Tema: O Perdão. Relacionamentos feridos e sua cura.

Transcrição

1 Igreja de Nova Vida de Brasília Gabinete do Bispado Regional Bispo Antonio Costa Tema: O Perdão. Relacionamentos feridos e sua cura. Há três princípios ensinados pelo Evangelho de Cristo para termos uma vida Plena, nas três áreas: espiritual, emocional e física. O primeiro princípio é a obediência. A partir desse principio o homem alcança os demais: Fundamentos bíblicos. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século. (Mt ). Obedecer a essa ordem é tudo na vida de uma pessoa alcançada pela mensagem do evangelho. Missão é feita por obediência a essa ordem. O segundo princípio nasce do conhecimento proveniente do discipulado: fazer discípulos de Jesus é ensinar sobre Jesus e a sua doutrina. Esse princípio: conhecer a Deus e o seu Amor. Depois da crença, o processo da conversão a Cristo passa pela prática da doutrina vivida e ensinada pelo Senhor. O discipulado tem sua força na prática do que se esta ensinando, pois quem ensina deve praticar: Depois de lavar os pés dos seus discípulos, Jesus vestiu de novo a capa, sentou-se outra vez à mesa e perguntou: Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de Mestre e de Senhor e têm razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz. (Jo ) O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. (Jo 15.12) O comentário dessas escrituras fica por conta do leitor. O certo é que quem recebe a Cristo como Senhor e Salvador, deve aprender pelo discipulado, quem é o Senhor e assim passar a amá-lo e servi-lo de todo coração. Isto acontecendo, ele passa a imitar ao Senhor no amor, na tolerância e no perdão. Só dessa forma nos identificamos como discípulos do Senhor. O terceiro princípio é o perdão, proveniente do amor pelo conhecimento. Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. (Mt 18.15)

2 A partir deste ponto, você volta a evangelizar o ofensor. O PERDÃO. Os pecados de ofensa que cometemos, ferem mais pessoas do que pensamos: Fere, principalmente, o Pai. Há sempre três ou mais pessoas envolvidas num ato de desamor: 1) Deus, 2) o pecador e 3) o próximo. Nos nossos relacionamentos é que praticamos atos que abençoam e firmam amizades duradouras, ou então, ofendemos e ferimos uns aos outros. Acontece entre cônjuges, entre pais e filhos, entre irmãos; Entre colegas de trabalho, entre lideranças quer secular, quer eclesiástica; Acontece entre patrões e empregados; superiores e subalternos; Entre superior e subalterno, ocorre o que há de mais grave nos relacionamentos: atos de injustiça. Do maior contra o menor, do forte contra o fraco. De quem pode mais contra quem pode menos. Os olhos de Deus abominam tal prática! A lei da compensação. O Senhor usa uma parábola como ilustração do caráter de um homem mau. Esse indivíduo guardava no seu interior um oceano de maldade. Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. [1 talento = denários; x = de denários] Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; (um denário é igual a um dia de trabalho) e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão. Eis aqui uma grande lição: Jesus mostra que da mesma forma que queremos ser tratados, devemos tratar também nossos semelhantes. Recebemos o perdão de Deus de uma dívida impagável, e às vezes não liberamos perdão por coisas e ofensas, com certeza muito menor. Neste caso, ambos tinham dívidas contra o patrão, mas, somente o que recebeu o perdão da dívida impagável, não quis perdoar uma divida perfeitamente negociável e pagável.

3 Não esperaríamos que irmãos pudessem ser injustos entre si. Mas, quem comete injustiça, perde o senso de maior valor entre irmãos: a comunhão entre membros do corpo de Cristo. Seria inadmissível que isto acontecesse, mas, Jesus disse que há essa hipótese! O pior é quando o dito irmão comete injustiça sem que o subalterno tenha dado motivo, por pura perversidade, aproveitando da suposta ignorância e da pouca força do outro. Isto entristece ao Senhor! Na aula que o Senhor Jesus nos dá, sobre o perdão, ele nos indica o caminho a ser percorrido entre o ofendido e ofensor, sem impor condições. Esta é a forma de Cristo para restabelecer relacionamentos entre os indivíduos feridos. A ORAÇÃO. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que recebestes, e será convosco. (Mc ). Jesus faz milagres e muitos vivem em função dessa expectativa. Querem milagres. No mesmo discurso o Senhor aponta algo muito maior que qualquer milagre, a comunhão verdadeira com Ele e com o próximo, através do perdão. Lendo apenas esse versículo, ficamos confortados. E até achamos que temos algum direito. Há quem usa o termo: reivindicar o que é de direito nosso. Mas, se continuar a leitura, veremos que tem algo importante como complemento da afirmativa: Vejamos: E quando estiverdes orando se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. (verso 25) Jesus sempre operou milagres. Há poder no seu nome para curar, libertar, expulsar os demônios e trazer esperança aos pecadores. Ele na maioria das vezes, dizia os teus pecados estão perdoados. Perdão espontâneo: os doentes não pediam perdão dos seus pecados, mas sendo esse o principal mal da espécie humana, o senhor antecipava e liberava o perdão. Irmãos, o perdão deve fazer parte da nossa vida diária. A mão de Deus vai alcançar quem comete injustiça, e, abençoar quem perdoa. Injustiça não fica sem punição. Mas, deixe Deus cuidar do caso; ele vai usar quem pode fazer justiça a seu favor. Mas libere perdão! Exemplo que o Senhor Deixou para todos os seus seguidores: Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (Lc ) Estevão, o primeiro depois de Cristo a morrer pelo Evangelho, quando recebia uma chuva de pedras, liberava perdão, intercedendo pelos seus assassinos: Vejamos:

4 E apedrejavam Estevão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado!. Com estas palavras, adormeceu. (Atos 7.59,60) Foram as últimas palavras de Estevão. Mais uma vez vemos que, para conquistarmos as bênçãos de Deus, que incluem muito mais do que o perdão, precisamos sincronizar o nosso coração com o coração do Senhor, nos lembrando das palavras do profeta Isaias: Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos. Convertase ao Senhor que se compadecerá dele, e torne para o nosso Deus, pois grandioso é em perdoar. (Isaias 55:7) Conseqüências da falta de perdão. A DOR QUE MAIS DÓI! No labor da nossa caminhada, lidando com todos os tipos de temperamentos e caráter, aprendemos que uma das feridas que mais sangram, que mais debilitam a vontade de viver, desbotando a beleza da existência e desfocando a visão, é sem dúvida alguma, a falta de perdão, por atos agressivos e ofensivos que recebemos, diretos ou velados. Quantas vezes e de quem não se espera! Angústia, tristeza, amargura e o sentimento de desforra, de vingança têm colocado muitas pessoas em cadeira de rodas espirituais. Têm transformado estas pessoas em hemiplégicas espirituais. E tudo como conseqüência de um bloqueio interior. Quando o perdão é negado, a vida perde o seu brilho, e a sua razão de ser. Quem retém perdão armazena no próprio organismo as toxinas causadoras de diversas doenças físicas, emocionais e espirituais. O problema é ter coragem para abordar o assunto levando para o lado positivo, baseado no amor, no sentido de salvar o relacionamento e o ofensor, baseado em princípios, de amor ao próximo, de humildade. O perdão é um catalisador que cria o ambiente necessário para uma nova partida, para um novo começo. É neste ponto que o perdão toma dimensões transcendentais, pois ele simplesmente não apaga o fogo da contenda, da inimizade, da separação. Ele impulsiona o ser perdoado a partir para uma nova vida, agora permeado pela compreensão, amizade, amor e pelo desejo de se transformar num veiculo de conciliação. Paulo sabia disso, aplicou em sua vida e passou a lição. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. (Rm )

5 Nesta questão, aprendemos que perdoar é cultivar a maior virtude proveniente do amor de Deus. PERDOAR É O ATO QUE NOS LEVA à imitação de Cristo, leva a ter compaixão, leva ao campo da humildade para suportar correr riscos para resgatar mais vidas. Em se tratando de irmãos, discipulados na palavra, esta é a regra! E é assim que deve acontecer. Quanto aos inimigos e perseguidores, especialmente por causa do evangelho, a recomendação é outra; é o perdão direto sem conversa. A única conversa é com o Pai. Em oração. Veja o que disse o Senhor Jesus: Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. (Mt ) Isto é para os de fora da Igreja. Na igreja, o tratamento é de irmãos. Aplicando a palavra a nós próprios, pois é assim que ela frutifica. No lar, no trabalho, nos obreiros, no corpo ministerial. Confronto não é para afrontar o ofensor. O amor e o ministério da reconciliação são sábios e cheios de compaixão. O confronto é para salvar. Por isso o ofendido deve trabalhar o tempo para agir. Orar, pensar e dar tempo para o Espírito Santo lhe convencer do melhor momento, sempre com disposição para andar um pouco mais. Pode ser que no primeiro confronto, o irmão errado, ache que está certo, e você errado. Neste caso não insista, tentando convencer a pessoa errada. Pois ela poderá lhe ofender de novo. O ofensor é míope. Mas, sendo do lar, marido ou mulher, pais ou filhos, deve insistir no diálogo até chegar um acordo, sempre buscando sabedoria, baixando a voz, conversando e não gritando. Certamente isso chega ao fim proveitoso. O mais comum tem sido os conflitos familiares, em todos os níveis: cônjuges, pais e filhos e entre irmãos, e não poucas vezes, entre os obreiros da Ceara do Reino. Ministério da Reconciliação. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. (2 Co ) Enquanto estamos no mundo, este ministério deve operar, no seio da família, da igreja e do ministério sacerdotal. Temos vivido com a mente tão carregada com as coisas da vida, que a reconciliação tem sido a última atitude que tomamos, quando deveríamos agir imediatamente ao conflito, respeitando apenas o tempo que precisamos para nos preparar, emocional e espiritualmente.

6 Vamos nos deter um pouco no relacionamento familiar: a falta de compreensão e amor tem privado os indivíduos das mais ricas bênçãos do nosso Deus. Não existe nada tão importante na terra que possa superar a família. O saudável relacionamento conjugal traz saúde para os cônjuges, segurança para os filhos, alegria e prosperidade para todos. O apóstolo Paulo diz aos Filipenses como proteger os relacionamentos: Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. (Fp 2:12,13) Desenvolvemos nossa salvação pelo conhecimento da palavra, aplicação em nossa vida e oração. Daí nasce à comunhão com Deus e com o próximo. Com o cônjuge. O diálogo é agradável e desejável. É assim que os votos desgastados podem ser recuperados. O apóstolo Paulo continua com estas belas palavras, levando aos Filipenses ao campo das luzes, sendo eles próprios luzeiros do mundo. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo. (Fp ) Obedecendo aos princípios sagrados é que protegemos nossos relacionamentos. Nós não desconhecemos as lutas que todos temos enfrentado para mantermos um padrão digno diante de Deus e da sociedade. O apóstolo Pedro, num lance profético, escreve assim: Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações. (1 Pe 3.7) Discernimento dos momentos delicados pelos quais a mulher passa, levando em conta seus sentimentos emocionais, levando em conta sua missão de esposa e mãe. Isto é, tendo discernimento e tratando com honra a pessoa que Deus lhe deu como companheira para toda a vida. A consideração leva a tratamento digno. Isto fortalece a comunhão e alegra o Espírito Santo que em nós habita. Por isso é que a falta de consideração tende a tratamento indigno e as orações são interrompidas. Prossigamos aprendendo com o Senhor Jesus, mesmo que o confronto tenha conotação de conflito. Mas, veja que é reconciliação e perdão. Até o próximo estudo, na eterna graça. Antonio Costa, bispo.