MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA-GERAL Processo PGT/CCR/PP/Nº 15437/2013

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1 Câmara de Coordenação e Revisão Origem: PRT 4ª Região Interessados: 1. João Carlos Strappazzon 2. Carlos Maier Pilla/Lúcia Salinet Pasquato/SERPRO Regional Porto Alegre/Maria Luiza Fonticielha/Daniel de Souza Sana Anna/Renato Aristeu Gomes Assunto: Meio Ambiente do Trabalho Procuradora Oficiante: Dr.ª Marselha Silvério de Assis EMENTA RECURSO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO PARA ARQUIVAMENTO. DENÚNCIA DE IRREGULARIDADES NA CIPA. DURAÇÃO DO CURSO DE TREINAMENTO. REUNIÕES. PARTICIPAÇÃO DOS SUPLENTES. PRESENÇA DA TÉCNICA DE SEGURANÇA DA EMPRESA. IRREGULARIDADES SANADAS OU INEXISTENTES. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO DO RECURSO. HOMOLOGAÇÃO DA PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO. PRECEDENTE 12 DO CSMPT. 1. O Denunciante, cipeiro suplente do SERPRO, Unidade Regional de Porto Alegre, interpõe Recurso Administrativo contra a promoção de arquivamento do procedimento investigatório sobre supostas irregularidades na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho da Empresa Pública Federal. Preambularmente, manifesta protesto, porque não lhe foi oportunizado o direito constitucional ao contraditório para o arquivamento, nem concedidas vistas e cópias dos autos, razão pela qual o recurso baseou-se apenas na Notificação. No mérito, reconhece a correção da carga horária de treinamento oferecida aos membros da CIPA. Todavia, insiste na adoção de providências do MPT para garantir a participação dos cipeiros suplentes nas reuniões da Comissão, questão objeto de processo judicial, e impedir a presença indevida da técnica em segurança do trabalho da empresa nessas reuniões, que prejudicaria a independência do órgão. Esse patrulhamento da CIPA estaria evidenciado pelo problema até hoje não resolvido do perigo de queda no Caminho das Flores, trajeto do 1

2 SERPRO de Porto Alegre onde já houve acidente grave com empregada de confiança, fato comunicado ao MPT em outra denúncia. 2. A promoção de arquivamento de inquérito civil ou de procedimento preparatório não é condicionada à oferta de uma oportunidade imediata de contraditório ao Denunciante, porque tais procedimentos administrativos, balizados no princípio inquisitório de investigação, dirigem-se à colheita de elementos para que o Membro Instrutor forme a sua convicção sobre a existência de substrato fático para o ofício judicial ou extrajudicial do Ministério Público, sem definir direitos ou deveres dos interessados. A legislação exige tão somente a fundamentação do ato e o controle pelo Órgão Competente, no caso do MPT, esta Câmara de Coordenação e Revisão, que homologará ou rejeitará o arquivamento proposto na origem, analisando as razões de eventual Recurso Administrativo do Denunciante, via de impugnação que lhe possibilita o exercício do contraditório diferido para a instância revisional. (Inteligência do Artigo 9º, caput e 1º, da Lei 7.357/1985, c/c Artigos 10 e 10-A da Resolução 69/2007 do CSMPT). 3. A carga horária do curso de treinamento oferecido aos membros da CIPA da unidade do SERPRO de Porto Alegre/RS foi complementada, atingindo o mínimo de 20 horas exigido pela NR 05 da Portaria 3.214/1978 do MTE, conforme reconheceu o próprio Recorrente. 4. A participação dos membros suplentes nas reuniões da CIPA, além de judicializada pelo Denunciante, é garantida pelos atuais cipeiros titulares, segundo noticia a Empresa Pública Federal. Não denota ingerência do empregador na CIPA a simples presença da técnica de segurança do trabalho do SERPRO nas reuniões, sendo até conveniente o auxílio dessa profissional, que pode contribuir com o seu conhecimento técnico, sem quebra da autonomia dos membros da Comissão, que mantêm a prerrogativa de deliberação final, mediante votação, sobre as ações, medidas e campanhas a serem tomadas para o resguardo do meio ambiente laboral seguro e equilibrado. 5. O problema do trajeto perigoso no SERPRO de Porto Alegre (Caminho das Flores) foi comunicado ao MPT em outra denúncia, como informou o Denunciante, que hoje está apto para atuar na qualidade de cipeiro suplente. 2

3 Ademais, transparece o propósito emulativo do Recorrente, a partir da postura pródiga em formular acusações e queixas, a exemplo da reclamação de que o seu recurso fundou-se apenas na Notificação, porque não obteve vistas nem cópias dos autos, não cuidando, porém, de interpor novo recurso ou de aditar as razões do seu apelo quando o Órgão Instrutor concedeu-lhe vistas e reabriu o prazo para recorrer. 6. Recurso Administrativo conhecido e improvido, homologando-se o arquivamento proposto. Incidência do Precedente nº 12 do CSMPT. Relatório João Carlos Strappazzon, Analista de Sistemas do Serviço Federal de Processamento de Dados, então Cipeiro 1º Suplente Eleito, denunciou a ocorrência das seguintes ilegalidades na Comissão Interna de Prevenção de Acidente de Trabalho (CIPA) da Regional de Porto Alegre do SERPRO: a) treinamento dos cipeiros em curso de apenas 08 horas-aula, duração inferior às 20 horas-aula exigidas pela Norma Regulamentadora nº 05 da Portaria 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego; b) superfaturamento na contratação da empresa para ministrar o curso; c) boicote sistemático à atuação do Denunciante como suplente, ficando impedido de participar das reuniões mensais da CIPA, cujo cronograma careceria de publicidade; d) tutela e controle da CIPA pela técnica em segurança do trabalho da empresa, que comparecia indevidamente a todas as reuniões da Comissão (fls. 03/09). A Procuradora do Trabalho, Dr.ª Tayse de Alencar Macario da Silva, da PRT da 4ª Região, promoveu o arquivamento do procedimento investigatório, após análise dos documentos carreados aos autos pela Denunciada, sob o fundamento de que houve a correção voluntária da irregularidade no curso ministrado aos membros da CIPA, mediante complementação do treinamento (fls. 90/92). 3

4 A Procuradora Oficiante assentou, ainda, que o superfaturamento na contratação do curso da CIPA não constitui matéria afeta às atribuições do MPT, deixando de comunicar o fato alegado aos órgãos competentes pela falta de indícios de materialidade. Por fim, aceitou as explicações da Denunciada sobre a publicidade das reuniões da CIPA e a falta de convite para cipeiro suplente, descartando ingerência do empregador pela simples participação da técnica em segurança do trabalho da empresa nas reuniões da Comissão. Inconformado, o Denunciante, atualmente CIPEIRO 2º Titular Eleito, interpôs Recurso Administrativo contra o arquivamento da Denúncia (fls. 105/109). Preambularmente, apresentou protesto porque o MPT não lhe oportunizou o contraditório, acreditando nas falsas afirmações do SERPRO, e também porque exigiu solicitação formal para lhe conceder vistas e cópias do feito, não deferidas até aquele momento, razão pela qual o recurso baseou-se apenas na Notificação da decisão de arquivamento, enquanto o correto seria o direito de ter vistas e de extrair cópias a qualquer tempo, desde que os autos estejam na secretaria. Na matéria de fundo, o Recorrente admitiu a solução do problema relativo à carga horária do curso de treinamento da CIPA. Todavia, ele renovou o pedido de providências ao MPT para garantia da participação do membro suplente nas reuniões e nas demais atividades da Comissão, questão objeto de processo judicial e de manifestação favorável dos cipeiros titulares da nova gestão. Ademais, voltou a questionar a presença nas reuniões da técnica em segurança do trabalho da empresa, em prejuízo à independência da CIPA, conforme evidenciaria o problema do Caminho das Flores, pendente de solução, não 4

5 tendo sido providenciada a interdição de trajeto perigoso da Regional do SERPRO de Porto Alegre, onde já ocorreu grave acidente com uma trabalhadora, irregularidade também denunciada ao MPT. Diante da manifestação do Denunciante, a Instrutora do feito autorizou a extração de cópias, sem ônus ao MPT, e reabriu o prazo de 10 (dez) dias para a interposição do recurso, após notificação do interessado, que, entretanto, deixou de apresentar novo recurso ou mesmo aditamento às razões do primeiro apelo. A Procuradora do Trabalho Oficiante manteve a promoção de arquivamento pelos seus próprios fundamentos (fl. 134). O SERPRO apresentou contrarrazões às fls. 145/147. Esclareceu que a atual Gestão da CIPA deliberou, por unanimidade, pela participação dos cipeiros suplentes nas reuniões independentemente da presença ou ausência dos membros titulares. Também sustentou a conveniência da participação da técnica de segurança do trabalho para auxiliar os membros da CIPA por meio de sugestões e opinião técnica, cabendo aos membros da Comissão, mediante votação, decidir sobre as ações e campanhas a serem postas em prática. Admissibilidade É o Relatório. Conheço do Recurso Administrativo, porque atendido o prazo disposto no art. 10-A da Resolução 69/2007 do CSMPT. Fundamentação A promoção de arquivamento de inquérito civil ou de procedimento preparatório não é condicionada à oferta de uma 5

6 oportunidade imediata de contraditório ao Denunciante, porque tais procedimentos administrativos, balizados no princípio inquisitório de investigação, dirigem-se à colheita de elementos para que o Membro Instrutor forme a sua convicção sobre a existência de substrato fático para o ofício judicial ou extrajudicial do Ministério Público, sem definir direitos ou deveres dos interessados. A legislação exige tão somente a fundamentação do ato e o controle pelo Órgão Competente, no caso do MPT, esta Câmara de Coordenação e Revisão, que homologará ou rejeitará o arquivamento proposto na origem, analisando as razões de eventual Recurso Administrativo do Denunciante, via de impugnação que lhe possibilita o exercício do contraditório diferido para a instância revisional. (Inteligência do Artigo 9º, caput e 1º, da Lei 7.357/1985, c/c Artigos 10 e 10-A da Resolução 69/2007 do CSMPT). A carga horária do curso de treinamento oferecido aos membros da CIPA da unidade do SERPRO de Porto Alegre/RS foi complementada, atingindo o mínimo de 20 horas exigido pela NR 05 da Portaria 3.214/1978 do MTE, conforme reconheceu o próprio Recorrente. A participação dos membros suplentes nas reuniões da CIPA, além de judicializada pelo Denunciante, é garantida pelos atuais cipeiros titulares, segundo noticia a Empresa Pública Federal. Não denota ingerência do empregador na CIPA a simples presença da técnica de segurança do trabalho do SERPRO nas reuniões, sendo até conveniente o auxílio dessa profissional, que pode contribuir com o seu conhecimento técnico, sem quebra da autonomia dos membros da Comissão, que mantêm a prerrogativa de deliberação final, mediante votação, sobre as ações, medidas e campanhas a serem tomadas para o resguardo do meio ambiente laboral seguro e equilibrado. 6

7 O problema do trajeto perigoso no SERPRO de Porto Alegre (Caminho das Flores) foi comunicado ao MPT em outra denúncia, como informou o Denunciante, que hoje está apto para atuar na qualidade de cipeiro suplente. Ademais, transparece o propósito emulativo do Recorrente, a partir da postura pródiga em formular acusações e queixas, a exemplo da reclamação de que o seu recurso fundou-se apenas na Notificação, porque não obteve vistas nem cópias dos autos, não cuidando, porém, de interpor novo recurso ou de aditar as razões do seu apelo quando o Órgão Instrutor concedeu-lhe vistas e reabriu o prazo para recorrer. Em conclusão, as irregularidades denunciadas ou inexistiram ou foram sanadas, o que atrai a incidência do Precedente nº 12 do CSMPT. Voto: nos termos do Precedente nº 12 do CSMPT, voto pelo conhecimento e não provimento do Recurso Administrativo, homologando a proposta de arquivamento. Brasília, 30 de outubro Edelamare Barbosa Melo Relatora 7

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