CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 FEITO PGT/CCR/PP/Nº 11636/2010 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 1ª Região Interessado(s) 1: ANÔNIMO Interessado(s) 2: SINDICATO DOS EMPREGADOS DE EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS EM BRIGADAS DE INCÊNDIO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Assunto(s): Outros temas 08. Procurador oficiante: Marco Antônio Costa Prado RECURSO ADMINISTRATIVO protocolizado fora do prazo previsto pelo art. 10-A, integrado à Resolução CSMPT nº 69/2007 pela Resolução CSMPT nº 87/2009. Inexistência formal do sindicato recorrente, o que conduz à sua ilegitimidade recursal. Questões de interesse estritamente sindical, cujos interessados contam com meios ou instrumentos processuais próprios e específicos para a devida solução do impasse, inclusive pelas vias judiciais competentes. Pelo não conhecimento do Recurso, e, no mérito, pela homologação da promoção arquivatória. RELATÓRIO Trata-se de procedimento instaurado por força de denúncia anônima em desfavor do Sindicato dos Empregados em Empresas Prestadoras de Serviços em Brigadas de Incêndio do Município do Rio de Janeiro, onde relata a submissão do sindicato denunciado à empresa SPRINK Segurança Contra Incêndio, a qual paga o aluguel da sede sindical e o salário de seu presidente. 1

2 O ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu o arquivamento do presente procedimento sob os seguintes fundamentos (fl. 469/471), verbis: (...) Analisando o conteúdo dos autos, verifico que os documentos colacionados erradicam as suspeitas do autor anônimo. Isso, porque é o próprio presidente do sindicato que arca com as prestações do contrato de locação do imóvel sede do investigado, não a empresa Sprink, conforme informou em audiência e comprovou com os cheques acostados às fls Além disso, o valor que recebe da empresa Dalkia do Brasil Ltda tem natureza salarial, já que é empregado desta. No mais, provou-se que o Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de Janeiro não representa a categoria (fls. 445). A legitimidade recai sobre o investigado, que, aliás, ajustou, com a empresa Sprink, Acordo Coletivo em cujo teor não vislumbro irregularidades (fls. 455/465). Desta forma, diante dos documentos adunados, reputo regular a atuação sindical, sendo inequívoco que a entidade vem defendendo os interesses da categoria diretamente, não sendo impossível que as denúncias tenham razão na disputa sindical. (...) Intimado o Sindicato dos Empregados em Empresas Prestadoras de Serviços em Brigadas de Incêndio do Município do Rio de Janeiro, ora investigado, da proposta de arquivamento às fls. 469/471, conforme espelham as fls. 472, 478 e 480 destes autos, deixou transcorrer in albis o prazo recursal. 2

3 Às fls. 481/484, o Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de Janeiro, o qual solicitou sua inclusão ao feito como parte interessada e legítima representante dos Bombeiros Civis (fl. 420), apresentou recurso ao arquivamento proposto, cujos trechos abaixo merecem destaque, verbis: 1. Consta no 2º parágrafo do Relatório do Arquivamento, às fls. 469, O próprio denunciante anônimo demonstra dúvida acerca da veracidade dos fatos por ele narrados ao indagar... se estas alegações forem verdadeiras... (fls. 04/05). Com a máxima venia Excelência, ao denunciante cabe a narrativa dos fatos perante o Órgão responsável MPT (MINISTERIO PÚBLICO DO TRABALHO) ao qual compete a investigação da narrativa dos fatos, coforme de termina a Lei de 12 de fevereiro de 1993, não podendo imputar ao denunciante a responsabilidade da apuração dos fatos. Aliás, estes, mais que comprovados com os documentos juntados aos autos, estar. Cabendo apenas, uma apuração mais minuciosa, inclusive, perícia nas dependências da Empresa Sprink para esclarecer as circunstâncias de demissão dos seus empregados ANDRÉ LUIZ DA SILVA; PAULO ROBERTO PANTALEÃO; e JOSÉ RICARDO DA SILVA; bem como nas dependências do Sindicato; e Oficiar a Caixa Econômica Federal para prestar esclarecimento sobre a Contribuição Sindical desconta dos Empregados, que supõe-se estar sendo depositados diretamente nos cofre do Sindicato Denunciado (fls. 96 a 199 volume 1), o que é ilegal. 2. Quando Vossa Excelência diz, às 470, item 2. Fundamentação, no parágrafo segundo: No mais, provou-se que o Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de Janeiro não representa a 3

4 categoria (fls. 445), deixou de observar que a Constituição Federal em seu art. 8º, afasta a intervenção estatal para a criação, surgimento e VALIDADE DE ENTIDADE SINDICAL, exigindo-se apenas a unicidade da base territorial. Além disso, se a Constituição Federal e a CLT protegem o trabalhador a partir do registro de sua candidatura à direção do sindicato, mais necessária ainda se faz à proteção quando se trata de sindicatos em formação. Não obstante, o denunciante que o nobre Procurador atribui ser anônimo, conta às fls. 413 sua identificação e telefones para contato, e ainda, às fls. 343, a demonstração que faz parte da diretoria do Sindicato, também denunciante. 3. Na verdade, o Denunciado juntou cópia do DOU tentando demonstrar o Arquivamento do Pedido de Registro do Denunciante, para confundir este Ministério Público, eis que conforme Vossa Excelência há de constatar como o acompanhamento processual ora em anexo, o processo ainda permanece tramitando no MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, encontrando-se, ainda em análise junto a DIVISÃO DE ANÁLISE daquele órgão especializado, em Brasília. E, se este nobre Procurador entender necessário para melhor convencimento de uma conclusão justa nos termos legais, seja oficiado o MTE para se manifestar sobre o pedido de Registro do Sindicato Denunciante. 4. Quanto, a análise do nobre procurador, ainda às fls. 470, referente ao conteúdo dos autos, verifico que os documentos colacionados erradicam as suspeitas do autor anônimo (?). Isso, porque é o próprio presidente do sindicato que arca com as prestações do contrato de locação do imóvel sede do investigado, não a empresa Sprink, conforme informou em audiência e comprovou com os cheques acostados às fls Vale ressaltar, a uma, que o Denunciante não é Anônimo, é um trabalhador Bombeiro Profissional Civil, empregado da 4

5 Empresa Sprink e teve seus direitos prejudicados; a duas, que aquelas cópias dos cheques não provam em nada, a relação jurídica do Sindicato Denunciado com a Administração Saraiva de Imóveis Ltda, eis que o Contrato de Locação é o instrumento adequado legalmente como ônus de provas. O que deixa claramente, haver indício de indução a erro este MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, órgão fiscalizador do cumprimento da lei em prol dos trabalhadores. 5. Certo é que este MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO deve atentar com mais cautela os documentos acostados a estes autos, notadamente, os documentos, de fls. 93 a 199 (volume I), referente a Contribuição Sindical, senão vejamos os motivos abaixo exposto: (...)..., os documentos de fls. 96 a 199 (volume 1) não podem induzir a erro este MINISTÉRIO PÚBLICO, pois o desconto da Contribuição Sindical (cobrança sobre toda a categoria) que tem natureza tributária e é recolhida compulsoriamente sindicalizado de quais quer Sindicato. Aliás, em sendo a Contribuição Sindical de natureza tributária, cujo objetivo da cobrança é o custeio das atividades sindicais e os valores destinados à Conta Especial de Emprego e Salário integram os recursos do Fundo de Amparado ao Trabalhador; os documentos às fls. 191/199 (volume 1), em que o INVESTIGADO quer demonstrar o recolhimento desse tributo, parece que não estar devidamente recolhido, pois além do SISPAC (Sistema eletrônico do Itaú) não emitir on line a GRCSU (Guia de Recolhimento da Contribuição Sindical Urbana), também não comprova o recebimento pela Caixa Econômica Federal, através da autenticação mecânica (fls, 191). Por isso, se REQUER que este MINISTÉRIO PÚBLICO oficie a (CEF), órgão arrecadador e distribuidor na forma da lei, da Contribuição Sindical aos sindicatos, federações, 5

6 confederações e à Conta Especial Emprego e Salário, para prestar informações a esse juízo, a cerca do recolhimento das Contribuições Sindicais descontadas dos trabalhadores pelas empresas SPRINK SEGURANÇA CONTRA INCÊNCIDO LTDA E ENSEG SERVIÇOS ENG. E SEGURANÇA LTDA (respectivamente, fls 91 e 191) dos últimos três anos próximos passados. Considerando-se, ainda, que tendo em vista as Mensalidades Sindical (fls. 99/190) serem descontadas e recolhidas diretamente aos cofres daquele Sindicato, poderá ocorrer o mesmo procedimento com o tributo da Contribuição Sindical, o que não é permitido por lei. (destaques próprios) Em contra-razões, assim manifestou-se o Sindicato dos Empregados em Empresas Prestadoras de Serviços em Brigadas (fls. 497/499): No recurso formulado pelo Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Reio de Janeiro SINDICATO FANTASMA, ao proceder a leitura de toda peça recursal, não provou nada, até porque, nada tem a provar, visto que, não teve, não tem e nunca terá legitimidade de representar a categoria de Brigadista, hoje bombeiro Civil, por força da Lei de 12 de janeiro de 2010, que regulamentou a categoria profissional de BOMBEIRO CIVIL. Em sua fundamentação, declara que o processo de pedido de registro sindical encontra-se na Divisão de Análise, convenhamos r. procurador, o Sindicato dos Empregados Em Empresas Prestadoras Em Brigadas de Incêndio do Município do Rio de Janeiro, este sim, legitimo representante da categoria profissional, já procedeu a juntada de CARTA SINDICAL, Estatuto Social, Ata de Eleição e Ata de Posse ambas 6

7 devidamente registrada no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro, conforme Vossa Senhora já tem conhecimento e, já encontra-se devidamente juntada n os autos do presente inquérito. (...) Importante esclarecer para Vossa Senhoria que o próprio denunciante declara em seu recurso que o seu pedido de registro sindical encontra-se em análise, mesmo depois de seu indeferimento, como é que esta se intitulando com representante da nossa categoria profissional Bombeiro Civil. (...) Ilustre Procurador necessitamos de aprofundarmos nestes fatos, pois é muito grave o que vem ocorrendo com a nossa entidade sindical, para tanto, requeremos de plano para Vossa Senhoria, que oficie o Ministério do Trabalho e Emprego, na pessoa do Senhor Secretário de Relações Sindicais em Brasília, para que nos informe que, como e por quem foi alterados estes dados no Cadastro Nacional das Entidades Sindicais. (...). (grifo original) os autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram É o relatório. VOTO - FUNDAMENTAÇÃO PREFACIAIS DE NÃO-CONHECIMENTO Como o pedido de ingresso ao feito à fl. 420, pelo Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de 7

8 Janeiro SINDBOMBEIROS/RJ, não foi apreciado pelo ilustre Membro oficiante, e, da mesma forma, não se operou sua intimação do arquivamento promovido, a data contida na certidão à fl. 473 deverá ser tomada como termo inicial para contagem do prazo recursal. Assim, levando-se em consideração a data de 21 de junho de 2010 (certidão de fl. 473), o recurso apresentado às fls. 481/484 foi interposto tardiamente, sendo INTEMPESTIVO. In casu, a data contida na certidão à fl. 473 para os fins do artigo 10-A da Resolução CSMPT nº 69/2007 expressa o dia 21 de junho de 2010, e como o SINDICATO DOS BOMBEIROS PROFISSIONAIS CIVIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO somente interpôs recurso administrativo junto à Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região em 21 de julho de 2010, conforme se infere à fl. 481, quando já havia expirado o prazo normativo (10 dias artigo 10-A da Res. CSMPT 69/2007). Outra questão que impede a transposição da barreira do conhecimento diz respeito à inexistência formal do sindicato recorrente, diante da falta de registro sindical perante o Ministério do Trabalho e Emprego, fato este confirmado pelo próprio à fl. 436 parte final e pelos documentos às fls. 445 e 488/489, o que conduz à sua ilegitimidade recursal. 8

9 Logo, não merece conhecimento o recurso manejado pelo Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de Janeiro às fls. 481/484. MÉRITO Independentemente das prefaciais de não conhecimento acima agitadas, examina-se o mérito do arquivamento proposto, face ao caráter e a competência REVISIONAL da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho - CCR/MPT. Sorte não assiste ao recurso interposto pelo Sindicato dos Bombeiros Profissionais Civis do Município do Rio de Janeiro SINDBOMBEIROS/RJ. Compulsando-se os autos, com detença, verifico que o ponto nodal da irresignação sub examine refere-se à representação sindical, sua denominação e seu campo de alcance, contando os interessados com meios ou instrumentos processuais próprios e específicos para a devida solução do impasse, inclusive pelas vias judiciais competentes. Ademais, as questões aventadas na peça recursal de ingresso não encaminham o presente feito à possibilidade de o Ministério Público do Trabalho atuar por via da Ação Civil Pública, porquanto as 9

10 circunstâncias noticiadas revelam apenas questões de cunho meramente patrimonial e de interesses estritamente sindicais. Quanto aos exatos termos da denúncia inaugural, restou comprovada nos autos, por farta documentação instrutória, a inexistência das irregularidades denunciadas. Por fim, a judiciosa decisão arquivatória ora combatida, com a qual comungo e que passa a integrar este voto, deve subsistir por seus próprios fundamentos. é digno de conhecimento. Posto isso, o recurso administrativo sub examine não CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO pelo NÃO- CONHECIMENTO do Recurso administrativo sub examine, e pela HOMOLOGAÇÃO da promoção de arquivamento constante deste procedimento. Brasília, 04 de fevereiro de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Membro da CCR - RELATORA 10