques masoquistas contra o próprio Eu, que o mecanismo psíquico do masoquismo assume a forma mais escandalosa. Ao invés de elaborar suas questões psíquicas e lidar melhor com seu sintoma e com sua neurose, o analisante piora, ocorrendo um agravamento de seu sintoma. O masoquismo moral, assim, se torna uma prova clássica da existência da fusão da pulsão. Seu perigo reside no fato de ele originar-se da pulsão de morte e corresponder à parte dessa pulsão que escapou de ser voltada para fora, como pulsão de destruição. No entanto, de vez que, por outro lado, ele tem a significação de um componente erótico, a própria destruição de si mesmo pelo sujeito não se pode realizar sem uma satisfação libidinal (FREUD, 1924, p.212).

29 29 A reação terapêutica negativa pode ser uma resistência à experiência analítica e articulada à transferência negativa, expressão por sua vez utilizada por Freud em 1912, em A dinâmica da transferência, e a partir de 1920, relacionada à noção de pulsão de morte. Um longo percurso seria percorrido por Freud na investigação do intrigante fenômeno da reação terapêutica negativa. É curioso destacar que, apesar de Freud ter estudado exaustivamente tal fenômeno ao longo de quase uma década, só no final dos anos 30 é que ele ressalta que há certas formas de resistência de difícil combate. No vocabulário de Psicanálise (2001), os autores destacam que a expressão reação terapêutica negativa designa, pelo menos na intenção de Freud, um fenômeno clínico bem específico, no qual a resistência à cura parece inexplicável pelas noções habitualmente invocadas (VAPLANCHE; PONTALIS: Vocabulário de Psicanálise, p.425). O impasse clínico mostra-se quando, depois de sessões e mais sessões falando sob transferência, o sujeito não apresenta sinal de elaboração ou uma retificação subjetiva diante de seu sofrimento (sintoma). Ao contrário, encontra-se num estado de destruição, indo de mal a pior. O tratamento não parece contribuir para as elaborações psíquicas. O analista encontra-se diante de um impasse clínico. A reação terapêutica negativa seria sinônimo do masoquismo moral? Na clínica psicanalítica, é possível verificar que, em certos casos ou em certas fases da vida do sujeito e de seu processo analítico, apenas o sofrimento é capaz de promover a sua existência. É como se para estar vivo, o sujeito precisasse sempre sofrer. Constata-se na obra freudiana que o masoquismo se apresenta muito frequentemente como modo de gozo de certos pacientes, resultando em verdadeiras devastações subjetivas. O sintoma do paciente inscreve-se na trama transferencial, enquanto a elaboração parece paralisada. Desse modo, o analista sente-se, na maioria das vezes, impotente, e sofre ao ver o processo analítico contribuir para o agravamento do quadro sintomático do analisante. O desejo do analista, operador lógico e ético, se distingue dos dois outros por ser o desejo que motiva o analista a levar o sujeito a um percurso, sem previsão nem antecipação, que será, no entanto, absolutamente singular, para além da terapêutica, pois é um

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