OS GRANDES VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NA ERA DA INTERNET: O PORTAL RPC 1

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1 1 OS GRANDES VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NA ERA DA INTERNET: O PORTAL RPC 1 RESUMO José Barone O presente trabalho analisa textos jornalísticos publicados em portais de notícias brasileiros. O Portal RPC, pertencente ao maior grupo de comunicação do Estado do Paraná, é o objeto analisado. Este estudo pode auxiliar acadêmicos e profissionais na forma de se produzir textos jornalísticos na internet. Além disso, o estudo analisa a forma de publicação de notícias dos principais portais jornalísticos do Brasil, fazendo um comparativo com o objeto analisado. O estudo expõe as novas formas de trabalho do jornalista na era da informação por meio da internet. PALAVRAS-CHAVE: jornalismo, novas mídias, sites, internet, comunicação INTRODUÇÃO A partir de uma análise geral de alguns portais 2 de notícias brasileiros, motivado pela vivência diária na internet e pelo crescimento significativo deste nicho de mercado, surgiu a idéia de se estudar o Portal RPC, pertencente ao maior grupo de comunicação do Estado do Paraná e compará-lo a outros portais brasileiros de destaque. Para ser possível analisar o objeto, fez-se necessário coletar três assuntos diferentes, de projeção nacional, publicados nos portais escolhidos, que foram o UOL, o G1, e o Portal RPC. Os itens analisados foram determinados a partir do estudo de teóricos da área do jornalismo on-line 3. Com isso, as análises partiram de critérios como, quantidade de caracteres das matérias, utilização de mecanismos de interação, utilização de imagens, utilização de recursos multimídia e informações adicionais sobre o mesmo assunto, inseridos no texto. A proposta do trabalho, de uma forma geral, busca discutir alguns pensamentos teóricos sobre como uma matéria jornalística deve ser veiculada em canais de comunicação na internet, e compará-los à prática, tanto no Portal RPC, quando nos outros portais utilizados para comparação. Busca-se, com isso, mostrar 1 Trabalho apresentado ao curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Jornalismo, da Faculdade Pitágoras de Londrina-PR, sob a orientação do Prof. Ms. Fábio Silveira, defendido em dezembro de Os portais são megasites que oferecem uma série de serviços e informações. 3 Estar on-line significa estar ligado em determinado momento à rede ou a outro computador

2 2 se a realidade do jornalismo praticado pelo Portal RPC condiz, ou não, com a teoria defendida por autores e com a prática aplicada por outros portais. O trabalho busca orientar profissionais e acadêmicos na compreensão das atividades do jornalismo on-line. Entende-se também que o estudo pode servir para expor os novos métodos de trabalho do jornalista profissional, inserido nos novos veículos de comunicação, possibilitados pela Word Wide Web 4. Além disso, o trabalho coloca em questão a utilização do jornalismo on-line como fonte para os veículos tradicionais e a democratização da informação na internet. 1. O início da internet A internet foi criada em 1969, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, visando a comunicação emergencial, caso fossem atacados por outros países. No ano de 1989, o norte-americano Tim Berners Lee mostrou seu novo invento: a World Wide Web (WWW). E no início do ano de 1993, os primeiros sites começaram a surgir na internet. 2. A internet como veículo de informação 2.1 O início do jornalismo na rede Inicialmente, os veículos de comunicação utilizaram a internet para trocar informações com mais velocidade. Esta nova tecnologia foi um facilitador para as redações jornalísticas, mas também aumentou o volume de informações disponíveis. Felipe Pena (2006) afirma que este novo cenário exigiu que o jornalista se adequasse às novas tecnologias, fazendo uso delas para disponibilizar mais informações ao público, como por exemplo, a apuração de dados. Com o aumento significativo de usuários de internet e a possibilidade de veiculação imediata de notícias, vários veículos de informação criaram sites na World Wide Web, com o objetivo de informar, em tempo real, o público que se conectava à internet. De acordo com Bernardo Kucinski, o termo tempo real é um falso conceito do jornalismo on-line: 4 World Wide Web significa, em português, teia de alcance mundial e é utilizada antes de qualquer endereço eletrônico, abreviada em www.

3 3 Nesse caso tenta-se dar conotação de absoluta novidade a um processo muito antigo de transmissão ao vivo, que sempre foi a característica do rádio, do telégrafo e de seus derivados, como o telex e agora o fax. (KUCINSKI, 2005, p.88) Já para Sylvia Moretzsohn (2002), o termo tempo real pode ser definido a partir do ritmo acelerado de trabalho do jornalista on-line. Em 1995, o Jornal do Brasil foi o primeiro veículo de informação a lançar um site no país. No início, sites de notícias traziam o conteúdo do veículo de informação principal da empresa. Jornais impressos, por exemplo, publicavam suas edições, na íntegra, dentro do site. A utilização dos mecanismos de interação que a tecnologia digital proporcionava era pouco aproveitada. Os veículos utilizavam as enquetes e, no máximo, comentários de notícias. Nos Estados Unidos, os sites tipo portal eram os mais visitados. Eles reuniam, inicialmente, entretenimento, interatividade, vendas on-line e, a partir do ano de 1998, começaram a disponibilizar notícias, com atualizações em tempo real. Para Pollyana Ferrari (2003), os portais passaram a ter um novo papel dentro da mídia, pois pela possibilidade de reunir milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, os sites do gênero assumiram o comportamento de mídia de massa (FERRARI, 2003, p.30). 2.2 Texto impresso x texto on-line Com a aceitação da internet como mídia de massa, tanto pelos veículos de comunicação, quanto pelos usuários, as empresas jornalísticas passaram a investir muito em informação on-line. Equipes de jornalistas foram destinadas ao setor dos portais. Para incluir conteúdo em tempo real, os editores on-line passaram a veicular os textos recebidos por agências de notícias, muitas vezes, na íntegra. Isso fez com que os portais de notícias ficassem repetitivos, como afirma Sylvia Moretzsohn ao relatar uma pesquisa publicada por Renata Lo Prete (2000), no artigo tudo igual ponto com : No mesmo artigo, Renata apresenta os resultados da pesquisa sobre a cobertura on-line da eleição presidencial americana de [...] Entre outras coisas, a pesquisa constatou que 25% das páginas

4 4 analisadas não traziam material próprio, limitando-se a reproduzir despachos de agências e conteúdos de outros meios. (MORETZSOHN, 2002, p.134) Além dos textos de agências de notícias, os editores aproveitaram as notícias produzidas para os outros veículos da empresa. Lourival Sant Anna (2008) define que A utilização, na internet, do conteúdo produzidos pelas redações dos jornais impressos já é uma realidade (SANT ANNA, 2008, p.25). Conforme relatado por Pollyana Ferrari (2003), a maior parte dos sites de conteúdo jornalísticos reproduziam o texto do jornal impresso. Isso mostrava a falta de identidade do texto on-line. 2.3 Particularidades do texto on-line Com o passar do tempo, o texto on-line foi ganhando forma e definições. Para Bernardo Kucinski (2005), o jornalismo não mudou seu método de trabalho na internet, apenas modificou a forma com que eles são publicados. Textos curtos, sem a preocupação de estarem repletos de informação e veiculados em tempo real são as necessidades da nova mídia. Além disso, Kucinski atribui ao jornalismo on-line a função de pautar os outros meios de comunicação, ao mesmo tempo que funciona como leitura final para o usuário de internet (KUCINSKI, 2005, p.77) O novo modelo de texto jornalístico exigiu mudanças de comportamento do profissional responsável pela área. O jornalista passou a ser muito mais um editor do que um produtor de notícias, assim como diz Pollyana Ferrari: As funções de editor se misturam com a de empacotador, que ainda nem foi reconhecida nos manuais de estilo em jornalismo. Na verdade, porém, o empacotador acaba tendo uma função de codificador, capaz de traduzir uma matéria para uma linguagem aceita na Web. (FERRARI, 2003, p.44) Sobre a forma ideal do texto on-line, Pollyana Ferrari entende que qualquer história pode ser contada em novecentos caracteres (FERRARI, 2003, p.50). Com a possibilidade de criação de ferramentas diferenciadas através dos computadores, aplicados à internet, os portais de notícias passaram a utilizar novos métodos de leitura de notícias, buscando a interatividade com o leitor. Leonardo Moura (2002) acredita que A tendência do jornal on-line, portanto, é dar o furo antes

5 5 de qualquer outro veículo, aprofundar-se nas matérias de diferentes maneiras (lincando e contextualizando com vídeo, áudio e fotos) (MOURA, 2002, p.46). 2.4 Informação, interação e entretenimento O termo portal pode ser utilizado para endereços eletrônicos que reúnam vários serviços em apenas um lugar. De acordo com Pollyana Ferrari (2003), o conteúdo jornalístico é o responsável por atrair a maior parte dos usuários para os portais. Devido a grande quantidade de mecanismos criados, visando a interatividade na internet, a busca pela informação e pelo entretenimento pode ser unida em apenas um local. Nos textos jornalísticos, por exemplo, os hiperlinks 5 são bastante utilizados. Bernardo Kucinski ressalta a grande quantidade de possibilidades de publicação e leitura de textos na internet: As várias formas de mídia na internet têm em comum os textos curtos. Mas permite também a leitura comparativa e o acesso a textos grandes, e mesmo gigantescos. (KUCINSKI, 2005, p.77) Nos portais, quando o usuário busca uma notícia, ele é apresentado a vários assuntos relacionados ao tema, unindo informação com entretenimento. Leonardo Moura (2002) afirma que Num site, se estou falando de uma viagem à Colômbia, posso lincar para sites de turismo ou apresentar outras pautas relacionadas à matéria, como dicas para se divertir em Bogotá [...] (MOURA, 2002, p.48). Já Pollyana Ferrari (2003) acredita que Jornalismo digital não pode ser definido apenas como o trabalho de produzir ou colocar reportagens na internet. É preciso pensar na enquete; no tema do chat; nos vídeos e áudios [...] (FERRARI, 2003, p.45) 2.5 Nova mídia x complemento Fala-se muito sobre um possível fim do jornal impresso devido à internet. Lourival Sant Anna (2008) não acredita que o jornalismo on-line acabe com as 5 Hiperlinks são elementos físicos e lógicos que interligam os computadores da rede. São palavraschave destacadas de um texto, que direcionam para outro local na internet.

6 6 notícias impressas, mas sim que o conteúdo digital sirva de complemento para as outras mídias. Já para Bernardo Kucinski, a internet pode acabar com o domínio dos grandes grupos de comunicação: Ao contrário das teses que denunciam a internet como um novo mecanismo de exclusão, considero-a um mecanismo de libertação, uma reviravolta nos caminhos até então seguidos pelo capitalismo e uma nova demonstração de que no capitalismo tudo o que é sólido se desmancha pelo ar. (KUCINSKI, 2005, p.79) Sant Anna (2008) reforça que: cada indivíduo monta a sua combinação pessoal de fontes de informação, de acordo com cada momento do dia, e até mesmo com cada momento de sua vida. Assim, ele é capaz de eleger o meio de comunicação mais importante momento de sua vida, mas interage também com os outros. (SANT ANNA, 2008, p.62) Entende-se que cada veículo de comunicação tem sua função para o público, pois cada um carrega características particulares, que se adequam às situações do dia-a-dia. 3. O Portal RPC O objeto de análise deste artigo será o portal de notícias da RPC (Rede Paranaense de Comunicação) ( que é proprietária de jornais, canais de televisão afiliados da Rede Globo, e rádios, todos com atuação no estado do Paraná, situado na Região Sul do Brasil. 3.1 Metodologia de análise Para analisar o conteúdo publicado no Portal RPC, o estudo irá comparar notícias entre o objeto analisado e mais dois portais: UOL ( e G1 ( O UOL (Universo On-Line) pertence ao Grupo Folha, que edita o jornal Folha de São Paulo; já o G1 é de propriedade das Organizações Globo. Ambos os portais são mantidos por grupos tradicionais em comunicação no Brasil.

7 7 Três notícias sobre o mesmo assunto foram extraídas de cada portal, entre os meses de junho e setembro de Os assuntos escolhidos foram: avaliação do Governo Lula em pesquisa feita pelo Ibope (30/06/2008), conquista do primeiro ouro olímpico da natação brasileira, por César Cielo (15/08/2008) e o balanço de três meses da implantação da Lei Seca no Brasil (22/09/2008). Todas as reportagens escolhidas para a análise foram veiculadas em âmbito nacional. Só assim foi possível avaliar veículos de diferentes Estados, como os escolhidos para a análise. A escolha dos portais analisados foi impulsionada pelo fato do UOL pertencer ao mesmo grupo da Folha de São Paulo, que é o maior jornal diário do Brasil, do G1, por pertencer às Organizações Globo, que é o maior grupo de comunicação do país e o Portal RPC, que é o objeto do estudo e pertence ao maior grupo de comunicação do Estado do Paraná. Os itens analisados serão: quantidade de caracteres, utilização de mecanismos de interação (comentar notícia, enquete, enviar por e comunicar erro), utilização de imagens (fotos), utilização de recursos multimídia (áudio e vídeo) e informações adicionais (tabelas, manuais e matérias relacionadas) A Análise Inicialmente, será analisado a notícia relacionada a avaliação do Governo Lula em pesquisa feita pelo Ibope, publicadas em todos os portais no dia 30 de junho de Os três portais publicaram textos de agências de notícias. O G1 e o UOL fizeram uso da Agência Reuters e o Portal RPC da Agência Estado. A utilização de textos de agências de notícias é comum, desde o início da internet, como afirma Sylvia Moretzsohn (2002) ao relatar uma pesquisa publicada por Renata Lo Prete (2000), no artigo tudo igual ponto com. O G1 publicou a notícia do Ibope do Governo Lula com 1573 caracteres, enquanto o UOL veiculou 740 caracteres. Já o Portal RPC publicou a matéria com 6675 caracteres. Se levarmos em consideração os 900 caracteres defendidos por Pollyana Ferrari (2003), o texto do Portal RPC seria o suficiente para a veiculação de 7,4 reportagens. Na verdade, o texto reproduz a matéria publicada no jornal Gazeta do Povo, que pertence ao mesmo grupo de comunicação. Nos três portais, os mecanismos de interação eram padronizados, ou seja, eram os mesmos em todas as notícias analisadas. No G1 havia a opção de enviar

8 8 para o amigo e um link para entrar em contato. O UOL dispunha da possibilidade de comunicar algum erro da notícia e enviar a matéria por , sendo os mesmos mecanismos de interação disponibilizados pelo Portal RPC. Para Pollyana Ferrari (2003), os mecanismos de interação são importantes em um portal de notícias. A utilização de imagens dentro da notícia foi utilizada, apenas, pelo Portal RPC, que trouxe uma foto do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. UOL e G1 não disponibilizaram imagens. Nenhum portal utilizou de recursos multimídia nas notícias relacionadas ao Ibope do Governo Lula. Por se tratar de portais pertencentes a grupos de comunicação, Leonardo Moura (2002) defende que as empresas devem utilizar o espaço da internet para publicar todos os tipos de mídia produzidos pelo veículo e relacioná-las com as matérias publicadas no portal. Não foi constatado nenhum tipo de informação adicional, como tabelas e gráficos, em nenhuma das notícias relacionadas ao Ibope do Governo Lula, nos portais analisados. Para Bernardo Kucinski (2005), a internet possibilita comparações e a inclusão de informações adicionais em suas matérias. A notícia sobre o primeiro ouro olímpico da natação brasileira, conquistada por César Cielo nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, publicado no dia 15 de agosto de 2008, foi a segunda publicação analisada. O G1 publicou o texto da Agência BBC, enquanto o UOL aproveitou a matéria da Agência EFE. O Portal RPC utilizou o texto publicado no site globoesporte.com. O G1 publicou a matéria com 1654 caracteres, enquanto o UOL noticiou o fato em 842 caracteres. Já o Portal RPC veiculou a notícia com 1707 caracteres. O Portal RPC foi o único que publicou uma foto do nadador César Cielo. Os outros portais não publicaram fotos. Além disso, nenhum dos portais utilizou recursos multimídia neste assunto. O portal RPC foi o único que trouxe algum tipo de informação adicional, veiculado junto com a notícia do ouro olímpico de César Cielo. O portal paranaense publicou a programação completa dos Jogos Olímpicos de Pequim. O último assunto analisado foi o balanço após três meses da Lei Seca, aplicada no Brasil. As notícias foram publicadas no dia 22 de setembro de O G1 e o UOL publicaram textos próprios, enquanto o Portal RPC veiculou o texto extraído do portal Globo.com.

9 9 O G1 veiculou sua notícia com 1469 caracteres, contra 1624 caracteres da notícia publicada no UOL. Já o Portal RPC precisou de 1451 caracteres para noticiar o assunto. Nenhum dos portais faz uso de imagens nas matérias e, apenas, o G1 utilizou-se de recursos multimídia, disponibilizando links de matérias relacionadas com o tema da notícia. O G1 e o UOL veicularam uma tabela com todos os dados do trânsito brasileiro, após três meses de Lei Seca. Essa informação adicional não foi encontrada no Portal RPC. Comparando todos os dados do Portal RPC com o UOL e o G1, o veículo paranaense se destacou na veiculação de fotos, sendo o único veículo a utilizar este recurso. Analisando a quantidade de caracteres, entende-se que o Portal RPC utiliza uma quantidade muito maior do que a recomendada por Pollyana Ferrari (2003. Nos outros itens analisados, o veículo paranaense se assemelha com os outros portais, não significando que recursos multimídia, mecanismos de interação e informações adicionais deva ser esquecido pelo veículo, já que todos esses métodos têm sua utilização defendida pelos autores citados no artigo Veículo democrático Inicialmente, a internet era utilizada para transmitir, de forma mais rápida, as notícias entre empresas de comunicação espalhadas pelo mundo. Com a popularização da informática, o cidadão comum passou a se informar pelas telas dos computadores. Com isso, as empresas de comunicação passaram a investir em seus portais e novos veículos, publicados exclusivamente na internet, começaram a surgir. Por se tratar de um veículo que requer um baixo custo de implantação, a internet passou a hospedar milhões de sites, portais e blogs 6, de todas as partes do mundo, feitos por pessoas comuns, formadores de opinião e grandes grupos de comunicação. Com a grande oferta de informações e, conseqüentemente, com o enorme volume de notícias, o usuário da World Wide Web, aliado à liberdade de navegação que a internet proporciona, passou a escolher onde e como gostaria de se informar. É fato que o grande volume de informações, feitos por qualquer tipo de 6 Diário virtual, via internet, que também é utilizado como meio noticioso.

10 10 pessoa, e a falta de um órgão fiscalizador, fizeram com que a internet perdesse parte de sua credibilidade. Com isso, de forma natural, o usuário passou a se informar por portais pertencentes a grandes grupos de comunicação e por bons sites independentes. A informação por meio de blogs ainda muito discutida por estudiosos de comunicação também é utilizada por usuários. Com isso, entendese que o internauta tem a possibilidade de escolher onde e como quer se informar, cabendo a cada um saber o que é ou não confiável. Para exemplificar isso, basta pensar que a televisão brasileira oferta, atualmente, menos de dez grandes canais na televisão aberta, enquanto pode-se enumerar centenas de portais e sites de notícias que obtiveram sucesso. Os grandes grupos de comunicação, como por exemplo a RPC, viram que a internet possibilita juntar todos os seus veículos de comunicação em um só canal. Com isso, a maior parte dos grandes grupos comunicacionais já tem seu portal na internet, garantindo assim seu espaço dentro da nova mídia. Entende-se que um portal pertencente a um grupo de comunicação tem mais chances de conseguir sucesso na internet do que um site solitário. Isto é explicado pelo fato de que as empresas de comunicação já têm a confiança do público por suas atuações em outros veículos de comunicação A internet como fonte A credibilidade das informações veiculadas ainda é motivo de discussão, mas os usuários da World Wide Web em grande parte demonstram já estarem adaptados a este novo veículo. Uma característica dos portais e sites de noticias é a informação em tempo real. Com a agilidade possibilitada pela informática, os portais passaram a adotar um método de trabalho que consiste em publicar as notícias assim que elas acontecem, inclusive com fotos, imagens e sons. De forma natural, os internautas, muitas vezes, se informam sobre algo primeiro na internet. Isso fez com que os veículos de comunicação mais tradicionais, como jornais, rádios e canais de televisão, se pautassem por informações extraídas da internet, como afirma Bernardo Kucinski (2005). Além de sites e portais, alguns blogs também passaram a servir como fonte para veículos tradicionais. Há também a troca de informações entre sites e portais. É possível encontrar vários sites que reúnem todas

11 11 as notícias publicadas na internet de um determinado assunto. Normalmente, sites como esses são especializados em algum tema O jornalista on-line Com o surgimento dos portais e sites de notícias, surgiu também um novo método de trabalho para os jornalistas. O repórter on-line fica em frente ao computador alimentando o site, além disso o profissional deve entender de programas de edição de imagens, sons e vídeos, além de programações e linguagens de informática. Nos grandes veículos de informação, as notícias chegam por meio de telefonemas dos repórteres dos veículos tradicionais. Constata-se que os grandes grupos comunicacionais aproveitam do seu quadro de jornalistas dos outros veículos para manter o portal atualizado. Além das notícias passadas pelos repórteres, o jornalista on-line utiliza os textos vindos das agências de notícias parceiras para atualizar o conteúdo. Como visto neste artigo, nem todos os veículos se preocupam em editar os textos para a publicação em seus portais. Os sites menores, mas não menos importantes, em sua maioria, se limitam a publicar notícias vindas de agências de notícias e grandes portais. Dificilmente, um assunto é produzido do início ao fim pelos repórteres desses sites. A falta de recursos financeiros para a montagem de um quadro de repórteres é um dos fatores que obrigam os sites menores a trabalhar desta maneira. Acredita-se que com a evolução tecnológica e, principalmente, da telefonia móvel que passa a oferecer acesso a internet a preços acessíveis os repórteres on-line tenham a possibilidade de buscar notícias na fonte. Entende-se que, atualmente, o jornalista on-line executa um trabalho de editor. Espera-se que com a valorização publicitária dos veículos da internet, os sites e portais tenham autonomia para criar grupos de jornalistas exclusivos e, com isso, hierarquizar as redações online da mesma forma das tradicionais. Considerações finais Os teóricos consultados têm uma opinião, na maioria das vezes, homogênea em todos os assuntos relacionados a informação na internet. São poucas as publicações sobre o tema, já que a internet é um veículo de comunicação muito

12 12 novo. Além disso, são poucas as especializações existentes sobre o assunto no Brasil. Entende-se que, por se tratar de uma mídia em fase de desenvolvimento, muitas publicações consultadas têm boa parte de seu conteúdo defasado pelo tempo. Com isso, fez-se necessária a consulta em publicações relacionadas a outros tipos de mídia. O objeto de estudo deste artigo, o Portal RPC, mostrou-se pouco adequado às tendências do jornalismo da internet, defendidas pelos teóricos consultados. Entende-se que o Portal RPC hospeda todos os trabalhos feitos pelas outras formas de mídia do grupo de comunicação, mas sem adaptação ao veículo no qual está inserido. Observa-se, que o objetivo de informar em tempo real não é atingido pelo Portal RPC. Além disso, a utilização de textos de jornais, publicados na íntegra, é uma atividade comum dentro do portal, o que, de acordo com os autores estudados, não é aconselhável, quando pretende-se obter audiência na World Wide Web. Acredita-se que a contratação de jornalistas para atuar, exclusivamente, na atualização do conteúdo do portal seria de grande valia, já que o objeto de estudo carece de mais conteúdo exclusivo. Inicialmente, para a realização da pesquisa, havia sido programada uma entrevista com a responsável pelo conteúdo do Portal RPC, na sede da empresa, em Curitiba (PR). No decorrer da análise, tentou-se - por várias vezes - agendar a entrevista que tinha por objetivo complementar a análise, com mais dados sobre o objeto estudado. Após dois meses de tentativas, concluiu-se o estudo e as informações não foram captadas. Após a conclusão da análise, no mês de outubro de 2008, o Portal RPC foi reformulado e profissionais foram contratados para atuar, exclusivamente, na produção de conteúdo on-line. Além disso, outros veículos de comunicação da RPC, como jornais, lançaram seus portais com o objetivo de informar em tempo real os leitores. Entende-se que, com as mudanças, o Portal RPC se enquadrará melhor nas teorias defendidas pelos autores analisados neste artigo. REFERÊNCIAS FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 3ª edição. 1ª reimpressão. São Paulo: Editora Contexto, KUSINSKI, Bernardo. Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo : Editora UNESP, 2005.

13 MORETZSOHN, Sylvia. Jornalismo em tempo real : o fetiche da velocidade. Rio de Janeiro: Editora Revan, MOURA, Leonardo. Como Escrever na Rede: manual de conteúdo e redação para internet. Rio de Janeiro: Editora Record, PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. 2ª edição. São Paulo: Editora Contexto, 2006 PINHO, J. B. Jornalismo na Internet: planejamento e produção da informação online. São Paulo: Editora Summus, SANT ANNA, Lourival. O destino do Jornal: a Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo na sociedade da informação. Rio de Janeiro: Editora Record, Sites pesquisados URL ( portal de notícias de propriedade das Organizações Globo. URL ( portal de notícias da Rede Paranaense de Comunicação. URL ( portal de notícias do Grupo Folha. 13