GINCANA DE ORIENTAÇÃO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
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- Milena Machado Paranhos
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1 GINCANA DE ORIENTAÇÃO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA Diamar Ruoso Cap/UFRGS INTRODUÇÃO O desafio da educação nos dias atuais é de buscar soluções para os problemas que surgem na sala de aula. É adotar uma postura cativante perante os alunos, para que eles percebam e se sintam inseridos dentro daquilo que se está estudando. E aí, entra a interdisciplinariedade/transdisciplinariedade que é alvo de reflexões constantes entre educadores em seus ambientes de trabalho. Ela é importante, porque parte de princípio de uma prática mais integrada, que possa passear entre as disciplinas a partir de uma temática. Assim, pode proporcionar uma leitura dinâmica pelo movimento que busca a superação de um ensino fechado às outras áreas do conhecimento. A proposta Gincana de Orientação é uma atividade que se desenvolveu no Projeto Amora com a quinta (5ª Amora I) e sexta (6ª- Amora II) série do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Essa proposta partiu da disciplina de geografia e englobou todas as áreas do conhecimento como história, ciências, português, matemática, línguas estrangeiras (inglês e espanhol), artes, teatro e educação física. Teve como objetivos básicos, desenvolver as noções de orientação espacial por meio da localização dos pontos cardeais e colaterais no espaço físico da escola; resolver problemas relativos às diferentes áreas do conhecimento; desenvolver o espírito de trabalho coletivo. REFLEXÕES TEÓRICAS Quando abordamos o ensino da Geografia sempre colocamos o estudo do espaço como objeto de estudo dessa ciência. A importância da construção de noções básicas como de orientação, localização, representação e a compreensão da dinâmica espacial da sociedade que (re) constrói constantemente o lugar onde vive.
2 Para o trabalho dessas noções básicas da Geografia, a presença da escola se faz necessária, uma vez que é urgente teorizar a vida, para que o aluno possa compreendêla e representá-la melhor e, portanto, viver em busca de seus interesses (CASTROGIOVANNI, p. 13, 2009). Acredita-se que com atividades dinâmicas e voltadas a realidade em que o aluno está inserido, a geografia se aproxima deles que são estimulados a colocar em prática aquilo que aprenderam na teoria dentro da sala de aula. Estes, tem autonomia para usar/observar a bússola, por exemplo, a imagem de satélite e outros instrumentos e práticas e tomar decisões referente ao seu cotidiano ou de seu futuro. Como coloca Callai (2003) a geografia que o aluno estuda deve permitir que ele perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e que estão inseridos num processo de desenvolvimento. Para que se perceba o quanto o trabalho espacial se faz necessário, deve-se sempre ter presente uma abordagem provocativa, não deixando de responder os porquês, para que, para quem, além de saber quando e como. Dessa forma, podem-se compreender os processos que ocorrem através da ação do homem no espaço e também deixar-se perceber como ser ativo no mesmo. Segundo Castrogiovanni (2009, apud Piaget e Inhelder, 1993) existem três tipos de relações espaciais: topológicas, projetivas e eucledianas. As relações espaciais topológicas são limitadas às prioridades referentes a um objeto particular, sem necessitar localizá-lo/situá-lo em relação a outro. Dessa relação deriva as posteriores: projetivas e eucledianas. As relações projetivas são as que permitem a coordenação dos objetos entre si em um sistema de referência móvel, dado pelo ponto de vista do observador. A diferença para as relações espaciais topológicas é que o espaço projetivo acrescenta a necessidade de situar os objetos um em relação ao outro. Deve-se que ressaltar que, o autor enfatiza a necessidade de muitos anos até que se organize na criança um sistema operatório de referência projetiva, pois, esse passa por fases que permite observar primeiro a posição do objeto a partir do seu ponto de vista; segundo, a partir do ponto
3 de vista do outro colocado a sua frente e por último, colocando-se no lugar de objetos distintos. Isso ocorre entre a faixa etária dos oito aos 12 anos. Com esse trabalho e superação da criança, é possível partir da orientação corporal para o estabelecimento de relações de orientação geográfica NORTE/SUL e LESTE/OESTE. Além de outras possíveis análises geográficas de objetos. Por fim, o autor coloca as relações euclidianas que são representadas pelas relações que têm como base a noção da distância e permitem situar os objetos: uns dos outros, em relação aos outros, considerando um sistema fixo de referência. Assim, ambas as relações topológicas, projetivas e eucledianas, são complementares ao nível de desenvolvimento da criança que caminha para o entendimento das relações espaciais que o permeiam e que necessita para compreensão das movimentações e ações espaciais. E a escola pode proporcionar uma educação que tem como objetivo a autonomia do sujeito passa por municiar o aluno de instrumentos que lhe permeiam pensar, ser criativo e ter informações a respeito do mundo em que vive [...] uma tarefa que o estudante deve realizar, e o nosso grande desafio como professores é oportunizar-lhe as condições para tanto [...] cada vez se torna mais claro que a escola não é lugar da informação, mas da busca e da organização da informação no sentido da construção do conhecimento (CALLAI, p. 1, 2009). Portanto, se faz necessário o trabalho reflexivo com os alunos a respeito das problemáticas/dinâmicas do espaço socialmente organizado que se vive e o quanto é importante a compreensão do todo em relação aos lugares. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento da Gincana de Orientação, foram adotados os seguintes passos: 1) O desenvolvimento da noção de orientação Introduziu-se o assunto sobre orientação, teorizando e desenvolvendo atividades em sala de aula e fora para que os alunos compreendessem a partir de seu corpo a
4 posição dos objetos no espaço. Eu o espaço, eu em relação a outro objeto, e eu e outros em relação a um objeto, e assim por diante, seguindo-se assim, os passos de desenvolvimento das relações topológicas, projetivas e euclidianas. Foram desenvolvidos exercícios de orientação com dinâmicas relacionadas ao convívio deles, como estratégias de jogo (direções das jogadas), localização de lugares conhecidos, noções da sala de aula. No pátio, foram analisadas as paisagens de acordo com a direção da rosa dos ventos, que está situada no pátio da escola, bem como a sobreposição das informações referente a posição dos prédios. A compreensão que, mesmo atrás da construção, continua-se tendo a mesma direção, mas é preciso contornála tomando outra direção para retornar e ir à direção desejada. Outras atividades também foram desenvolvidas para a compreensão do assunto. 2) Organização da atividade Gincana de Orientação com os alunos Reunimos os alunos da quinta (5ª) e sexta (6ª) série e dividimos em oito grupos misturados entre as duas séries e identificados por uma cor, partindo da ideia da rosados-ventos com os pontos cardeais e colaterais (NORTE/SUL, LESTE/OESTE, NORDESTE/NOROESTE, SUDESTE/SUDOESTE), localizada no pátio do colégio. Os alunos em suas turmas receberam orientações quanto do desenvolvimento e regras que teriam que cumprir sobre a gincana. Que eram organizadas em uma prancheta com: - Orientações a seguir (ANEXO A) - uma imagem de satélite do google earth (ANEXO B) e, - uma bússola (ANEXO C). Por estarem em níveis de ensino diferente, seria muito importante a construção do conhecimento com aqueles que já estudaram mais sobre o assunto e o trabalho cooperativo de uns explicarem e ajudarem aos outros. 3) Organização da atividade Gincana de Orientação com os professores Partiu-se a idéia da disciplina de Geografia, mas foi desenvolvida uma proposta que além da Geografia se contemplasse as diferentes áreas do conhecimento que estiveram comprometidamente envolvidas com atividades. Além das pistas, para que os alunos identificassem, que direção deveriam seguir, partindo da rosa dos ventos, nesses
5 locais indicados seriam desenvolvidas atividades de todas as áreas do conhecimento (elaboradas pelos professores correspondentes) que os alunos tem, na qual seriam avaliados, o desenvolvimento das atividades pelos professores acompanhantes grupos, que conteriam também uma prancheta com todas as pistas e atividades e suas respostas. Assim, permitiria que o professor corrigisse a atividade de outra área do conhecimento. Dessa forma: - Cada um dos oito grupos foram acompanhados por um professor especialista. - Os grupos receberiam pistas do professor na rosa-dos-ventos sobre qual ponto deveriam encontrar, por exemplo: dos Não é onde o sol nasce, nem onde se põe, é um ponto cardeal e está na orientação oposta ao sul. Resposta: Norte Entre um ponto cardeal e outro, tem-se um ponto colateral. Se entre os pontos cardeais sul e leste, há o ponto colateral sudeste, entre os pontos cardeais norte e oeste, haverá o ponto colateral Resposta: Noroeste - Cada ponto (cardeal ou colateral) indicado na pista, na qual os alunos deveriam raciocinar e identificar, conteria a atividade de uma área do conhecimento. - Quando os grupos acharem a resposta das pistas (orientação a ser seguida), usariam a bússola e verificariam a direção na imagem de satélite, no pátio da escola. Partiriam então na direção do local indicado, onde seria encontrada uma atividade dentro de um envelope identificada pela cor do grupo (Figura 1), que deve ser resolvida no local e entregue ao professor acompanhante que corrigiria e atribuía uma nota, sendo registrada em uma ficha de acompanhamento de registro das atividades (ANEXO D), feito isso, retornariam à rosa dos ventos, onde receberiam a pista seguinte e assim sucessivamente.
6 Figura 1: Um dos locais das atividades Para que nenhum grupo se encontrasse foi elaborado um roteiro prévio, para que cada um estivesse em um local diferente e mudarem-se simultaneamente, para nenhum encontrar o outro, como pode ser visto no ANEXO E, observando que cada grupo corresponde a um número na imagem. 4) Finalização da atividade No final, as notas das atividades de cada grupo foram somadas e verificadas as somas totais de todos os grupos, ordenadas de forma crescente, obtendo a classificação por melhor desempenho na resolução das atividades, bem como, do desempenho do grupo em seu deslocamento espacial pelo colégio. Com o intuito de valorizar o esforço de todos os alunos foi realizada uma conversa final, primeiramente ouvindo o que os alunos acharam da atividade, ressaltando os pontos positivos e também negativos que apareceram, logo após foi divulgado a classificação e foram premiados todos os grupos, pois, chegou-se a conclusão junto com os alunos que, o importante é participar e manter o esforço em aprender cada vez mais, principalmente pra aqueles grupos que não se saíram muito bem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma atividade dessas permite que os alunos coloquem em prática o que geralmente costuma-se limitar ao espaço da sala de aula, ponto positivo que foi ressaltado pelos próprios alunos nos comentários finais. Além disso, todas as áreas do conhecimento contribuíram para essa atividade interdisciplinar e transdisciplinar, a qual tanto se busca no dia-a-dia da prática docente. Claro que ficam para serem acrescentadas outras ideias a essa, como de não precisar sempre voltar à rosa dos ventos para procurar o próximo ponto e sim, partir-se do ponto encontrado para outro, se tornando um caça ao tesouro. Mas o objetivo aqui, era justamente verificar a aplicabilidade dos conceitos estudados em aula das diferentes
7 áreas do conhecimento, por isso, todos deveriam cumprir o ciclo completo, onde todos os grupos passariam em todos os pontos cardeais e colaterais. A experiência com essa atividade mostrou o entusiasmos de colocar em prática no pátio da escola um conhecimento que poderia ter se limitado somente as quatro paredes da sala de aula. Isso prova que, uma atividade que provoque os alunos, também se mostra como um desafio a ser superado e comemorado quando de seu sucesso. Todos mostraram grande motivação quando da sua realização, bem como, grande comprometimento. REFERÊNCIA BIBIOGRÁFICA: CALLAI, Helena Copetti. O ensino de Geografia: Recortes espaciais para análise. IN: Geografia em Sala de Aula: Práticas e Reflexões. Porto Alegre: Editora da UFRGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção Porto Alegre, 2003, pg CALLAI, Helena Copetti. Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano. Porto Alegre. Editora Mediação, 7ª Ed. 2009, pg CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos et al. Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano. Porto Alegre. Editora Mediação, 7ª Ed. 2009, pg
8 ANEXO A ORIENTAÇÕES A ATIVIDADE: GINCANA DE ORIENTAÇÃO Grupo: Nome dos integrantes: 1. Em primeiro lugar, o grupo deverá determinar quem será o responsável pelas funções de organização. 1. Registros na prancheta: 2. Cuidado e utilização da bússola: 3. Leitura das tarefas em cada local: 2. Observar a rosa-dos-ventos e a bússola e registrar os pontos cardeais e colaterais na imagem de satélite. 3. Cada grupo receberá do professor na rosa-dos-ventos a pista sobre a direção em que devem seguir. Quando encontrarem o local, haverá uma atividade a ser realizada pelo grupo. Ao concluir a tarefa, o grupo deverá retornar para a rosa-dos-ventos para receber de seu professor a próxima pista. Esse procedimento deverá ser realizado a cada conclusão de tarefa. 4. É importante que o grupo mantenha-se sempre junto durante todo o trabalho e deslocamento pela escola acompanhado por seu professor. 5. Terminado, o grupo pega a pista que está junto com as atividades e volta até a rosa-dos-ventos no pátio do colégio para procurar o outro ponto cardeal ou colateral e, assim, encontrar o próximo envelope.
9 ANEXO B
10 ANEXO C
11 ANEXO D Tabela de controle das atividades ORIENTAÇÕES A ATIVIDADE: GINCANA DE ORIENTAÇÃO Grupo: Nome dos integrantes: Cartão com atividades... Pontuação Pontos Ponto Cardeal NORTE ( questões de espanhol) Ponto cardeal SUL (2 questões de ciências) Ponto cardeal LESTE (4 adivinhas e trava-línguas) Ponto cardeal OESTE (1 questão de história) Ponto cardeal NORDESTE (3 questões de matemática) Ponto cardeal NOROESTE (2 atividades de teatro) Ponto cardeal SUDESTE (2 atividades de artes) Ponto cardeal SUDOESTE (2 de inglês) Postura do grupo durante a atividade Total de pontos
12 ANEXO E 1, 3, 6, 4, 2, 8, 5, 7 8, 2, 5, 3, 1, 7, 4, 6 2, 4, 7, 5, 3, 1, 6, 8 7, 1, 4, 2, 8, 6, 3, 5 3, 5, 8, 6, 4, 2, 7, 1 6, 8, 3, 1, 7, 5, 2, 4 4, 6, 1, 7, 5, 3, 8, 2 5, 7, 2, 8, 6, 4, 1, 3
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