BIODIREITO E ASPECTOS LEGAIS EM PROCEDIMENTOS DE ALTA COMPLEXIDADE.
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- Maria Júlia de Barros Pereira
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1 BIODIREITO E ASPECTOS LEGAIS EM PROCEDIMENTOS DE ALTA COMPLEXIDADE. Giovanna Trad Direito Médico e da Saúde tradadvsaude@gmail.com
2 O BIODIREITO ENTRA EM CENA para introduzir regras que regulam e limitam a conduta do homem no âmbito da saúde, a fim de acautelar a dignidade humana...
3 Os novos tempos e o aumento do número de processos. Conscientização da sociedade; Pouca tolerância ao mau resultado; Acesso à justiça (justiça gratuita); Acesso às informações das patologias; Incitação da mídia; Deficiência no aparelho reformador; Ausência de educação continuada; Carga horária excessiva e condições inadequadas; Avanço tecnológico; Desconhecimento das regras jurídicas; Deterioração da relação profissional/paciente.
4 As responsabilidades jurídica e ética do enfermeiro oriunda de falha técnica. Negligência Omissão de conduta frente a uma situação em que se exige cuidado e ação proativa. Ex: Deixar de verificar a região inguinal a cada sessenta minutos pós angioplastia. Imprudência O Enfermeiro erra por meio de uma conduta ativa e irresponsável, contrária aos postulados da atividade profissional. Ex: Enfermeiro que executa curativo compressivo apressadamente. Imperícia É o desacerto da conduta em razão do despreparo técnico e/ou teórico do profissional. Ex: Falta de habilidade para remover introdutor arterial pós-intervenção.
5 A responsabilidade ético jurídica por omissões e falhas no prontuário. O que não está nos autos, não está no mundo O seu valor probatório Art. 25- Registrar no prontuário do paciente as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar. (CEE) Art. 41 Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas necessárias para assegurar a continuidade da assistência. (CEE) Art. 72 Registrar as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva e completa. (CEE).
6 O dever de informar ü Esclarecer, Orientar, Informar e, ao final, transpor para um Termo de Consentimento Informado, Livre e Esclarecido para amparar eventual defesa. ü Justificativa: Sem informação, o indivíduo é cerceado de decidir livremente sobre os rumos de seu tratamento. O direito à informação está respaldo na Constituição Federal, no Código de Defesa do Consumidor e no Código de Ética de Enfermagem. ü Implicações legais: Se o risco do efeito adverso do medicamento se implementa, o profissional, que omitiu tal informação, pode ser condenado nas esferas ética e legal.
7 Profissional que não informa o médico da ocorrência de sangramento excessivo de paciente. RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano Moral. Frente à gravidade da doença da vítima, não há como se ter certeza que sobreviveria, caso o enfermeiro tivesse transmitido a informação ao médico acerca da coagulação do sangue - Neste tipo próprio de responsabilidade civil, o que se deve indenizar não é o resultado, mas a perda de uma oportunidade que privou o paciente de obter a cura provável - A indenização deve corresponder unicamente à chance perdida. (T J / S P, A p e l a ç ã o , 1ª Câmara, 24/06/2014). O Desembargador ponderou que o enfermeiro não provou que transmitiu a informação ao médico, o que, segundo ele, poderia ser demonstrado pelo prontuário.
8 C o n d e n a ç ã o p o r f a l h a s n o relacionamento com o paciente. Responsabilidade civil. Notícia transmitida por médico e enfermeiros do demandado de que a mãe da autora teria morrido. A informação incorreta de que a mãe da autora teria entrado em óbito, prestada no saguão do nosocômio, importou em constrangimento e dor, autorizando a medida imposta (Apelação nº , 6ª Câmara Cível, em 20/03/2014). Apelação cível. Conjunto probatório que aponta para ocorrência de negligência e imperícia, consubstanciadas na desídia dos médicos e enfermeiros durante os vários atendimentos prestados à filha da autora, em especial a demora em informar o falecimento aos familiares. Dano moral.. (Apelação Cível Nº , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto
9 Condenação por imperícia. Ação Indenizatória. Injeção de Medicamento. Erro quanto ao procedimento de aplicação. Responsabilidade do enfermeiro. Compete ao enfermeiro a aplicação de injeção com medicamento, presumindo-se que tenha ele conhecimento técnico acerca do procedimento a ser adotado, sendo desnecessária a supervisão médica. Assim, restando demonstrado que o dano decorreu de erro na aplicação do medicamento, a qual foi realizada por enfermeiro, é dele e do hospital que o mantém no quadro de funcionários a responsabilidade pelo evento danoso, estando o médico isento de qualquer dever indenizatório. (TJ/SC, EI SC , 10/11/2004). Conduta ilícita danosa: Aplicou incorretamente injeção de voltarem. Aplicou no músculo da coxa quando deveria proceder nas nádegas. O ato repercutiu os seguintes danos: ferimento na coxa esquerda; dano estético; moral e limitação funcional.
10 Conduta imprudente pós-cirurgia: Troca de curativo sem prescrição médica APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. NEXO DE CAUSALIDADE DEMONSTRADO. ÓBITO DA PACIENTE DECORRENTE DÁ MÁ CONDUÇÃO DA ENFERMEIRA NO PÓS-OPERATÓRIO. DANO MORAL CONFIGURADO. PENSIONAMENTO DEVIDO AOS PAIS DA PACIENTE. (TJ-RS - AC: RS, Relator: Artur Arnildo Ludwig, em 13/09/2012, Sexta Câmara Cível). Após esta movimentação do cordão tráqueo, com a troca do curativo e o banho na paciente, ela ficou cianótica e sofreu uma parada cardíaca, decorrência lógica da movimentação da criança, causando o deslocamento da cânula e, por fim, o óbito da paciente. (Trecho do voto do Desembargador).
11 Condenação por alta precipitada em cateterismo. "ERRO MÉDICO. EXAME DE CATETERISMO. ALTA DA PACIENTE. RETORNO AO HOSPITAL HORAS DEPOIS APRESENTANDO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC). INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DESFESA DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE DE MEIO. NEGLIGÊNCIA DA EQUIPE MÉDICA QUE IGNOROU OS SINTOMAS RELATADOS PELA PACIENTE. SEQUELAS GRAVES RESULTANTES DA MOLÉSTIA SOFRIDA PELA PACIENTE. SOFRIMENTO DESNECESSÁRIO. ALTA HOSPITALAR CONCEDIDA SEM O DEVIDO ZELO PROFISSIONAL. EXAME DE CATETERISMO QUE NECESSITAVA OBSERVAÇÃO POSTERIOR PRINCIPALMENTE NO CASO DE PACIENTE QUE SOFRIA DE HIPERTENSÃO. DEVER DE INDENIZAR". ( TJ/PR, AC SC Primeira Câmara de Direito Civil13/12/2011).
12 O enfermeiro responde pelo agir ilícito de seus subordinados. "RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ENFERMEIRA RESPONSÁVEL PELA UTI NEONATAL. MAU PROCEDIMENTO. O fato de a autora, enfermeira responsável pela UTI Neonatal, não ter participado diretamente, na exposição da imagem de menores internados sob sua responsabilidade e no mau procedimento no manuseio de recém-nascido, que dada a fragilidade da saúde, veio a falecer após o ocorrido, não servem para eximir sua responsabilidade pelos atos realizados pela equipe de técnicas de enfermagem, no seu turno de trabalho. A reclamante foi omissa e negligente, não adotou as medidas esperadas de um chefe, na direção de suas subordinadas. Escapa ao bom senso a alegação de desconhecimento dos fatos, já praticados outras vezes pela mesma e q u i p e. ( T R T- 4 R O : R S , Relator: ANA LUIZA HEINECK KRUSE, em 21/08/2013).
13 Implicações legais e éticas. ü Responsabilidade civil: Pagamento de Indenização por danos morais, estéticos e materiais (despesas com saúde, pensão...). Arts. 949 e 950, CC. ü Responsabilidade Penal: Homicídio culposo ( Art. 121, parágrafo 3º, CP) lesão corporal culposa (Art. 129, parágrafo 6 º, CP) e omissão de socorro (Art. 135). ü Responsabilidade ética: Punição disciplinar. (Art. 118, CEE: Advertência verbal; Multa; Censura; Suspensão do exercício profissional; Cassação do direito ao exercício profissional).
14 A RAZÃO É O PASSO, O AUMENTO DA CIÊNCIA O CAMINHO, E O BENEFÍCIO DA HUMANIDADE É O FIM. (HOBBES). Giovanna Trad Direito da Saúde tradadvsaude@gmail.com
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