OPINIÃO. Técnica superior do NAM da Divisão de Ligação entre Polícia e Comunidade e Relações Públicas da PJ. Lok Cheng

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1 A PROBLEMÁTICA DA CRIMINALIDADE LIGADA À DROGA ENTRE OS JOVENS DE MACAU Técnica superior do NAM da Divisão de Ligação entre Polícia e Comunidade e Relações Públicas da PJ Lok Cheng I. Preâmbulo Nos últimos anos, os problemas ligados à droga entre os jovens de Macau têm vindo a agravar-se, isto devido, por um lado, à mudança dos locais habituais de consumo, antes consumia-se nos karaokes, discotecas etc., agora passou-se gradualmente para habitações, quartos de hotel e nalguns casos além fronteira. Por outro lado, houve mudanças na forma de embalar a droga, os traficantes tentam assim atrair mais jovens mas também encobrir as suas reais intenções. Quem vende a droga usa a internet para passar aos jovens informações falsas e vender-lhes estupefacientes, fazendo com que o crime se realize fora de Macau, causando assim dificuldade para a polícia, a nível da descoberta do crime e no próprio combate. Como de facto os jovens são o futuro da sociedade, se estiverem viciados em drogas, para além de lhe causar graves danos físicos e mentais pode também afectar o seu futuro por terem violado a lei. Neste sentido, a sociedade tem que encarar esta problemática da camada mais jovem, definindo, quanto antes, estratégias para prevenção e tratamento. Para além disso, podemos ainda, através da cooperação, construir um ambiente mais favorável para o seu desenvolvimento, de forma a criar-se novas gerações mais qualificadas. II. Características e tendências da criminalidade LIGADA À droga entre OS jovens Conforme os dados registados entre 2011 e 2013 da Polícia Judiciária, verifica-se que o número de pessoas presentes ao Ministério Público por tráfico e consumo de estupefacientes foi de 235, 286 e 440, respectivamente. Destes, os jovens com idade igual ou inferior a 18 anos foram 31, 24 e 20, respectivamente, correspondendo a 13%, 8,4% e 4,5%, respectivamente. Estes dados revelam-nos que houve um aumento substancial do número de casos de droga resolvidos pela PJ, mas houve uma descida em relação à proporção de jovens envolvidos. Por outro lado, de acordo com os dados registados no Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes de Macau 1 (Sistema de Registo Central), entre 2011 e 2013, têm sido notificados, respectivamente, 633, 584 e 636 indivíduos, de entre os quais, 110, 76 e 65 eram jovens que consumiam droga, representando o 17,4%, 13% e 10,2%, respectivamente. Apesar de tudo, tem-se verificado, nos últimos anos, um aumento do número de toxicodependentes notificados, porém o número de jovens tem diminuído. No entanto, apesar destes números terem descido, não significa que tenha havido muitas melhorias nesse âmbito. Em 2013, a PJ resolveu vários casos relacionados com o tráfico e 57

2 consumo de droga em estabelecimentos de ensino. Os jovens envolvidos induziam os amigos a adquirir a droga na China continental para depois vendê-la entre colegas da própria escola, chegando-se a situações onde houve consumo de estupefacientes nas casas de banho. Este tipo de criminalidade entre os jovens mostra uma certa tentativa de dissimulação, merecendo muita atenção por parte da sociedade. Para além disso, de acordo com os dados registados no Sistema de Registo Central, a proporção de jovens que consomem na própria casa, em casa dos amigos e em quartos de hotel aumentou consideravelmente, de 58,5% em 2011 para 71% em Isto significa que mais de metade do consumo juvenil é feito em lugares que servem para esconder. As substâncias mais consumidas são a quetamina e o ice, entre os novos estupefacientes, podem ser mais facilmente dissimuladas, em comparação com a droga convencional, a heroína. O seu uso é simples, pode ser por inalação ou por via oral, sem ser necessário injectar-se, não são necessários utensílios, por isso aumenta a dificuldade em se identificar, de facto, uma pessoa que consome. A indisposição física e os danos para o organismo que estes produtos causam não são imediatos, pode demorar anos. Por outro lado, os traficantes, para esconderem a droga, empacotam-na como se fossem petiscos, rebuçados ou bebidas ou outros produtos. Até lhe dão nomes como café em pó, happy water e outras designações, para alertar menos os possíveis consumidores. Os traficantes usam a internet ou o correio para vender os estupefacientes aos jovens, levando-os a cair nas suas armadilhas. Os lugares utilizados, o tipo de droga consumida e o modus operandi utilizado mostram-nos que há uma evidente tentativa de esconder o consumo e tráfico de estupefacientes. Ao mesmo tempo, a situação dos crimes de droga, cometidos além fronteira por parte de pessoas mais jovens tem vindo também a agravar-se. Em 6 de Janeiro de 2005, as polícias de Guangdong e Macau assinaram um acordo de cooperação para a entrega, em Macau, de indivíduos aqui residentes, consumidores de estupefacientes, detidos na Província de Guangdong. A partir daquela data, os residentes interceptados na Província de Guangdong por consumo de droga depois de serem sancionados pela polícia da China continental, são entregues à Polícia Judiciária. De acordo com os dados na nossa posse, no primeiro semestre de 2014, houve 121 residentes com detenção administrativa na China continental devido ao consumo de droga naquela província, dos quais, 16 eram jovens com idades entre os 16 e os 21 anos e 1 com menos de 16 anos, não responsável criminalmente. Quanto aos locais onde foram interceptados, na sua maioria trata-se de residências e pensões. Por outro lado, de acordo com os dados revelados pela mesma base de dados, nos últimos anos, o consumo de droga entre os jovens na China continental tem-se tornado comum, entre 2011 e 2013 mais de 40% dos casos registados em Macau, ocorreram na China continental, pois aí, o seu custo e as despesas de consumo são relativamente mais baixos do que em Macau e Hong Kong, e os locais onde se pode consumir são imensos e a deslocação é fácil, é possível ir e voltar no mesmo dia sem que a família se aperceba. O pior é que a maioria dos consumidores considera que ser detido na China por consumo de droga é pouco provável, estes são os factores que atraem os jovens a consumir droga do outro lado da fronteira. Para além disso, por vezes são instigados pelos criminosos para trazerem droga e vendê-la em Macau. Por isso, nos últimos anos, a criminalidade ligada à droga entre 58

3 os jovens de Macau está a ir progressivamente para fora da cidade, aumentando, desta forma, as dificuldades das autoridades policiais a descobrir e combater estes crimes. III. A origem da criminalidade LIGADA À droga ENTRE os jovens Conforme a Teoria da Contenção de Walter Reckless 2 há três tipos de pressão na sociedade que levam à criminalidade individual: 1. Pressões externas 2. Pressões internas e 3. Atracções externas. Tenta-se aqui, com base nesta subdivisão, de analisar as causas da criminalidade ligada à droga praticada pelos jovens de Macau. (I) Pressões externas As pressões externas são por exemplo situações de jovens que provêm de famílias disfuncionais, com má relação entre pais e filhos, métodos educativos demasiado rígidos e autoritários, mau ambiente de vida, falta de condições económicas, abandono escolar, desemprego ou falta de qualificações profissionais etc. Em particular, devido ao rápido desenvolvimento e às mudanças da estrutura da sociedade de Macau registados nos últimos anos, há muitas famílias em que o pai e a mãe trabalham por turnos. Isto faz com que faltem oportunidades de comunicação entre pais e filhos, ignorando-se, desta forma, os comportamentos e necessidades dos descendentes. Se um jovem cair no vício e os seus pais não o detectam e não o corrigem atempadamente, pode facilmente tornar-se num desvio comportamental. Os jovens toxicodependentes têm vários tipos de problemas na própria família, como ter pai ou mãe solteiros ou ser os avós a educá-los e tomar conta deles. Tendo em conta que estes jovens têm uma família incompleta e uma má relação com os pais, muitas vezes perdem, durante o seu processo de crescimento, dependência da família fazendo com que caiam no vício da droga. Para além disso, é muito fácil um jovem tornar-se num consumidor, se houver um familiar toxicopendente, tende a imitá-lo. (II) Pressões internas Na fase de crescimento os jovens confundem facilmente os papéis e duvidam de si mesmos, têm pressões a nível de estudo ou devido à própria vida, vivem tensões provocadas pelas relações sociais, conflitos internos, complexos de inferioridade, frustrações etc. Segundo os dados constantes do Sistema de Registo Central de 2013, as causas do consumo de droga no universo dos jovens toxicodependentes com menos de 21 anos são aliviar o stress / as dores / a frustração / o aborrecimento, 23,9%, enquanto que a procura de algo excitante aponta para os 12,8%. No processo de crescimento, se o jovem não for capaz de encarar correctamente as vicissitudes e lidar com o stress, terá problemas psicológicos ou comportamentais. A maior parte deles sentese frustrada, tem falta de auto-identidade, normalmente sente-se inferiorizado e não consegue agir com racionalidade, usando a droga para se afastar temporariamente da realidade ou valorizar a sua posição entre os amigos. Para além disso, os novos tipos de droga causam uma dependência psicológica maior do que física e é difícil deixá-las, por isso repetem a experiência. (III) Atracções externas Consistem em contactos com marginais, influência dos media e subcultura do desvio etc. A Teoria Social Cognitiva 3 de Akers considera que há um determinado processo de aprendizagem na contemporização individual, adaptação ou desvio e comportamento desviante. A influência dos amigos é a principal causa que 59

4 conduz os adolescentes ao consumo, e o primeiro contacto com a droga surge normalmente entre amigos. Acontece na maioria dos casos, as pessoas com quem eles convivem incluem jovens toxicodependentes, cria-se assim um efeito de massa crítica fazendo com que se convençam mutuamente a consumir, ou até começar a vender droga aos amigos. Por outro lado, os criminosos utilizam vários métodos para cativar o cliente, como oferecer o produto a um preço que o jovem possa suportar e fornecem-lhe meios para obter o produto com facilidade, induzindo-o a consumir. Às vezes são notícias sobre actores que consomem droga que os levam a imitá-las, ou até a pensar que o consumo de droga, entre outros desvios comportamentais, é cultura moderna, por isso adoptam-na cegamente. IV. Flagelo da droga para a juventude (i) Danos graves para a saúde física e mental Os novos tipos de droga que os jovens consomem hoje em dia criam facilmente fortes ligações, fazendo com que seja necessário aumentar continuamente as doses, e constituindo, deste modo, uma forte dependência. Ficou provado, em vários estudos que o ice causa danos irreversíveis para o cérebro, apoplexia, paragens cardíacas, podendo levar até à morte. O consumo de ice pode causar facilmente psicose tóxica, originando alucinações ou delírios como também comportamentos violentos e agressivos. A quetamina é uma substância, que ficou confirmado, prejudica as principais funções do organismo, causa problemas cardiovasculares, de respiração, neurológicos, gastrointestinais, dos sistemas reprodutor e imunológico. O uso frequente da quetamina pode causar disfunções na bexiga, alteração das funções renais, fazendo com que aumente a necessidade de urinar até atingir uma frequência de cerca de 15 minutos, mesmo depois do transplante renal, as funções daqueles órgãos podem ser irrecuperáveis. Por outro lado, a droga é prejudicial para o crescimento e o desenvolvimento dos jovens que a usam, pode prejudicar a sua vida social, os seus estudos e desenvolvimento dos seus interesses normais. De acordo com a teoria do psicólogo Erik Erikson 4, a auto-identidade é indispensável para o processo de crescimento da adolescência. Se esse processo não tiver tido um decurso normal, poderá haver impactos para o desenvolvimento psicológico. Quem consome droga na adolescência, mesmo que deixe o vício na idade adulta, poderá na mesma ter uma paragem do seu desenvolvimento psicológico na fase adolescencial e não se adaptar à vida normal, poderá ser levado a confundir os papéis e revelará falta de auto-confiança e perda de objectivos na vida, entre outros sintomas psicológicos. (II) Ir contra a lei destrói o futuro A idade de imputabilidade penal, nos termos previstos no Código Penal de Macau, é de 16 anos, ou seja, quando uma pessoa, no momento da sua prática, tenha completado 16 anos, terá plena responsabilidade penal, assim poderá ser punido com pena de prisão e ser cadastrado no registo criminal. Conforme as disposições estipuladas na lei n.º 17/2009 Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícitos de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas 5, à produção, fabrico, venda ou transporte ilícitos de estupefacientes, é aplicada uma pena de prisão até 16 anos. Quem ilicitamente estiver na posse, adquirir ou fabricar droga para consumo pessoal é punido com pena de prisão até 3 meses ou com pena de multa até 60 dias. Para além disso, quem incitar alguém, em público ou em privado, a usar 60

5 droga, mesmo não a tendo fornecido é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa 6. A mesma Lei determina ainda que 7, se a entrega da droga a menores ou a distribuição por um grande número de pessoas, ou, a produção ou tráfico ilícito de estupefacientes seja feito por intermédio de sociedade secreta ou associação criminosa, haverá agravamento de circunstâncias dos crimes de droga, e neste caso, o agente será punido com penas agravadas de um terço nos seus limites mínimo e máximo. Os casos dos jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos, isto é, que tenham completado 12 anos e ainda não tenham ainda 16 anos são regulamentados pela Lei n.º 2/ Regime Tutelar Educativo dos Jovens Infractores, em circunstâncias muito graves, os mesmos são condenados pelo juiz em internamento no Instituto de Menores 8. Enquanto que se o infractor não tiver completado 12 anos de idade será sujeito a providências gerais aplicadas no Decreto-Lei n.º 65/99/M - Regime de Protecção Social, e colocado em instituições como lares para crianças 9. Portanto, qualquer pessoa, se tiver cometido um crime, terá que assumir alguma responsabilidade, independentemente da sua idade. A adolescência é a fase de crescimento mais importante da nossa vida. A prática de actos contra a lei, nomeadamente de crimes de droga pode comprometer o resto da vida, o que representa uma grande ameaça. (III) Perturbações causadas e problemáticas que se estendem à família Se um jovem for toxicodependente, os seus familiares, parentes e amigos ficarão também afectados. Em geral, existem dois tipos de atitudes que os familiares do toxicodependente tomam, repreendem o comportamento do filho, fazendo assim com que haja conflitos familiares e quebra das relações; ou então, os familiares, por causa da preocupação com a situação do filho, geram também em si próprios ansiedade, stress e inquietação e acabam por entrar numa fase de exaustão física e mental. Quando houver um jovem toxicodependente em casa, os seus irmãos podem facilmente ser influenciados e imitá-lo. Segundo os dados do Sistema de Registo Central de 2013, cerca de 40% dos familiares dos toxicodependentes também consomem droga. Os jovens tentam esconder o seu hábito de consumo de droga, mais de metade deles, com idade inferior a 21 anos, consome droga em casa ou em casa dos amigos, muitas vezes deixam os utensílios utilizados no próprio local, assim podem facilmente ser descobertos pelos irmãos que eventualmente serão levados a imitar o acto. (IV) Indução a outros crimes e influências na estabilidade social Quando os jovens abandonam os estudos por causa do consumo de estupefacientes, têm muita dificuldade em entrar no mercado de trabalho, isto faz com que haja uma redução da força de trabalho e de produtividade, enfraquece o potencial dos recursos humanos de Macau e afecta o desenvolvimento global da sociedade. O problema da droga aumenta também as despesas de execução da lei e os custos da prevenção, desintoxicação, educação e de assistência social, para além dos gastos financeiros resultantes dos danos e prejuízos causados por toxicodependentes sob o efeito de estupefacientes. O toxicodependente corre ainda o risco potencial de ser infectado por doenças como SIDA, doenças venéreas etc., quando assim acontece, pode também ameaçar a saúde pública e ter um impacto negativo na imagem turística internacional de Macau. Para além disso, o consumo de droga está frequentemente ligado a outros actos criminosos, 61

6 os narcotraficantes, com vários sistemas, por exemplo oferecem droga gratuita para levar o jovem a experimentar, uma vez entrado em contacto com a droga, é facilmente sujeitos a manipulação e levado a participar numa variedade de crimes, inclusive transportar e traficar droga. Por outro lado, nas festas, é muito comum que seja oferecida droga gratuita às raparigas, correm assim o risco potencial de violação, podem até chegar a ser controladas para a prática da prostituição. Em resumo, os delinquentes geralmente utilizam a droga para controlar os jovens para a prática de vários actos criminosos, isto constitui outra ameaça para a segurança e estabilidade da sociedade. V. Estratégias de prevenção e combate à delinquência juvenil relativa à droga A PJ tem a competência exclusiva 10 para a investigação dos crimes relacionados com droga e é da responsabilidade exclusiva da Divisão de Investigação e Combate ao Tráfico de Estupefacientes (DICTE) investigar os crimes estipulados na Lei n. o 17/2009 Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícitos de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Por isso, a PJ utiliza estratégias multifacetadas para a prevenção destes crimes entre os jovens. No âmbito da recolha de informações, a PJ dispõe de vários meios que funcionam 24 horas por dia, nomeadamente o Núcleo de Denúncias, a linha aberta, fax e correio electrónico, além disso, tem-se estabelecido mecanismos de cooperação entre as polícias de Guangdong, Hong Kong e Macau, por forma a intensificar a troca de informações e a colaboração na investigação, adicionalmente, recebem-se ainda informações dos crimes ligados a estupefacientes através da Interpol. Quanto à ajuda tecnológica, a PJ tem instalado aparelhos de raios-x para detecção de estupefacientes em corpo humano, nos postos fronteiriços importantes como o Aeroporto Internacional de Macau, Terminal Marítimo do Porto Exterior etc., com o intuito de detectar a entrada de estupefacientes em Macau, utilizado como ponto de passagem. Quanto a divulgação da prevenção dos crimes ligados à droga no seio da comunidade, a PJ realiza palestras sobre a identificação das drogas, destinadas aos funcionários que lidam com o público e aos empregados de limpeza dos quartos de casinos e hotéis, com vista a sensibilizá-los a tomar a iniciativa de comunicar eventuais descobertas de sinais de crimes ligados a estupefacientes. Ao mesmo tempo, a PJ, através do Grupo de Prevenção Criminal na Área da Habitação e o grupo Amigos da Prevenção Criminal na Área da Habitação, organiza e promove várias acções de prevenção criminal, esperando assim que a força comunitária e do público em geral amplie a rede de recolha de informações, ajudando desta forma a polícia na investigação e resolução dos crimes, para construir uma forma interactiva de cooperação entre polícia e população. Perante os problemas da droga cada vez mais graves, a PJ tem participado quer na troca de informações a nível internacional quer na colaboração regional, para se inteirar das disposições estratégicas e das experiências feitas noutros países no combate a este tipo de crimes, e para conhecer as técnicas mais recentes de exame aos estupefacientes, de forma a inteirar-se melhor sobre as situações e tendências mais actuais dos crimes ligados à droga, definir medidas e programas de forma atempada, de modo a aumentar a eficácia do trabalho de combate à droga. Tendo em conta a tendência entre os jovens para dissimular e actuar além-fronteiras, a PJ, continuando a investigação e combate aos 62

7 crimes ligados à droga, fortalece também, no que concerne a prevenção, a divulgação de conceitos de recusa da droga, para aumentar o sentido de prevenção entre os jovens. Para efectuar um trabalho mais eficaz de prevenção da delinquência juvenil, em Fevereiro de 2000, foi criado o Núcleo de Acompanhamento de Menores (NAM), ao qual compete estudar as atitudes de desvio e criminais dos adolescentes e jovens no percurso do seu crescimento, estudar e analisar as características e tendências da delinquência juvenil de Macau e tomar medidas oportunas, mediante a comunicação e a cooperação com escolas, associações juvenis, órgãos governamentais e encarregados de educação, prevenir a delinquência juvenil e dar aos jovens apoio para que estes possam crescer saudavelmente, para além disso, através da organização de campanhas de divulgação da lei, tais como palestras ou colóquios, divulgar aos jovens informações sobre o cumprimento da lei, o conceito correcto de vida, bem como dar-lhes orientação para ajudá-los a diferenciar o bem do mal e afastarem-se do crime. Para aprofundar o policiamento de proximidade e promover a divulgação da prevenção da delinquência juvenil, em 31 de Outubro de 2012, o NAM foi integrado na Divisão de Ligação entre Polícia e Comunidade e Relações Públicas, de modo a aproveitar melhor dos recursos e da rede existente de policiamento de proximidade, aumentando assim a eficácia do trabalho de prevenção da delinquência juvenil. A droga faz danos profundos e permanentes que constituem uma influência negativa para o indivíduo, a sua família e para a sociedade. Para fazer frente à tendência dos jovens para dissimular e actuar além-fronteiras no que toca aos problemas da droga, o NAM adoptou medidas efectivas efectuando trabalho do ponto de vista da prevenção e educação, para evitar o envolvimento dos jovens com a droga. (I) Actualização contínua dos conhecimentos sobre a droga entre os jovens As influências dos amigos e das celebridades podem levar os jovens a mitos errados relativamente à droga, estes subestimam os danos que podem ser causados pelos novos tipos de droga, para além disso, surgem continuamente novas drogas. Os traficantes, sabendo da curiosidade típica dos jovens, convencem-nos a consumir droga mediante várias formas de promoção, nomeadamente, oferecendo-lhes droga gratuita ou fingindo ser muito amigos, para assim lhes vender mais droga e ganhar mais, até chegarem a instigá-los a vender a droga aos seus amigos. Tendo isto em conta, a PJ, continua a cooperar com todas as escolas de Macau, através de palestras realizadas pelo NAM, com temas sobre crimes relativos à droga etc., sensibilizam-se assim os estudantes acerca dos danos que a droga pode causar, as técnicas para recusar a droga, as normas jurídicas e a responsabilidade penal correspondente, entre outros, de forma a melhorar o conceito de prevenção entre os jovens e explicarlhes os métodos para denunciar a descoberta de eventuais crimes de consumo e tráfico de estupefacientes, assim construindo um sistema positivo e interactivo de cooperação políciapopulação para eliminar os problemas ligados aos estupefacientes. (II) Ensinar a identificar a droga aos encarregados de educação E ÀS escolas Relativamente aos vários casos acontecidos em 2013, nas escolas, de consumo e tráfico de droga que envolvem estudantes, o NAM, logo após a ocorrência destes crimes, planeou medidas efectivas para dar resposta à emergência, tomou a iniciativa de contactar as escolas de Macau, emitiu avisos urgentes e distribuiu cartazes 63

8 publicitários anti-droga, recordando-lhes para denunciar imediatamente à PJ casos que eventualmente indiciassem a participação de estudantes em crimes relacionados com droga. Por outro lado, o grupo foi a todas as escolas de Macau e convidou-as a participar nas sessões de esclarecimento sobre a identificação das drogas, onde os funcionários da DICTE explicaram ao pessoal docente e funcionários da escola a situação dos novos tipos de droga e o método de identificação. Ao mesmo tempo, mediante as associações de pais, convidou os encarregados de educação a participarem nessas sessões, com vista a aumentar a atenção do pessoal docente e funcionários de escola, para estes se aperceberem do envolvimento dos filhos ou alunos em crimes relacionados com droga, foi-lhes ainda explicado como reagir nesse tipo de situações. (III) Divulgação diversificada sobre a prevenção da delinquência juvenil Para promover com mais eficácia a prevenção da delinquência juvenil, o NAM, nos últimos anos, tem desenvolvido campanhas de sensibilização diversificadas. Em Julho de 2013, lançou a 1ª edição do projecto Guia Juvenil para Combater o Crime, através da realização de uma série de acções de formação destinadas aos estudantes do ensino secundário inscritos no projecto, como formação na prevenção criminal e técnicas sobre capacidade de liderança, participação em visitas, actividades de intercâmbio e reuniões onde foram partilhadas experiências policiais, isto permitiu aos participantes de perceber as técnicas de divulgação dos conhecimentos de prevenção criminal, esperando que estes utilizem a sua influência positiva entre jovens e amigos para difundir a semente da justiça nas escolas e divulguem informações sobre prevenção e combate criminal. Com o objectivo de reforçar o sentido de cumprimento da lei e de autoprotecção entre os estudantes de Macau. O NAM, durante o período invernal de 2013, lançou o Concurso de conhecimentos sobre prevenção criminal, destinado aos alunos do ensino secundário de Macau, de modo a desenvolver a capacidade dos jovens quanto a identificação dos crimes e sentido de colaboração com a polícia. Após o lançamento desta actividade, recebemos comentários positivos das escolas e da sociedade em geral, dando-nos mais alento para o nosso trabalho de prevenção da delinquência juvenil. (IV) Trabalho de outreach para transmitir informações anti-droga aos jovens Através do envio de funcionários para as zonas de lazer, parques, campos desportivos e outros locais em todas as zonas da cidade, frequentados pelos mais jovens, o NAM distribuiu folhetos de prevenção e combate criminal, ao mesmo tempo, inteirou-se da situação da segurança daquela zona e das suas proximidades, lembrou aos jovens para ter cuidado com os seus pertences quando estão a jogar e encorajou-os a denunciar eventuais crimes, assim, através da cooperação com a polícia, é possível prevenir e combater o crime. Em relação ao problema do consumo de droga por parte dos jovens que se deslocam à China, o NAM, durante o Verão de 2014, organizou acções de sensibilização para a prevenção dos crimes ligados à droga, nas proximidades do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, nas quais estiveram presentes os participantes ao projecto Guia Juvenil para Combater o Crime e investigadores da DICTE, deu-se a conhecer aos jovens os prejuízos causados para o corpo e a mente pelo consumo de droga, bem como as responsabilidades penais que daí podem derivar, avisando-os para respeitar e cuidar de si mesmo, dizer não a droga e no caso de souberem de eventuais crimes de consumo e 64

9 tráfico de estupefacientes, tenham a coragem de o denunciar à polícia. (V) Efectuar estudos para elaborar estratégias de prevenção e combate eficazes Com o objectivo de elaborar estratégias eficazes de sensibilização sobre prevenção da delinquência juvenil, o NAM efectuou, na véspera da Páscoa de 2014, um inquérito intitulado Conhecimentos sobre actos criminosos destinado aos jovens, para saber qual o nível de conhecimento relativo aos vários tipos de actos criminosos, nomeadamente os motivos que levam à delinquência juvenil, os tipos de crimes comuns, maneiras correctas de responder no caso de presenciarem ou se depararem com um crime, os meios de acesso às informações da PJ sobre prevenção criminal etc., de forma a recolher dados para estudar e analisar, elaborando, desta forma, medidas mais efectivas de prevenção e combate à delinquência juvenil. Para além disso, o grupo organizou os participantes do projecto Guia Juvenil para Combater o Crime para assistirem ao workshop Problemáticas do abuso de droga entre os jovens, onde foram abordados, por um investigador criminal muito experiente da DICTE e os participantes, temas como os motivos que levam ao uso de drogas entre os jovens, os prejuízos que pode causar a droga e métodos de evitar os danos provocados. Esse encontro deu a possibilidade de perceber melhor a atitude dos jovens acerca dos prejuízos causados pelos estupefacientes, fornecendo assim dados e informações preciosos para o planeamento do trabalho de prevenção da delinquência juvenil que está ligada à droga, tornando assim o nosso trabalho mais científico e virado para o futuro. (VI) Cooperação polícia-escola para criar um ambiente saudável Para intensificar a ligação com as escolas de Macau, a PJ lançou o plano Rede de Comunicação com as Escolas para construir uma plataforma de comunicação, tendo actualmente aderido a este projecto 62 escolas primárias e 48 secundárias de Macau. O plano é liderado pelo NAM que contacta mensalmente com os representantes das escolas quer por quer por fax ou telefone para actualizar a situação, por outro lado, os funcionários do NAM deslocam-se regularmente às escolas para contactar a direcção e os representantes, para trocar opiniões sobre a situação da segurança ao redor destes estabelecimentos de ensino, por forma a que as escolas estejam informadas a tempo dos problemas entre os jovens e que tomem medidas adequadas o mais depressa possível. Com o intuito de aprofundar mais a cooperação e o intercâmbio entre polícia e escolas e optimizar os mecanismos de comunicação, em 15 de Maio de 2014, a PJ organizou o Intercâmbio sobre prevenção criminal entre jovens que contou com a participação de um representante da DSEJ, de uma deputada da AL, de um representante da Associação de Educação de Macau e dos directores ou representantes de 32 das escolas que aderiram ao plano Rede de Comunicação com as Escolas. Nesta ocasião, houve uma troca de ideias entre a direcção e chefes da PJ e os presentes, sobre vários temas tais como a delinquência juvenil em Macau e a cooperação entre polícia e escolas, foram abordados os métodos para melhorar a divulgação e como transmitir conhecimentos sobre prevenção criminal entre os jovens, a abertura de canais de comunicação específicos e rápidos entre a polícia e as escolas e o desenvolvimento de planos de actividades diversificados a nível da cooperação. VI. Conclusão Os jovens encontram-se ainda na fase de crescimento e estão imaturos mentalmente, 65

10 adicionalmente, de uma forma geral, desconhecem os prejuízos causados pela droga, fazendo com que seja mais fácil do que noutras faixas etárias, cair nas armadilhas dos crimes relativos à droga. Por isso, os criminosos aproveitam as características psicológicas dos jovens como a curiosidade, seguir a moda, ser facilmente influenciados pelos amigos etc., para convencê-los a entrar em contacto com a droga e até utilizá-los para transportá-la e traficar. No trabalho de combate à droga em Macau, implementam-se três estratégias, a redução da oferta, da procura e dos prejuízos. Em matéria de redução da oferta, por um lado, a PJ tem-se esforçando no combate à criminalidade relacionada com a droga e na interceptação da droga que entra no território; por outro lado, do ponto de vista da prevenção, intensifica a divulgação anti-droga entre jovens, aprofunda de forma contínua a cooperação com o sector da educação e com os serviços competentes, impedindo assim a propagação dos danos dos estupefacientes nas escolas e na comunidade, para além disso, reforça a educação do público sobre os métodos de identificação da droga e de como denunciar à polícia, assim, através de uma estratégia que combina combate e prevenção, reprime os crimes dissimulados relacionados com droga. Portanto, para resolver eficazmente o problema da delinquência juvenil ligada à droga, a cooperação entre governo, escola, família e cada cidadão comum é indispensável, só então será possível construir um ambiente livre da droga para o crescimento dos jovens. Notas : O Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes de Macau é uma base de dados criada pelo Instituto de Acção Social (IAS), em 2009, com outros serviços públicos e instituições particulares. Este sistema consiste em organizar os dados recolhidos relativos aos toxicodependentes, por forma a perceber as novas tendências da problemática da droga e o número de toxicodependentes existentes em Macau. Os serviços públicos e instituições particulares que estão ligados a este sistema são a Divisão de Tratamento e Reinserção Social do IAS, Serviço de Psiquiatria e Serviço de Urgência dos Serviços de Saúde, Polícia Judiciária, Estabelecimento Prisional de Macau, Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Especial da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Departamento de Reinserção Social e Instituto de Menores da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, Centro de Desintoxicação da Associação do Desafio Jovem, Confraternidade Cristã Vida Nova de Macau-Centro para Reabilitação de Toxicodependentes, Confraternidade Cristã Vida Nova de Macau-Smart Youth, Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau - Centro de Reabilitação, Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau - Serviço Extensivo ao Exterior, Associação Renovação e Apoio Mútuo de Macau, Equipa de Intervenção Comunitária para Jovens da Zona Norte Sheng Kung Hui, Grupo de Apoio aos Jovens da Comunidade da União Geral das Associações dos Moradores de Macau e Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Na Teoria da Contenção de Walter C. Reckless (1961:42-46) considera-se que todas as pessoas são constrangidas por forças diversificadas e contrárias que tanto podem empurrar como afastar a pessoa da criminalidade. A Teoria Social Cognitiva considera que a existência do crime é devida aos contactos com o criminoso do qual se aprendem as suas normas e valores. A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson dividiu a vida normal de uma pessoa em oito fases de desenvolvimento que vão desde a infância até à idade adulta. Cada indivíduo encara e ultrapassa os novos desafios que surgem em cada fase na qual se encontra, o sucesso de cada um depende da fase anterior, ou seja, se não tiver ultrapassado com sucesso os desafios anteriores, poderá enfrentar problemas no futuro. Artigos 7.º, 8.º e 14.º da Lei n. º 17/2009 Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Artigo 12.º da Lei n. º 17/2009 Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Artigo 10.º da Lei n.º 17/2009 Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Artigos 4.º, 25.º a 27.º da Lei n. º 2/2007 Regime Tutelar Educativo dos Jovens Infractores. Artigos 68.º e 74.º do Decreto-Lei n. º 65/99/M Regime de Protecção Social. Vide alínea 2) do n.º 1 do artigo 7.º da Lei n.º 5/2006 Polícia Judiciária. 66