I ENCOSMAT ENCONTRO SUL MATOGROSSENSE DE MATEMÁTICA. Ponta Porã MS, 24 a 26 de Agosto de 2011
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1 I ENCOSMAT ENCONTRO SUL MATOGROSSENSE DE MATEMÁTICA εηs!ηθ Σ Λρ1!cαçõεs Ponta Porã MS, 24 a 26 de Agosto de 2011 S B M O JOGO MINI FAZENDA MATEMÁTICA COMO UM RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO Alessandra Querino da Silva 1 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) alessandrasilva@ufgd.edu.br Danielly Aparecida Lopes 2 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) dani.elly@hotmail.com Joyce Azevedo de Souza 2 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) joyceas_@hotmail.com Resumo: Este trabalho teve como objetivo divulgar uma proposta de atividade para a área de Ensino de Matemática, abordando o uso de jogos como metodologia de ensino. A atividade foi aplicada com alunos do ensino médio de uma escola pública de Dourados MS, com a proposta de abordar o tópico regra de três e noções iniciais de lucro e prejuízo com a utilização do jogo Mini Fazenda Matemática, que é uma versão concreta adaptada pelas autoras do jogo original e virtual Mini Fazenda do ORKUT. O principal objetivo deste jogo é proporcionar uma interação entre elementos de conhecimento matemático com o caráter lúdico do jogo, oferecendo ao estudante um estudo mais significativo. O jogo em questão foi 1 Professora Adjunta da FACET/UFGD e Coordenadora do PIBID/UFGD área Matemática 2 Acadêmicas do curso de Matemática e bolsistas CAPES do PIBID/UFGD área Matemática
2 construído como uma das atividades realizadas pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do subprojeto Licenciatura em Matemática da Universidade Federal da Grande Dourados. A aplicação desse jogo foi realizada em forma de oficina, para que pudéssemos validar a experiência de construção do jogo e os resultados foram satisfatórios. Palavras-chave: Jogo; ensino de Matemática; PIBID. 1. INTRODUÇÃO O ensino de matemática ainda se encontra fortemente vinculado a memorização de fórmulas e regras que não oferecem aos estudantes uma visão crítica do tópico em estudo. Para reverter este fato, existem diversas possibilidades metodológicas, ou seja, não existe um único e nem o melhor caminho para se ensinar matemática (BRASIL, 1998). Neste sentido, é fundamental, que o professor busque alternativas de ensino tornando suas aulas interessantes e motivadoras. Dentre as diversas alternativas que estão a disposição dos professores pode-se destacar a utilização de jogos para o desenvolvimento de conteúdos matemáticos na sala de aula. Smole, Diniz e Milani (2007) destacam que: (...) ao jogar, os alunos têm a oportunidade de resolver problemas, investigar e descobrir a melhor jogada; refletir e analisar as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os conceitos matemáticos. (...) o jogo possibilita uma situação de prazer e aprendizagem significativa nas aulas de matemática (SMOLE, DINIZ, MILANI, 2007, p. 9). Com base nestes dizeres, este trabalho apresenta uma proposta de atividade utilizando o jogo Mini fazenda Matemática, que se constitui em uma versão concreta adaptada do jogo virtual denominado MINIFAZENDA (encontrado no ORKUT), para o desenvolvimento do conceito de regra de três, noções de lucro e prejuízo. Na atividade proposta os estudantes devem analisar situações e tomar decisões, o que certamente contribui par uma aprendizagem mais dinâmica e significativa.
3 2. O JOGO MINI FAZENDA MATEMÁTICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO NA MATEMÁTICA Nos sites de relacionamentos é possível encontrar vários atrativos para crianças e adolescentes. Em um destes sites, o do ORKUT, pode ser encontrado um jogo bastante conhecido denominado MINI FAZENDA. A proposta deste trabalho foi transladar as características do referido jogo virtual para um ambiente concreto e elaborar uma metodologia para o desenvolvimento e fixação dos tópicos de regra de três, noções de lucro e prejuízo, por meio de uma atividade em grupo. Desta forma, buscou-se uma conciliação entre ensino e entretenimento, construindo estímulos para o interesse das aulas de Matemática. Trata-se então, de uma atividade que busca conciliar as velhas tecnologias ilustradas pelo quadro e giz e por materiais impressos (MOREIRA, 2007, p.1042), com a metodologia do trabalho com jogos, e neste caso, com o jogo denominado de Mini fazenda Matemática, que é uma versão concreta adaptada pelas autoras deste trabalho do jogo MINI FAZENDA do ORKUT. Este jogo foi desenvolvido como uma das atividades do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do subprojeto Licenciatura em Matemática da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O jogo pode ser utilizado com alunos para desenvolver os conteúdos matemáticos citados anteriormente, com o objetivo de proporcionar ao estudante a oportunidade de desenvolver estratégias, visando o aperfeiçoamento do aprendizado ocorrido durante as aulas. Na atividade aqui proposta, o estudante tem além da oportunidade de aprimorar seu conhecimento de regra de três simples, uma introdução a idéia de lucro e prejuízo, pois com o uso deste jogo é possível estimular o aluno a fazer uma análise dos produtos mais rentáveis para serem plantados na sua fazenda. Assim, o aluno poderá comparar valores, fazer uso de cálculo mental, elaborar estratégias, resolver problemas e interpretar os resultados encontrados. Desta forma, busca-se atrair os estudantes para dentro da atividade, proporcionando uma interação entre elementos de conhecimento matemático com o caráter lúdico do jogo. A Figura 1 apresenta uma foto do jogo Mini Fazenda Matemática, que é uma versão concreta adaptada do jogo MINI FAZENDA do ORKUT.
4 FIGURA 1 Foto do jogo Mini fazenda matemática - versão concreta adaptada do jogo MINI FAZENDA do ORKUT 2.1 REGRAS DO JOGO O jogo consiste em basicamente três etapas: 1ª Etapa: Escolha das cartas Os alunos devem escolher aleatoriamente 10 cartas do jogo. 2ª Etapa: análise da produtividade: Os alunos devem fazer os cálculos de cada carta escolhida, utilizando os conceitos de regra de três, de modo, a saber, qual a rentabilidade de cada produto na unidade de tempo selecionada para o jogo. 3ª Etapa: Plantação Depois de feitas todas as operações matemáticas necessárias e tendo em mãos os resultados dos valores dos produtos, cada aluno deverá apresentar suas cartas de acordo com os valores encontrados (sugerimos que iniciem colocando as cartas de maior rentabilidade). Com as cartas do jogo, os estudantes devem fazer análises sistematizadas da produtividade de cada produto, pois ao final ganhará o aluno que tiver demonstrado ser o
5 melhor administrador da fazenda. A implementação destas etapas serão descritas detalhadamente no item Relato de experiência: Aplicação do jogo Mini fazenda matemática com alunos do ensino médio Durante a última etapa do Estágio no Ensino Médio tivemos a oportunidade de realizar oficinas com alunos do ensino médio da Escola Estadual Antonia da Silveira Capilé. Essas atividades foram propostas via projeto com o objetivo de substituir a regência tradicional pelo uso de atividades diferenciadas. Uma proposta das professoras da escola foi a de abordar atividades focando conteúdos do ensino fundamental, em que os alunos possuem dificuldades. Foram realizadas diversas atividades dentre as quais destacaremos a aplicação do Jogo Mini Fazenda Matemática (que desenvolvemos no âmbito do PIBID da UFGD). No primeiro dia de oficina colocamos no cronograma os conteúdos de regra de três e noções de lucro e prejuízo, desse modo tivemos a oportunidade de levar o jogo até os alunos. A Figura 2 ilustra um dos momentos de interação na aplicação do referido jogo. FIGURA 2 Foto da apresentação do Jogo Mini Fazenda aos alunos
6 Nesse dia de oficina compareceram 16 alunos, de todos os anos do ensino médio. Procuramos colocar em cada grupo no mínimo um aluno de cada ano, desse modo a favorecer uma maior interação na sala de aula. Formamos então quatro grupos com quatro integrantes cada. Os grupos foram nomeados da seguinte forma: Grupo Amarelo, Grupo Preto, Grupo Roxo e Grupo Vermelho. A primeira tarefa dos alunos foi a escolha das cartas, que foram selecionadas aleatoriamente pelos grupos, ficando distribuídas da seguinte maneira: Morando Cebola Cana-de-açúcar Repolho Rosa Lírio Couve-flor Pimenta Melancia Milho Amora Abóbora Beterraba Café Batata Tomate Soja Tulipa Cenoura Margarida Após a escolha das cartas, solicitamos aos estudantes que fizessem a análise de cada uma delas. Por meio de um exemplo explicamos como funcionaria o processo de análise. Pegamos como exemplo, a carta do Algodão (Veja a Figura 3). FIGURA 3 Carta do Algodão Com os dados disponíveis na carta, conforme Figura 3, fizemos a seguinte análise:
7 Tempo de produção: 1 dia Valor de compra: 170 Valor de venda: 538 Queremos saber qual será o ganho diário se plantarmos o algodão? Para isto, basta subtrair o valor da venda do valor da compra, ou seja, = 368 Portanto, em um dia teremos um lucro de 368. Lembrando que já foi descontado o valor gasto pela compra da semente. Nota-se que a carta do algodão tem o tempo de produção em dias, assim é simples saber a produtividade, porém, existem outras cartas que tem tempo de produção em horas. O que fazer com essas cartas? Pegamos como exemplo a carta da rosa. Veja a Figura 4. FIGURA 4 Carta da Rosa Como podemos perceber por meio da Figura 4, temos: Tempo de produção: 16 horas Valor de compra: 325 Valor de venda: 580
8 Façamos novamente uma operação de subtração entre o valor da venda e o valor da compra deste produto: = 255 Obtivemos um valor de 255. Podemos perceber que esse valor é para uma produção de 16 horas. Salientamos que para compararmos todas as cartas, devemos escolher uma unidade de tempo em comum. Assim, combinamos que todas as cartas deveriam ser analisadas em relação a produção diária. Com isso, seria necessário fazer a conversão do tempo de produção de alguns itens para dias, lembrando que um dia tem 24 horas. Voltando à análise da produção da rosa, determinamos lucro pela diferença entre valor de venda e valor de compra. Neste produto, o lucro= = 255 por 16 horas (tempo de produção da rosa). Agora é preciso converter o lucro, que está em horas, para dias. Para tanto, basta aplicar uma regra de três simples, obtendo o valor de x da seguinte forma: 16 horas (lucro) 24 horas - x obtendo x = 382,50 (valor do lucro diário). Desta forma, concluímos que a rosa tem um valor de rentabilidade de 382,50 ao dia. Esses exemplos foram necessários para que os alunos pudessem dar sequência às atividades. Após todos os grupos terem realizado a análise de suas cartas, começamos então a última etapa do Jogo, que consiste em realizar a plantação. Como o objetivo é fazer com que os alunos disputem o direito de colocar suas sementes no Tabuleiro, pensamos não ser necessário ter uma ordem ao colocar as cartas na mesa. Para a finalização dessa etapa tivemos cinco rodadas com lance das maiores cartas. A seguir são mostrados passo a passo os lances dos grupos em cada rodada. 1ª Rodada Cana-de-açúcar 438 Lírio 190 Café 510 Margarida 280 Vencedor: Grupo roxo
9 2ª Rodada Repolho 397,56 Milho 154 Amora 365,5 Tomate 260 Vencedor: Grupo Amarelo 3ª Rodada Rosa 382,5 Melancia 141 Abóbora 185 Cenoura 225 Vencedor: Grupo Amarelo 4ª Rodada Cebola 154 Couve-flor 116,66 Beterraba 160 Tulipa 175 Vencedor: Grupo Vermelho 5ª Rodada Morango 47,4 Pimenta 80 Batata 108,25 Soja 57,5 Vencedor: Grupo Roxo rodadas. A Figura 5 apresenta fotos dos estudantes conferindo os resultados da terceira etapa de FIGURA 5 Fotos dos grupos durante a 3ª Etapa do Jogo
10 Finalizada as etapas do jogo, houve empate entre os grupos Roxo e Amarelo, então o vencedor foi o grupo que teve a carta de maior valor (carta do Café). Portanto, o grupo vencedor foi o Roxo. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao construirmos esse Jogo tivemos por objetivo propor uma atividade de ensino de Matemática, que pudesse de alguma forma atrair a atenção dos alunos. O jogo Mini Fazenda Matemática foi elaborado a partir de um aplicativo virtual que foi adaptado para o ambiente concreto. Segundo pesquisas realizadas no decorrer deste trabalho, os jogos constituem-se em uma poderosa ferramenta auxiliar a disposição do professor. Como já destacado, o jogo proposto foi baseado num aplicativo da internet, que tem uma grande quantidade de acessos, por parte dos adolescentes, sendo esse o principal motivo para realização deste trabalho. Nossas expectativas quanto à aceitação do jogo pelos alunos foram alcançadas, pois estes demonstraram curiosidade e interesse no decorrer do trabalho. Percebemos, ainda que a maioria dos estudantes pareciam familiarizados com o Minifazenda Matemática, este fato se deve, certamente pela popularidade do jogo na internet. Com essa aplicação foi possível também perceber vários aspectos a serem ajustados, como por exemplo, a questão da escolha das cartas. Nota-se que é na 1ª fase que os grupos têm a possibilidade de ganhar o jogo. Uma vez que escolhidas as cartas, só resta ao grupo torcer para que os valores sejam bons. Por outro lado, os alunos devem prestar atenção ao fazer cálculos, se por acaso algum grupo fizer alguma conta errada, isso também pode ser um fator decisivo no resultado final. A alternativa então é que todos os grupos fiquem atentos, não apenas com os próprios cálculos, mas também conferindo os cálculos dos adversários, sendo um aspecto muito positivo do jogo. AGRADECIMENTOS As autoras agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento do subprojeto Licenciatura em Matemática do
11 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o qual proporcionou o desenvolvimento e a confecção do jogo Mini fazenda matemática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Brasília: MEC/ SEF, GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso dos jogos na sala de aula. São Paulo, Tese (Doutorado em Educação) UNICAMP, Campinas, GRANDO, R. C. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula. São Paulo: Editora Paulus, MOREIRA, A. F. B.; KRAMER, S. Contemporaneidade, educação e tecnologia. Educ. Soc. [online], vol.28, n.100, p , SMOLE, K. S; DINIZ, M. I.; MILANI, E. Jogos de matemática de 6 a 9 ano. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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