A FOTOGRAFIA COMO FONTE NA HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
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- Raphaella Mendonça Vasques
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1 A FOTOGRAFIA COMO FONTE NA HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR Marilda Cabreira Leão Luiz. UFGD Reinaldo dos Santos. UFGD RESUMO: O estudo ora apresentado utiliza-se da fotografia como fonte para recuperação histórica de uma instituição escolar pública na cidade de Dourados MS, no período de 1968 a Devido à problemática da ausência de uma cultura de sistematização, organização e tratamento do documento fotográfico nos arquivos escolares para preservação da história da escola, o mesmo tem como objetivo sistematizar a imagens fotográficas das ações da Escola Estadual Rotary Dr. Nelson de Araújo de Dourados MS em arquivo escolar, para recuperação da sua história e memória. A investigação está sendo realizada com o auxilio da tecnologia para a captura e escaneamento das fotografias das atividades realizadas pela escola. O interesse por essa temática é um desafio que se coloca, uma vez que há poucos estudos preocupados com a história e memória através das imagens. As imagens parecem mudas, mas tem muito a nos dizer, como pontua Burke (2004) que as fotografias mostram aspectos do passado que outras fontes não conseguem revelar, principalmente nos casos em que os documentos textuais são raros e poucos. Imagens fotográficas são registros através dos quais os historiadores podem estabelecer diálogos, indagar e realizar estudos. Além da dedicação à luz das teorias que a literatura propicia sobre o tema, a pesquisa conta com o apoio do documento CONARQ ( Conselho Nacional de Arquivos) que determina as recomendações para digitalização de documentos arquivisticos permanentes. O andamento da pesquisa até o momento se constitui nas leituras bibliográficas, levantamentos e coleta de dados da escola campo da pesquisa, captação, catalogação, atribuição de ementa, seleção, tratamento e digitalização das imagens fotográficas, as quais serão submetidas à análise, para sistematização do relatório final da pesquisa. A apresentação dos dados coletados através de uma amostragem das imagens fotográficas é de fundamental importância pelo valor informacional fixado em seu conteúdo, onde seu valor de evidência varia segundo as circunstâncias diferenciadas de criação do documento. O estudo proposto é desafiador, mas relevante e fundamental na recuperação da história da instituição escolar e, como intervenção fomentar na escola pesquisada, uma cultura de organização nos arquivos escolares do documento fotografia, que se destaca como uma nova fonte de pesquisa a partir do século XIX. Para sistematização do relatório final da pesquisa proposta, será de grande valia para o momento, o olhar de outros pesquisadores da Historia da Educação. Palavras chave: fotografia instituição - memória
2 INTRODUÇÃO A fotografia surgiu na década de 1830, como resultado da conjugação do engenho, da técnica e da oportunidade. Ainda no século XIX a distinção entre técnica e magia não era tão clara quanto hoje. No século XX, as imagens, mais do que meras formas de recordações passaram a ser usadas como documentos históricos, fontes de pesquisa para entender determinadas épocas ou sociedades. Para Burke (2004), as fotografias mostram aspectos do passado que outras fontes não conseguem revelar, principalmente nos casos em que os documentos (textos) são raros e poucos. São registros através dos quais os historiadores podem estabelecer diálogos, indagar e realizar estudos. Como testemunhos históricos, as imagens podem nos revelar as maneiras de sentir e pensar de um grupo social, a maneira como a memória coletiva se constrói, criando laços e unindo membros de uma coletividade. Através delas, é possível perceber como os homens e mulheres de diferentes épocas se apropriam de seu passado, conjugam-no com seu presente e apontam saídas para o futuro. Portanto, ao analisar uma fotografia, o pesquisador deve sempre questionar: Quando? Onde? Quem? Para quem? Para quê? Como?. A fotografia é uma das fontes mais ricas para a recuperação da história. Assim como, ou mais, que os textos documentais, ela informa sobre os cenários, personagens e acontecimentos de uma determinada época. Em razão disso, não pode ser entendida como mera ilustração para deixar o texto mais chamativo ou agradável para o leitor. As imagens, de aparências mudas, expressam, comunicam e atribuem significados representando mais um recurso na busca pela sensibilidade histórica. Cabe ao pesquisador questionar as imagens para saber em que circunstâncias ela foi produzida e quais os propósitos para o mesmo, assim como qualquer outra fonte de pesquisa. No século XX já ficou fortalecida a tese de que, por detrás de uma câmera há pessoas interessados em pesquisar e divulgar suas intenções sociais e a realidade que as cerca. Já a partir dos anos 90, com a chegada das imagens digitais, o poder de manipulação e montagem de fotografias surgiu com mais força ainda. Sobre esse assunto encontramos em Paiva (2004), quando afirma que a iconografia traz embutida as escolhas do produtor e todo o contexto no qual foi concebida, mas que constitui um acervo de possibilidades e por isso tem que ser explorada com muito cuidado.
3 A fotografia como fonte de objeto da história, é uma forma de organizar arquivos escolares, inclusive incentivando uma cultura de organização dos arquivos de imagens fotográficas. Ana Maria Mauad (1990) coloca que a fotografia historicamente compõe juntamente com outros tipos de texto de caráter verbal e não verbal, a textualidade de uma determinada época, e que pode ser concebida como mensagem que se organiza partir de dois segmentos: expressão e conteúdo, como afirma a autora apreciamos fotografias, as colecionamos, organizamos álbuns fotográficos, onde narrativas engendram memórias. As fotografias são suportes que chamam a atenção por se constituírem em testemunhos que investem de caráter momentos que se perdem, que se transformam e muitas vezes, idealizados. Como bem assinala Sontag (1981, p.71), a fotografia se apresenta como apenas um fragmento, e com o passar do tempo suas amarras se desprendem. À deriva, vai-se transformando em passado difuso e abstrato, aberto a qualquer tipo de leitura. A imagem produzida por Sontag nos chama a atenção sobre o perigo de navegarmos ao léu, não só com as fotografias, mas com a legislação, com a cultura escolar, com a iconografia, que com o tempo correm o risco de se desprenderem da sua real significação e tomarem outros rumos ou não chegarem a lugar nenhum. Ao mesmo tempo em que se organizam fotografias para um acervo escolar, podese também utilizar de entrevistas com os sujeitos da instituição escolar, como fazia Ana Maria Mauad (1990), enquanto organizava as fotografias da família, utilizava-se da entrevista com a avó dela. Schapochnik (1998, p. 472), diz que os álbuns de família registram o decurso do tempo sob a forma de séries diversas. Entre os episódios registrados parece incidir uma dupla temporalidade, uma lembrança. Para o autor o fato é que na maioria das vezes a fotografia existe e subsiste por sua função familiar que é a de solenizar e eternizar os grandes momentos da vida familiar e reforçar a integração do grupo, reafirmando o sentimento que ele tem de si mesmo, onde o papel desempenhado pelo guardião se assemelha ao de um arquivista, que reúne e atribui uma ordem de pertinência ao acervo, de curador, que decide quais imagens que deverão passar a condições de objetos.
4 O documento iconográfico se apresenta como fragmento do real, cheio de intenções explícitas ou ocultas, voluntárias ou involuntárias de seus produtores. Cabe ao pesquisador interpretar os sentidos que os atores sociais quiseram atribuir a seus atos. A história se desloca do fato para versões sobre o fato. Segundo Cardoso e Mauad (1997) a história da educação oferece uma diversidade de fontes para pesquisas, tais como: discursos, documentos escolares, relatos orais, boletins, fontes iconográficas (fotografias, ilustrações e filmes) e outros. A fotografia como fonte de pesquisa na reconstrução da história deve trazer identificação da data, local legendas, historiografia sobre a época, o recurso da história oral e o levantamento factual, o que a torna um rico material na reconstituição da memória e da história da educação. Como documento representa um fato concreto e ao mesmo tempo é possível fazer interpretações, explorando a realidade que revela em si. Benjamim (1987), fala da aura e da capacidade da fotografia de desauratização. A fotografia na infinita possibilidade de reprodução nos aproxima ao objeto fotografado impedindo o movimento de distancia, necessário para a instauração da aura. Tomando como exemplo a iconografia de uma instituição escolar que vivenciamos, e que apresentam as caracterizações da época, onde Benjamim (1994, 69) tem uma explicação: O termo origem não designa o vir-a-ser daquilo que se origina, e sim algo que emerge do vir-a-ser e da extinção. A análise dos registros fotográficos se pauta na compreensão de uma documentação examinada especificamente numa técnica própria ao que representa o instrumento que a produz, ou seja, a câmera fotográfica. ANDAMENTO DA PESQUISA No ensaio a obra de arte na época de suas técnicas de reprodução (1936), o filósofo Walter Benjamim afirma que, com as novas possibilidades de reprodução técnica desenvolvidas entre os séculos XIX e XX, a obra de arte em relação à fotografia perdeu a sua autenticidade e autoridade, que lhe era conferida através de sua duração no tempo, aliás, autenticidade e duração são qualidades que perdem o sentido diante destas novas técnicas de produção e reprodução das obras, representada principalmente nas formas da fotografia e principalmente do cinema.
5 Para Benjamin, as novas técnicas de reprodução da arte através da fotografia em última promove a democratização no campo das novas experiências estéticas do século XX, um diagnóstico para o indivíduo e a sociedade de seu tempo. A utilização da fotografia é destacada pelo apontamento e análise crítica dos fatos, idéias, provas, interpretações, hipóteses e argumentos bem com o as conclusões derivadas especificamente da escolha do objeto de pesquisa. A proposta de releitura através da fotografia se volta para sua realidade observada e sua inserção ou interação na História das Imagens, aplicável à História da Educação e seu papel analítico nos aspectos da memória e da História. A imagem fotográfica também passa pela idéia de mensagem, conforme nos pontua Mauad: A idéia central é apresentar a fotografia como uma mensagem que se elabora através do tempo, tanto como imagem/documento quanto como imagem/documento tanto como testemunho direto quanto como testemunho indireto do passado (1996, p.73) Segundo a autora textos visuais como fotografias são resultados de expressão e conteúdos que envolvem autor, o texto propriamente dito e um autor, onde cada um produz um resultado final, de acordo com o local da produção, e um produtor que manipula técnicas, que detém saberes específicos, envolvendo também o comportamento no contexto histórico no qual está inserido, e por fim o que é aceito pela sociedade. As técnicas, as estéticas, variam de acordo com os objetivos traçados para a imagem final, e a câmera fotográfica impõe uma exigência de competência mínima por parte do autor, para manipulação de códigos convencionalizados social e historicamente, para a produção de uma imagem possível de ser compreendida. A fotografia pode ser utilizada como fonte histórica ultrapassando seu aspecto ilustrativo, compondo uma serie de semelhanças e diferenças próprias do conjunto de imagens que propõe analisar tais como: a criança, a morte, o casamento, etc. Também a própria fotografia é um recorte espacial que contém outros espaços como: o espaço geográfico, o espaço dos objetos, o espaço da figuração e o espaço das vivências, comportamentos e representações sociais conforme Mauad Nesse sentido o corpus fotográfico pode ser organizado em função de um tema, tais como: a morte, a criança, o casamento, etc.; ou em função das diferentes agências de produção da imagem que competem nos processos de produção de sentido social, dentre estas a família, o estado, a imprensa, a publicidade, entre outros. Em ambos os casos a análise
6 histórica da mensagem fotográfica tem na noção de espaço a sua chave de leitura, posto que, a própria fotografia é um recorte espacial que contem outros espaços que a determinam e estruturam, tais como: o espaço geográfico, o espaço dos objetos (interiores, exteriores e pessoais), o espaço da figuração e o espaço das vivências, comportamentos e representações sociais (MAUAD, 1990).p. 7 Vemos dessa forma que a fotografia deve ser concebida como mensagem que se organiza a partir de dois segmentos: expressão e conteúdo. Expressão envolve escolha de técnicas que envolvem enquadramento, iluminação, definição da imagem, contraste, cor, etc. O conteúdo abrange pessoas, objetos, lugares, vivências, que compõem a fotografia. No século XVII já refletia o aparecimento das imagens e os meados XIX se torna um marco, onde por volta dos primeiros trinta anos, era considerada fonte para pesquisa apenas documentos tidos como confiáveis. Onde ocorre a revolução documental na década de 1960, quando a fotografia ganha espaço na História da Educação, Le Goff (1992), destaca as massas dormentes, ou seja, é inaugurada a era da documentação da massa. Para Mauad (1995), a nova perspectiva documental se viu numa transformação da ótica tradicional da história, a qual deixou de ser uma historia do individuo, ou de uma época, mas sintetizou-se nos grandes acontecimentos e nos grandes vultos. Ainda Mauad ( 1995), destaca alguns problemas de natureza técnica da imagem fotográfica como pro exemplo o próprio ato de fotografar, apreciar e consumir uma fotografia, sem deixar de lado o conteúdo ou as questões que envolve a constituição da imagem. Segundo Leite (1998), a fotografia precisa do exercício de identificação que admite interpretação, dedução e comparação. O que completa Mauad ((1995, 25)), a imagem fotográfica compreendida como documento revela aspectos da vida material, de um determinado tempo, que a mais detalhada descrição verbal não daria conta. A imagem fotográfica representa uma realidade que incorpora uma reconstrução e não uma restituição intervinda numa alteração dessa realidade, conforme pontua Le Goff: O documento não é inócuo. È, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio (LE GOFF, 1992, p.547).
7 Já Samain (1998, 56), coloca que a imagem visual não é uma simples representação da realidade, e sim um sistema simbólico. Por mais abstrata que seja a fotografia é sempre imagem de alguma coisa diante dos olhos de quem vê. A imagem fotográfica pode ser achatada, bidimensional, enfim a materialidade da imagem, sua textura, seu peso o que nos leva ao paradoxo da imagem buscando interpretar as suas representações, significados e atitudes, como afirma Bittencourt: Fotografias apresentam o cenário no qual as atividades diárias, os atores sociais e o contexto sociocultural são articulados e vividos. Existem estudos sobre os detalhes tangíveis representados em fotografias que permitem a elucidação de comunicações não verbais tais como um olhar, um sentimento, um sistema de atitudes, assim como mensagem de expressão corporais, faciais, movimentos e significados de relações espaciais entre pessoas e padrões de comportamento através do tempo. Imagens fotográficas retratam a história visual de uma sociedade, documentam situações, estilos de vida, gestos, atores sociais, e rituais, e aprofundam a compreensão da cultura material, sua iconografia e suas transformações ao longo do tempo, (BTTENCOURT, p. 199). Os documentos fotográficos, assim como a fonte escrita requer rigor na metodologia de trabalho e uma crítica externa, enfocando a procedência e a trajetória do documento. Requer ainda registro exato de sua existência, do seu conteúdo, sua forma, sua origem, e por fim a analise. O intuito de classificar e inventariar o conteúdo da imagem fotográfica fica a cargo da análise iconográfica. Para compreender uma imagem fotográfica é necessário elaborar um mapeamento com procedimentos teórico-metodológicos. A análise de uma foto exige um rigor no trabalho interpretativo e uma articulação dos significados que a imagem expressa. Diante de tais fundamentos, no momento esta pesquisa volta para a recuperação da memória da Escola Estadual Rotary Nelson de Araújo, localizada na cidade Dourados- MS, no período de 1968 a 2010, através do documento imagético, onde os objetivos almejados são: objetivo geral: sistematizar as imagens fotográficas num banco de dados para preservação da memória imagética da Escola Rotary Dr. Nelson de Araujo, fomentando na escola uma cultura de organização dos arquivos de imagens fotográficas. Como objetivos específicos: a) Conceituar imagens fotográficas na luz da literatura; b) Captar, selecionar, digitalizar, atribuindo função e ementa as imagens fotográficas das atividades realizadas pela Escola Estadual Rotary Dr. Nelson de Araujo no período de 1968 a 2010; c) Organizar as imagens fotográficas num banco de dados, para preservação e disponibilização da memória imagética da escola.
8 Os Aspectos Metodológicos para este trabalho discorre sobre a contribuição da fotografia como fonte de pesquisa para a organização de um arquivo escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo como fontes primárias o levantamento e revisão de literatura sobre o tema. Adota como procedimentos metodológicos a captura e seleção dos elementos da fotografia como fonte que contará com auxilio dos recursos tecnológicos. A investigação está sendo feita a partir da captura e escaneamento de fotografias das ações da escola, desde sua fundação até os dias atuais, utilizando dos recursos tecnológicos para digitalização das imagens fotográficas e organização das mesmas num banco de dados. Até o atual momento a pesquisa conta com algumas imagens fotográficas catalogadas e digitalizadas, onde a imagem nº 01 apresenta a fachada atual da frente da Escola Estadual Rotary Dr. Nelson de Araújo, reformada em 2005, situada à Rua Ciro Mello nº 2677, centro na cidade de Dourados MS, a imagem nº 02 um grupo de membros integrantes do Rotary Clube Dourados que contribuiu na reforma da escola em Imagem nº 01. Fonte: Acervo digital da direção da escola em julho de 2010.
9 Imagem nº 02. Fonte: Jornal Folha de Dourados em ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS O texto apresenta a discussão que alguns autores e pesquisadores fizeram ou fazem quanto ao uso de imagens fotográficas em pesquisas nas ciências sociais com o intuito de inserção nas ciências humanas, mostrando que a fotografia é capaz de ferir, comover ou animar uma pessoa, pois para cada um oferece um tipo de afeto. Segundo Barthes (1984), a composição do significado da fotografia traz três fatores principais que são o fotógrafo, o objeto e o observador. O fotógrafo captura as fotos de acordo com seu ponto de vista, o objeto sofre modificação numa lente, e o observador lança seu ponto de vista alterando dessa forma mais uma vez a imagem fotográfica. O historiador hoje se depara com vários gêneros de fontes de pesquisa e suas especificidades. Tomo como exemplo a fotografia, por ser um instrumento relativamente novo como fonte de investigação para a história e largamente utilizada em trabalhos acadêmicos como teses, dissertações ou monografias de fim de curso. As imagens vêm sendo associadas em pesquisas na Historia da Educação, no intuito de mostrar que a fotografia se coloca no desafio para a reconstrução de memórias e histórias. E documento de pesquisa oferece inúmeras possibilidades de reconstrução de memórias e histórias. Através da imagem fotográfica há uma possibilidade de
10 diversificação de fontes capazes de informar sobre o passado e o conhecimento referente ao contexto social, político e econômico. A fotografia é uma fonte histórica que depende do historiador fazer sua análise, ou uma crítica, sem se importar se o registro fotográfico foi feito para documentar ou representar um estilo de vida. Vemos alguns exemplos de pesquisas citadas por autores onde é possível destacar os procedimentos metodológicos, as narrativas imagéticas, o objeto da pesquisa, utilizando da fonte iconográfica onde o pesquisador ou historiador, deve apresentar uma consciência aberta para a interdisciplinaridade e ao mesmo tempo assumir atitude de pesquisador-apaixonado. Fazendo um percurso por alguns textos que trazem como fonte de pesquisa a fotografia, percebe-se desta forma que a fotografia ao longo de sua história tem contribuído com sua função de representar uma qualidade nas pesquisas através de imagens iconográficas na História da Educação, não ficando apenas na representação técnica. Exemplo disso temos Míriam Moreira Leite (1993), que a algum tempo utiliza a fotografia como fonte histórica: Chegou-se a conclusão que a noção de espaço é a que domina as imagens fotográficas explicitas. Não apenas as duas dimensões em que a imagem representa as três dimensões do que comunica. Mas toda captação da mensagem manifesta se dá através de arranjos espaciais. A fotografia é uma redução, um arranjo cultural e ideológico do espaço geográfico, num determinado instante. (LEITE, 1993, p. 19). Conclui-se que a cada novo tipo de fotografia que o pesquisador vai transformar essa imagem fotográfica num objeto de estudo, vê na obrigatoriedade de atualizar os métodos de análise e atribuir os significados. No momento o desafio da pesquisa percorre as imagens fotográficas da Escola Rotary Dr. Nelson de Araújo, com o propósito de fazer uma pequena amostragem, de algumas imagens já capturadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário brasileiro de terminologia arquivistica. Rio de Janeiro: Arquivo nacional, p. Publicações técnicas; n.51.
11 BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, Arte e Politica. Obras escolhidas. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense BURKE, Peter. Testemunha ocular: historia e imagem / tradução Vera Maria Xavier dos Santos; revisão técnica Daniel Aarão Reis Filho. Bauru, SP: EDUSC, p. :Il; 22,7 cm (Coleção História), CARDOSO, Ciro Flamarion e MAUAD, Ana Maria. Historia e imagem: os exemplos da fotografia e do cinema. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (Orgs.) Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de janeiro: Editora Campus, 1997, cap. 18 p CIAVATTA, M. O mundo do trabalho em imagens: a fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro Rio de janeiro, RJ: DP & A, LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família. SP, Edusp, 1993., Retratos da família: imagem paradigmática no passado e no presente. In: SAMAIN, E. (Org.). O Fotografo. São Paulo, SP: Hucitec, MAUAD, Ana Maria. Sob o signo da imagem: a produção da fotografia e o controle dos códigos de representação social pela classe dominante no Rio de janeiro, na primeira metade do século XX, Niterói, UFF, programa de Pós Graduação em História Social, tese de Doutorado, 2v OLIVEIRA, Mirtes Cristina Martins de. Palimpsestos: fotografias da escola Normal da Praça ( ). Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade católica (PUC) São Paulo. São Paulo páginas. PAIVA, Eduardo França. História & imagens. Belo Horizonte: Autêntica, SCHAPOCHNIK, Nelson. Historia de Vida Privada no Brasil. Cartões álbuns de família e ícones da intimidade. Cordenador-geral da coleção Fernando A. Novais: organizador do volume Nicolau Sevenko. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 ( Historia de vida privada no Brasil, 3). SAMAIN, Etienne. Questões heurísticas em torno do uso das imagens nas ciências sociais. In: FELDMAN-BIANCO, Bela; LEITE, Miriam L. Moreira (orgs.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas, SP: Papirus, OLFF, Silvia Ferreira Santos. A Arquitetura Escolar Documentada e interpretada através de imagens. In: Anais do seminário Pedagogia da Imagem da Pedagogia, Universidade Federal Fluminense, faculdade de educação, Junho de 1995.
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