Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes

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Aline Campos Gabeira
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2 "PRECISA TER TEMPO, PRECISA VIVER DE ESCREVER. ESSA HISTÓRIA DE ESPÍRITO JOVEM É BESTEIRA. O ESPÍRITO ACABA COM A JUVENTUDE. QUANDO SOMOS VELHOS, NÃO PODEMOS FAZER MIL COISAS AO MESMO TEMPO. PRECISAMOS FAZER UMA COISA DE CADA VEZ. AS IDÉIAS NÃO NASCEM QUANDO SENTAMOS DIANTE DA MÁQUINA DE ESCREVER, VÃO AMADURECENDO ATÉ CHEGAR NO PONTO CERTO." JORGE AMADO

QUANDO SOMOS VELHOS, NÃO PODEMOS FAZER MIL COISAS AO MESMO TEMPO.

3 Jorge Amado, jornalista, romancista e memorialista, nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, Bahia. Eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL, foi recebido em 17 de julho de 1961). Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes Foi casado com Zélia Gattai - autora. Tiveram dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças para teatro infantil, e Paloma, psicóloga, casada com o arquiteto Pedro Costa. O escritor tinha dois irmãos, o médico neuropediatra Joelson Amado e o também escritor James Amado.

Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes Foi casado com

4 Foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, sendo responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. Viajou pelo mundo todo. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai ( ), em Paris ( ) e em Praga ( ). Exerceu atividades jornalísticas desde bem jovem quando ingressou como repórter no Diário da Bahia ( ), época em que também escrevia na revista literária baiana A Luva. Depois, no Sul, atuou sempre na imprensa, tendo sido redator-chefe da revista carioca Dom Casmurro (1939) e colaborador, no exílio ( ), em periódicos portenhos - La Crítica e Sud, entre outros Jorge Amado toma posse na Academia Brasileira de Letras, em 1961

Exerceu atividades jornalísticas desde bem jovem quando ingressou como repórter no Diário da Bahia (1927-29), época em que também escrevia na revista literária baiana

5 Estreou na literatura em 1930, com a publicação, por uma editora do Rio, da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Publicados em 52 países, seus livros foram traduzidos para 48 idiomas e dialetos, a saber: albanês, alemão, árabe, armênio, azerbaijano, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebreu, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo (também três em braile), sérvio, sueco, tailandês, checo, turco, turcomano, ucraniano e vietnamita. Seus livros foram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão, bem como para histórias em quadrinhos, não só no Brasil mas também em Portugal, na França, na Argentina, na Suécia, na Alemanha, na Polônia, na Checoslováquia, nos Estados Unidos. Jorge Amado morreu no dia 7 de agosto de 2001, quatro dias antes de completar 89 anos, em Salvador, vítima de uma parada cárdiorespiratória. Seu corpo, cremado, repousará, como ele mesmo queria, ao pé da mangueira da casa onde morava, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana.

eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebreu, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano,

6 O menino Jorge Amado pediu à mãe uma folha de papel das "grandes e boas" e quando dona Lalu foi ver o que ele estava fazendo já encontrou um jornal pronto: A Luneta, ilustrado com figurinhas recortadas, contendo versos, histórias inventadas e anúncios das casas comerciais da redondeza. Anos mais tarde, o jornalismo seria sua primeira profissão. O primeiro romance, Lenita, foi escrito em parceria com Dias da Costa e Édison Carneiro. O livro nunca foi reeditado porque, segundo Jorge, era tão ruim que teve de ser escrito por seis mãos Jorge descansa sob a proteção de Ogum, em Salvador, na foto tirada por Bubby Costa em 1993

Anos mais tarde, o jornalismo seria sua primeira profissão. O primeiro romance, Lenita, foi escrito em parceria com Dias da Costa e Édison Carneiro.

7 Primeiro o jornalismo, depois a literatura e em seguida a política dominou temporariamente a vida de Jorge Amado. O militante comunista, autor de Subterrâneos da Liberdade Jorge Amado foi preso em 1936, 37, 42 e 45. Seus livros chegaram a ser queimados em praça pública em Salvador, em Para o Nobel de Literatura começou a ser cotado desde Naquele ano, a torcida foi tão grande que saiu na França o Vin Jorge Amado, nome dado à safra do vinhedo de Jean-Claude Lattès, diretor do grupo Hachette. Personalidades internacionais desejaram atuar ou levar seus romances às telas do cinema: Sophia Loren lamentou não viver Tieta, que Lina Werstmuller queria filmar. Anthonny Quinn quis filmar Os Velhos Marinheiros. Uma das últimas fotos de Jorge Amado, em sua casa, jogando cartas.

Para o Nobel de Literatura começou a ser cotado desde 1985.

8 Ele foi o criador de um país fictício e real. O Brasil dos leitores brasileiros e estrangeiros está impregnado da imagem que o escritor baiano escreveu com seu talento de contador de histórias A obra de Jorge Amado corresponde, em parte significativa, aos ideais literários da esquerda tradicionalista, ou pelo menos àqueles ideais que, enquanto o mundo soviético sobreviveu, nortearam a estética dos militantes ligados ao comunismo oficial. O cavaleiro da esperança.... E é curioso verificar como esses valores de certo realismo populista, que Amado manejou a seu modo, terminaram absorvidos pela indústria do lazer, dos enlatados, do misticismo e do turismo. De tal modo, em tal intensidade que se transformaram em elementos de exotismo vendido hoje, em todo o mundo, como a imagem oficial do Brasil.

significativa, aos ideais literários da esquerda tradicionalista, ou pelo menos àqueles ideais que, enquanto o mundo soviético sobreviveu, nortearam a estética dos militantes ligados ao comunismo

9 A imagem externa do Brasil está impregnada da obra e do espírito de Jorge Amado... Jorge Amado, assim como Oscar Niemeyer com seus grandes vãos de cimento e vidro, assim como Pelé com seus dribles, assim como Gilberto Freyre com suas teorias da senzala, assim como Ayrton Senna com seu desamparo, ajudou a criar a embalagem do Brasil contemporâneo. Nós vivemos, hoje, mesmo se não gostarmos disso e ainda que não aceitemos que as coisas se passem assim, em um país amadiano. Muito além das páginas impressas, muito além das palavras, há um homem que, suave, bonachão, quase inocente, construiu a terra que nos cabe habitar. Um homem que, lidando apenas com palavras, não importa se isso nos enche de prazer e orgulho, ou se nos faz remoer indignação e fúria, um homem que, só com seus livros, nos construiu.

com seu desamparo, ajudou a criar a embalagem do Brasil contemporâneo. Nós vivemos, hoje, mesmo se não gostarmos disso e ainda que não aceitemos que as coisas se passem assim, em um país amadiano.

10 A música brasileira foi objeto de muitas narrativas do escritor baiano. Em troca, os músicos nacionais se apropriaram de seus personagens para fazer canção. Deglutiram Teresa Batista, Dona Flor, Tieta, Quincas Berro D'Água, e transformaram-nos em peças eruditas, harmonias populares, sambas-enredo, cantigas de ninar. Saudável e fortuita troca que atingiu seu ápice na parceria do escritor com o músico baiano Dorival Caymmi É Doce Morrer no Mar (Caymmi/Amado), o clássico da dupla precede outras parcerias, algumas célebres como Modinha de Gabriela e outras não tão famosas, mas de igual importância histórica, como Beijos pela noite, Cantiga de Cego, Terras do sem fim, Modinha de Dorival Caymmi para Tereza Batista, Retirantes e Alegre menina (ou cantar do amigo de Gabriela).

Saudável e fortuita troca que atingiu seu ápice na parceria do escritor com o músico baiano Dorival Caymmi É Doce Morrer no Mar (Caymmi/Amado), o clássico da dupla precede outras parcerias,

11 Jorge Amado amou a música de sua terra. "Mas gostaria de ter ouvido, mais do que ouviu, seus textos transformados em canção. Pela Avenida - A obra de Jorge Amado também foi parar no carnaval. A festa se rendeu ao escritor - um amante da folia - como expressam a cena inicial de Dona Flor e seus Dois Maridos e os romances O País do Carnaval e Tenda dos Milagres. Este, livro síntese do "verdadeiro sentido da alegoria do carnaval, antes tomado por tantos escritores (inclusive ele próprio) pelo lado enganoso de quem só conseguia enxergar a festa de fora", segundo Tinhorão. Não foram poucos os carnavais que se apropriaram da obra de Jorge Amado. A lista é extensa, e reúne agremiações de todo o País.

A festa se rendeu ao escritor - um amante da folia - como expressam a cena inicial de Dona Flor e seus Dois Maridos e os romances O País do Carnaval e Tenda dos Milagres.

12 Novelas como "Gabriela" e "Tieta do Agreste" e filmes como "Dona Flor e seus Dois Maridos" e "Tenda dos Milagres" contribuíram para fixar os personagens do escritor no imaginário popular O longa-metragem Dona Flor e seus Dois Maridos, dirigido por Bruno Barreto, fez o número, hoje impensável, de 12 milhões de espectadores no cinema. A novela Gabriela fixou-se para sempre no imaginário popular com a história da morena sestrosa, sensual, que leva à loucura o árabe Nacib (intepretado pelo também inesquecível Armando Bogus). As histórias foram tiradas de dois dos seus mais populares romances. Ambas foram estreladas por Sônia Braga, tida, na época, como o protótipo da mulher brasileira.

A novela Gabriela fixou-se para sempre no imaginário popular com a história da morena sestrosa, sensual, que leva à loucura o árabe Nacib (intepretado pelo também

13 Nos dois, filme e novela, estão presentes os ingredientes ficcionais favoritos de Jorge: a sensualidade baiana, a malemolência tropical. Tieta, tirada do romance Tieta do Agreste, foi uma novela de sucesso com Betty Faria, e anos depois reapareceu nas telas, dirigida por Cacá Diegues, e tendo Sônia Braga, sempre ela, como protagonista. Dona Flor, Tieta e Gabriela encabeçam uma lista extensa de obras e personagens levadas à tela grande e à pequena a partir dos livros de Jorge Amado,

Tieta, tirada do romance Tieta do Agreste, foi uma novela de sucesso com Betty Faria, e anos depois reapareceu nas telas,

14 Na televisão - A presença de Jorge Amado na televisão começou em 1961 com a primeira adaptação de Gabriela, feita pela extinta TV Tupi. Apenas em 1975 veio a versão da Globo, a Gabriela clássica, de Walter George Durst, com Sonia Braga no papel. Tenda dos Milagres, uma adaptação de Aguinaldo Silva para a Globo. Em 1992, Vicente Sesso fez a versão televisiva do romance Teresa Batista Cansada de Guerra, dirigida por Paulo Afonso Grisoli. Ao todo são nove longas-metragens e 11 produtos para TV (entre novelas e minisséries) saídos da obra de Jorge Amado.

Tenda dos Milagres, uma adaptação de Aguinaldo Silva para a Globo.

15 Sonia Braga ficou imortalizada no imaginário popular na pele da Gabriela de Jorge Amado Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça em cena do filme Dona Flor e seus Dois Maridos

16 Jorge Amado e Dorival Caymmi, parceiros na música É Doce Morrer no Mar Simone de Beauvoir, Juscelino Kubitschek, Jean-Paul Sartre, Oscar Niemeyer e Jorge Amado, em Brasília Jorge Amado e João Gilberto em foto de Zélia Gattai

Kubitschek, Jean-Paul Sartre, Oscar Niemeyer e Jorge

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